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Bovinos / Grãos / Máquinas

Leite de “qualidade A” rende lucro 25% maior ao produtor

Evento realizado no Oeste do Paraná mostrou importância de manejo adequado, com ênfase no período de 60 dias antes e após o parto, para ampliar ganhos com a atividade leiteira

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Quanto mais gordura e proteína e menos células somáticas e agentes bacterianos, melhor. Esse é o cenário ideal para o leite que sai da propriedade com destino à indústria, conforme o zootecnista Leopoldo Braz Los, que palestrou sobre a importância econômica da qualidade do leite na rentabilidade da atividade, em atividade desenvolvida durante a etapa de Cascavel (PR) do Programa Internacional Qualidade do Leite 2015. Produtores do Oeste paranaense participaram do evento, promovido pela DSM Tortuga, onde nutrição, bem-estar animal e cuidados específicos no pré e pós-parto das vacas foram destacados como fatores primordiais para a propriedade alcançar bons rendimentos. Não tomar alguns desses cuidados pode representar perdas de até 25%, defendeu o palestrante.

“Hoje o rendimento depende muito do manejo dos animais, do conforto, da atenção com a qualidade e higiene na ordenha, além de boa alimentação e saúde dos animais”, destacou. A alimentação do plantel é considerada por Los como fator primordial para alcançar bons índices de qualidade no leite e que a falta ou sobra de alguns deles pode comprometer essa qualidade. “Todos os nutrientes são importantes para a produção de leite. A fibra, por exemplo, tem grande importância na produção de gordura do leite. Os carboidratos não fibrosos, como o amido, são necessários na produção de volume de leite. O amido é precursor da glicose, que produz a lactose, importante componente do leite, e também a proteína do leite. O amido faz ter maior produção de proteína microbiana, que depois se torna proteína do leite”, enumera.

Por outro lado, ele cita minerais e vitaminas como importantes para agir aumentando a imunidade do animal. “Se a gente aumenta a imunidade, tem maior chance de responder ao ataque de microorganismos, diminuindo a chance de ter mastite, que é importante na produção de células somáticas. A gente consegue melhorar a qualidade do leite diminuindo essas células somáticas”, ressalta. “Temos também as enzimas para melhorar ambiente ruminal. Assim, se melhora a produção de gordura, importante componente do leite”, emenda.

O profissional frisa que hoje o mercado tem sistema de pagamento por qualidade, que varia de acordo com a classificação do leite, como classes A, B, C e D, por exemplo. “Usando métodos adequados no manejo e nutrição o ganho pode ser de até 25% maior no preço do leite”, frisa.

O leite considerado de mais qualidade e que, por isso, tem melhores preços ao produtor tem mais de 3,6% de gordura, mais de 3,4% de proteína, menos de 50 mil unidades/ml na contagem bacteriana total (CBT) e menos de 200 mil células somáticas/ml.

Pré e pós-parto não é “período vital” por acaso

O evento também abordou palestra sobre desafios do período de transição para bovinos leiteiros, com o zootecnista Edgar Moser Neto. O período de transição começa 30 dias antes e se estende até 30 dias após o parto da vaca, momento em que a deficiências de nutrientes pode comprometer não somente a produção futura de leite, mas também a reprodução do animal. De acordo com Neto, nesse período o bovino precisa ser tratado de forma diferente dos outros animais da propriedade, já que precisam de cuidados especiais.

“Nosso foco no evento foi o período de transição, que são os 30 dias que antecedem o parto da vaca e os 30 dias após o parto. Hoje chamamos de período vital porque tudo que vai acontecer no período de lactação dela, de 305 dias, muitas vezes está influenciado por problemas metabólicos no pre parto ou no pós parto imediato”, cita. “Quanto a gente melhora o resultado de uma vaca antes de parir, com imunidade elevada, ela vai parir melhor e vai aumentar o consumo de matéria seca mais rapidamente. Com isso, ela vai ter mais defesa. Com um sistema imune melhor, ela vai produzir mais leite; o pico de lactação dela vai ser maior”, enfatiza o profissional.

“Para a vaca produzir bastante leite na vida produtiva, ela tem que ter renovação através dos partos que vai tendo na vida. É logo após o parto que a vaca tem maior capacidade de mobilizar gordura corporal para produzir leite. Queremos chegar a nove mil litros no período de 305 dias”, expõe. “Quando o período de pré parto não é adequado, posso ter problemas reprodutivos no pós parto, fazendo com que o animal tenha um descarte antecipado por não emprenhar novamente. Isso traz problemas financeiros e diminui a rentabilidade do produtor”, explicou.

