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Lesões de pele em carcaças de frangos de corte

Manter as condições de ambiência na etapa de apanha, em especial tranquilidade ao manipular os animais e baixa iluminação, é imprescindível para minimizar a movimentação animal durante a apanha e as perdas de qualidade da pele da carcaça.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Lesões de pele em carcaças de frango é um assunto que desperta interesse para a indústria avícola mundial moderna em função de acarretar prejuízos aos produtores e aos abatedouros-frigoríficos, os quais decorrem da condenação parcial ou total das carcaças, da redução no valor do produto final, do aumento no custo da mão-de-obra e da redução na velocidade do processamento industrial.

Os frangos de corte vêm apresentando, na atualidade, desempenho muito superior ao obtido no passado, e a prevalência de lesões de pele tem aumentado, muito provavelmente por causa das modificações efetuadas no processo de criação em escala industrial dos mesmos, tais como condições ambientais tecnificadas, tipo de galpões, uso de densidade populacional mais alta e de linhagens de alto desempenho, bem como maiores desafios no campo.

O objetivo deste artigo é abordar os principais fatores de risco associados com a incidência de lesões de pele em carcaças de frangos de corte e apontar estratégias para minimizar a manifestação de tais problemas.

Contextualização e classificação das lesões

Por ser um órgão muito extenso e que envolve todo o corpo da ave, a pele é muito atingida por injúrias, agravadas por fatores de manejo, imunodepressivos e infecciosos podendo ser virais, bacterianos ou micóticos. A maioria das lesões são inespecíficas e se caracterizam por distintas alterações macroscópicas como mudança na espessura e rompimento da pele, alterações de coloração e aspecto, erosões, úlceras ou nódulos na superfície tegumentar, aumento dos folículos das penas, danificando a estrutura do tecido e consequentemente acarretando a diminuição da qualidade visual da pele.

Apesar de a pele representar uma barreira notavelmente eficaz contra as infecções, estas podem se estabelecer caso surja uma “porta de entrada” para um agente bacteriano através de uma injúria física. Normalmente, se o animal apresenta bom status imunitário e saudabilidade, estas infecções não se estabelecem. Considerando que a suscetibilidade da ave a uma infecção é dependente da resistência (capacidade dos sistemas anatômicos e fisiológicos, incluindo o sistema imune, em excluir patógenos) e da persistência de produção (capacidade em manter a sua aptidão produtiva) é crucial a manutenção do status imunitário e da saúde animal, além de um ambiente capaz de permitir que os animais tenham condições de expressar seu potencial genético e seu comportamento natural.

O Serviço de Inspeção Oficial agrupa as doenças cutâneas, exceto a celulite, em uma única categoria, denominada anteriormente como dermatose e mais recentemente como lesões cutâneas. A condenação de carcaças de frangos de corte por lesões cutâneas representa aproximadamente 30% das condenações parciais.

Em um levantamento de dados gerados pelo Sistema de Informações Gerenciais do Serviço de Inspeção Federal (SIGSIF) nos anos de 2012 a 2015, pesquisadores registraram que as condenações parciais e totais por dermatose atingiram 1,31% e 0,44% do total de aves abatidas (Gêneros Anser, Anas e Gallus), respectivamente. A ocorrência das lesões apresenta diferenças regionais e comportamento sazonal por estar relacionada com as condições ambientais de criação. Na inspeção post mortem, as avaliações são realizadas a partir de elementos macroscópicos de acordo com o aspecto visual e da localização de acometimento da lesão no corpo das aves.

Visando classificar cada tipo de lesão, sua possível origem e grau de severidade, a Figura 1 apresenta quatro pontos a serem considerados: (A) ordem de ocorrência (tempo do surgimento da lesão), (B) tecido atingido (profundidade da lesão), (C) exposição (ao meio externo e patógenos) e (D) severidade da continuidade (comprometimento da carcaça e cronicidade da lesão).

Figura 1- Diagrama de pontos relevantes para classificação de lesões cutâneas.

A maioria das lesões cutâneas encontradas nas carcaças dos frangos de corte nos abatedouros-frigoríficos são inespecíficas e não estão vinculadas a problemas de saúde pública.

Figura 2- Tipos de lesões cutâneas segundo tempo de ocorrência e exposição do tecido. A: Lesão cutânea fechada antiga (cicatrizada). B: Lesão cutânea fechada recente. C e D: Lesão cutânea aberta.

