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La Niña está de volta e anúncio da Noaa é iminente
Fenômeno La Niña está de volta ao Pacífico em começo atipicamente tardio do fenômeno que afetará a safra de verão.

A MetSul Meteorologia considera que o fenômeno La Niña finalmente se configurou no Pacífico após meses de expectativa e um começo atipicamente atrasado do fenômeno. No entendimento da MetSul, a declaração pela NOAA – agência de tempo e clima dos Estados Unidos – de um evento de La Niña é iminente, podendo ocorrer nesta semana já ou no começo de janeiro.
É bastante atípico que um evento de La Niña se inicie ou seja declarado ao redor da virada do ano. Pendente de confirmação, pode ser o começo do fenômeno mais tardio do fenômeno já observado nos últimos 50 anos, já que o fenômeno em regra começa no fim do inverno austral ou no começo da primavera.
O fenômeno La Niña se caracteriza como um padrão acoplado entre o oceano e a atmosfera no Oceano Pacífico tropical. Para que as condições de La Niña sejam caracterizadas, é necessário observar águas superficiais no Pacífico tropical pelo menos 0,5 °C mais frias do que a média de longo prazo (média de 1991–2020) e evidências de mudanças na circulação de Walker, que é a circulação atmosférica sobre o Pacífico tropical.
Essas evidências atmosféricas incluem uma mudança na região tropical do Pacífico com ventos mais fortes nas camadas superiores e próximos à superfície (os ventos alísios), mais chuvas do que o normal sobre a Indonésia e menos chuvas sobre o Pacífico central, o que já se observa há algumas semanas.
Para que se declare um evento de La Niña, entretanto, é preciso que tanto o oceano quanto a atmosfera mostrem tais mudanças, pois as interações entre eles ajudam a La Niña a se formar e a se estabelecer por vários meses. Então, são dois critérios: oceano e atmosfera.
Embora as condições atmosféricas já apresentassem sinais de La Niña, as anomalias de temperatura da superfície do mar ainda não eram condizentes com o fenômeno. Apenas no boletim semanal de 11 de dezembro da NOAA a anomalia informada passou a estar em patamar de La Niña.
Ocorre que nos últimos 15 a 20 dias houve um resfriamento maior das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial e as anomalias de temperatura do mar passaram a ser solidamente em terreno de La Niña.
Na última semana, pela segunda semana seguida, a anomalia de temperatura do mar no Pacífico Centro-Leste veio em patamar de La Niña com -0,8ºC e o boletim que será divulgado mais tarde nesta segunda-feira virá com um valor ainda menor de -1,1ºC, logo em patamar clássico de fase fria do Pacífico.
Com isso, em nossa análise, tanto as condições oceânicas como atmosféricas agora refletem um padrão de La Niña e se pode afirmar que um evento do fenômeno teve início no Oceano Pacífico Equatorial.
Condição atual da La Niña
Hoje, de acordo conforme os dados da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, desta segunda-feira, a anomalia de temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial Central-Leste (região Niño 3.4) está em -1,1ºC. O valor está no limite inferior da faixa de La Niña moderado (-1,0ºC a -1,4ºC).
A anomalia de -1,1ºC foi a menor até agora observada neste ano nesta região do Pacífico Equatorial designada para verificar se há El Niño ou La Niña. Nesse sentido, a anomalia média de temperatura da superfície do mar na região designada para identificar se há El Niño, neutralidade ou La Niña no Pacífico Equatorial Centro-Leste foi de -0,7ºC nas últimas quatro semanas, ou seja, em patamar de La Niña fraco.

