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“Leite vai ser mais uma estrela do agronegócio brasileiro”, crava Spies

Spies falou sobre os desafios do pecuarista, como está o setor leiteiro no Brasil e o que esperar para os próximos anos

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Arquivo/OP Rural

O setor lácteo brasileiro ainda tem muitos desafios para enfrentar. Atender as novas exigências da qualidade do leite, atender as demandas do consumidor, produzir a quantidade para a atividade ter a lucratividade necessária, reduzir o uso de recursos naturais e impactos ambientais. Estes são somente alguns dos pontos pelos quais os produtores deverão se atentar se quiserem continuar na atividade. Muito além disso, o setor lácteo brasileiro precisa ainda ganhar espaço, agregar valor no seu produto e começar a exportar. O engenheiro agrônomo e coordenador geral da Aliança Láctea Sul-Brasileira, doutor Airton Spies, conversou com a equipe do Jornal O Presente Rural e contou um pouco quais são os desafios do pecuarista, como está o setor leiteiro no Brasil e o que esperar para os próximos anos. Boa leitura.

O Presente Rural (OP Rural) – É um desafio para o produtor brasileiro alcançar o leite de alta qualidade que atualmente está sendo exigido?

Airton Spies (AS) – Sim, atingir os padrões de qualidade do leite ideal no Brasil, aquele que está previsto nas Instruções Normativas 76 e 77 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) é um grande desafio. Aqui temos uma produção muito pulverizada em pequenas propriedades, muito heterogênea, o clima é quente e a infraestrutura é precária para resfriamento e transporte do leite até as indústrias. As novas INs são instrumentos muito positivos para conduzir a produção brasileira na direção certa: uma melhoria contínua na qualidade para nos tornarmos competitivos para exportar lácteos e competir com os melhores do mundo. Mas é um caminho longo e temos que fazer as transformações gradativamente, aplicando incentivos para o leite bom e penalidades para o leite ruim.

OP Rural – A sobrevivência na atividade está relacionada com qualidade?

AS – A produção brasileira é quase toda consumida no mercado interno, o país exporta menos de 1% do total de 35 bilhões de litros produzidos anualmente. Os consumidores brasileiros estão cada vez mais exigentes em termos de qualidade e segurança dos produtos lácteos que compram, demandando inclusive certificações para tal.  Portanto, o mercado de leite com mais qualidade é fundamental para quem quiser sobreviver no setor, que está cada vez mais orientado pela livre concorrência e regras de mercado. Para os produtores, o leite deve ser visto como uma matéria-prima industrial, cujo rendimento em derivados depende, não só de contagem de colônias formadoras de bactérias (CBT) e contagem de células somáticas (CCS), mas também de percentuais de sólidos, gordura, proteína e caseína, dos quais são fabricados a maioria dos produtos lácteos consumidos.

OP Rural – O que podemos esperar para a produção de leite para os próximos anos?

AS – O setor lácteo brasileiro está passando por uma grande revolução. Melhorias em todos os aspectos estão acontecendo rapidamente. Através da assistência técnica, os produtores de leite estão se profissionalizando, aplicando modernos princípios agronômicos para produzir mais pastagens e biomassa de boa qualidade, que forma a base da alimentação dos rebanhos de gado leiteiro. Com as melhorias zootécnicas e com a genética mais aprimorada, a produtividade está aumentando, tanto por vaca como por hectare. Os sistemas de manejo, ordenha e conservação do leite estão sendo aprimorados e mudando o setor para melhor. No entanto, o setor ainda é muito desnivelado. Já temos produtores com desempenho excelente, enquanto a maioria ainda tem muito dever de casa por fazer para ser competitivo com os padrões do leite do futuro, aquele que conseguirá competir de igual para igual com os melhores do mundo. Vai ocorrer um “nivelamento para cima” em termos de desempenho, que eliminará as ineficiências, os desperdícios e os custos ociosos da cadeia produtiva.

OP Rural – Aqueles que não alcançarem os índices de qualidade que são exigidos, o que acontecerá com eles?

