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Jorge Viana critica sobretaxa dos EUA e defende negociação para preservar comércio bilateral
Presidente da ApexBrasil reage à decisão de Trump e contesta afirmação da carta de que Estados Unidos teria déficit comercial na relação com Brasil.

O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, criticou a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil. Para ele, a medida representa um retrocesso nas relações comerciais entre os dois países e mistura questões políticas com argumentos comerciais inconsistentes. “É muito lamentável que nós estejamos vivendo essa situação extrema, do nosso segundo e mais importante parceiro comercial apresentar uma proposta de taxação de mais de 50%”, afirmou Viana. “Uma coisa são as preferências políticas, ideológicas. Outra coisa é adotar uma medida que prejudica um país inteiro. Que prejudica o emprego, que prejudica as empresas”. A declaração de Jorge Viana foi feita em resposta à carta enviada por Donald Trump ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 9 de julho.

Jorge Viana, presidente da ApexBrasil: “É muito lamentável que nós estejamos vivendo essa situação extrema, do nosso segundo e mais importante parceiro comercial apresentar uma proposta de taxação de mais de 50%” – Foto: Divulgação/ApexBrasil
Viana ressaltou que o comércio bilateral tem sido historicamente positivo para os Estados Unidos, diferentemente do que afirma Trump em sua carta. “Nos últimos 15 anos, gerou mais de US$ 400 bilhões de saldo para os Estados Unidos, mas é também muito bom para o Brasil. E se nós, nessa hora, formos pragmáticos, separando a parte ideológica, política e cuidarmos da parte do comércio, eu acho que vai ter diálogo”, ressaltou.
Sobre a forma como a carta foi divulgada – por meio de uma rede social – e a possibilidade de o Brasil adotar medidas de reciprocidade, Viana disse: “Eu não sei a que interesse essa carta estava atendendo, mas certamente não é a um interesse nacional, brasileiro, e eu diria muito menos dos Estados Unidos, porque os Estados Unidos ganham muito com o comércio que têm com o nosso país.” Ele elogiou a postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que respondeu “à altura”, defendendo a soberania e os interesses nacionais.
O presidente da ApexBrasil também chamou atenção para a forte interdependência nas cadeias produtivas entre os dois países e alertou para os impactos negativos que a medida pode causar nos próprios Estados Unidos. “Os Estados Unidos têm uma dependência absurda do suco de laranja do Brasil – mais de 70% de tudo o que se consome lá é o Brasil que fornece. Eles têm uma dependência do aço brasileiro de mais de 30%”. Segundo ele, os efeitos da medida podem ser sentidos de forma mais aguda em estados brasileiros com forte presença exportadora. “Praticamente 70% do que nós exportamos para lá sai do Sudeste. Se isso for efetivado, os grandes prejudicados serão São Paulo, Rio de Janeiro, Minas”, reforçou.
Reciprocidade

Foto: Valter Campanato/Agencia Brasil
Apesar da gravidade da situação, o presidente da ApexBrasil defendeu a manutenção do diálogo como prioridade. “Veja que a ideia de adotar medidas que eu chamaria mais extremas, de reciprocidade, por exemplo, e até mesmo de recorrer à OMC (Organização Mundial do Comércio), só devem ser adotadas no último caso, se o diálogo não tiver andado. Mas eu elogiaria o Congresso brasileiro por ter dado esse instrumento para o Brasil de poder adotar a reciprocidade. Mas antes disso, eu acho que temos que apostar no diálogo e no entendimento”.
Papel da ApexBrasil
Em meio à crise, Viana reforçou o compromisso da ApexBrasil em apoiar o governo na construção de cenários alternativos e na abertura de novos mercados, mas sempre com foco na busca por entendimento. “Nós temos que construir um ambiente, na Apex, de informar os setores do governo para que também, no caso extremo, a gente possa apontar os caminhos para que os produtos brasileiros possam chegar a outros mercados. Mas esse é o trabalho que nós estamos fazendo na Apex, e de uma maneira pragmática, porque a Apex trabalha com o cenário. O melhor cenário é o mundo se entendendo, os acordos bilaterais funcionando e o livre comércio nos conduzindo a todos. Porque, em um mundo de paz, todos ganham; em um mundo de conflito, de guerra de tarifas, todos os países perdem”.

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Mercado da soja inicia novembro com preços instáveis e influência do cenário internacional
Oscilações refletem exportações brasileiras em alta, avanço do plantio e incertezas sobre o acordo China–EUA, aponta análise da Epagri/Cepa.