Em contrapartida, podem ser observadas doenças da pele em aves que incluem a varíola, a Síndrome gordurosa, o carcinoma epidermóide de células escamosas, a forma cutânea da doença de Marek, doenças já diagnosticadas a campo e registradas na Ficha de Acompanhamento do Lote (FAL) e a celulite. O queratoacantoma aviário não é uma doença de importância para a saúde pública. Esta exibe lesões na pele que podem apresentar-se como áreas côncavas (superfície curva), esburacadas, com até 2 cm de largura. Já a Doença de Marek (forma cutânea) caracteriza-se por apresentar folículos de penas aumentados, geralmente com pele circundante de cor amarelada.

Figura 3- Tipos de lesões cutâneas segundo tecido atingido e grau de continuidade da lesão. A: Lesão cutânea aberta com inflamação profunda progredindo para celulite. B: Lesão cutânea em processo de cicatrização e necrose – Dermatose. C: Lesão cutânea em processo de cicatrização – Necrose. D: Escarificação amarela da camada queratinizada da epiderme (superficial).

Outra afecção relacionada a instalação de um processo inflamatório nas lesões cutâneas que é registrada separadamente na inspeção post mortem é a celulite. A celulite aviária, também conhecida como processo inflamatório ou infeccioso do tecido subcutâneo, é uma doença crônica da pele que se caracteriza pela presença de camadas de exsudato heterofílico caseoso.

A E. coli é a bactéria mais frequentemente isolada nestas lesões, embora outros agentes, como Pasteurella multocida, Pseudomonas aeruginosa, Enterobacter agglomerans, Proteus vulgaris e Streptococcus dysgalactiae e Staphylococcus também já foram isolados. A prevenção da ocorrência de celulite também está relacionada a adequação do ambiente e manejo correto, evitando assim o estresse dos animais, a exposição dos tecidos adjacentes da pele e a manutenção da qualidade da cama aviária.

Incidência e fatores associados

A manifestação das lesões cutâneas está associada a múltiplos fatores que podem agir isoladamente ou em sinergia, o que dificulta o controle da lesão.

A qualidade da cama e a proximidade das aves entre si pode ser um facilitador de lesões da pele, assim como a quebra e perda de penas das mesmas. Essas alterações são consequências de modificações empregadas no processo de criação. Desta forma, o manejo correto, o ambiente confortável e a saúde animal são o tripé para a qualidade da pele das aves e consequentemente, das carcaças.

Os fatores de manejo que prejudicam a integridade da pele estão relacionados à alta densidade populacional de maneira que propicia um maior contato entre os animais, maior competição pelo espaço, água e alimento e maior quantidade de excreta produzida, favorecendo a compactação da cama pelo aumento da umidade e o aparecimento de lesões na pele dos frangos.

A umidade da cama é um fator crítico no manejo dos galpões, já que influencia a incidência e a severidade das lesões como dermatites ulcerativas, pododermatite e calo de peito nas carcaças das aves (Figura 4). O aparecimento das lesões na carcaça também está diretamente associado à volatilização da amônia do metabolismo microbiano nas excretas, resultando em aumento de lesões cutâneas, respiratórias e oculares, e consequente perdas de desempenho e comprometimento de bem-estar.

Figura 4- Calo de peito – A: Calo de peito severo em frango de corte, visualizado na inspeção ante mortem. B: Calo de peito em carcaça de frango (dermatite de contato).

Como os frangos passam a maior parte do tempo na cama, seu material é um dos fatores mais importantes relacionados à ocorrência de lesões de pele e pododermatites. Materiais de cama com partículas grandes e pontiagudas podem resultar em uma maior incidência de ferimentos devido à sua ação abrasiva.

Além dos fatores já mencionados, a probabilidade de ocorrer dermatose é 1,7 vezes maior quando se reutiliza a cama no pinteiro; 1,4 vezes maior quando não ocorre desinfecção adequada dos equipamentos antes do alojamento; 1,9 vezes maior  quando se utiliza comedouros tubulares em comparação aos comedouros automáticos; 1,01 vezes maior a cada grau Celsius superior à temperatura de conforto térmico do aviário; 1,4 vezes maior em alojamento realizados no inverno; e 1,02 vezes maior a cada dia de redução no período de vazio sanitário.