AS – O mercado é seletivo e excludente. Na medida em que os padrões de desempenho, tanto de qualidade, como de custo de produção vão evoluindo para melhor, para produtores que não conseguirem acompanhar essa evolução, provavelmente, produzir leite deixará de ser uma atividade viável. O setor lácteo brasileiro já apresenta algumas tendências bem definidas. Uma delas é a redução do número de produtores de leite. Segundo o IBGE, o país conta com cerca de 1,2 milhão de produtores de leite, dos quais, 633 mil entregam leite regularmente para as indústrias. Desse total, 67% ainda produzem menos de 250 litros por dia e apenas 5% entregam mais de mil litros por dia. Os produtores com menos de 100 litros por dia deixarão de ser atrativos para a indústria, uma vez que a logística de coleta se torna excessivamente cara.

A exclusão de parte dos produtores menos eficientes não significa necessariamente uma tragédia socioeconômica. Na medida em que o setor se torna mais competitivo para exportar, o volume total produzido no Brasil aumentará e com isso a cadeia produtiva abrirá inúmeras novas oportunidades de emprego e renda ao longo de seus elos, antes e depois da propriedade rural. O número total de pessoas que vão ganhar a seu sustento na cadeia produtiva do leite será maior, quão mais competitivo for o setor. Foi exatamente isso que aconteceu com a suinocultura no Sul do Brasil. Em duas décadas, o número de produtores de suínos caiu para menos de um terço e a produção triplicou. Milhares de pessoas hoje devem o seu emprego e seu ganha-pão graças a esse aumento de eficiência e competitividade. Essa revolução das carnes resultou em setores que hoje conseguem colocar seus produtos, mesmo produzidos em pequenas propriedades de agricultores familiares, em qualquer local do mundo onde existam consumidores.

OP Rural – O consumidor está mais exigente quanto a qualidade do leite?

AS – Sem dúvida. Os consumidores têm acesso a todo tipo de informação sobre os produtos que põem na mesa. A internet tornou todo processo de busca de informação mais rápido e transparente. O consumo responsável está ganhando força em todo mundo, de forma que o leite, para ter acesso ao mercado, terá que atender os princípios da sustentabilidade ambiental, social e econômica. A tolerância da sociedade para as externalidades da produção sobre o meio ambiente está cada vez menor. Além disso, os consumidores também estão cada vez mais atentos às questões de bem-estar animal. Nenhum animal pode ser submetido a qualquer tipo de sofrimento ou crueldade no processo produtivo, senão os consumidores rejeitarão os produtos.

OP Rural – É um desafio também para a indústria estes índices de alta qualidade do leite?

AS – É um desafio para toda cadeia produtiva. As novas INs 76 e 77 de 2018, que entraram em vigor no dia 30 de maio de 2019, trouxeram uma inovação em relação às INs 51 e 62, que tratavam da qualidade do leite cru anteriormente: agora estão previstas penalidades, inclusive, para o produtor de leite que pode ser suspenso se a qualidade mínima não for atingida. Como uma quantidade significativa do leite brasileiro ainda não atende aos padrões das novas INs, é natural que surjam dificuldades para superar as inconformidades e, ao mesmo tempo, abastecer o mercado com produtos lácteos. O Mapa está sensível às dificuldades e vai constituir um Conselho Técnico Consultivo, o CTC-Leite, justamente para administrar essa transição e ajudar a indústria láctea a superar os desafios da qualidade do leite. Além disso, o Plano de Competitividade do Leite Brasileiro vai criar incentivos para que a indústria desenvolva seus fornecedores, visando atingir os padrões de qualidade que o mercado global exige e assim tornar o Brasil um país exportador de lácteos.

OP Rural – O Brasil poderá, um dia, chegar a níveis de qualidade de países como Uruguai, Austrália e Nova Zelândia?

