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Suínos / Peixes

Leitoas contemporâneas têm menos problemas reprodutivos por baixo GPD

Pesquisa feita por profissional da UFRGS aponta que, diferente de fêmeas de anos atrás, as leitoas contemporâneas não produzem prejuízos econômicos até o primeiro parto

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A seleção de fêmeas é também um importante processo na produção para garantir à granja bons resultados no futuro. São diversos os fatores que garantem e influenciam para que os ganhos no final sejam os esperados. Para falar um pouco mais sobre o assunto, o professor doutor Fernando Bortolozzo e a médica veterinária Marina Walter, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), palestram sobre “Leitoas com baixo GPD na seleção têm comprometimento reprodutivo subsequente?”, durante o Simpósio Internacional de Suinocultura (Sinsui), que aconteceu em maio, em Porto Alegre, RS.

O tema, que é de interesse da cadeia produtiva pelos resultados que traz ao produtor, há tempos é estudo pelos profissionais. O assunto faz parte de uma grande linha de pesquisa desenvolvida pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias da UFRGS, além de ser oriundo da dissertação de mestrado da médica veterinária. Sem contar que o trabalho é ainda desenvolvido em parceria entre a universidade e a indústria, envolvendo as empresas Master Agroindustrial e Agroceres PIC.

Bortolozzo conta que as principais causas para o baixo ganho de peso nas leitoas estão relacionadas ao ambiente, manejo, sanidade, genética e nutrição. “Todos estes fatores devem estar alinhados para garantir um ganho de peso adequado até o momento de seleção”, afirma. Ele diz que as tabelas nutricionais e quantidades diárias devem seguir os índices indicados pelo NRC e pela empresa de genética em questão. “Deve-se garantir lotação, espaço de comedouro e número de bebedouros adequados durante todas as fases de crescimento”, conta.

O profissional acredita que o principal de todos os pontos citados é a sanidade. “Um lote que passa por problemas, principalmente entéricos e respiratórios, tem o GPD comprometido, muitas vezes de forma acentuada. No mesmo ponto é importante diminuir ao máximo a pressão de infecção do local, pois as perdas de desempenho podem não ser perceptíveis”, alerta.

Segundo o professor, existem relatos consistentes na literatura que essas leitoas seriam futuras fêmeas problema, principalmente por gerar menor número de nascidos ao primeiro parto e maior percentual de descarte. “Porém, grande parte desses trabalhos são bem antigos, e observamos grandes mudanças nas fêmeas atuais. Nosso trabalho, realizado recentemente, trouxe resultados diferentes, comprovando que as fêmeas contemporâneas selecionadas aos 160 dias de vida com baixo GPD – entre 480-580g/dia – não trazem prejuízos econômicos até o primeiro parto”, revela.

As preocupações se estendem, principalmente, pelo desempenho reprodutivo destas fêmeas de baixo GPD. “Nesse trabalho demonstramos que o desempenho reprodutivo não é prejudicado, principalmente pelo ganho compensatório exibido pelas fêmeas de baixo GPD”, explica Bortolozzo. Ele informa que na pesquisa realizada em um grupo de fêmeas entre 480-580g/dia teve um ganho diário superior às fêmeas de maiores GPD – 580-810g/dia – até o momento da cobertura. “Quando comparados todos os grupos analisados não encontramos diferença na idade à puberdade, taxa de parto, número de nascidos ao primeiro parto e IDE. O ganho compensatório possibilitou com que 60% das fêmeas de menor GPD alcançassem 130 quilos na inseminação”, esclarece.

Bortolozzo diz que agrupando as fêmeas de menor GPD (480-580g/dia) e formando duas classes de peso na cobertura (≤ 130 kg e > 130 kg) o grupo com mais de 130 quilos obteve maior número de leitões nascidos totais ao primeiro parto (14,1 x 15,14).

Na seleção

Segundo a médica veterinária Marina Walter, em todas as granjas existe um percentual variável de fêmeas que não são selecionadas exatamente por não atingirem o GPD mínimo na seleção, sendo isto variável de acordo com a genética. “No entanto, muitas fêmeas têm valores bem próximos ao desejável e vimos que existe a possibilidade de recuperação dessas fêmeas”, conta. Ela esclarece que assim, a possibilidade de incorporá-las no plantel sem prejuízos subsequente torna-se interessante do ponto de vista econômico. “Esse trabalho nos traz a ideia de que poderíamos ter uma margem maior de GPD mínimo – como ponto de corte –, pois as fêmeas contemporâneas possuem uma visível capacidade de recuperação e ganho de peso”, explica.