Adicionalmente, as lesões também podem ocorrer em situações estressantes onde os animais podem manifestar alterações comportamentais e agressividade entre eles. Neste caso, é fundamental o controle ambiental e o cuidado com a movimentação no galpão durante a criação.

Outro fator a considerar é a qualidade de empenamento das aves que aumenta a possibilidade de lesões de pele principalmente nas regiões dorsal, coxa e sobrecoxa. Alguns dos principais fatores contribuintes para um mau empenamento são: mudanças drásticas de temperatura e a exigência nutricional nas diferentes fases de crescimento.

Outras causas relacionadas à ocorrência de lesões cutâneas em frangos são a utilização de rações com elevado teor de proteína, ou com presença de micotoxinas (fusarium), ou ainda dietas deficientes em aminoácidos. Existem vários estudos relacionados com os efeitos da suplementação dietética de minerais orgânicos, aminoácidos, óleos essenciais, precursores de queratina, dentre outros, sobre a melhoria da qualidade da pele e deposição de colágeno e melhora na formação das penas.

As penas se renovam e se regeneram constantemente, possuindo um crescimento cíclico, alternando com períodos de repouso. De tal modo, em fases cuja pele está mais exposta, o manejo, a ambiência e o fornecimento de nutrientes visam garantir o bem estar dos animais para que minimize situações de competição.

Fatores predisponentes ao aparecimento de lesões de pele

Dentre os fatores predisponentes ao aparecimento de dermatose nas linhas de processamento, dados de 2021 da região sul do Brasil mostram que há uma sazonalidade nos índices de dermatose ou lesões cutâneas, apresentando um pico de condenações no mês de agosto, cujas condições climáticas, são de baixas temperaturas e altas umidades ambientais, e menor incidência em janeiro, período de altas temperaturas e ambiente mais seco e arejado.

A Figura 5 contém dados de plantas de processamento desta região onde se observa, conforme citado acima, aumento da condenação parcial por dermatose no período de inverno.

Figura 5 – Incidência de condenações parciais de carcaças de frango por dermatose no ano de 2021 em plantas de processamento na região sul do Brasil.

O controle dos fatores ambientais é fundamental para manter o comportamento das aves sem características de competição. Além disso, propiciar um ambiente ideal, fresco e oxigenado auxilia para que as aves possam expressar o seu potencial genético e converter alimento em peso corporal.

Alguns fatores como manter a temperatura de conforto dos animais através da oxigenação do ambiente, do uso de ventiladores e aspersores, água a disposição, uso de divisórias nos galpões para manter a densidade desejada e evitar a aglomeração de aves, controle da intensidade de luz, uso de cortinas escuras que diminuem a incidência de luz são estratégias para diminuir a incidência de lesões cutâneas.

Além disto, devem ser considerados os diferentes climas ambientais para ajuste da ventilação de um galpão. Durante períodos de clima frio, o objetivo da ventilação é fornecer troca de ar suficiente para remover o excesso de umidade e manter a qualidade do ar, mantendo, ao mesmo tempo, a temperatura do aviário no nível desejado; e nos períodos de clima quente e/ou úmido, o objetivo da ventilação é remover o excesso de calor e fornecer o resfriamento através do vento, criado pelo movimento do ar e resfriamento evaporativo. Entretanto, como as condições ambientais variam dentro de uma mesma estação, observar o comportamento das aves é o único modo efetivo para determinar se a ventilação está correta.

Em relação ao sexo, os machos são mais predispostos a adquirirem doenças cutâneas devido a traumatismos, visto que os mesmos são mais agressivos. A dermatite de contato também ocorre com maior frequência nos machos, pois eles possuem maior peso e empenamento mais tardio em relação às fêmeas, aumentando assim, seu grau de exposição à cama e sujidades.

As instalações avícolas estão cada vez mais padronizadas e tecnificadas, visando manter as condições internas de temperatura e umidade relativa do ar adequadas e satisfatórias para proporcionar conforto térmico, e manter as aves próximas à zona termoneutra. Quando o deslocamento da massa de ar é por pressão negativa, a incidência de dermatose é menor (2,64 vs. 3.16; Figura 6), provavelmente devido a este sistema associar o resfriamento evaporativo à ventilação em túnel, removendo mais eficientemente a carga térmica do ambiente com consequente arrefecimento do ar e obtenção do conforto para as aves de forma mais homogênea ao longo do galpão, principalmente nos dias com temperaturas do ar mais elevadas.

