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Bovinos / Grãos / Máquinas Saúde no campo

Lei pode punir quem aplica Paraquat sem equipamentos de proteção individual

Herbicida deve ser proibido no Brasil em 2020. Até lá, as aplicações devem ser exclusivas por tratores com cabine fechada

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O Brasil é um dos maiores produtores de grãos do mundo. Somente nesta safra, segundo o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a expectativa é que o país produza 234,1 milhões de toneladas. Para produzir tanto grão, foram plantados 62,6 milhões de hectares. Mas, para plantar e produzir tudo isso, um quesito ainda é essencial nas lavouras: a luta contra as diversas pragas e plantas invasoras que atacam as plantações. Para isso, os produtores devem utilizar diversos defensivos ao longo de todo o cultivo.

Estas são informações sabidas dos agentes envolvidos na cadeia. Porém, existem detalhes que, muitas vezes, são “esquecidos” ou mesmo deixados de lado pelo produtor, e que podem fazer toda a diferença quando o assunto é o bem-estar e saúde do agricultor: a utilização dos Equipamentos de Proteção Individual, os famosos EPI’s. A legislação que trata da utilização destes apetrechos tem se tornando cada vez mais rígida.

Em 2017, especialmente, foi publicada uma resolução quanto ao uso específico de equipamentos para a utilização do ingrediente ativo Paraquat. Muito utilizado nas lavouras, principalmente de soja, antes do plantio e como dessecante, este herbicida oferece grande perigo para aqueles que o utilizam. Estudos indicam que a exposição a este produto pode ser um dos fatores de risco para a doença de Parkinson, pode causar mutações genéticas ou mesmo a morte.

Dessa forma, a resolução define que o uso do Paraquat será proibido no país a partir de 22 de setembro de 2020. A determinação reitera que fica proibido o uso do herbicida nas aplicações costal, manual, aérea e por trator de cabine aberta. Até 2020, só são legais as aplicações com trator de cabine fechada. O engenheiro agrônomo e fiscal da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Anderson Lemiska, comenta que como há estudos que indicam os malefícios deste produto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou o fim da utilização. “Dessa forma, está sendo feita a retirada gradual do produto no mercado e exigido algumas normas e práticas, inclusive a aplicação com trator com cabina”, diz.

O fiscal conta que o uso do EPI é obrigatório para todos os defensivos agrícolas, desde a classe mais tóxica até a menos tóxica. A única diferença quanto a utilização do Paraquat, que difere dos demais, é a utilização do trator com cabine.

Utilização em todos os momentos

Um ponto importante destacado por Lemiska é que a utilização do EPI deve ser não somente na hora em que o produtor está passando o produto, mas também em outros momentos. “Quem estiver formulando, colocando dentro do tanque, manipulando de forma geral o produto, deve estar com o EPI, que são a luvas, macacão, botas, toca árabe e viseira ou óculos”, informa.

Ele destaca ainda que algo que o produtor deixa passar muitas vezes é a utilização destes aparatos também na aplicação. “É um erro que eu vejo muito. O agricultor utilizar pulverizadores com cabine, mas sem o EPI. A cabine não dispensa o uso destes apetrechos. Então, o agricultor deve continuar usando, porque durante a aplicação, por mais que ele esteja dentro da cabine, que tenha filtro, tem uma hora que ele vai fazer a mistura, vai abastecer o pulverizador, vai ter que usar o EPI para fazer esses procedimentos”, explica. Sem isso, diz o fiscal, pode acontecer algum risco de contaminação ou intoxicação.

Atenção na compra

Segundo o fiscal, houve também mudanças com relação à prescrição do produto. “O profissional que emite o receituário agronômico já emite também um termo de responsabilidade junto ao usuário, onde os dois assinam. É um termo de reconhecimento de risco. É dever do profissional que receitou o Paraquat informar ao produtor rural as medidas de segurança necessárias. Ele tem que deixar bem manifestado todos os EPI’s recomendados para manuseio e aplicação do produto”, conta. Além disso, a declaração que o produtor e o engenheiro agrônomo assinam fica à disposição da fiscalização.

Um detalhe citado por Lemiska é que o produtor pode se recusar a utilizar o Paraquat. “O uso deste produto não é obrigatório, então o produtor pode solicitar a utilização de uma alternativa que tenha o mesmo efeito”, diz. Ele exemplifica, dizendo que o produto é muito utilizado para dessecar soja. “É um dos mais usados para este fim. Porém, existem outras moléculas que podem ser utilizadas também, que é um meio alternativo para a aplicação”, comenta.