A profissional conta que as leitoas com menor GPD são ainda fisiologicamente menos maduras, já que possuem uma menor resposta à exposição ao macho em idades mais jovens – inferior a 145 dias. “No nosso trabalho o estímulo foi iniciado aos 169 dias e não encontramos diferença entre os grupos na idade ao primeiro estro e no percentual de fêmeas em estro 10, 20 e 30 dias após o início da estimulação”, comenta.

Ela acrescenta que corroborando com trabalhos anteriores, que citam não haver diferença quando o início do estímulo for tardio, nesses casos acredita-se que a taxa de crescimento já não apresenta um efeito significativo no desencadeamento da puberdade. “Isso possivelmente porque a puberdade só ocorre quando certo grau de desenvolvimento corporal e fisiológico é alcançado pelas leitoas, assim em uma idade mais tardia a importância do GPD não é a mesma”, afirma.

Marina acrescenta que a seleção de fêmeas com baixos GPDs traz a consequência de fêmeas mais leves ao primeiro parto, sendo maior de 170 quilos. “Especulava-se que isso poderia causar maiores perdas de escore durante o período lactacional e dessa forma aumentar o IDE, porém, isso não foi encontrado, evidenciando a capacidade de recuperação e manutenção das fêmeas contemporâneas”, afirma. Porém, a profissional destaca que o projeto ainda está em andamento, observando o desempenho ao longo da vida produtiva dessas matrizes ao menos até o terceiro parto.

Outro ponto que pode causar dúvida no produtor é se esta condição pode reduzir a permanência das matrizes na granja. A profissional explica que as fêmeas foram acompanhadas até a cobertura pós desmame, e neste momento foi verificado que houve maior percentual de descarte nos grupos de menor GPD (13,5%) quando comparado ao grupo de GPD > 630 – ≤ 810g/dia (9,1%). “Embora a taxa de remoção do grupo com maior GPD ter sido menor, deve-se ponderar que os valores dos demais grupos alcançam índices aceitáveis em sistemas de produção”, diz Marina. Ela ainda acrescenta que independente desses resultados, o importante também é ter informações de desempenho reprodutivo subsequente e taxa de retenção até o terceiro parto. “Tendo em vista que estamos ainda monitorando no projeto, principalmente por este ser o momento em que o retorno financeiro é alcançado”, sustenta.

Tratamento

Bortolozzo destaca que existem alguns pontos que podem ser trabalhos para melhorar esta condição. Um deles é o estímulo com o macho. “A primeira alternativa é iniciar o estímulo com o macho em idade tardia – entre 160 a 170 dias de vida –, pois é evidente que leitoas de menor GPD demoram mais para atingir a maturidade sexual”, explica. Dessa forma, continua, fêmeas de baixo GPD conseguem aumentar as reservas corporais. “Principalmente se em conjunto ao manejo tardio de estimulação essas fêmeas receberem maior aporto nutricional por flushing ou fornecimento de ração ad libitum durante toda a fase de crescimento”, conta.

O flushing, citado pelo profissional, é uma ferramenta de manipulação alimentar que consiste no maior aporte nutricional, fornecido cerca de 15 dias antes da data prevista da inseminação. “O principal objetivo é aumentar o aporte nutricional para modular as concentrações hormonais plasmáticas, atuando na viabilidade embrionária e possibilitando um maior número de ovulações”, informa. O professor explica que como o fornecimento é à vontade e a ração possui altas quantidades energéticas, além da modulação hormonal, torna-se uma ferramenta de recuperação.

O peso à cobertura é opção, afirma. O professor comenta que, como citado, fêmeas que não atingem peso de 130 quilos na cobertura têm desempenho reprodutivo afetado, portanto não é indicada a inseminação de fêmeas com peso menor que este. “Nestes casos, mesmo que acumule mais DNP, a inseminação deve ser feita no cio subsequente – o momento que a fêmea alcançará os 130 quilos”, explica.

A última possibilidade sugerida pelo professor é sobre o ganho de peso durante a gestação. “Este ganho de peso é fundamental para evitar os efeitos deletérios em leitoas que não tiveram um ganho de peso compensatório anteriormente a esta fase”, conta. Segundo Bortolozzo, para estas fêmeas com menor GPD, as quantidades de ração podem ser ajustadas para garantir que o ganho de peso nessa primeira gestação seja dentro do alvo – em torno de 40-45 quilos. “Esses ajustes podem ser realizados principalmente no terço inicial da gestação”, aponta.