Figura 6 – Incidência de dermatose em frango de corte criados em diferentes tecnologias do galpão (pressão negativa/pressão positiva).

Uma boa distribuição dos bebedouros e comedouros na extensão do galpão é fundamental para diminuir a competição entre os animais e manter seu comportamento natural. A utilização de comedouros automáticos possui a vantagem de serem abastecidos de maneira equitativa e uniforme por todo o sistema, tornando a ração disponível para todas as aves ao mesmo tempo. A Figura 7 ilustra uma maior incidência de dermatose em criações cujo sistema de alimentação é manual. A distribuição de ração desigual pode gerar aumento de competição entre os animais e maior agressividade, oportunizando maior incidência de arranhões.

Figura 7 – Incidência de dermatose em frango de corte segundo tipo de comedouro durante a criação.

Apesar das lesões cutâneas crônicas ocorrerem durante a vida do animal na granja, as últimas 12 horas (1% da vida do animal) é responsável por muitas alterações de manejo e comportamentais. O manejo pré-abate (apanha, carregamento) e o transporte de aves até o abatedouro estão relacionados às lesões na carcaça e ao estresse fisiológico.

A etapa de apanha é um momento delicado onde ocorre alta movimentação e provoca estresse nos animais. Apanhas mal feitas ou mal supervisionadas podem gerar aglomeração destas, causando danos do tipo escoriação e arranhões, bem como contusão e quebra de asas ao colocar as aves nas caixas de transporte. Desta forma, manter as condições de ambiência na etapa de apanha, em especial tranquilidade ao manipular os animais e baixa iluminação, é imprescindível para minimizar a movimentação animal durante a apanha e as perdas de qualidade da pele da carcaça.

Estratégias para diminuir a Incidência de Lesões cutâneas:

  • Higiene dos equipamentos e qualidade de cama no alojamento.
  • Manter a qualidade da cama, em especial controle da umidade e compactação.
  • Distribuição e densidade adequada das aves: uso de divisórias (25-30 metros).
  • Controle de Ventilação e oxigenação ambiental visando garantir um adequado comportamento animal e bem estar.
  • Quantidade, distribuição, altura e vazão de bebedouros.
  • Quantidade, distribuição, altura e volume de ração.
  • Respeitar o período de vazio sanitário.
  • Controle da iluminação durante a criação e na etapa de apanha.
  • Cuidados com o manejo durante a criação e na etapa de apanha, para manter a tranquilidade das aves.
  • Suprimento de nutrientes que oportunizem um bom empenamento, qualidade de pele e status imunitário do animal.

As referências bibliográficas estão com a autora. Contato: liris.kindlein.ufrgs@gmail.com

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse gratuitamente a edição digital Avicultura – Corte & Postura.

Fonte: Por Liris Kindlein, MDV e professora doutora da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

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Com 33 anos de atuação, Sindiavipar reforça protagonismo do Paraná na produção de frango

Trabalho conjunto com setor produtivo e instituições públicas sustenta avanços em biosseguridade, rastreabilidade e competitividade.

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O Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) celebra, nesta quarta-feira (19), 33 anos de atuação em defesa da avicultura paranaense. Desde sua fundação, em 1992, a entidade reúne e representa as principais indústrias do setor com objetivo de articular políticas, promover o desenvolvimento sustentável e fortalecer uma cadeia produtiva que alimenta milhões de pessoas dentro e fora do Brasil.

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Ao longo dessas mais de três décadas, o Sindiavipar consolidou seu papel como uma das entidades mais relevantes do país quando o assunto é sanidade avícola, biosseguridade e competitividade internacional. Com atuação estratégica junto ao poder público, entidades setoriais, instituições de pesquisa e organismos internacionais, o Sindiavipar contribui para que o Paraná seja reconhecido pela excelência na produção de carne de frango de qualidade, de maneira sustentável, com rastreabilidade, bem-estar-animal e rigor sanitário.

