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Jornada NesPro destaca ciência, mercado e clima como eixos da pecuária moderna
Com casa cheia, evento discutiu lucros em queda, alimentação estratégica e o papel da carne na saúde.

Mais de 600 pessoas entre acadêmicos, pecuaristas e demais profissionais ligados à agropecuária participaram da histórica edição da Jornada NesPro e Congresso Internacional de Criadores, evento promovido em parceria entre o Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (NesPro), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e Instituto Desenvolve Pecuária, nesta semana, no BarraShoppingSul, em Porto Alegre (RS).
O coordenador do NesPro, professor Júlio Barcellos, destacou o momento de celebração de 20 edições de jornada e comemorou a parceria com o Instituto Desenvolve Pecuária que “tirou o pecuarista da propriedade para um ambiente urbano”. Segundo ele, o propósito do evento é ser um espaço transformador para o setor. Já a presidente do Instituto, Antonia Scalzilli, afirmou que, o mundo mudou e o campo também. “Precisamos evoluir, mas sem perder a essência. As inovações nascem das atitudes e participar deste evento é uma delas.”
A CEO da Agrifatto, Lygia Pimentel, destacou a importância de observar os ciclos da pecuária devido à redução das margens da atividade ao longo do tempo. A especialista comparou números da pecuária dos anos 1970, quando a lucratividade era quatro vezes superior ao atual momento do setor. Para Lygia,os pecuaristas devem buscar as “janelas de oportunidades” que o ciclo propicia. “Em épocas de preço baixo, o produtor precisa ter o cuidado de não se desfazer de plantel, pois isso pode gerar a falta de animais para aproveitar os preços melhores que virão. Investir com inteligência.” Isso significa, segundo a especialista, conseguir comprar esse gado agora, nesta fase de baixa de ciclo, esperando a valorização mais à frente.
A alimentação do gado ao longo do ano também é um desafio que foi abordado na primeira etapa do evento. O engenheiro agrônomo Pedro Arthur de Albuquerque Nunes, professor e pesquisador na UFRGS, palestrou sobre a conservação de forragens para um ambiente instável. Nunes ressaltou a importância do manejo de forragens na redução de ameaças no contexto de riscos climáticos sucessivos do RS. Da mesma forma, apresentou um planejamento de produção envolvendo o manejo de pastagens que possibilite encaixes e ajustes de espécies forrageiras.
O objetivo, conforme Albuquerque, é manejar diferentes espécies forrageiras. “Para que possibilite ao produtor ter, ao logo dos 365 dias do ano, o alimento para os seus rebanhos, evitando reduzir desempenho e que, quando vem o desafio climático, o produtor esteja mais tranquilo, mais seguro e consiga passar por este desafio com maior tranquilidade”, justificou o professor.
O zootecnista Felipe Fabbri, da Scot Consultoria, enfocou a importância da adoção da ciência dos dados pelo setor. Ele destacou a importância da interpretação dos dados históricos para projetar o futuro do setor quanto a preços e aquisição de insumos e bezerros.
Pecuária, guerra e consumo
O ex-ministro de Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai Fernando Mattos abordou as novas fronteiras da produção de carne bovina, e diante da realidade atual, considerou “difícil ser otimista” pelas prováveis recessão e inflação em nível mundial. Mattos fez críticas à retirada da vacinação contra a febre aftosa em todo o Brasil, mas reconheceu que o Rio Grande do Sul tem condição diferenciada.
Já o médico Fernando Bastos, detalhou a relevância da carne para a saúde humana e, sobretudo, contestou as informações que o consumo de carne é prejudicial às pessoas. Conforme ele, há “interesses financeiros por trás das sociedades que ditam as orientações nutricionais”, incluindo as empresas de fármacos. Ele explicou que a carne é importante para o controle de diabetes e doenças autoimunes, entre outras. “Vocês (pecuaristas) não produzem carne, vocês produzem remédio, que curam as pessoas”, frisou.

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Bovinos puxam alta no VBP do Acre e concentram mais de 70% da renda do campo
Atividade responde pela maior parcela do faturamento agropecuário estadual, com R$ 2,76 bilhões.