AS – Pode, mas não é um caminho fácil. Conheço bem as condições de produção da Nova Zelândia e da Austrália, pois vivi seis anos nesses dois países, onde fiz meu mestrado e doutorado, na área de produção animal. O clima ameno ajuda na preservação da qualidade do leite, mas principalmente, a estrutura produtiva e a escala maior viabilizam uma logística eficiente e padronizada, tanto na fazenda como no transporte. As propriedades rurais têm sistemas eficientes de refrigeração e conservação do leite e em função da grande escala, chega rapidamente na indústria. Um dos diferenciais é a utilização de sistemas de pré-resfriamento, que baixam a temperatura do leite imediatamente após a ordenha, não dando chances para as bactérias se multiplicarem. O leite neozelandês sai das propriedades com 31% a mais de sólidos do que o leite brasileiro, tomando a gordura e a proteína por referência. Isso significa 31% a mais de rendimento industrial, logo, mais valor em derivados. Eles atingiram esses índices investindo em melhoramento genético, alimentação e manejo. Temos condições de resolver nossos problemas da qualidade no Brasil, mas temos dificuldades bem maiores a superar do que esses países que já são grandes exportadores. Em contrapartida, temos aqui outras vantagens comparativas que podem ser transformadas em vantagens competitivas.

OP Rural – O Brasil ainda importa leite. Esta é uma situação que pode ser mudada e o país passar a exportar?

AS – Sim, os cenários do leite brasileiro indicam claramente que em cinco anos o país passará de importador líquido para exportador de lácteos. Para continuar crescendo sua produção no ritmo que vinha aumentando até 2016, em 2027 o Brasil terá que exportar em torno de 10% dos 47 bilhões de litros de produção anual que projetamos. Aliás, sem exportação, não tem solução para o leite brasileiro. Quando formos competitivos para exportar, também seremos capazes de rechaçar as importações por competitividade e não precisaremos mais de tarifas e taxas antidumping. Esse é o futuro do leite brasileiro. A era do aumento da produção para substituir as importações de leite no Brasil está chegando ao fim. Mas nesse processo de busca da competitividade internacional, haverá choro e ranger de dentes, haverá perdedores e ganhadores, porém, o resultado final será uma cadeia produtiva geradora de muitas riquezas, empregos e desenvolvimento, principalmente para a agricultura familiar.

OP Rural – Produzir o leite de melhor qualidade que está sendo exigido acarreta aumento nos custos de produção?

AS – Não, qualidade não é custo, é investimento. Produzir leite com mais qualidade vai exigir alguns investimentos a mais nas propriedades, mas os aumentos de produtividade e a valorização da produção compensam o desembolso. O custo de produção de leite no Brasil ainda é alto se comparado com a Nova Zelândia, país que atualmente é responsável por 40% de todas as exportações de lácteos do mundo. Nosso custo é maior pois a produtividade é baixa, a escala é pequena e com isso os custos fixos por litro produzido são altos. Leite de qualidade superior também rende mais dentro das fábricas, e por isso as indústrias terão que pagar o leite por qualidade. Leite bom tem que valer mais que leite ruim, tem que mexer no bolso. Em alguns anos, o pagamento do leite ao produtor não será mais por litro, e sim, por kg de sólidos. Afinal, menos de um terço do leite que os brasileiros consomem é na forma de leite fluído. Também não vamos exportar água, e sim, os sólidos do leite.

OP Rural – Quais são os desafios para o Brasil em alcançar mais qualidade?

AS – O principal desafio para melhorar a qualidade é fazer com que os agentes da cadeia produtiva entendam a importância e adotem efetivamente, mecanismos de fidelização e formalização das relações entre produtor e indústria. Uma vez que o produtor de leite estiver formalmente vinculado a uma indústria por contrato, ele receberá as garantias que precisa para investir na qualidade. A formalização das relações entre produtor e indústria nivela a qualidade para cima, de forma que, quem produz sabe para quem, quando, quanto, com que padrão deve produzir e recebe orientação técnica e insumos para isso. Por outro lado, a indústria terá a garantia da produção padronizada, com volumes e escalas definidas, e dessa forma poderá assumir contratos no mercado. Esse mecanismo cria sinergias em todos os elos da cadeia produtiva e entrega benefícios para todos os atores. Frangos, suínos e tabaco são exemplos de cadeias produtivas brasileiras de grande sucesso no mercado internacional, que têm em comum essa característica: os contratos. Quando o setor lácteo estiver operando dentro de diretrizes formais com suas características próprias, os parâmetros de qualidade como CBT, CCS, teor de sólidos, temperatura de resfriamento, ausência de zoonoses como brucelose e tuberculose, dentre outros, serão mais facilmente atingidos.

