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Lavoura pode manter produtividade mesmo com árvores crescidas em sistemas ILPF

Com operações de desbaste e corte seletivo de árvores, lavouras de soja e milho em ILPF produzem como se estivessem em áreas sem sombreamento

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Gabriel Faria

O manejo correto das árvores pode manter a produtividade da agricultura mesmo em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) já consolidados, com árvores crescidas. O resultado comprovado por pesquisa realizada pela Embrapa Agrossilvipastoril (MT) abre novas possibilidades para produtores que fazem ILPF e que queiram rotacionar a pastagem com lavoura após as árvores já estarem com porte maior.

Avaliações realizadas no campo experimental do centro de pesquisa mostraram que fazendo o desbaste e a desrama, elevando-se a copa dos eucaliptos, reduz-se a sombra sobre a cultura agrícola. Isso permitiu à soja recuperar, por até dois anos, a produtividade de uma lavoura sem sombreamento. No caso do milho, também houve a recuperação da produtividade, porém o efeito só é sentido em uma safra.

“Isso não é problema, pois o produtor que quiser rotacionar o pasto, pode fazer uma safra de soja seguida de milho e, no ano seguinte, outra de soja seguida da semeadura da forrageira, retornando à pecuária no sistema silvipastoril, com um pasto recuperado”, explica o pesquisador da Embrapa Ciro Magalhães.

De acordo com o cientista, o resultado é importante para quebrar o entendimento comum que existia de que em sistemas integrados com componente arbóreo só é viável manter a lavoura nos anos iniciais de crescimento das árvores. Assim, abre-se uma nova possibilidade estratégica de mexer no planejamento, caso seja necessário.

“Esses resultados possibilitam mudanças na gestão da propriedade. Se o produtor está querendo desacelerar a pecuária, por exemplo, ele pode fazer o desbaste e modificar um pouco as proporções das atividades. Ele pode ajustar o planejamento e aumentar a área de lavoura em determinado ano”, exemplifica o pesquisador.

Além disso, a possibilidade de reduzir o ciclo da pecuária traz os benefícios da rotação das culturas, como a quebra do ciclo de pragas e doenças e melhoria da fertilidade do solo.

Arranjo experimental

A pesquisa foi feita analisando tratamentos de ILPF com renques de eucalipto plantados inicialmente em linhas triplas, com distância de 30 metros entre si. Os dados de produtividade foram comparados aos da lavoura em áreas testemunhas sem sombreamento, de modo a obter-se o potencial produtivo usado como referência.

A primeira intervenção nas árvores ocorreu após o quinto ano de implantação, quando algumas parcelas tiveram as linhas externas dos renques suprimidas, tornando-as sistemas de linha simples, com distância de 37 metros entre si. As demais parcelas tiveram desbaste seletivo de 50% das árvores, mas mantendo as linhas triplas.

Antes da intervenção nas árvores, a soja em ILPF estava obtendo 80% da produtividade da lavoura sem sombra, enquanto o milho produzia 67% do potencial produtivo. Após essa intervenção a soja produziu 80%, 87% e 66% do potencial produtivo nos três anos seguintes no sistema que se manteve em renques triplos. Já no sistema com renques simples, a recuperação foi maior, com 93%, 97% e 76% de produtividade, respectivamente.

Já o milho, no caso do sistema com renques triplos, a lavoura, além de não recuperar a produtividade, continuou caindo, mesmo com a intervenção. A produção que estava em 70% foi para 64%, 60% e chegou a 47% do potencial obtido na área de lavoura sem sombra. No sistema com linhas simples, houve uma recuperação, mas menor que a da soja. No primeiro ano produziu-se 85% do potencial, no segundo 79% e no terceiro, 71%.

De acordo com Magalhães, os dados mostraram que o sistema convertido para renques simples permitiu melhor recuperação da lavoura, chegando a igualar estatisticamente às áreas sem sombra. Porém, o efeito positivo durou apenas dois anos na soja e um ano no milho.

Diante disso, nova intervenção foi feita nas árvores antes da 9ª safra. Todas as áreas com renques triplos tiveram desbaste nas linhas externas, tornando-se linhas simples. Além disso, foi feita a desrama em todas as árvores dos dois tratamentos analisados, até a altura de 12 metros.