Nesse período, frisa o zootecnista, “tem que pensar que vaca é ser diferente na propriedade”. “Ela não pode ser tratada como as outras. A exigência nutricional é diferente. Ela está com bezerro dentro do ventre e, após a saída, vai ter grande perda de líquido. Por isso precisamos ter instalações adequadas, fornecer alimento não uma, mas até quatro vezes ao dia para gerar estímulo de consumo, fazendo com ela, ao invés de comer dez quilos, talvez chegue a 12, 13 quilos de matéria seca, fazendo com que ela sinta menos após o parto”.

Dieta Aniônica

No período vital, conforme Neto, o animal possui uma dieta bastante diferente da usada nos outros 305 dias. “Nesse período não posso ter sobra e nem falta de nutrientes. O ideal é ter uma dieta aniônica, com Cloro e Enxofre em quantidades mais elevadas e Potássio e Sódio em quantidades menores”, cita. Além disso, ele comenta que outros elementos são importantes nesse período porque estão ligados diretamente ao sistema imune. “Temos as vitaminas D e E, o Selênio, o Zinco e Cobalto, que também são indispensáveis nesse período”.

Por outro lado, excesso de nutrientes pode significar problemas, alerta o profissional: “Não podemos deixar faltar proteína e energia, mas não podemos ter excesso. Se tiver excesso de energia, por exemplo, a vaca pode parir obesa, o que pode trazer problemas metabólicos”, destaca.

Ele cita a dieta no período vital como fator determinante no rendimento do plantel. “Com o aumento dos custos da produção, a única forma que o produtor tem de diluir esse custo é produzindo mais leite e com mais qualidade. Só alcançaremos os resultados que a gente quer, que é de nove a 10 mil litros durante a lactação, se tiver um período vital bem feito. Se não, vamos continuar atingindo de cinco a seis mil litros na lactação”, resumiu.

 

Mais informações você encontra na edição impressa de Nutrição e Saúde Animal de novembro/dezembro de 2015 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Primeiro trimestre de 2024 se encerra com estabilidade nos custos

Apesar da leve recuperação nas cotações de grãos no período, os preços de insumos destinados à dieta animal continuaram recuando.

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O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira se manteve estável de fevereiro para março, considerando-se a “média Brasil” (bacias leiteiras de Bahia, Goiás, Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul). Com isso, o primeiro trimestre de 2024 se encerrou com uma leve retração no custo, de 0,3%. Apesar da leve recuperação nas cotações de grãos no período, os preços de insumos destinados à dieta animal continuaram recuando.

Dessa forma, os custos com o arraçoamento do rebanho acumulam queda de 1,8%. Sendo este o principal componente dos custos de produção da pecuária leiteira, reforça-se que a compra estratégica dos mesmos pode favorecer o produtor em períodos adversos.

No mercado de medicamentos, o grupo dos antimastíticos foi o que apresentou maiores elevações em seus preços, sobretudo em MG (1,2%) – este movimento pode ter sido impulsionado por chuvas intensas em algumas regiões do estado ao longo do mês.

Por outro lado, produtos para controle parasitário registraram leves recuos, enquanto vacinas e antibióticos ficaram praticamente estáveis. Tendo em vista o preparo para o plantio das culturas de inverno nesta época do ano, foi possível observar valorização de 7,4% das sementes forrageiras na “média Brasil”, com os avanços chegando a ficar acima de 10% no Sul do País.

Tal atividade também impacta diretamente o mercado de fertilizantes, que registou recuperação de 0,3% na “média Brasil”. Por outro lado, o mercado de defensivos agrícolas apresentou queda de 0,4%, a qual foi associada ao prolongamento das chuvas em algumas regiões, o que reduz, por sua vez, a demanda por tais insumos.

De maneira geral, a estabilidade nos preços dos principais insumos utilizados e a elevação do preço do leite pago ao produtor contribuíram para a diluição dos custos da atividade leiteira no período, favorecendo a margem do produtor.

Cálculos do Cepea em parceria com a CNA, tomando-se como base propriedades típicas amostradas no projeto Campo Futuro, apontam elevações de 4% na receita total e de 30% na margem bruta (o equivalente a 9 centavos por litro de leite), considerando-se a “média Brasil”.

Relação de troca

Em fevereiro, a combinação entre valorização do leite e a queda no preço do milho seguiu favorecendo o poder de compra do pecuarista leiteiro. Assim, o produtor precisou de 28 litros de leite para adquirir uma saca de 60 kg do grão – o resultado vem se aproximando da média dos últimos 12 meses, de 27 litros/saca.

