Suínos Alimentação
Levedura hidrolisada: alternativa natural e eficiente para altos custos de ingredientes na suinocultura
A alimentação dos suínos representa 80,83% do custo total de produção, sendo que em 2020 era responsável por 80,79% do total de investimentos, ou seja, não somente a escolha dos ingredientes é um fator importante, mas sim investir em fontes seguras de qualidade e que entreguem melhorias em saúde e ganhos em desempenho.

A suinocultura atual é constituída por animais de alta produtividade e selecionados para serem mais eficientes em aproveitamento dos nutrientes para conversão em rápido crescimento e ganho de peso em leitões. A alimentação, um dos fatores que mais tem impactado nos custos de produção desde o início da pandemia, vem sofrendo variações devido ao alto preço dos insumos que são os ingredientes base para a alimentação animal. Atualmente a alimentação dos suínos representa 80,83% do custo total de produção, sendo que em 2020 era responsável por 80,79% do total de investimentos, ou seja, não somente a escolha dos ingredientes é um fator importante, mas sim investir em fontes seguras de qualidade e que entreguem melhorias em saúde e ganhos em desempenho.
Em outubro o preço de alguns insumos, como o milho e a soja, registraram queda e o preço pago aos produtores registrou uma alta, no entanto o cenário anual para o suinocultor até o momento ainda é desfavorável, resultando em uma margem de lucro apertada. Isso pode ser devido a outros fatores que influenciam a alta dos custos, e esse repasse é feito para o setor de proteína animal.
Dentro do sistema de produção, a fase pós desmame e creche são períodos cruciais, pois envolvem alguns fatores como a transição da dieta líquida para sólida, composição nutricional, alteração de ambiente e separação da mãe, que geram consequências na fisiologia digestiva, metabólica e imunológica dos leitões. A magnitude da correlação do ganho pós desmame e peso ao abate é superior que a do peso ao nascimento e ao desmame. Isso justifica a atenção com manejos e necessidade de uma dieta ideal que incrementem os ganhos nesta fase.
O desmame comercial ocorre entre 17 e 28 dias de vida, quando o sistema imune do leitão ainda está imaturo e seus anticorpos circulantes atingem os menores níveis (por volta de 28 dias). Esse período é chamado “gap de imunidade” ou “gap pós-desmame”, no qual o leitão está mais suscetível a problemas intestinais porque seu sistema imune adquirido não teve tempo para se desenvolver totalmente. Depois disso, o nível de anticorpos aumenta gradativamente conforme o animal desenvolve sua própria imunidade natural.
A ingestão do colostro e a absorção dos anticorpos dependem da capacidade de absorção do epitélio intestinal que começa a diminuir após 24 a 36 horas após o nascimento. Ou seja, o ambiente, nutrição, saúde e a condição geral das porcas terão um impacto direto sobre os leitões recém-nascidos e pós-desmame, visto que sofrem influência direta do desenvolvimento dos leitões durante a gestação, contato físico pós-nascimento (transmissão da microbiota) e colostro e leite durante a lactação.
Opções
Nesse contexto, considerando que a instabilidade se mantenha nos próximos meses, os produtores buscam opções aos itens da fórmula que atendam tanto as necessidades econômicas quanto nutricionais dos animais. Um dos aspectos enfatizados nas dietas para as fases iniciais de crescimento tem sido a digestibilidade e palatabilidade dos ingredientes que as compõem.
O plasma, um dos ingredientes de destaque na composição da dieta de suínos no Brasil uma vez que complementa as
funções do colostro, é um ingrediente rico em proteínas funcionais, colabora com a nutrição animal e manutenção da função imunológica através de imunoglobulinas. Seu uso é tradicional na fase de creche em rações pré-iniciais, pois melhora a ingestão, a conversão alimentar e reduz a mortalidade durante o período estressante do pós-desmame. Já para dietas de matrizes em gestação e lactação, seu uso resulta em melhor taxa de parto, com leitões mais pesados e em maior número de desmamados por matriz coberta.
Acredita-se que os mecanismos pelos quais o plasma sanguíneo promove esta melhoria no desempenho estejam relacionados à palatabilidade e a sua composição, uma vez que contém 12% de ácido glutâmico, 22,5% de imunoglobulinas, 28,0% de albumina e 0,5% de proteínas de baixo peso molecular. No entanto, as variações nos custos e escassez deste ingrediente têm levado os produtores a buscarem alternativas. A estimativa para 2022 é que os preços continuem elevados, o que preocupa o mercado.
Levedura hidrolisada é uma fonte natural de nucleotídeos e nucleosídeos livres que são absorvidos imediatamente pelos enterócitos no intestino sendo benéficos para animais jovens, uma vez que influenciam positivamente o metabolismo lipídico, a imunidade, o turnover de células e o desenvolvimento geral dos leitões. Sendo ainda uma fonte valiosa de carboidratos funcionais como β-Glucanas 1-3 e 1,6, mananoligossacarídeos (MOS), polipeptídeos de cadeia curta, aminoácidos livres e glutamamina, as leveduras hidrolisadas proporcionam alta digestibilidade e palatabilidade nas dietas. Isso permite ganho econômico, sem comprometer a qualidade da nutrição, substituindo parcialmente o plasma na dieta. Em leitões, os ganhos podem ser vistos a partir de 10% de substituição (cálculos com base em dados comerciais internos).
Garantir um programa adequado que relacione nutrição, manejo e sanidade é um método essencial para o bom crescimento e ganho de peso dos leitões, visto que amenizar os fatores estressantes irão determinar o balanço entre a imunidade e o desempenho. Assim, através da suplementação das dietas com levedura hidrolisada, é possível melhorar a rentabilidade do produtor e garantir bons índices zootécnicos dos leitões.
As referências bibliográficas estão com os autores. Contato via: karoline.honorio@iccbrazil.com.br.

Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