OP Rural – Qual seu conselho para a cadeia leiteira brasileira evoluir e produzir o leite de maior qualidade?

AS – Meu conselho parte da seguinte premissa: Toda vaca saudável dá leite bom. Nós estragamos o leite depois que o tiramos do úbere das vacas. Portanto, vacas saudáveis, higiene na ordenha e frio eficiente e rápido para a conservação são fundamentais. O leite é uma matéria-prima industrial da qual são fabricados centenas de produtos alimentares de grande valor nutricional e econômico. Esse leite é produzido por animais ruminantes, que são magníficas “máquinas” de converter biomassa vegetal, da qual nós humanos não nos alimentamos diretamente, em produtos que apreciamos muito nas nossas dietas. Essa biomassa é resultado da fotossíntese, e nesse quesito o Brasil é campeão, por termos aqui mais luz solar o ano todo e chuvas em abundância na maior parte do nosso território. Essa é a nossa vantagem comparativa em relação aos países de clima frio: o potencial para produzir mais de 30 toneladas de matéria seca de forragens por hectare por ano, o que permite produzir mais de 20 mil litros de leite. Os demais aspectos que determinam a qualidade do leite podem ser resolvidos com tecnologia e investimentos. Por isso meu conselho é que o setor público e o setor privado se unam numa estratégia objetiva para desenvolver a qualidade e competitividade do leite, aplicando simultaneamente incentivos para o leite de qualidade superior e penalidades para o leite ruim. Pagamento pela qualidade deve ser regra. Assim, utilizando a estratégia de “cenouras e chicotes” haverá uma melhoria contínua da qualidade do leite. A profissionalização dos produtores e indústrias requer investimentos em tecnologias, máquinas, equipamentos e isso só é possível com recursos acessíveis e eliminação das assimetrias tributárias com outros países produtores. O setor público precisa investir em infraestrutura, oferecendo estradas melhores, rede elétrica trifásica, acesso à internet no meio rural e uma atenção especial para a sanidade animal, pesquisa agropecuária e assistência técnica em parceria com o setor privado. Não devemos temer a modernização do setor.

OP Rural – É necessário o Brasil começar a agregar mais valor ao seu produto?

AS – Sim, principalmente para o mercado interno. Os brasileiros já consomem cerca de 170 litros de leite por habitante por ano, sendo cerca de 60 litros em forma de leite fluído e o restante em forma de derivados. Os futuros aumentos de consumo per capita se darão em forma de produtos de valor agregado e é dessa criatividade que depende a expansão do mercado. Na outra ponta, as exportações se darão majoritariamente em forma de commodities, como leite em pó, queijos e manteiga, embora haja espaço para exportar especialidades. O leite deve ser visto como uma matéria-prima industrial, da qual se faz, “inclusive alimentos”, tamanha é a diversidade de produtos que podem ser fabricados, com alto valor agregado.

OP Rural – O leite poderá ser um destaque do agronegócio assim com outras cadeias?

AS – O setor lácteo brasileiro tem muitos “bons problemas”, pois podem ser resolvidos com investimentos, tecnologia, organização e trabalho. Por isso sou muito otimista e acredito que o leite é um sério candidato a ser, em 10 anos, mais uma “estrela” do agronegócio brasileiro. Para fazer essa revolução, nos três estados da região Sul do Brasil os governadores criaram, em 2014, a Aliança Láctea Sul Brasileira, da qual sou o atual coordenador geral.

Outras notícias você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de agosto/setembro de 2019 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Derivados lácteos sobem em outubro, mas mercado prevê quedas no trimestre

OCB aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24.