A intervenção mais uma vez se mostrou positiva para a lavoura, possibilitando que a soja retomasse a produtividade para níveis estatisticamente iguais aos da área de referência. No caso do milho, isso aconteceu na área que era anteriormente renque triplo. Já na área que já estava com renques simples, a desrama possibilitou recuperação da produtividade, mas ainda ficando com 85% do potencial. O maior número de árvores na área que não teve o corte de 50% dos indivíduos, ainda que estivessem em linha simples, reduziu a entrada de luz para as plantas.

“O manejo das árvores é crucial para manutenção das produtividades das lavouras de soja e milho. E esse manejo deve ser feito antes que ocorra a redução de produtividade. Existe a necessidade de um acompanhamento do desenvolvimento do componente florestal, que vai ser o indicador do momento da intervenção. Quanto menor o espaçamento entre os renques, menor o tempo para realizar a intervenção, a fim de manter os níveis de produtividade”, explica Ciro Magalhães.

Incidência solar

Em todos os resultados, a cultura do milho se mostrou mais sensível aos efeitos do sombreamento do que a soja. De acordo com os pesquisadores, a principal explicação está na menor incidência solar sobre a cultura.

Nos meses em que a soja está no campo, entre outubro e fevereiro, os dias são mais longos e o ângulo de incidência solar permite maior entrada de luz entre os renques. Já no período em que o milho está no campo, entre fevereiro e junho, além do encurtamento dos dias, o ângulo de incidência solar aumenta a projeção de sombra sobre a lavoura, reduzindo a taxa fotossintética das plantas.

“Temos uma correlação muito forte da produtividade com a taxa fotossintética. Quanto mais próximo das árvores, menor a taxa fotossintética. Mas não é só isso que reduz a produtividade nas linhas mais próximas às árvores. Há também a competição por água e nutrientes”, pondera o pesquisador da Embrapa.

Em um sistema como o da Embrapa Agrossilvipastoril, disposto em sentido leste-oeste, a mudança no ângulo dos raios solares, em função da estação do ano, influencia também na produtividade de cada face do sistema. No caso da soja, a maior produtividade ocorre na face sul dos renques. Já no milho, a maior produtividade ocorre na face norte.

Pisoteio não reduz produtividade em área de ILP

Além de uma área de lavoura exclusiva, usada como referência, a pesquisa também avaliou áreas de integração lavoura-pecuária, nas quais a atividade era alternada a cada dois anos, sendo a agricultura feita com soja e milho; e a fase da pecuária com pastagem de braquiária Marandu, com pastejo de gado nelore. Em ambos os tratamentos a produtividade observada na soja e no milho foi estatisticamente igual em todos os anos analisados.

“Isso mostra, com toda segurança, que o pastejo intensivo por dois anos não prejudicou a produtividade da lavoura nos anos seguintes. O pisoteio dos animais não provoca a compactação do solo, desde que feito seguindo critérios de manejo de pasto que permitam a recuperação do capim, como por exemplo, ter uma altura de pastejo como meta,” afirma Magalhães.

O pesquisador destaca ainda que a ILP traz outras vantagens, como quebra do ciclo de pragas e doenças, melhoria física do solo, melhor aproveitamento dos nutrientes pela forrageira, cujas raízes não exploram camadas mais profundas. Na pecuária, a pastagem de melhor qualidade resulta em maior capacidade de lotação e maior ganho de peso dos animais, quando comparada a um pasto solteiro.

Fonte: Embrapa Agrossilvipastoril

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Brasil avança em norma que libera exportação de subprodutos de bovinos e bubalinos

Proposta moderniza regras sanitárias e permite que empresas do Sisbi-Poa destinem materiais sem demanda interna a plantas com inspeção federal para exportação.

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Foto: Gisele Rosso

O Brasil deu um passo importante para ampliar o aproveitamento de subprodutos de bovinos e bubalinos destinados ao mercado internacional. O Projeto de Lei 4314/2016, de autoria do ex-deputado Jerônimo Goergen (RS), moderniza regras sanitárias e autoriza que empresas integrantes do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-Poa) destinem ao exterior materiais que não têm demanda alimentar no mercado interno, desde que o envio seja feito por estabelecimentos com fiscalização federal.