Fonte: Por Victoria Paschoal e Sérgio Lima, do Cepea
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Menor oferta de matéria-prima mantém preços dos derivados em alta

Cotações médias do leite UHT e da muçarela foram de R$ 4,13/litro e R$ 28,66/kg em março, respectivas altas de 3,9% e 0,25%, em termos reais, quando comparadas às de fevereiro.

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Foto: Rubens Neiva

Impulsionados pela menor oferta no campo, os preços do negociados no atacado de São Paulo subiram pelo terceiro mês consecutivo. De acordo com pesquisas diárias do Cepea, realizadas em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB ), as cotações médias do leite UHT e da muçarela foram de R$ 4,13/litro e R$ 28,66/kg em março, respectivas altas de 3,9% e 0,25%, em termos reais, quando comparadas às de fevereiro.

Já em relação ao mesmo período do ano passado, verificam-se desvalorizações reais de 9,37% para o UHT e de 8,53% para a muçarela (valores deflacionados pelo IPCA de março).

O leite em pó fracionado (400g), também negociado no atacado de São Paulo, teve média de R$ 28,49/kg em março, aumento de 0,99% no comparativo mensal e de 9,6% no anual, em termos reais.

A capacidade do consumidor em absorver altas ainda está fragilizada, e o momento é delicado para a indústria, que tem dificuldades em repassar a valorização da matéria-prima à ponta final.

Agentes de mercado consultados pelo Cepea relatam que as vendas nas gôndolas estão desaquecidas e que, por conta da baixa demanda, pode haver estabilidade de preços no próximo mês.

Abril

As cotações dos derivados lácteos seguiram em alta na primeira quinzena de abril no atacado paulista.

O valor médio do UHT foi de R$ 4,21/litro, aumento de 1,99% frente ao de março, e o da muçarela subiu 0,72%, passando para R$ 28,87/kg.

O leite em pó, por outro lado, registrou queda de 2,04%, fechando a quinzena à média de R$ 27,91/

Colaboradores do Cepea afirmaram que os estoques estão estáveis, sem maiores produções devido às dificuldades de escoamento dos produtos

Fonte: Por Ana Paula Negri e Marina Donatti, do Cepea.
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Preço ao produtor avança, mas dificuldade em repassar altas ao consumidor preocupa

Movimento altista no preço do leite continua sendo justificado pela redução da oferta no campo.

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Foto: JM Alvarenga

O preço do leite captado em fevereiro registrou a quarta alta mensal consecutiva e chegou a R$ 2,2347/litro na “Média Brasil” do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.

Em termos reais, houve alta de 3,8% frente a janeiro, mas queda de 21,6% em relação a fevereiro de 2023 (os valores foram deflacionados pelo IPCA). Pesquisas em andamento do Cepea apontam que o leite cru captado em março deve seguir valorizado, com a Média Brasil podendo registrar avanço em torno de 4%.

Fonte: Cepea/Esalq/USP

O movimento altista no preço do leite continua sendo justificado pela redução da oferta no campo. O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea caiu 3,35% de janeiro para fevereiro, acumulando baixa de 5,2% no primeiro bimestre deste ano. Nesse contexto, laticínios e cooperativas ainda disputam fornecedores para garantir o abastecimento de matéria-prima.

A limitação da produção se explica pela combinação do clima (seca e calor) com a retração das margens dos pecuaristas no último trimestre do ano passado, que reduziram os investimentos dentro da porteira. Porém, a elevação da receita e a estabilidade dos custos neste primeiro trimestre têm contribuído para melhorar o poder de compra do pecuarista frente aos insumos mais importantes da atividade.

A pesquisa do Cepea, em parceria com a CNA, estima que a margem bruta se elevou em 30% na “média Brasil” nesse primeiro trimestre. Apesar da expectativa de alta para o preço do leite captado em março, agentes consultados pelo Cepea relatam preocupações em relação ao mercado, à medida que encontram dificuldades em realizar o repasse da valorização no campo para a venda dos lácteos.

Com a matéria-prima mais cara, os preços dos lácteos no atacado paulista seguiram avançando em março. Porém, as variações observadas na negociação das indústrias com os canais de distribuição são menores do que as registradas no campo.

Ao mesmo tempo, as importações continuam sendo pauta importante para os agentes do mercado. Os dados da Secex mostram que as compras externas de lácteos em março caíram 3,3% em relação a fevereiro – porém, esse volume ainda é 14,4% maior que o registrado no mesmo período do ano passado.

Fonte: Por Natália Grigol, do Cepea.
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