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Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre

A pesquisa do Cepea mostra que, em setembro, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro). O movimento de alta, contudo, parece ter terminado. Pesquisas ainda em andamento do Cepea indicam que, em outubro, a Média Brasil pode recuar cerca de 2%.

Derivados registram pequenas valorizações em outubro

Pesquisa realizada pelo Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24, chegando a R$ 4,74/l e a R$ 33,26/kg, respectivamente. No caso do leite em pó (400g), a valorização foi de 4,32%, com média de R$ 31,49/kg. Na comparação com o mesmo período de 2023, os aumentos nos valores foram de 18,15% para o UHT, de 21,95% para a muçarela e de 12,31% para o leite em pó na mesma ordem, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de out/24).

Exportações recuam expressivos 66%, enquanto importações seguem em alta

Em outubro, as importações brasileiras de lácteos cresceram 11,6% em relação ao mês anterior; frente ao mesmo período do ano passado (outubro/23), o aumento foi de 7,43%. As exportações, por sua vez, caíram expressivos 65,91% no comparativo mensal e 46,6% no anual.

Custos com nutrição animal sobem em outubro

O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 2,03% em outubro na “média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS), puxado sobretudo pelo aumento dos custos com nutrição animal. Com o resultado, o COE, que vinha registrando estabilidade na parcial do ano, passou a acumular alta de 1,97%.

Fonte: Assessoria Cepea
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Bovinos / Grãos / Máquinas Protecionismo econômico

O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito

CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias.

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Foto e texto: O Presente Rural

A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), entidade representativa, sem fins lucrativos, emite nota oficial para rebater declarações do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard. Nas suas recentes declarações o CEO afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias .

Veja abaixo, na integra, o que diz a nota:

O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito aqui dentro e mundo afora.

O protecionismo econômico de muitos países se traveste de protecionismo ambiental criando barreiras fantasmas para tentar reduzir nossa capacidade produtiva e cada vez mais os preços de nossos produtos.

Todos sabem que é difícil competir com o produtor rural brasileiro em eficiência. Também sabem da necessidade cada vez maior de adquirirem nossos produtos pois além de alimentar sua população ainda conseguem controlar preços da produção local.

A solução encontrada por esses países principalmente a UE e nitidamente a França, foi criar a “Lei Antidesmatamento” para nos impor regras que estão acima do nosso Código Florestal. Ora se temos uma lei, que é a mais rigorosa do mundo e a cumprimos à risca qual o motivo de tanto teatro? A resposta é que a incapacidade de produzir alimentos em quantidade suficiente e a também incapacidade de lidar com seus produtores faz com que joguem o problema para nós.

Outra questão: Por que simplesmente não param de comprar da gente já que somos tão destrutivos assim? Porque precisam muito dos nossos produtos mas querem de graça. Querem que a gente negocie de joelhos com eles. Sempre em desvantagem. Isso é uma afronta também à soberania nacional.

O senador Zequinha Marinho do Podemos do Pará, membro da FPA, tem um projeto de lei (PL 2088/2023) de reciprocidade ambiental que torna obrigatório o cumprimento de padrões ambientais compatíveis aos do Brasil por países que comercializem bens e produtos no mercado brasileiro.

Esse PL tem todo nosso apoio porque é justo e recíproco, que em resumo significa “da mesma maneira”. Os recentes casos da Danone e do Carrefour, empresas coincidentemente de origem francesa são sintomáticos e confirmam essa tendência das grandes empresas de jogar para a plateia em seus países- sede enquanto enviam cartas inócuas de desculpas para suas filiais principalmente ao Brasil.

A Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Estado com maior rebanho bovino do País e um dos que mais exporta, repudia toda essa forma de negociação desleal e está disposta a defender a ideia da suspensão do fornecimento de animais para o abate de frigoríficos que vendam para essas empresas.

Chega de hipocrisia no mercado, principalmente pela França, um país que sempre foi nosso parceiro comercial, vendendo desde queijos, carros e até aviões para o Brasil e nos trata como moleques.