A proposta, aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara, na terça-feira (18), recebeu ajustes de redação e correções técnicas apresentadas pelo relator, deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB).

Ele destacou que versões anteriores do texto acumulavam vícios materiais e erros de referência à Lei 1.283/1950, que regula a inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal no país, o que comprometia a clareza normativa e poderia gerar insegurança jurídica.

Adequação técnica e segurança jurídica

Deputado Cabo Gilberto Silva: “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas” – Foto: Divulgação/FPA

Cabo Gilberto apontou que substitutivos anteriores citavam equivocadamente o artigo 11 da Lei 1.283/1950, quando a referência correta deveria ser o artigo 12, que trata diretamente das condições de inspeção sanitária. Para o relator, manter o erro poderia abrir brechas interpretativas. “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas”, afirmou.

Ele também corrigiu dispositivos que, segundo sua avaliação, extrapolavam a competência do Parlamento ao abordarem temas típicos de regulamentação pelo Poder Executivo. “Alguns trechos invadiam competências próprias do Poder Executivo. Ajustamos essas inconsistências para preservar a constitucionalidade e a técnica legislativa”, explicou.

Exportação via estabelecimentos com inspeção federal

Com essas correções, o texto final deixa claro que estabelecimentos estaduais ou municipais integrados ao Sisbi-Poa poderão destinar subprodutos sem demanda local a plantas industriais com inspeção federal, habilitadas pelo Ministério da Agricultura para exportação.

A medida atende mercados externos que utilizam esses materiais em diversas aplicações industriais e contribui para ampliar o aproveitamento de resíduos do abate, fortalecer a cadeia produtiva e garantir conformidade sanitária nas operações internacionais.

Avanço regulatório

Para o deputado Cabo Gilberto, a atualização moderniza a legislação e posiciona o Brasil para aproveitar melhor oportunidades no comércio global. “A atualização aperfeiçoa a legislação, reforça o papel do Sisbi-Poa e contribui para que o país aproveite oportunidades no mercado internacional sem comprometer a fiscalização sanitária”, destacou o relator.

Fonte: Assessoria FPA
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Aliança Láctea debate crise do leite e traça estratégias para fortalecer o setor no Sul e Sudeste

Encontro em Florianópolis reuniu lideranças de vários estados para discutir competitividade, exportações, antidumping e ações conjuntas para reverter a crise da cadeia produtiva.

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Encontro realizado na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis, ocorreu de forma híbrida reunindo participantes dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo - Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação

Os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor foram destaques na reunião da Aliança Láctea Sul Brasileira (ALSB), realizada na terça-feira (18), na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis. O evento, realizado de forma híbrida, reuniu lideranças das federações de agricultura, representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, bem como de governos estaduais e entidades dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo, para discutir temas estratégicos para o futuro da cadeia produtiva do leite.

A abertura do evento reforçou a importância da atuação conjunta para a construção de políticas públicas que assegurem competitividade, sustentabilidade e crescimento para o segmento. Durante sua explanação, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc), José Zeferino Pedrozo, expressou a satisfação em sediar o encontro e expôs a preocupação com essa grave crise que afeta diretamente a economia rural e a sobrevivência de mais de milhares de famílias produtoras.

Registro das lideranças que participaram da reunião de forma presencial – Foto: Enzo Santiago

O dirigente lembrou da audiência pública, recém-realizada pela Alesc, para discutir a atual situação da cadeia produtiva. “A Assembleia Legislativa, por iniciativa do deputado estadual Altair Silva, promoveu essa audiência pública que oportunizou discussões relevantes sobre o tema. Representamos a Federação da Agricultura do nosso estado e, para nossa surpresa, a mobilização foi tão significativa que contou com mais de 700 pessoas. O evento resultou na criação de uma comissão que trabalhará estrategicamente junto ao governo federal e ao governo catarinense nas sugestões indicadas”.

Pedrozo também ressaltou que em janeiro deste ano levou à CNA, a preocupação com a queda constante no preço pago aos produtores. “A CNA imediatamente solicitou a aplicação de um antidumping provisório, pedindo a verificação dos preços do leite em pó importado da Argentina e do Uruguai”, afirmou.