O mercado da soja entrou novembro sob influência de uma combinação de fatores internos e externos que têm gerado oscilações nos preços e incertezas quanto ao comportamento da demanda global. Em Santa Catarina, conforme o Boletim Agropecuário elaborado pela Epagri/Cepa, a média mensal paga ao produtor em outubro registrou leve recuo de 0,6%, fechando o mês em R$ 124,19 a saca.
Já no início de novembro, até o dia 10, há indicação de recuperação: a média estadual subiu para R$ 125,62/sc, movimento influenciado principalmente pelo comportamento das exportações brasileiras e pelas notícias vindas do mercado internacional.

Foto: Claudio Neves
A elevação dos embarques do Brasil em outubro, 6,7 milhões de toneladas, com volume acumulado superior a 100 milhões de toneladas em 2025, ajudou a firmar as cotações internas. Ao mesmo tempo, o anúncio da retomada das importações de soja dos Estados Unidos pela China e os avanços no acordo comercial entre os dois países impulsionaram os contratos futuros em Chicago (CBOT), com reflexos imediatos nos preços no Brasil.
A análise é do engenheiro-agrônomo Haroldo Tavares Elias, da Epagri/Cepa, que classifica o momento como de viés misto, com o mercado reagindo de forma alternada a notícias de estímulo e pressão.
Fatores que influenciam mercado
Segundo o boletim, fatores de baixa predominam no curto prazo, puxados principalmente pela lentidão nas negociações internas no Brasil, pelo avanço do plantio da nova safra e pela sinalização do acordo China–EUA. Esse movimento pressiona o mercado brasileiro, ao mesmo tempo que fortalece o mercado americano e sustenta as cotações em Chicago.
1. Mercado internacional
Dados de USDA, CBOT, Esalq-Cepea, Investing.com e Bloomberg, compilados pela Epagri/Cepa, apontam:

Foto: Claudio Neves
Fatores de alta:
- Importações recordes da China em outubro, 9,48 milhões de toneladas, majoritariamente provenientes da América Latina;
- Recuperação da CBOT por quatro semanas consecutivas.
Fatores de baixa:
- Falta de confirmação pela China da compra de 12 milhões de toneladas dos EUA;
- Retomada das importações chinesas de soja americana, reduzindo o espaço para o produto brasileiro;
- Negociações internas mais lentas no Brasil, o ritmo mais baixo em quatro anos;
- Correção técnica de estocásticos e realização de lucros após sequência de altas em Chicago.
2. Oferta e mercado interno
Fatores de alta:
- Exportações brasileiras mantêm ritmo forte;
- Estruturação da presença chinesa no Brasil, com ampliação de operações, incluindo um novo escritório no Mato Grosso.
Fatores de baixa:
- Pressão sobre os preços internos, com queda de 1,4% em outubro.
3. Safra e clima
Fatores de baixa:
- Plantio avançado, com 47% da safra já implantada, reforçando a expectativa de safra recorde entre 177 e 180 milhões de toneladas no

Foto: Claudio Neves
ciclo 2025/26;
- Produtores nos EUA voltaram a vender após as recentes altas, aumentando a oferta global no curto prazo.
Acordo China-EUA
Embora o mercado tenha reagido às declarações do governo dos Estados Unidos sobre um novo acordo com a China envolvendo a compra de soja, não houve confirmação por parte dos chineses até 12 de novembro, ressalta a Epagri/Cepa. Caso confirmado, o pacto poderia redirecionar parte da demanda da China para a soja americana, reduzindo o volume destinado ao Brasil.
Contudo, a proximidade da entrada da nova safra brasileira — combinada com o calendário já avançado para novembro, torna improvável a formalização do acordo ainda este ano. Por isso, a tendência, segundo a análise, é que a China siga priorizando a soja brasileira nas próximas semanas.
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Santa Catarina mantém 93% das lavouras de milho em boa condição no início da safra
Epagri/Cepa registra avanço consistente do plantio, com alertas para falhas de germinação e manejo fitossanitário.