Por outro lado, na chamada região Niño 1+2, que mede a temperatura do mar na costa do Peru e do Equador, mas não é usada para designar se há Niña ou Niño, a anomalia atual é de -0,2ºC, assim em patamar neutro. O episódio de resfriamento se concentra desta forma no Pacífico Centro-Leste, logo é um evento mais central.
Quanto tempo vai durar a La Niña?
O evento de La Niña que em nosso entendimento está nos seus estágios iniciais não será prolongado. Ao contrário do evento de 2020 a 2023, que foi atipicamente longo, este deve ser muito curto e fraco, perdurando três a cinco meses, conforme os dados dos modelos de clima.
De acordo com a atualização mensal da NOAA, para o trimestre climatológico de verão, de dezembro a fevereiro, as probabilidades são de 72% de La Niña, 28% de neutralidade e 0% de El Niño. No trimestre de janeiro a março de 2025, as estimativas informadas foram de 63% de La Niña, 37% de neutralidade e 0% de El Niño. Em fevereiro a abril, 51% de La Niña, 49% de neutro e 0% de El Niño.

Já para o trimestre climatológico de outono de 2025, que compreende os meses de março a maio, as estimativas da NOAA são 32% de La Niña, 67% de neutralidade e 1% de El Niño. Para o trimestre abril a junho de 2025, os valores informados foram 29% de La Niña, 66% de neutralidade e 5% de El Niño. Finalmente, no trimestre de maio a julho do próximo ano, 27% de La Niña, 63% de neutralidade e 10% de El Niño.
Efeito da La Niña já se sentirão na chuva no começo de 2025
Com o resfriamento do Pacifico, a MetSul projeta que em janeiro já serão sentidos os efeitos do fenômeno no Brasil com redução da chuva e déficit de precipitação em áreas do Sul do Brasil e aumento da chuva na Região Nordeste, o que é a condição clássica de La Niña.
O fenômeno pode determinar períodos mais prolongados de chuva irregular e abaixo da média agora neste verão em vários pontos no Sul do Brasil, particularmente no Rio Grande do Sul e em especial no Oeste e no Sul gaúcho.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR
Por isso, a MetSul Meteorologia entende é médio a alto o risco de áreas do Sul do país enfrentarem déficit de precipitação nos próximos 30 a 60 dias, o que pode afetar a agricultura em diversos municípios com perda de produtividade.
O cenário só não será pior porque há umidade no solo resultante do ano de 2024 chuvoso e pela precipitação ocorrida nos meses de novembro e dezembro. Em fortes estiagens de verão da história recente, a escassez de chuva começou ainda entre outubro e dezembro do ano anterior com agravamento no verão, o que não se deu na primavera deste ano.
O que é o fenômeno La Niña e como impacta o Brasil
O fenômeno La Niña tem impactos relevantes no sistema climático global, sendo caracterizado por temperaturas abaixo do normal na superfície do Oceano Pacífico equatorial central e oriental. Essa condição contrasta com o El Niño, sua contraparte quente, e faz parte do fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENOS), que influencia os padrões climáticos em todo o mundo.
Durante um evento La Niña, as águas do oceano Pacífico equatorial central e oriental ficam mais frias do que o normal. Isso tem efeitos significativos nos padrões de vento, precipitação e temperatura ao redor do globo. A última vez em que a fase fria esteve presente foi entre 2020 e 2023 com um longo evento do fenômeno que trouxe sucessivas estiagens no Sul do Brasil e uma crise hídrica no Uruguai, Argentina e Paraguai.
No Brasil, os efeitos variam de acordo com a região. O Sul do país geralmente experimenta menos chuva enquanto o Norte e o Nordeste registram um aumento das precipitações. Cresce o risco de estiagem no Sul do Brasil e no Mato Grosso do Sul, embora mesmo com a La Niña possam ocorrer eventos de chuva excessiva a extrema com enchentes e inundações.

Além da chuva, o fenômeno também influencia as temperaturas em diferentes partes do mundo. No Sul do Brasil, o fenômeno favorece maior ingresso de massas de ar frio, não raro tardias no primeiro ano do evento e precoces no outono no segundo ano do episódio. Por outro lado, com estiagens, aumenta a probabilidade de ondas de calor e marcas extremas de temperatura alta nos meses de verão no Sul.
Em escala global, quando o fenômeno está presente há uma tendência de diminuição da temperatura planetária, o que nos tempos atuais significa menos aquecimento da Terra. O aquecimento do planeta, entretanto, foi tamanho recentemente que a temperatura média do planeta hoje em um evento de La Niña forte tende a ser mais alta que em um evento de forte El Niño décadas atrás.