As atividades seguiram com explanação do presidente da ALSB, Rodrigo Ramos Rizzo, que destacou a importância estratégica da reunião e mediou os debates. Entre os destaques da programação esteve a apresentação do Modelo de Negócios para exportação de lácteos, que focou nas oportunidades para ampliar a presença brasileira no mercado internacional e tornar a cadeia mais competitiva. A explanação foi conduzida pelo consultor Airton Spies e o objetivo é entregar a proposta ao CODESUL e ao BRDE.

“O documento foi elaborado pelo Grupo de Trabalho da Aliança está finalizado. Agora, estamos formatando para entregar de uma maneira formal ao CODESUL no mês de dezembro, com as adequações que cada uma das entidades julgar necessário”, afirmou Rodrigo Rizzo.

Outro item da pauta foi a apresentação do “Termo de Prorrogação” da ALSB, conduzida por Orlando Pessuti, representando o CODESUL. A Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, representada por José Carlos de Faria Cardoso Junior, ampliou o diálogo da ALSB com outros Estados interessados em participar e fortalecer a Aliança Láctea Sul Brasileira.

Também ganhou ênfase a apresentação do presidente da Cooperativa Central Gaúcha (CCGL), Caio Viana, e sua equipe que relataram o case sobre o status sanitário do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT) da cooperativa. O encontro abordou, ainda, a definição da direção da ALSB para o período 2026–2027, que ficará sob responsabilidade da Faep, e abriu espaço para contribuições gerais dos participantes, que ampliaram o diálogo para fortalecer a cadeia produtiva.

Encontro produtivo para o futuro do setor

Rodrigo Rizzo fez uma avaliação positiva da reunião, destacando que foi produtiva ao trazer diversos itens de pauta que refletem o cenário atual do setor. Segundo ele, um dos temas de impacto foi a questão da brucelose e da tuberculose, apontada como uma melhoria ainda necessária para aprimorar todo o processo e fortalecer o acesso ao mercado internacional.

Na visão de Rizzo, a união das entidades tem sido fundamental, especialmente para enfrentar a ação antidumping movida pela CNA, relacionada ao leite em pó importado, principalmente do Uruguai e da Argentina, que tem prejudicado o setor. “Esse produto tem entrado no país e afetado tanto as indústrias, que perdem competitividade, quanto os produtores, que enfrentam a queda nos preços”, destacou.

Reunião discutiu os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor – Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação

O presidente da Aliança Láctea frisou, ainda, que é importante seguir atento ao monitoramento que que vem sendo realizado em relação à ação antidumping movido pela CNA. “Também discutimos sobre as exportações e competitividade. Somos competitivos em praticamente todos os aspectos. Temos alta qualidade e excelência na produção do nosso leite. O único ponto que ainda precisamos melhorar é o preço. O Brasil ainda não é competitivo nesse quesito. Isso depende de tempo e de um trabalho interno que precisa ser realizado.”, ressaltou.

O presidente Pedrozo também avaliou positivamente o encontro. Em sua mensagem final, reforçou o papel da Aliança Láctea Sul-Brasileira como um fórum essencial para a articulação institucional, debate técnico e construção de estratégias conjuntas capazes de contribuir para a superação da crise enfrentada pelo setor e para impulsionar o desenvolvimento da cadeia láctea. “Agradeço a participação de todos e espero que esse encontro represente mais um passo para a busca por soluções que fortaleçam o setor, promovendo o crescimento não apenas nos Estados envolvidos, mas em todo o Brasil. “

Representação

Também participaram e contribuíram com suas que contribuíram com análises e encaminhamentos essenciais para o fortalecimento da cadeia láctea, as seguintes autoridades e representantes de entidades: o presidente do Sindileite/SC e Conseleite/SC, Selvino Giesel; o secretário adjunto da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Admir Edi Dalla Cort; o assessor técnico da CNA, Guilherme Dias; o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Ronei Volpi;  o presidente do Sindileite/PR, Elias José Zydek; o presidente do Sindilat/RS, Guilherme Portela; o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni; representantes da Farsul e da Faep;  o secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Marcio Fernando Nunes; o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Elias Verruck; o presidente do SILEMS, Abraão Giuseppe Beluzi; representantes da secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul, da Secretaria de Articulação Nacional, representantes do Sindilat, do Sebrae/RS; Conseleite/RS; do Codesul/PR, da Epagri, da Cidasc; entre outros.

