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Leite: consumo despenca, preço cai e produtor já está no prejuízo
Falta de pastagem e alto custo da ração (milho, soja e insumos) prejudicam produtores de leite em SC

O consumidor está feliz porque o preço do leite no supermercado baixou, mas o que parece uma boa notícia esconde, na verdade, uma série de distorções da cadeia produtiva de lácteos. Quem adverte é a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC).
O preço do leite UHT (longa vida) no varejo situa-se entre R$ 2,50 e R$ 3,00, resultado de um movimento dos laticínios que estão super estocados e, por isso, vendendo aos supermercados com bons descontos.
O preço final ao consumidor está, hoje, em baixa porque o consumo nacional caiu muito. Motivo: a queda do nível de renda das famílias decorrente da crise econômica (e do consequente desemprego) e do fim do pagamento do auxílio emergencial
É notório que os produtores de leite e as indústrias de processamento estão amargando prejuízos. O vice-presidente da FAESC Enori Barbieri alerta que a situação dos criadores de gado leiteiro está entrando em um nível insustentável e eles não suportarão uma redução (de parte da indústria) do preço pago pela matéria-prima (leite).
Vários fatores associados encareceram muito os custos de produção de leite em território catarinense. A seca e as exportações excessivas reduziram a oferta interna de grãos que compõem a nutrição animal. O milho aumentou mais de 50% e custa agora R$ 85,00 a saca de 60 kg. O farelo de soja está cotado em R$ 3.000,00 a tonelada.
Não há milho em estoque, nem silagem seca e nem pastagens formadas, por isso os criadores terão que comprar milho e ração no mercado para alimentar seus planteis, cujos preços estão proibitivos.
Barbieri mostra que a falta de pastagem e o alto custo da ração (milho, soja e outros insumos) prejudicam fortemente os produtores de leite. A queda na produção foi brutal – cerca de 40% – a ponto de derrubar Santa Catarina da quarta para a quinta posição no ranking nacional. O volume de 8 milhões de litros de leite diariamente produzido despencou para 5 milhões de litros.
Santa Catarina produz mais de três bilhões de litros de leite por ano, tem mais de 70 mil famílias envolvidas na atividade e 130 empresas (laticínios) que beneficiam o produto. O diretor da FAESC observa que “há um grande desânimo no setor porque os produtores rurais investiram fortemente em novas instalações, novos equipamentos, genética, treinamento e esperavam ganhos melhores ao longo desse ano.”
A Federação estuda um conjunto de medidas de apoio para apresentar ao Governo Federal através da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Se a pecuária leiteira não recuperar em breve sua viabilidade, os produtores podem abandonar a atividade e criar, no futuro, um cenário de escassez e, aí então, de alta nos preços.

Notícias
Fim das tarifas extras dos EUA sobre produtos agrícolas brasileiros reforça relação bilateral
Ministro Carlos Fávaro destaca que a retirada das sobretaxas garante competitividade ao agronegócio brasileiro e marca a retomada do diálogo técnico entre Brasil e Estados Unidos.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, afirmou, nesta quinta-feira (20), que a retirada das tarifas adicionais impostas pelos Estados Unidos sobre produtos agrícolas brasileiros, como carne bovina, café e frutas, representa um avanço significativo na relação bilateral. Para o ministro, o anúncio feito pelo governo norte-americano confirma que o diálogo técnico e institucional retomou seu curso natural.
Segundo Fávaro, a medida é uma notícia tranquilizadora tanto para o agronegócio brasileiro quanto para os mercados internacionais. Ele destacou que a decisão demonstra maturidade nas tratativas e reduz tensões criadas nos últimos meses. “Como diz o presidente Lula, não tem assunto proibido. Tudo é possível no diálogo de alto nível”, afirmou. “A relação Brasil–EUA não podia ficar em fofocas e intrigas. A partir do momento em que os dois líderes dialogaram, as coisas vieram para a normalidade”, pontuou o ministro.
Com o fim da sobretaxa, produtos brasileiros voltam a acessar o mercado norte-americano em condições mais competitivas, reforçando o papel do país como um dos principais fornecedores globais de alimentos.
Fávaro reiterou que o momento marca a superação de ruídos e a consolidação de uma postura técnica entre os dois países. “Quem ganha com isso são os brasileiros, são os norte-americanos, a América e a relação comercial mundial”. “O diálogo continua. Ainda há muito a negociar, mas, para a agropecuária brasileira, esta decisão foi excelente”, finalizou o ministro Carlos Fávaro.
Produtos brasileiros beneficiados com o fim do tarifaço:
1. Carnes bovinas – o anexo traz todas as categorias de carne bovina — fresca, refrigerada ou congelada — incluindo:
- Carcaças e meias-carcaças
- Cortes com osso
- Cortes sem osso
- Cortes de “high-quality beef”
- Miúdos bovinos
- Carne salgada, curada, seca ou defumada
2. Frutas e vegetais – grande lista, incluindo:
- Tomate (por sazonalidade)
- Coco (fresco, desidratado, carne, água de coco)
- Lima Tahiti / Lima da Pérsia
- Abacate
- Manga
- Goiaba
- Mangostim
- Abacaxi (fresco e processado)
- Papaya (mamão)
- Diversas raízes tropicais: mandioca
3. Café e derivados
- Café verde
- Café torrado
- Café descafeinado
- Cascas e películas de café (“husks and skins”)
- Substitutos contendo café
4. Chá, mate e especiarias – inclui diversas categorias de:
- Chá verde
- Chá preto
- Erva-mate
- Pimentas (piper, capsicum, paprika, pimenta-jamaica)
- Noz-moscada
- Cravo
- Canela
- Cardamomo
- Açafrão
- Gengibre
- Cúrcuma
- Misturas de especiarias
5. Castanhas e sementes
- Castanha-do-pará
- Castanha de caju
- Macadâmia
- Nozes pignolia e outras
- Sementes diversas (coentro, cominho, anis, funcho etc.)
6. Sucos de frutas e derivados
- Suco de Laranja (várias classificações)
- Suco de limão / lima
- Suco de abacaxi
- Água de coco
- Açaí (polpas e preparados)
7. Produtos de cacau
- Amêndoas de cacau
- Pasta de cacau
- Manteiga de cacau
- Pó de cacau
8. Produtos processados
- Polpas de frutas (manga, banana, papaya etc.)
- Geleias
- Pastas e purês
- Palmito
- Tapioca, féculas e amidos
- Produtos preservados em açúcar ou vinagre
9. Fertilizantes (importante para o Brasil como exportador/importador)
- Ureia
- Sulfato de amônio
- Nitrato de amônio
- Misturas NPK
- Fosfatos (MAP/DAP)
- Cloreto de potássio (KCl)
Notícias
Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
Notícias
Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.