O Estado é referência para que as exportações brasileiras se destaquem no mercado global, e garantir abastecimento seguro a diversos mercados e desta forma contribui significativamente na segurança alimentar global. Esse desempenho se sustenta pelo excelente trabalho que as indústrias avícolas do estado executam quer seja através investimentos constantes ou com ações contínuas de prevenção, fiscalização, capacitação técnica e por uma avicultura integrada, inovadora, tecnológica, eficiente e moderna.

Foto: Shutterstock

Nos últimos anos, o Sindiavipar ampliou sua agenda estratégica para temas como inovação, sustentabilidade, educação sanitária e diálogo com a sociedade. A realização do Alimenta 2025, congresso multiproteína que reuniu autoridades, especialistas e os principais players da cadeia de proteína animal, reforçou a importância do debate sobre biosseguridade, bem-estar-animal, tecnologias, sustentabilidade, competitividade e mercados globais, posicionando o Paraná no centro das discussões sobre o futuro da produção de alimentos no país.

Os 33 anos do Sindiavipar representam a trajetória de um setor que cresceu com responsabilidade, pautado pela confiança e pelo compromisso de entregar alimentos de qualidade. Uma história construída pela união entre empresas, colaboradores, produtores, lideranças e parceiros que acreditam no potencial da avicultura paranaense.

O Sindiavipar segue atuando para garantir um setor forte, inovador e preparado para os desafios de um mundo que exige segurança, eficiência e sustentabilidade na produção de alimentos.

Fonte: Assessoria Sindiavipar
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União Europeia reabre pre-listing e libera avanço das exportações de aves e ovos do Brasil

Com o restabelecimento do sistema de habilitação por indicação, frigoríficos que atenderem às exigências sanitárias poderão exportar de forma mais ágil, retomando um mercado fechado desde 2018.

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A União Europeia confirmou ao governo brasileiro, por meio de carta oficial, o retorno do sistema de habilitação por indicação da autoridade sanitária nacional, o chamado pre-listing, para estabelecimentos exportadores de carne de aves e ovos do Brasil. “Uma grande notícia é a retomada do pré-listing para a União Europeia. Esse mercado espetacular, remunerador para o frango e para os ovos brasileiros estava fechado desde 2018. Portanto, sete anos com o Brasil fora”, destacou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

Foto: Freepik

Com a decisão, os estabelecimentos que atenderem aos requisitos sanitários exigidos pela União Europeia poderão ser indicados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e, uma vez comunicados ao bloco europeu, ficam aptos a exportar. No modelo de pre-listing, o Mapa atesta e encaminha a lista de plantas que cumprem as normas da UE, sem necessidade de avaliação caso a caso pelas autoridades europeias, o que torna o processo de habilitação mais ágil e previsível. “Trabalhamos três anos na reabertura e, finalmente, oficialmente, o mercado está reaberto. Todas as agroindústrias brasileiras que produzem ovos e frangos e que cumprirem os pré-requisitos sanitários podem vender para a Comunidade Europeia”, completou.

A confirmação oficial do mecanismo é resultado de uma agenda de trabalho contínua com a Comissão Europeia ao longo do ano. Em 2 de outubro, missão do Mapa a Bruxelas, liderada pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luís Rua, levou à União Europeia um conjunto de pedidos prioritários, entre eles o restabelecimento do pre-listing para proteína animal, o avanço nas tratativas para o retorno dos pescados e o reconhecimento da regionalização de enfermidades.

Na sequência, em 23 de outubro, reunião de alto nível em São Paulo entre o secretário Luís Rua e o comissário europeu para Agricultura, Christophe Hansen, consolidou entendimentos na pauta sanitária bilateral e registrou o retorno do sistema de pre-listing para estabelecimentos brasileiros habilitados a exportar carne de aves, o que agora se concretiza com o recebimento da carta oficial e permite o início dos procedimentos de habilitação por parte do Mapa. O encontro também encaminhou o avanço para pre-listing para ovos e o agendamento da auditoria europeia do sistema de pescados.

Foto: Ari Dias

Na ocasião, as partes acordaram ainda a retomada de um mecanismo permanente de alto nível para tratar de temas sanitários e regulatórios, com nova reunião prevista para o primeiro trimestre de 2026. O objetivo é assegurar previsibilidade, transparência e continuidade ao diálogo, reduzindo entraves técnicos e favorecendo o fluxo de comércio de produtos agropecuários entre o Brasil e a União Europeia.

