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Líder na pecuária de corte, Mato Grosso perde posição na produção leiteira

Variação na produtividade mato-grossense é reflexo do sistema de produção de leite adotado no estado

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Orlando Oliveira

Um estudo conduzido em parceria entre o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a Rede ILPF e a Embrapa mostrou que a sazonalidade na produção de leite em Mato Grosso é maior do que na média nacional. Essa diferença entre a produção na safra e na entressafra é o principal fator que limita a indústria do setor no estado que abriga o maior rebanho de corte do Brasil e lidera a produção nacional de soja e algodão.

De acordo com o trabalho coordenado pelo zootecnista Miqueias Michetti, do Imea, o índice de sazonalidade em Mato Grosso entre 2011 e 2018 foi de 41%, enquanto no Brasil esse valor foi de 20%. A sazonalidade é a diferença entre a oferta de leite em diferentes períodos do ano.

A variação na produtividade mato-grossense é reflexo do sistema de produção de leite adotado no estado. A atividade é desenvolvida, majoritariamente, por agricultores familiares, em pequenas propriedades, com pouca tecnologia e baseadas na alimentação a pasto. Durante os meses chuvosos, há abundância de pastagem e a produção aumenta. No inverno, quando falta chuva em boa parte do estado, há pouca disponibilidade de capim e a produtividade das vacas despenca.

Essa oscilação na disponibilidade do produto, no entanto, traz consequências negativas para os laticínios, uma vez que há ociosidade superior a 50% da capacidade de produção em alguns meses do ano.

“Essa falta de eficiência na atividade de produção de leite em Mato Grosso pode ser um dos fatores que contribuem para a falta de um parque industrial consolidado e presença de indústrias com marcas nacionais no estado. Em virtude da insuficiência de oferta, os laticínios apresentam problemas relacionados à ociosidade da infraestrutura, da mão de obra empregada, o que impacta a regularidade no abastecimento dos mercados consumidores e no planejamento estratégico de médio e longo prazo”, explica Michetti.

Atualmente o estado conta com 60 laticínios, dos quais dez são de cooperativas de produtores. A muçarela é o principal produto produzido no estado, demandando metade do leite processado na indústria.

Preços mais estáveis

Embora a disponibilidade de leite em Mato Grosso se altere mais ao longo do ano do que em outras regiões do País, a pesquisa mostrou que a variação no preço do leite no estado é menos intensa. Enquanto na média nacional a variação chega a 14%, em Mato Grosso a variação média é de 11%.

Porém, esse efeito é causado pelo menor aumento dos preços pagos ao produtor na entressafra. Em média, em Mato Grosso se paga 23,29% a menos pelo litro do leite do que no restante do País. Durante a seca, de julho a setembro, a diferença chega a ser de 27,81%.

“Apesar de menor variação, a diferença entre os preços se acentuam nos períodos de entressafra. Dessa forma, o preço do leite não tem se mostrado um mecanismo que estimule a manutenção da produção de leite em Mato Grosso”, explica o zootecnista.

De acordo com os pesquisadores, uma das hipóteses para menor variação no preço do leite no estado durante o período de estiagem é a falta de competitividade dos laticínios devido ao desempenho regular causado pelos altos níveis de ociosidade.

Assistência técnica e tecnologia

De acordo com o analista de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agrossilvipastoril (MT) Orlando Lúcio de Oliveira Júnior, três fatores ajudam a explicar o cenário da pecuária leiteira em Mato Grosso. Um é a dificuldade de logística: um caminhão precisa se deslocar longas distâncias, em estradas ruins, para coletar o leite. Outro fator é a carência de assistência técnica, o que reflete em baixa adoção tecnológica e em problemas de qualidade do produto. O terceiro ponto é o pequeno mercado consumidor local. Com uma população pequena, o estado de Mato Grosso não consome toda a produção de leite e as indústrias são obrigadas a vender no Sudeste, onde enfrentam a concorrência de grandes empresas do setor.

Para Orlando, o cenário futuro não é promissor para a cadeia do leite em Mato Grosso. Ele destaca o fato de a média de idade dos produtores ser de 54 anos e de não estar havendo sucessão familiar na atividade, de acordo com diagnóstico feito pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato).

A despeito da retração dos números, a cadeia do leite tem grande importância social no campo, uma vez que é a principal fonte de renda de muitas famílias. Como forma de melhorar a produção e qualidade do produto, um grupo de entidades se esforça para qualificar a assistência técnica no estado.

Fonte: Embrapa Agrossilvipastoril

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Mercado da soja inicia novembro com preços instáveis e influência do cenário internacional

Oscilações refletem exportações brasileiras em alta, avanço do plantio e incertezas sobre o acordo China–EUA, aponta análise da Epagri/Cepa.