Nós como consumidores de muitos produtos franceses devemos começar a repensar nossos hábitos de consumo e escolher melhor nossos parceiros.
Com toda nossa indignação.

Oswaldo Pereira Ribeiro Junior
Presidente da Acrimat

Fonte: O Presente Rural com informações de assessoria
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Queijo paranaense produzido na região Oeste está entre os nove melhores do mundo

Fabricado em parque tecnológico do Oeste do estado, Passionata foi o único brasileiro no ranking e também ganhou título de melhor queijo latino americano no World Cheese Awards.

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Foto: Biopark

Um queijo fino produzido no Oeste do Paraná ficou entre os nove melhores do mundo (super ouro) e recebeu o título de melhor da América Latina no concurso World Cheese Awards, realizado em Portugal. Ele concorreu com 4.784 tipos de queijos de 47 países. O Passionata é produzido no Biopark, em Toledo. Também produzidos no parque tecnológico, o Láurea ficou com a prata e o Entardecer d´Oeste com o bronze.

Foto: Gilson Abreu

As três especialidades de queijo apresentadas no World Cheese Awards foram desenvolvidas no laboratório de queijos finos e serão fabricadas e comercializadas pela queijaria Flor da Terra. O projeto de queijos finos do Biopark é realizado em parceria com o Biopark Educação, existe há cinco anos e foi criado com a intenção de melhorar o valor agregado do leite para pequenos e médios produtores.

“A transferência da tecnologia é totalmente gratuita e essa premiação mostra como podemos produzir queijos finos com muita qualidade aqui em Toledo”, disse uma das fundadoras do Biopark, Carmen Donaduzzi.

“Os queijos finos que trouxemos para essa competição se destacam pelas cores vibrantes, sabores marcantes e aparências únicas, além das inovações no processo produtivo, que conferem um diferencial sensorial incrível”, destacou o pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark, Kennidy Bortoli. “A competição toda foi muito emocionante, saber que estamos entre os nove melhores queijos do mundo, melhor da América Latina, mostra que estamos no caminho certo”.

O Paraná produz 12 milhões de litros por dia, a maioria vem de pequenos e médios produtores. Atualmente 22 pequenos e médios produtores de leite fazem parte do projeto no Oeste do Estado, produzindo 26 especialidades de queijo fino. Além disso, no decorrer de 2024, 98 pessoas já participaram dos cursos organizados pelo Biopark Educação.

Neste ano, foram introduzidas cinco novas especialidades para os produtores vinculados ao projeto de queijos finos: tipo Bel Paese, Cheddar Inglês, Emmental, Abondance e Jack Joss.

“O projeto é gratuito, e o único custo para o produtor é a adaptação ou construção do espaço de produção, quando necessário”, explicou Kennidy. “Toda a assessoria é oferecida pelo Biopark e pelo Biopark Educação, em parceria com o Sebrae, IDR-PR e Sistema Faep/Senar, que apoiam com capacitação e desenvolvimento. A orientação cobre desde a avaliação da qualidade do leite até embalagem, divulgação e comercialização do produto”.

Foto: Divulfgação/Arquivo OPR

A qualidade do leite é analisada no laboratório do parque e, conforme as características encontradas no leite, são sugeridas de três a quatro tecnologias de fabricação de queijos que foram previamente desenvolvidas no laboratório com leite com características semelhantes. O produtor então escolhe a que mais se identifica para iniciar a produção.

Concursos estaduais

Para valorizar a produção de queijos, vão iniciar em breve as inscrições para a segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná, que conta com apoio do Governo do Paraná. As inscrições serão abertas em 1º de dezembro de 2024, e a premiação acontece em 30 de maio de 2025. A expectativa é de que haja mais de 600 produtos inscritos, superando a edição anterior, que teve 450 participantes. O regulamento pode ser acessado aqui. O objetivo é divulgar e valorizar os derivados lácteos produzidos no Estado.

O Governo do Paraná também apoia o Conecta Queijos, evento voltado a produtores da região Oeste. Ele é organizado em parceria pelo o IDR-Paran

Fonte: AEN-PR
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