O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) do Acre deve encerrar 2025 com um crescimento expressivo. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), em 21 de novembro, o estado alcançou o montante de R$ 3.945,64 milhões, o que representa uma alta nominal de 17,25% em relação aos R$ 3.365 milhões registrados em 2024. O desempenho reflete uma recuperação estrutural que coloca o faturamento do campo acriano em seu patamar mais elevado desde 2018.
Apesar do avanço de dois dígitos no estado, a realidade do Acre frente ao Brasil revela um forte descolamento. Enquanto o VBP nacional atingiu a marca histórica de R$ 1,412 trilhão em 2025, a participação acriana permanece estagnada em apenas 0,28% do total do país.

Foto: Jonas Oliveira/SEAB
Embora o estado figure na base da pirâmide produtiva, o Acre não detém o menor VBP do Brasil. Esse posto cabe ao Amapá (R$ 235,7 milhões), seguido pelo Distrito Federal e Roraima. O Acre ocupa a 22ª posição no ranking nacional, superando cinco outras unidades da federação. Contudo, a distância para os líderes é grande, o Mato Grosso, primeiro do ranking, fatura sozinho R$ 220,4 bilhões, valor 55 vezes superior ao do Acre.
A estrutura produtiva do Acre é fortemente concentrada. A pecuária responde por 72% de todo o valor gerado (R$ 2.842 milhões), enquanto as lavouras contribuem com 28% (R$ 1.104 milhões).
Ranking de Atividades em 2025
Bovinos: Liderança absoluta com R$ 2.755,9 milhões, sendo o pilar central da economia rural do estado.
Mandioca: Principal cultura agrícola, com R$ 444,5 milhões.
Milho: Terceira força, registrando R$ 187,0 milhões.
Banana: Estável na quarta posição com R$ 169,8 milhões.
Café: Fecha o “Top 5” com R$ 158,4 milhões.
A comparação dos dados aponta um setor de grãos e proteína animal com comportamentos distintos. No ramo de proteínas e derivados, além dos bovinos, destacam-se os Ovos (R$ 55,0 milhões) e o Leite (R$ 31,0 milhões), que mantêm relevância local, embora com pouca escala para exportação interestadual. Atividades como frangos e suínos não figuram entre os principais destaques financeiros do estado neste levantamento.
Já nas lavouras, a Soja, que vem ganhando espaço na fronteira agrícola do Norte, registrou R$ 108,5 milhões. Outras culturas de subsistência e mercado interno apresentam valores mais modestos: Feijão (R$ 16,0 milhões), Arroz (R$ 9,1 milhões) e Laranja (R$ 8,7 milhões). A Cana-de-açúcar (R$ 1,7 milhão) e o Amendoim (R$ 0,1 milhão) ocupam posições marginais na composição do faturamento.
Perspectiva Histórica (2018–2025)
O gráfico histórico revela que o crescimento atual não é apenas conjuntural, mas o ápice de uma retomada. Após um período de estagnação entre 2019 e 2022 (onde o valor oscilou na casa dos R$ 2,7 bilhões), o setor engatou uma sequência de três anos de alta. O salto de R$ 3,02 bilhões em 2023 para os atuais R$ 3,94 bilhões indica um incremento real na produtividade ou na valorização das commodities locais, especialmente a carne bovina.
Os dados indica que o agronegócio acriano enfrenta um desafio de diversificação e verticalização. A dependência de 72% de um único setor (pecuária bovina) torna a economia estadual vulnerável a oscilações de preços internacionais da carne e a barreiras sanitárias.
Além disso, a baixa participação no VBP nacional (0,28%) evidencia que o crescimento, embora robusto em percentuais internos (17,25%), ainda é nominalmente baixo para alterar o status do estado na logística nacional. O avanço da soja e do milho sugere uma transição para sistemas de integração lavoura-pecuária, mas a predominância da mandioca e banana como principais lavouras reforça um perfil de produção ainda muito voltado ao consumo regional e de baixo valor agregado industrial.
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VBP agro da Paraíba cresce 2,7% em 2025 com força da pecuária
Estado alcançou R$ 3,52 bilhões com destaque para cana-de-açúcar, frango, ovos e bovinos mostrando evolução consistente e produtos estratégicos fortes.