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Foto: Daiane Mendonça

O mercado da soja entrou novembro sob influência de uma combinação de fatores internos e externos que têm gerado oscilações nos preços e incertezas quanto ao comportamento da demanda global. Em Santa Catarina, conforme o Boletim Agropecuário elaborado pela Epagri/Cepa, a média mensal paga ao produtor em outubro registrou leve recuo de 0,6%, fechando o mês em R$ 124,19 a saca.

Já no início de novembro, até o dia 10, há indicação de recuperação: a média estadual subiu para R$ 125,62/sc, movimento influenciado principalmente pelo comportamento das exportações brasileiras e pelas notícias vindas do mercado internacional.

Foto: Claudio Neves

A elevação dos embarques do Brasil em outubro, 6,7 milhões de toneladas, com volume acumulado superior a 100 milhões de toneladas em 2025, ajudou a firmar as cotações internas. Ao mesmo tempo, o anúncio da retomada das importações de soja dos Estados Unidos pela China e os avanços no acordo comercial entre os dois países impulsionaram os contratos futuros em Chicago (CBOT), com reflexos imediatos nos preços no Brasil.

A análise é do engenheiro-agrônomo Haroldo Tavares Elias, da Epagri/Cepa, que classifica o momento como de viés misto, com o mercado reagindo de forma alternada a notícias de estímulo e pressão.

Fatores que influenciam mercado 
Segundo o boletim, fatores de baixa predominam no curto prazo, puxados principalmente pela lentidão nas negociações internas no Brasil, pelo avanço do plantio da nova safra e pela sinalização do acordo China–EUA. Esse movimento pressiona o mercado brasileiro, ao mesmo tempo que fortalece o mercado americano e sustenta as cotações em Chicago.

1. Mercado internacional
Dados de USDA, CBOT, Esalq-Cepea, Investing.com e Bloomberg, compilados pela Epagri/Cepa, apontam:

Foto: Claudio Neves

Fatores de alta:

  • Importações recordes da China em outubro, 9,48 milhões de toneladas, majoritariamente provenientes da América Latina;
  • Recuperação da CBOT por quatro semanas consecutivas.

Fatores de baixa:

  • Falta de confirmação pela China da compra de 12 milhões de toneladas dos EUA;
  • Retomada das importações chinesas de soja americana, reduzindo o espaço para o produto brasileiro;
  • Negociações internas mais lentas no Brasil, o ritmo mais baixo em quatro anos;
  • Correção técnica de estocásticos e realização de lucros após sequência de altas em Chicago.

2. Oferta e mercado interno

Fatores de alta:

  • Exportações brasileiras mantêm ritmo forte;
  • Estruturação da presença chinesa no Brasil, com ampliação de operações, incluindo um novo escritório no Mato Grosso.

Fatores de baixa:

  • Pressão sobre os preços internos, com queda de 1,4% em outubro.

3. Safra e clima
Fatores de baixa:

  • Plantio avançado, com 47% da safra já implantada, reforçando a expectativa de safra recorde entre 177 e 180 milhões de toneladas no

    Foto: Claudio Neves

    ciclo 2025/26;

  • Produtores nos EUA voltaram a vender após as recentes altas, aumentando a oferta global no curto prazo.

Acordo China-EUA 
Embora o mercado tenha reagido às declarações do governo dos Estados Unidos sobre um novo acordo com a China envolvendo a compra de soja, não houve confirmação por parte dos chineses até 12 de novembro, ressalta a Epagri/Cepa. Caso confirmado, o pacto poderia redirecionar parte da demanda da China para a soja americana, reduzindo o volume destinado ao Brasil.

Contudo, a proximidade da entrada da nova safra brasileira — combinada com o calendário já avançado para novembro, torna improvável a formalização do acordo ainda este ano. Por isso, a tendência, segundo a análise, é que a China siga priorizando a soja brasileira nas próximas semanas.

Fonte: O Presente Rural
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Santa Catarina mantém 93% das lavouras de milho em boa condição no início da safra

Epagri/Cepa registra avanço consistente do plantio, com alertas para falhas de germinação e manejo fitossanitário.

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Foto: Shutterstock

O avanço do plantio do milho em Santa Catarina, que já alcança 92% da área prevista para a safra de verão 2025/2026, confirma um início de ciclo predominantemente positivo no estado, mas acompanhado de sinais de alerta pontuais. Segundo o Boletim Agropecuário da Epagri/Cepa, 93% das lavouras são classificadas como boas, um indicador robusto para o período, porém a evolução do desenvolvimento apresenta nuances importantes entre as microrregiões produtoras.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

De maneira geral, o estabelecimento das plantas ocorreu dentro do esperado, com solo apresentando boa umidade e clima favorável nas principais áreas de produção. Ainda assim, a distribuição das chuvas definiu comportamentos distintos entre as regiões, influenciando estandes, sanidade e andamento dos tratos culturais.