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2018 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Suínos / Peixes

Peste Suína Clássica no Piauí acende alerta

ACCS pede atenção máxima na segurança sanitária dentro e fora das granjas

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Presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio Luiz de Lorenzi - Foto e texto: Assessoria

A situação da peste suína clássica (PSC) no Piauí é motivo de preocupação para a indústria de suinocultura. A Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) registrou focos da doença em uma criação de porcos no estado, e as investigações estão em andamento para identificar ligações epidemiológicas. O Piauí não faz parte da zona livre de PSC do Brasil, o que significa que há restrições de circulação de animais e produtos entre essa zona e a zona livre da doença.

Conforme informações preliminares, 60 animais foram considerados suscetíveis à doença, com 24 casos confirmados, 14 mortes e três suínos abatidos. É importante ressaltar que a região Sul do Brasil, onde está concentrada a produção comercial de suínos, é considerada livre da doença. Portanto, não há risco para o consumo e exportações da proteína suína, apesar da ocorrência no Piauí.

 

Posicionamento da ACCS

O presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio Luiz de Lorenzi, expressou preocupação com a situação. Ele destacou que o Piauí já registrou vários casos de PSC, resultando no sacrifício de mais de 4.300 suínos. Com uma população de suínos próxima a dois milhões de cabeças e mais de 90 mil propriedades, a preocupação é compreensível.

Uma portaria de 2018 estabelece cuidados rigorosos para quem transporta suínos para fora do estado, incluindo a necessidade de comprovar a aptidão sanitária do caminhão e minimizar os riscos de contaminação.

Losivanio também ressaltou que a preocupação não se limita aos caminhões que transportam suínos diretamente. Muitos caminhões, especialmente os relacionados ao agronegócio, transportam produtos diversos e podem não seguir os mesmos protocolos de biossegurança. Portanto, é essencial que os produtores mantenham um controle rigoroso dentro de suas propriedades rurais para evitar problemas em Santa Catarina.

A suinocultura enfrentou três anos de crise na atividade, e preservar a condição sanitária é fundamental para o setor. “A Associação Catarinense de Criadores de Suínos pede que todos os produtores tomem as medidas necessárias para evitar a entrada de pessoas não autorizadas em suas propriedades e aquel a que forem fazer assistência em visitas técnicas, usem Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para minimizar os riscos de contaminação. Assim, a suinocultura poderá continuar prosperando no estado, com a esperança de uma situação mais favorável no futuro”, reitera Losivanio.

Fonte: ACCS
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Suínos / Peixes

Levantamento da Acsurs estima quantidade de matrizes suínas no Rio Grande do Sul 

Resultado indica um aumento de 5% em comparação com o ano de 2023.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Com o objetivo de mapear melhor a produção suinícola, a Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs) realizou novamente o levantamento da quantidade de matrizes suínas no estado gaúcho.

As informações de suinocultores independentes, suinocultores independentes com parceria agropecuária entre produtores, cooperativas e agroindústrias foram coletadas pela equipe da entidade, que neste ano aperfeiçoou a metodologia de pesquisa.

Através do levantamento, estima-se que no Rio Grande do Sul existam 388.923 matrizes suínas em todos os sistemas de produção. Em comparação com o ano de 2023, o rebanho teve um aumento de 5%.

O presidente da entidade, Valdecir Luis Folador, analisa cenário de forma positiva, mesmo com a instabilidade no mercado registrada ainda no ano passado. “Em 2023, tivemos suinocultores independentes e cooperativas que encerraram suas produções. Apesar disso, a produção foi absorvida por outros sistemas e ampliada em outras regiões produtoras, principalmente nos municípios de Seberi, Três Passos, Frederico Westphalen e Santa Rosa”, explica.

O levantamento, assim como outros dados do setor coletados pela entidade, está disponível aqui.

Fonte: Assessoria Acsurs
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Suínos / Peixes

Preços maiores na primeira quinzena reduzem competitividade da carne suína

Impulso veio do típico aquecimento da demanda interna no período de recebimento de salários.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Os preços médios da carne suína no atacado da Grande São Paulo subiram comparando-se a primeira quinzena de abril com o mês anterior

Segundo pesquisadores do Cepea, o impulso veio do típico aquecimento da demanda interna no período de recebimento de salários.

Já para as proteínas concorrentes (bovina e de frango), o movimento foi de queda em igual comparativo. Como resultado, levantamento do Cepea apontou redução na competitividade da carne suína frente às substitutas.

Ressalta-se, contudo, que, neste começo de segunda quinzena, as vendas da proteína suína vêm diminuindo, enfraquecendo os valores.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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