Em 2025, o Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária da Paraíba alcançou R$ 3.522,0 milhões, registrando um crescimento de 2,7% em relação aos R$ 3.427,3 milhões de 2024. O avanço reflete a resiliência e a consolidação de produtos estratégicos, especialmente a cana-de-açúcar, a pecuária de corte e de ovos, que continuam a sustentar a economia agro do estado. Embora a Paraíba ainda represente apenas 0,28% do VBP nacional, que totalizou R$ 1.267,4 bilhões, o crescimento contínuo demonstra progressos consistentes no cenário regional.
No ranking interno de produtos, a cana-de-açúcar lidera, com R$ 1.247,1 milhões, destacando-se não apenas pela produção em volume, mas também pelo valor agregado que contribui para a indústria de açúcar e etanol. Em seguida aparecem frangos (R$ 492,4 milhões), banana (R$ 417,1 milhões), ovos (R$ 300,1 milhões) e bovinos (R$ 297,5 milhões). A pecuária, composta por frango, ovos e bovinos, representa 39% do VBP estadual, enquanto as lavouras respondem por 61%, mostrando um equilíbrio entre produção vegetal e animal que sustenta a diversidade econômica do estado.
Entre 2024 e 2025, alguns produtos mantiveram-se como pilares estruturais da economia agropecuária paraibana. A cana-de-açúcar, além de liderar em valor, tem apresentado incrementos consistentes de 2 a 3% ao ano, reflexo de ajustes na produtividade e estabilidade de preços. A produção de frango e ovos segue dinâmica, acompanhando a demanda crescente do mercado interno e potencializando a geração de emprego e renda local. Os bovinos, apesar de menor em volume comparado a outros grandes estados, têm mantido estabilidade com potencial de expansão em segmentos de carne de qualidade.
O histórico do VBP paraibano, entre 2018 e 2025, revela um crescimento acumulado de cerca de 70%, passando de R$ 2.070 milhões para R$ 3.522 milhões. Esse avanço reflete tanto valorização de preços quanto incrementos pontuais na produção, evidenciando um mercado agropecuário regional que cresce de forma constante, ainda que sem mudanças estruturais capazes de alterar significativamente a posição relativa do estado no ranking nacional.
Do ponto de vista estratégico, a Paraíba apresenta produtos com forte presença regional, como ovos, frango e cana-de-açúcar, que funcionam como base econômica sólida. O desafio está em ampliar a diversificação e agregar valor aos produtos agrícolas, potencializando oportunidades em nichos de mercado e cadeias produtivas integradas. A expansão de tecnologias agrícolas, investimentos em irrigação e em processamento de alimentos pode contribuir para elevar o VBP estadual e fortalecer ainda mais o papel do Paraíba no contexto nacional.
Em resumo, a Paraíba mostra crescimento consistente e solidez em produtos-chave, com perspectivas de evolução se houver ampliação de diversidade produtiva e agregação de valor.
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Plataforma Agro Brasil + Sustentável libera habilitação automática de áreas para exportação
Nova funcionalidade permite ao produtor rural verificar se a área de produção atende exigências socioambientais de mercados internacionais de forma gratuita e voluntária

Foi disponibilizado, na terça-feira (23), na Plataforma Agro Brasil + Sustentável, serviço de habilitação de Área de Produção para Exportação, funcionalidade que permite ao produtor rural validar, de forma automática, se a área de produção cumpre requisitos críticos para a exportação à mercados externos que impõem barreiras de compliance socioambiental.
O principal objetivo da Plataforma é integrar, organizar e disponibilizar informações de governança ambiental, social e corporativa relacionadas aos produtores (pessoas físicas), empresas agrícolas (pessoas jurídicas) e propriedades rurais para qualificar os produtos agropecuários brasileiros, com transparência, credibilidade e confiança, entre todos os participantes da cadeia agropecuária.
Nesse cenário, a Plataforma Agro Brasil + Sustentável também visa atender às exigências de um dos grandes mercados internacionais, permitindo a habilitação do produtor e de lotes de produtos agropecuários, a partir de requisitos, padrões, processos e tecnologias, devidamente caracterizados quanto à sua produção.
A Plataforma é uma ferramenta gratuita e voluntária ao produtor rural e possui abrangência universal a todas as cadeias produtivas.
Plataforma Agro Brasil + Sustentável, do serviço de habilitação de Área de Produção para Exportação.



