Suínos Nutrição
Levedura hidrolizada como fonte de nucleotídeos em dietas de suínos
Nutrição de suínos, principalmente em fases críticas, está diretamente ligada à saúde e desempenho animal

Artigo escrito por Melina Bonato e Liliana Longo Borges do Departamento de P&D, ICC Brasil
Embora os nucleotídeos não sejam considerados nutrientes essenciais, estes têm um papel importante em diversos processos metabólicos e, em especial, em alguns tecidos do corpo e fases da vida animal. Os nucleotídeos e nucleosídeos livres podem ser imediatamente absorvidos pelos enterócitos no intestino, sendo especialmente importantes nos tecidos de rápida multiplicação celular e limitada capacidade de síntese pela via de novo (principal via de produção de nucleotídeos), como as células do epitélio intestinal, células sanguíneas, hepatócitos e células do sistema imune. São então utilizados pela via de salvamento, onde o corpo pode sintetizar nucleotídeos com menor gasto de energia, já que irá reciclar as bases e nucleotídeos da degradação metabólica dos ácidos nucleicos de células mortas ou da dieta. Porém, quando o fornecimento endógeno é insuficiente, como ocorre especialmente em animais em fases de crescimento rápido (fases iniciais), reprodução, estresse e desafios, os nucleotídeos de fontes exógenas se tornam nutrientes semi-essenciais ou “condicionalmente essenciais”.
A nutrição de suínos, principalmente em fases críticas está diretamente ligada à saúde e desempenho animal, tornando os nucleotídeos nutrientes semi-essenciais. Desta forma alguns estudos vêm sendo conduzidos com o intuito de entender a importância da suplementação exógena de nucleotídeos nas fases de maior exigência destes.
O alimento natural mais rico em nucleotídeos e nucleosídeos é o leite materno humano, o segundo é o colostro e leite de porcas. Ou seja, os leitões recebem um alto teor destes nutrientes via materna, porém este potencial pode ser aumentado? Isso pode ocorrer até um certo limite, porém, a suplementação exógena de nucleotídeos e nucleosídeos pode melhorar o ganho de peso e diminuir a mortalidade de leitões ao desmame. Ou seja, a suplementação destes nutrientes nas dietas de porcas em lactação pode refletir em melhoras na progênie.
Já a suplementação de leitões nas fases iniciais de creche também pode ser benéfica, já que nestas fases ocorrem grandes desafios, como sanitários e estresses, além de haver uma multiplicação celular intensa devida ao rápido crescimento. Com isso, uma opção economicamente viável como fonte exógena de nucleotídeos é a levedura hidrolisada.
Levedura hidrolisada
A levedura hidrolisada, oriunda do processamento da levedura (Saccharomyces cerevisiae) de fermentação de cana-de-açúcar para produção de etanol, passa por uma hidrólise especial do RNA para então haver a liberação dos nucleotídeos e nucleosídeos (que formam as bases nitrogenadas). Este produto final é altamente digestível, pois possuí, além destes, aminoácidos, peptídeos e polipeptídios de cadeia curta e glutamina, sendo altamente recomendável para nutrição animal. Também há presença de mananoligassacarídeos (MOS, que é uma ferramenta efetiva na prevenção de diarreia causada pela contaminação de Salmonella e E. coli.) e altos níveis de β-glucanas (imunomoduladores e ativam as células fagocíticas presentes no intestino, desencadeando a ativação do sistema imune inato).
Os benefícios resultantes tipicamente observados são a melhora da saúde de maneira geral, maior ganho de peso, melhor conversão alimentar em leitões e benefícios reprodutivos em porcas gestantes e lactantes. Esse produto possui uma estabilidade térmica importante durante a peletização e a extrusão das dietas, e pode ser utilizado individualmente ou combinado com antibióticos.
Estudiosos estudaram a suplementação da levedura hidrolisada na dieta de porcas em lactação, onde 4 níveis foram utilizados (0, 4, 8 e 12 kg/ton) a partir da transferência destas para a maternidade (3 dias antes da parição) até 21 dias de idade dos leitões (desmame). O número e peso dos leitões ao nascimento foram equalizados por porca e por tratamento (número de leitões por porca: 10,48; peso inicial leitão: 1,70 kg; peso leitegada/porca: 17,79 kg). Amostras de colostro e leite foram coletadas e analisadas quanto ao conteúdo de RNA total presente.
Resultados
Os resultados demonstraram que as porcas suplementadas tiveram um efeito positivo na produção de leite (7,33 kg ou 4,82 %, em média) e na concentração total de RNA no leite (0,277 mg/ml ou 34,2 %, em média, aos 11 dias), o que consequentemente aumentou o número de leitões desmamados (0,68 kg ou 7,31 %, em média), peso da leitegada ao desmame (1,59 kg ou 2,83 %, em média), ganho de peso da leitegada (1,79 kg ou 4,70 %, em média) e reduziu a mortalidade (real -3,80 % ou -43,28 %, em média) em relação ao grupo controle.
Assim, o uso de levedura hidrolisada como fonte de nucleotídeos e nucleosídeos, em dietas de porcas em lactação, se torna uma alternativa viável combinando os benefícios nutricionais ajudando na transmissão destes nucleotídeos via leite e diminuindo a mortalidade e melhorando o desempenho dos leitões ao desmame, o que pode ajudar estes animais a expressar seu potencial de crescimento e desenvolvimento e melhorar os índices zootécnicos durante as próximas fases de criação.
Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de fevereiro/março de 2019 ou online.

Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