O avanço do plantio do milho em Santa Catarina, que já alcança 92% da área prevista para a safra de verão 2025/2026, confirma um início de ciclo predominantemente positivo no estado, mas acompanhado de sinais de alerta pontuais. Segundo o Boletim Agropecuário da Epagri/Cepa, 93% das lavouras são classificadas como boas, um indicador robusto para o período, porém a evolução do desenvolvimento apresenta nuances importantes entre as microrregiões produtoras.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR
De maneira geral, o estabelecimento das plantas ocorreu dentro do esperado, com solo apresentando boa umidade e clima favorável nas principais áreas de produção. Ainda assim, a distribuição das chuvas definiu comportamentos distintos entre as regiões, influenciando estandes, sanidade e andamento dos tratos culturais.
No Alto Vale do Itajaí, onde 90% das lavouras estão em boas condições, o desenvolvimento vegetativo é satisfatório, com umidade adequada e apenas focos pontuais de percevejos e cigarrinha. Situação semelhante aparece em Campos de Lages, Planalto Norte e Concórdia, todas com 100% das lavouras avaliadas como boas, apresentando germinação regular, plantas sadias e baixa pressão de pragas. Em Concórdia, inclusive, as primeiras áreas já entraram em floração.
Outras regiões apresentam ritmos distintos. Em Joaçaba, por exemplo, parte das áreas atrasou o plantio devido ao excesso de chuva, e os técnicos registraram ocorrências de percevejo, lagarta e tripes. Já no Litoral Norte, apesar de 100% de condição boa, o excesso de precipitação provocou falhas de germinação, especialmente em lavouras entre os estádios V3 e V8.
No Oeste, regiões importantes para o milho catarinense também mostram realidades variadas. Chapecó/Xanxerê registra 90% das

Foto: Gessí Ceccon
lavouras em boas condições, com plantas em V6 e crescimento favorecido por radiação solar. Em São Miguel do Oeste, o plantio já está finalizado, com início de floração e controle de cigarrinha e ervas daninhas em andamento; 94% das lavouras são classificadas como boas.
O extremo Sul do estado, por sua vez, vem sendo impactado por chuvas intensas. Ainda que 98% das áreas apresentem condição boa, os agrônomos alertam para os efeitos acumulados da umidade elevada nas fases seguintes do desenvolvimento. Em Curitibanos, a semana chuvosa também impôs ajustes no cronograma de tratos culturais, embora as lavouras sejam avaliadas como boas a ótimas.
No cenário estadual, a cigarrinha-do-milho continua sob vigilância, embora com baixa incidência até o momento. A manutenção de condições de sanidade dependerá do monitoramento contínuo e da disciplina no manejo fitossanitário, especialmente em áreas com histórico de enfezamento e maior pressão de insetos.
A Epagri/Cepa reforça que, apesar dos pontos de atenção, o potencial produtivo da safra é positivo. Os próximos dias, marcados pelo comportamento das chuvas e pela manutenção de temperaturas adequadas, serão decisivos para consolidar esse cenário. Se as condições atuais persistirem, Santa Catarina tende a iniciar a colheita com nível elevado de desempenho agronômico e produtivo.
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Custos de produção recuam no frango e avançam no suíno em outubro
Levantamento da Embrapa mostra alta no custo do suíno vivo em Santa Catarina e queda no frango de corte no Paraná, com impacto direto da variação da ração.

Os custos de produção de suínos e de frangos de corte tiveram comportamentos diferentes em outubro conforme levantamento da Embrapa Suínos e Aves por meio da Central de Inteligência de Aves e Suínos (CIAS).
Em Santa Catarina, o custo de produção do quilo do suíno vivo foi de R$ 6,35 em outubro, alta de 1,09% em relação ao mês anterior, com o ICPSuíno chegando aos 363,01 pontos. No acumulado de 2025, o índice também registra aumento (2,23%).

Em 12 meses, a variação é de 2,03%. A ração, responsável por 70,72% do custo total de produção na modalidade de ciclo completo, subiu 1,28% no mês.
No Paraná, o custo de produção do quilo do frango de corte baixou 1,71% em outubro frente a setembro, passando para R$ 4,55 e com o ICPFrango atingindo 352,48 pontos.
No acumulado de 2025, a variação é negativa, de -4,90%. No comparativo de 12 meses o índice também registra queda: -2,74%. A ração, que representou 63,10% do custo total em outubro, baixou 3,01% no mês.
Santa Catarina e Paraná são estados de referência nos cálculos dos Índices de Custo de Produção (ICPs) da CIAS, devido à sua relevância como maiores produtores nacionais de suínos e frangos de corte, respectivamente.
A CIAS também disponibiliza estimativas de custos para os estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, fornecendo subsídios importantes para a gestão técnica e econômica dos sistemas produtivos de suínos e aves de corte.

App Custo Fácil
Aplicativo gratuito da Embrapa que gera relatórios personalizados das granjas e diferencia despesas com mão de obra familiar. Disponível para Android na Play Store.
Planilha de Custos
Ferramenta gratuita para gestão de granjas integradas de suínos e frangos de corte, disponível no site da CIAS