Fonte: Assessoria Sistema Faesc/Senar
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Bovinos / Grãos / Máquinas Pecuária no Pampa

Produtores da Campanha conhecem tecnologias para bovinos e gestão do clima

Tarde de Campo em Hulha Negra apresentou ferramentas de rastreabilidade, controle de pragas, nutrição animal e agrometeorologia aplicada ao campo.

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Fotos: Fernando Dias/Ascom Seapi

Produtores da região da Campanha gaúcha tiveram a oportunidade de conhecer, na terça-feira (18), tecnologias aplicadas à pecuária de corte durante a Tarde de Campo organizada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), por meio do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA). O evento ocorreu no Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Sistemas Integrados e Meteorologia Aplicada (Cesimet).

O foco da atividade foram pesquisas e ferramentas práticas para manejo de bovinos, nutrição, controle de carrapatos, identificação biométrica e agrometeorologia, voltadas especialmente para produtores da região.

Segundo Gabriel Fiori, médico-veterinário do Cesimet e coordenador do evento, o objetivo é integrar pesquisa aplicada e necessidade do produtor. “Estamos apresentando uma seleção de experimentos e resultados-chave desenvolvidos pela Secretaria, após um longo período de interrupção desse tipo de atividade. Este momento simboliza a revitalização do Centro. As tecnologias e ferramentas demonstradas são direcionadas especialmente aos produtores da Campanha”, afirmou.

Fiori reforçou o papel estratégico do Cesimet para a região. “A força da pesquisa aplicada e da inovação está no coração do Pampa. Mais do que um centro de pesquisa, somos um espaço que integra produtores e poder público. Não é apenas um evento técnico, mas um ambiente de troca e construção de conhecimento conectado às tendências atuais”, completou.

Márcio Amaral, diretor-geral da Seapi, destacou a importância de conciliar produtividade e sustentabilidade. “O desafio é trabalhar em uma atividade que precisa aumentar a produtividade sem descuidar da questão ambiental. A pecuária está retomando força na região, e integrar lavoura e pecuária é o caminho ideal”, disse.

Agrometeorologia e planejamento do produtor

Flávio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS), apresentou dados em tempo real de 102 estações meteorológicas no Estado. O sistema permite ao produtor acessar informações sobre irrigação, umidade do solo e temperatura, tanto pelo site quanto pelo aplicativo gratuito. “Hoje contamos com previsão do tempo e dados agroclimáticos integrados. O produtor gaúcho tem, na tela do celular, informações essenciais para planejar suas atividades”, explicou Varone.

Geovanna Klassen Gielow, estudante de Agronomia da Urcamp, avaliou o aprendizado. “A palestra sobre clima agrometeorológico foi essencial para ver na prática a aplicação do que aprendemos na sala de aula”, comentou.

Rastreabilidade e sanidade animal

O controle de carrapatos foi apresentado pelo pesquisador José Reck Junior, do IPVDF/Seapi. O Rio Grande do Sul mantém testes gratuitos há 40 anos para avaliar a eficácia de carrapaticidas, um diferencial do Estado. “As condições climáticas da região favorecem a proliferação do carrapato durante grande parte do ano, e a resistência aos produtos usados no campo é um desafio constante”, disse.

A identificação biométrica de bovinos foi demonstrada pelo CEO da QR Cattle, Flávio Mallmann. A tecnologia permite rastrear cada animal, registrar sua localização georreferenciada e o tempo de permanência em cada propriedade. “Quando o animal se desloca, o sistema registra automaticamente essa mudança. A plataforma deve estar disponível ao público a partir de janeiro de 2026”, afirmou.

Além disso, o evento abordou nutrição e reprodução de bovinos, reforçando a integração entre pesquisa aplicada e necessidade produtiva da região.

Fonte: O Presente Rural com Seapi
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