No Alto Vale do Itajaí, onde 90% das lavouras estão em boas condições, o desenvolvimento vegetativo é satisfatório, com umidade adequada e apenas focos pontuais de percevejos e cigarrinha. Situação semelhante aparece em Campos de Lages, Planalto Norte e Concórdia, todas com 100% das lavouras avaliadas como boas, apresentando germinação regular, plantas sadias e baixa pressão de pragas. Em Concórdia, inclusive, as primeiras áreas já entraram em floração.

Outras regiões apresentam ritmos distintos. Em Joaçaba, por exemplo, parte das áreas atrasou o plantio devido ao excesso de chuva, e os técnicos registraram ocorrências de percevejo, lagarta e tripes. Já no Litoral Norte, apesar de 100% de condição boa, o excesso de precipitação provocou falhas de germinação, especialmente em lavouras entre os estádios V3 e V8.

No Oeste, regiões importantes para o milho catarinense também mostram realidades variadas. Chapecó/Xanxerê registra 90% das

Foto: Gessí Ceccon

lavouras em boas condições, com plantas em V6 e crescimento favorecido por radiação solar. Em São Miguel do Oeste, o plantio já está finalizado, com início de floração e controle de cigarrinha e ervas daninhas em andamento; 94% das lavouras são classificadas como boas.

O extremo Sul do estado, por sua vez, vem sendo impactado por chuvas intensas. Ainda que 98% das áreas apresentem condição boa, os agrônomos alertam para os efeitos acumulados da umidade elevada nas fases seguintes do desenvolvimento. Em Curitibanos, a semana chuvosa também impôs ajustes no cronograma de tratos culturais, embora as lavouras sejam avaliadas como boas a ótimas.

No cenário estadual, a cigarrinha-do-milho continua sob vigilância, embora com baixa incidência até o momento. A manutenção de condições de sanidade dependerá do monitoramento contínuo e da disciplina no manejo fitossanitário, especialmente em áreas com histórico de enfezamento e maior pressão de insetos.

A Epagri/Cepa reforça que, apesar dos pontos de atenção, o potencial produtivo da safra é positivo. Os próximos dias, marcados pelo comportamento das chuvas e pela manutenção de temperaturas adequadas, serão decisivos para consolidar esse cenário. Se as condições atuais persistirem, Santa Catarina tende a iniciar a colheita com nível elevado de desempenho agronômico e produtivo.

Fonte: O Presente Rural
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Custos de produção recuam no frango e avançam no suíno em outubro

Levantamento da Embrapa mostra alta no custo do suíno vivo em Santa Catarina e queda no frango de corte no Paraná, com impacto direto da variação da ração.

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Foto: Shutterstock

Os custos de produção de suínos e de frangos de corte tiveram comportamentos diferentes em outubro conforme levantamento da Embrapa Suínos e Aves por meio da Central de Inteligência de Aves e Suínos (CIAS).

Em Santa Catarina, o custo de produção do quilo do suíno vivo foi de R$ 6,35 em outubro, alta de 1,09% em relação ao mês anterior, com o ICPSuíno chegando aos 363,01 pontos. No acumulado de 2025, o índice também registra aumento (2,23%).

Em 12 meses, a variação é de 2,03%. A ração, responsável por 70,72% do custo total de produção na modalidade de ciclo completo, subiu 1,28% no mês.

No Paraná, o custo de produção do quilo do frango de corte baixou 1,71% em outubro frente a setembro, passando para R$ 4,55 e com o ICPFrango atingindo 352,48 pontos.

No acumulado de 2025, a variação é negativa, de -4,90%. No comparativo de 12 meses o índice também registra queda: -2,74%. A ração, que representou 63,10% do custo total em outubro, baixou 3,01% no mês.

Santa Catarina e Paraná são estados de referência nos cálculos dos Índices de Custo de Produção (ICPs) da CIAS, devido à sua relevância como maiores produtores nacionais de suínos e frangos de corte, respectivamente.

A CIAS também disponibiliza estimativas de custos para os estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, fornecendo subsídios importantes para a gestão técnica e econômica dos sistemas produtivos de suínos e aves de corte.

App Custo Fácil

Aplicativo gratuito da Embrapa que gera relatórios personalizados das granjas e diferencia despesas com mão de obra familiar. Disponível para Android na Play Store.

Planilha de Custos

Ferramenta gratuita para gestão de granjas integradas de suínos e frangos de corte, disponível no site da CIAS

Fonte: Assessoria Embrapa Suínos e Aves
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