Suínos Saúde Animal
Lesões pulmonares em suínos ao abate: prevalência no Brasil e importância econômica
Pneumonias são uma das principais causas de problemas sanitários da suinocultura, causando prejuízos na produção

Artigo escrito por William Costa, médico veterinário e gerente técnico da Ceva Saúde Animal; e Thaiza Barbosa, médica veterinária e coordenadora comercial da Ceva Saúde Animal
As pneumonias são uma das principais causas de problemas sanitários da suinocultura, que podem ser causadas por uma série de agentes bacterianos e virais, impactando negativamente índices zootécnicos, gastos com medicamentos e condenações de carcaças.
Dados de abatedouros são frequentemente utilizados para monitorar os problemas respiratórios dos sistemas de produção, auxiliando na compreensão do impacto das lesões respiratórias, bem como auxiliam nas decisões para controle e prevenção das mesmas. Entretanto, sempre que são empregadas monitorias sanitárias, muitos dados são gerados e, nem sempre os mesmos são devidamente analisados e compreendidos.
Adicionalmente, as lesões pulmonares são muito dinâmicas, ou seja, progridem e regridem ao longo do período de crescimento e engorda, de modo que a lesão pulmonar observada ao abate pode não refletir com clareza a importância que aquela pneumonia teve na vida do animal, podendo gerar interpretações equivocadas sobre a doença.
Deste modo, pode-se subestimar ou superestimar a eficiência de um programa sanitário a partir destes dados mal interpretados. Logo, este trabalho deverá ser realizado por profissionais treinados tendo como foco as principais doenças causadoras de perdas em rebanhos suínos através de acompanhamentos de lotes sequenciais de suínos de determinado rebanho.
De fato, uma avaliação de abate representa a oportunidade de realizar um grande número de necropsias a baixo custo tendo especial importância na observação de casos crônicos ou “cronificados” por medicação contínua, impossíveis de serem vistos na granja.
Desenvolvimento
Pneumonia Enzoótica Suína e Pleuropneumonia Suína são duas das principais causas de perdas na produção de suínos. Lesões pulmonares atribuídas a ambas as doenças são comumente encontradas no abatedouro. A pontuação dessas lesões é uma ferramenta útil para estimar a gravidade e a prevalência de ambas as doenças.
O Mycoplasma hyopneumoniae é o principal agente etiológico da Pneumonia Enzoótica Suína e um dos principais contribuintes para o Complexo das Doenças Respiratórias de Suínos. Lesões pulmonares macroscópicas em suínos afetados por Pneumonia Enzoótica consistem em consolidação pulmonar cranioventral, geralmente distribuídas bilateralmente nas partes apical, intermediária, acessória e cranial dos lobos diafragmáticos. Infecções por M. hyopneumoniae causam enormes perdas econômicas, direta ou indiretamente, aumentando a suscetibilidade de animais infectados a outros patógenos respiratórios. Estudos realizados encontraram muitas cepas de M. hyopneumoniae e em lotes de suínos para abate com diferentes cepas, houve maior prevalência e gravidade de lesões pulmonares.
Um estudo realizado em 19 países europeus produtores de suínos, durante 12 meses (dezembro de 2016 a novembro de 2017) avaliou 325.624 pulmões. A prevalência de broncopneumonia encontrada neste estudo foi de 41,22%, mostrando que o controle das infecções por M. hyopneumoniae ainda é um grande desafio. Outro estudo realizado por pesquisadores espanhóis, com 164.200 pulmões, entre 2015 e 2017, relatou a prevalência de lesões respiratórias em 47,3% deles. A porcentagem média de superfície afetada em todos os pulmões e nos pulmões pneumônicos foi de 3,52% e 6,15%, respectivamente.
No Brasil, um trabalho realizado pela Ceva Saúde Animal durante o ano de 2018 (utilização do aplicativo CLP – Ceva Lung Program), avaliou lesões ao abate de 60.000 pulmões, nas principais regiões produtoras de suínos do país. Foram encontrados 57,4% de lesões de broncopneumonia. A porcentagem de superfície afetada em todos os pulmões e nos pulmões pneumônicos foi de 3,90% e 5,93%, respectivamente. Observou se ainda 8,10% de lesões cicatriciais e 8,15% de pleurisia dorsocaudal. A quantificação dessas lesões dorsocaudais, utilizando a metodologia SPES (Slaughterhouse Pleuritis Evaluation System), identificou maior prevalência no grau 4, sendo esta a mais severa.
O CLP – utiliza como base para a avaliação de lesões de broncopneumonia a escala de Madec e para avaliações de pleurites e pleurisias o SPES, ambos sistemas internacionalmente utilizados e aceitos, o que permite a comparação de dados entre países.
Considerações finais
Os índices encontrados nas monitorias de abate comprovam que as doenças respiratórias são uma das principais causas de prejuízos econômicos na produção de suínos e demonstram a necessidade de medidas de prevenção e controle mais eficientes. Além disso, demonstram que dados gerados com confiabilidade são extremamente úteis para uma avaliação das pneumonias crônicas ou cronificadas pelo uso extensivo de medicação massal, possibilitando uma tomada de decisão eficaz para controle das principais doenças respiratórias.
Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2019 ou online.

Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