Fiscalização

Como o uso do Paraquat tem sido restringido, Lemiska informa que a fiscalização no campo tem sido bastante rigorosa. “Se o produtor estiver dessecando a soja, por exemplo, com o produto e estiver sem o EPI e sem o trator de cabina ele pode ser autuado pela Adapar ou outro órgão fiscalizador”, expõe. Ele comenta que geralmente, neste caso, o primeiro passo é o produtor receber uma notificação para se adequar às regras exigidas. “Mas, como ele já assinou um termo de conhecimento, partimos do princípio de que ele já sabe que precisa destes equipamentos”, diz.

O fiscal comenta que hoje quem utiliza os tratores de cabina aberta são geralmente os pequenos produtores. “Com eles o trabalho deve ser mais intenso”, diz. Já os médios e grandes produtores usualmente já têm o aparelho para aplicação própria, com cabina fechada e filtros. “Estes são melhores porque protegem não somente do Paraquat, mas de todos os outros defensivos”, comenta.

Ainda precisa de pesquisa

De acordo com Lemiska, a retirada do produto será em 2020, dessa forma, é importante que o produtor busque alternativas. “Já existem outros produtos que estão sendo utilizados e que funcionam muito bem”, afirma.

Ele ainda comenta que, para a restrição do produto, foi feita uma consulta a nível mundial. “Percebemos que países mais desenvolvidos, que têm mais dados sobre o potencial do Paraquat, seja de toxidade ou problemas que podem causar, têm mais pesquisa sobre o assunto. Países menos desenvolvidos cientificamente ficam retardatários. No Brasil, temos que tomar como base Japão, Estados Unidos ou países da Europa, porque lá eles pesquisam mais”, conta.

Para ele, é importante que o Brasil passe a pesquisar mais sobre o assunto e ter resultados do campo brasileiro, uma vez que nem tudo o que é pesquisado em outros países é publicado e também como cada país tem suas características, alguns quesitos podem ser diferentes uns dos outros.

Outras notícias você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de março/abril de 2019 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Bovinos / Grãos / Máquinas

Primeiro trimestre de 2024 se encerra com estabilidade nos custos

Apesar da leve recuperação nas cotações de grãos no período, os preços de insumos destinados à dieta animal continuaram recuando.

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O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira se manteve estável de fevereiro para março, considerando-se a “média Brasil” (bacias leiteiras de Bahia, Goiás, Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul). Com isso, o primeiro trimestre de 2024 se encerrou com uma leve retração no custo, de 0,3%. Apesar da leve recuperação nas cotações de grãos no período, os preços de insumos destinados à dieta animal continuaram recuando.

Dessa forma, os custos com o arraçoamento do rebanho acumulam queda de 1,8%. Sendo este o principal componente dos custos de produção da pecuária leiteira, reforça-se que a compra estratégica dos mesmos pode favorecer o produtor em períodos adversos.

No mercado de medicamentos, o grupo dos antimastíticos foi o que apresentou maiores elevações em seus preços, sobretudo em MG (1,2%) – este movimento pode ter sido impulsionado por chuvas intensas em algumas regiões do estado ao longo do mês.

Por outro lado, produtos para controle parasitário registraram leves recuos, enquanto vacinas e antibióticos ficaram praticamente estáveis. Tendo em vista o preparo para o plantio das culturas de inverno nesta época do ano, foi possível observar valorização de 7,4% das sementes forrageiras na “média Brasil”, com os avanços chegando a ficar acima de 10% no Sul do País.

Tal atividade também impacta diretamente o mercado de fertilizantes, que registou recuperação de 0,3% na “média Brasil”. Por outro lado, o mercado de defensivos agrícolas apresentou queda de 0,4%, a qual foi associada ao prolongamento das chuvas em algumas regiões, o que reduz, por sua vez, a demanda por tais insumos.

De maneira geral, a estabilidade nos preços dos principais insumos utilizados e a elevação do preço do leite pago ao produtor contribuíram para a diluição dos custos da atividade leiteira no período, favorecendo a margem do produtor.

Cálculos do Cepea em parceria com a CNA, tomando-se como base propriedades típicas amostradas no projeto Campo Futuro, apontam elevações de 4% na receita total e de 30% na margem bruta (o equivalente a 9 centavos por litro de leite), considerando-se a “média Brasil”.

Relação de troca

Em fevereiro, a combinação entre valorização do leite e a queda no preço do milho seguiu favorecendo o poder de compra do pecuarista leiteiro. Assim, o produtor precisou de 28 litros de leite para adquirir uma saca de 60 kg do grão – o resultado vem se aproximando da média dos últimos 12 meses, de 27 litros/saca.