Com o pre-listing restabelecido para carne de aves e ovos, o Brasil reforça o papel de seus serviços oficiais de inspeção como referência na garantia da segurança dos alimentos e no atendimento às exigências do mercado europeu, ao mesmo tempo em que avança em uma agenda de facilitação de comércio baseada em critérios técnicos e cooperação regulatória.

Fonte: Assessoria Mapa
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Exportações gaúchas de aves avançam e reforçam confiança do mercado global

Desempenho positivo em outubro, expansão da receita e sinais de estabilidade sanitária fortalecem o posicionamento do estado no mercado externo.

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O setor agroindustrial avícola do Rio Grande do Sul mantém um ritmo consistente de recuperação nas exportações de carne de frango, tanto processada quanto in natura. Em outubro, o estado registrou alta de 8,8% no volume embarcado em relação ao mesmo mês do ano passado. Foram 60,9 mil toneladas exportadas, um acréscimo de 4,9 mil toneladas frente às 56 mil toneladas enviadas em outubro de 2023.

A receita também avançou: o mês fechou com US$ 108,9 milhões, crescimento de 5% na comparação anual.

No acumulado de janeiro a outubro, entretanto, o desempenho ainda reflete os impactos do início do ano. Os volumes totais apresentam retração de 1%, enquanto a receita caiu 1,8% frente ao mesmo período de 2024, conforme quadro abaixo:

O rápido retorno das exportações de carne de aves do Rio Grande do Sul para mercados relevantes, confirma que, tanto o estado quanto o restante do país permanecem livres das doenças que geram restrições internacionais.

Inclusive, o reconhecimento por parte da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e muitos outros mercados demonstram a importância do reconhecimento da avicultura do Rio Grande do Sul por parte da China, ainda pendente. “Estamos avançando de forma consistente e, em breve, estaremos plenamente aptos a retomar nossas exportações na totalidade de mercados. Nossas indústrias, altamente capacitadas e equipadas, estão preparadas para atender às demandas de todos os mercados, considerando suas especificidades quanto a volumes e tipos de produtos avícolas”, afirmou José Eduardo dos Santos, Presidente Executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul (Asgav/Sipargs).

Indústria e produção de ovos

O setor da indústria e produção de ovos ainda registra recuo nos volumes exportados de -5,9% nos dez meses de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, ou seja, -317 toneladas. Porém, na receita acumulada o crescimento foi de 39,2%, atingindo um total de US$ 19 milhões de dólares de janeiro a outubro deste ano.

A receita aumentou 49,5% em outubro comparada a outubro de 2024, atingindo neste mês a cifra de US$ 2.9 milhões de dólares de faturamento. “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”, pontua Santos.

Exportações brasileiras

As exportações brasileiras de carne de frango registraram em outubro o segundo melhor resultado mensal da história do setor, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Ao todo, foram exportadas 501,3 mil toneladas de carne no mês, saldo que superou em 8,2% o volume embarcado no mesmo período do ano passado, com 463,5 mil toneladas.

Presidente Eeecutivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos: “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”

Com isso, as exportações de carne de frango no ano (volume acumulado entre janeiro e outubro) chegaram a 4,378 milhões de toneladas, saldo apenas 0,1% menor em relação ao total registrado no mesmo período do ano passado, com 4,380 milhões de toneladas.

A receita das exportações de outubro chegaram a US$ 865,4 milhões, volume 4,3% menor em relação ao décimo mês de 2024, com US$ 904,4 milhões. No ano (janeiro a outubro), o total chega a US$ 8,031 bilhões, resultado 1,8% menor em relação ao ano anterior, com US$ 8,177 bilhões.

Já as exportações brasileiras de ovos (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 2.366 toneladas em outubro, informa a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O número supera em 13,6% o total exportado no mesmo período do ano passado, com 2.083 toneladas.

Em receita, houve incremento de 43,4%, com US$ 6,051 milhões em outubro deste ano, contra US$ 4,219 milhões no mesmo período do ano passado. No ano, a alta acumulada chega a 151,2%, com 36.745 toneladas entre janeiro e outubro deste ano contra 14.626 toneladas no mesmo período do ano passado. Em receita, houve incremento de 180,2%, com US$ 86,883 milhões nos dez primeiros meses deste ano, contra US$ 31,012 milhões no mesmo período do ano passado.

Fonte: Assessoria ABPA
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