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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.
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Brasil lança plataforma sobre saúde dos solos e reforça liderança em agricultura sustentável
Ferramenta da Embrapa reúne mais de 56 mil análises e mostra que dois terços das áreas avaliadas no País apresentam solos saudáveis ou em recuperação.

Foi lançada na última segunda-feira (17), na Agrizone, a Casa da Agricultura Sustentável da Embrapa durante a COP 30, em Belém (PA), a Plataforma Saúde do Solo BR – Solos resilientes para sistemas agrícolas sustentáveis. A cerimônia ocorreu no Auditório 1 e marcou a apresentação oficial da tecnologia criada pela Embrapa, que reúne pela primeira vez informações sobre a saúde dos solos brasileiros em um ambiente digital e de acesso público.
Na abertura, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, destacou o simbolismo de apresentar a novidade dentro da Agrizone, espaço que abriga soluções de baixo carbono. “A Agrizone é o começo de uma nova jornada. Estamos mostrando para o mundo inteiro, de forma concreta, que temos tecnologia para desenvolver uma agricultura cada vez mais resiliente às mudanças climáticas”, afirmou.
Para ela, o lançamento reforça o protagonismo do Brasil como líder global em inovação sustentável para a agricultura e os sistemas alimentares.
A Plataforma disponibiliza dados de saúde do solo por estado e município e já reúne cerca de 56 mil amostras, provenientes de 1.502 municípios de todas as regiões do País. O sistema foi construído a partir da geoespacialização dos dados gerados pela BioAS – Bioanálise de Solos, explicou a pesquisadora da Embrapa Cerrados, Ieda Mendes. A ferramenta permite filtros por estado, município, ano, culturas e texturas de solo, além de comparações entre diferentes cultivos. Também gera mapas e gráficos baseados nas funções da bioanálise, como ciclagem, armazenamento e suprimento de nutrientes.
Solos mais saudáveis e produtivos
Os primeiros mapas revelam que predominam no Brasil solos saudáveis ou em processo de recuperação. “Somando solos saudáveis e solos em recuperação, vemos que 66% das áreas analisadas apresentam condições muito boas de saúde. Apenas 4% das amostras representam solos doentes”, afirmou Ieda.
Mato Grosso lidera o número de amostras (10.905), seguido por Minas Gerais (9.680), Paraná (7.607) e Goiás (6.519). O município com maior participação é Alto Taquari (MT), com 1.837 amostras.
A pesquisadora também destacou a forte relação entre saúde do solo e produtividade. No Mato Grosso, a integração dos dados da BioAS com índices do IBGE mostrou que o aumento na proporção de solos doentes está diretamente associado à queda na produção de soja. “Cada 1% de aumento em solos doentes representa uma perda média de 3,1 kg de soja por hectare”.
Em contraste, análises exclusivamente químicas não apresentaram correlação com a produtividade atual, o que indica que o limite produtivo da agricultura brasileira está cada vez mais ligado à qualidade biológica dos solos.
Ieda ressaltou ainda a participação dos produtores na construção da ferramenta. “Temos contribuições que vão do Acre ao extremo sul do Rio Grande do Sul. Ter um trabalho publicado em revistas técnicas é muito bom, mas ver uma tecnologia sendo adotada em todo o Brasil é maravilhoso”, afirmou.
A expectativa é transformar a plataforma, no futuro, em um observatório nacional da saúde dos solos, capaz de gerar relatórios detalhados por município e conectar pesquisadores, laboratórios e agricultores.
A Plataforma Saúde do Solo BR foi desenvolvida com base nos dados da BioAS, tecnologia lançada em 2020 e criada pela Embrapa Cerrados em parceria com a Embrapa Agrobiologia. O método integra indicadores biológicos (atividade enzimática), físicos (textura) e químicos (fertilidade e matéria orgânica).
O banco de dados atual resulta de uma colaboração com 33 laboratórios comerciais de análise de solo, integrantes da Rede Embrapa e usuários da tecnologia.