Fonte: Por Victoria Paschoal e Sérgio Lima, do Cepea
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Menor oferta de matéria-prima mantém preços dos derivados em alta

Cotações médias do leite UHT e da muçarela foram de R$ 4,13/litro e R$ 28,66/kg em março, respectivas altas de 3,9% e 0,25%, em termos reais, quando comparadas às de fevereiro.

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Foto: Rubens Neiva

Impulsionados pela menor oferta no campo, os preços do negociados no atacado de São Paulo subiram pelo terceiro mês consecutivo. De acordo com pesquisas diárias do Cepea, realizadas em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB ), as cotações médias do leite UHT e da muçarela foram de R$ 4,13/litro e R$ 28,66/kg em março, respectivas altas de 3,9% e 0,25%, em termos reais, quando comparadas às de fevereiro.

Já em relação ao mesmo período do ano passado, verificam-se desvalorizações reais de 9,37% para o UHT e de 8,53% para a muçarela (valores deflacionados pelo IPCA de março).

O leite em pó fracionado (400g), também negociado no atacado de São Paulo, teve média de R$ 28,49/kg em março, aumento de 0,99% no comparativo mensal e de 9,6% no anual, em termos reais.

A capacidade do consumidor em absorver altas ainda está fragilizada, e o momento é delicado para a indústria, que tem dificuldades em repassar a valorização da matéria-prima à ponta final.

Agentes de mercado consultados pelo Cepea relatam que as vendas nas gôndolas estão desaquecidas e que, por conta da baixa demanda, pode haver estabilidade de preços no próximo mês.

Abril

As cotações dos derivados lácteos seguiram em alta na primeira quinzena de abril no atacado paulista.

O valor médio do UHT foi de R$ 4,21/litro, aumento de 1,99% frente ao de março, e o da muçarela subiu 0,72%, passando para R$ 28,87/kg.

O leite em pó, por outro lado, registrou queda de 2,04%, fechando a quinzena à média de R$ 27,91/

Colaboradores do Cepea afirmaram que os estoques estão estáveis, sem maiores produções devido às dificuldades de escoamento dos produtos

Fonte: Por Ana Paula Negri e Marina Donatti, do Cepea.
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Preço ao produtor avança, mas dificuldade em repassar altas ao consumidor preocupa

Movimento altista no preço do leite continua sendo justificado pela redução da oferta no campo.

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Foto: JM Alvarenga

O preço do leite captado em fevereiro registrou a quarta alta mensal consecutiva e chegou a R$ 2,2347/litro na “Média Brasil” do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.

Em termos reais, houve alta de 3,8% frente a janeiro, mas queda de 21,6% em relação a fevereiro de 2023 (os valores foram deflacionados pelo IPCA). Pesquisas em andamento do Cepea apontam que o leite cru captado em março deve seguir valorizado, com a Média Brasil podendo registrar avanço em torno de 4%.

Fonte: Cepea/Esalq/USP

O movimento altista no preço do leite continua sendo justificado pela redução da oferta no campo. O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea caiu 3,35% de janeiro para fevereiro, acumulando baixa de 5,2% no primeiro bimestre deste ano. Nesse contexto, laticínios e cooperativas ainda disputam fornecedores para garantir o abastecimento de matéria-prima.

A limitação da produção se explica pela combinação do clima (seca e calor) com a retração das margens dos pecuaristas no último trimestre do ano passado, que reduziram os investimentos dentro da porteira. Porém, a elevação da receita e a estabilidade dos custos neste primeiro trimestre têm contribuído para melhorar o poder de compra do pecuarista frente aos insumos mais importantes da atividade.

A pesquisa do Cepea, em parceria com a CNA, estima que a margem bruta se elevou em 30% na “média Brasil” nesse primeiro trimestre. Apesar da expectativa de alta para o preço do leite captado em março, agentes consultados pelo Cepea relatam preocupações em relação ao mercado, à medida que encontram dificuldades em realizar o repasse da valorização no campo para a venda dos lácteos.

Com a matéria-prima mais cara, os preços dos lácteos no atacado paulista seguiram avançando em março. Porém, as variações observadas na negociação das indústrias com os canais de distribuição são menores do que as registradas no campo.

Ao mesmo tempo, as importações continuam sendo pauta importante para os agentes do mercado. Os dados da Secex mostram que as compras externas de lácteos em março caíram 3,3% em relação a fevereiro – porém, esse volume ainda é 14,4% maior que o registrado no mesmo período do ano passado.

Fonte: Por Natália Grigol, do Cepea.
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