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Suínos / Peixes

Jejum prolongado na entrada da creche gera prejuízos a leitões de baixo, médio e alto pesos

Principal consequência dos manejos e eventos negativos dos primeiros dias de creche é a redução ou até ausência de consumo voluntário do novo alimento imediatamente após o desmame

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Artigo escrito pela médica veterinária Fernanda Laskoski, doutoranda do Setor de Suínos – Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); médico veterinário Jamil Faccin, doutorando do Setor de Suínos – UFRGS; e médica veterinária Ana Paula Mellagi, professora adjunto – Medicina Animal – UFRGS

Um dos fatores estressantes mais importante para leitões recém-desmamados é a brusca alteração de dieta líquida (baseada em leite) para dieta sólida (baseada em cereais). Ainda, há introdução a um novo ambiente, adaptação a comedouros e bebedouros, com alterações nos grupos e hierarquia sociais, desafios sanitários, além da separação da mãe. O efeito desta combinação de fatores é negativo. Leitões nos dois primeiros dias de creche podem perder até 10% do peso vivo e, muitas vezes, até o sétimo dia pós-desmame, podem não recuperar o peso inicial. O balanço entre ganho e perda de peso é altamente variável nesta fase e este fato pode ser comprovado quando se compara os últimos dias de lactação, onde os leitões apresentam uma taxa de crescimento de 200 a 300 gramas por dia, podendo apresentar um período com um ganho de peso muito baixo, ou em alguns casos inclusive com perda de peso imediatamente após o desmame.

A principal consequência dos manejos e eventos negativos dos primeiros dias de creche é a redução ou até ausência de consumo voluntário do novo alimento imediatamente após o desmame. Ainda, pesquisadores do mundo todo têm sugerido a hipótese de que o melhoramento genético com foco em produção de carne magra, resultando em notável evolução em conversão alimentar, pode ter retardado a deposição proteica durante a vida do suíno e, consequentemente, contribuído para uma redução no desenvolvimento de leitões na primeira semana de creche. A alta variação de peso e dos manejos que os leitões sofrem na lactação faz surgir a hipótese de que o consumo alimentar logo após o desmame pode apresentar uma grande variabilidade em uma população de leitões. Experimentos através de estações computadorizadas aferiram o consumo individual de leitões de 28 dias de idade, imediatamente após o alojamento na creche. Os resultados deste estudo foram muito interessantes. Primeiramente, é confirmada a ideia da ocorrência de uma grande variação no intervalo entre o desmame e consumo de ração, com aproximadamente 10% dos leitões demorando mais de 40 horas para iniciar o consumo e alguns levando quase 100 horas para tal, sendo observado um tempo médio para início da primeira ingestão de alimento de, aproximadamente, 15 horas pós-desmame. Em segundo, o número de leitões que iniciam o consumo à noite (ausência de luz) é praticamente nulo. E por último, mas não menos interessante, é que o terço de leitões mais leves ao desmame tendem a iniciar o consumo antes que os demais. Segundo estudiosos, por apresentarem menores reservas corporais e participarem menos das disputas hierárquicas, os leitões pequenos mostram interesse ao novo alimento mais precocemente.

As consequências negativas de um baixo desempenho nos primeiros dias de creche estão geralmente relacionadas à incidência de diarreias e um crescimento insuficiente. Entretanto, os estudos que investigaram a influência da taxa de crescimento nos primeiros dias pós-desmame sobre o desempenho subsequentemente, ainda são conflitantes. Autores observaram que um maior GPD nas duas primeiras semanas de creche resultou em uma maior taxa de crescimento do desmame ao abate e necessidade de menos dias para atingir o peso de abate. Outros relataram que o efeito positivo de um melhor desempenho de leitões recém-desmamados perdurou somente até a saída de creche, pois, ao abate, independentemente do GPD inicial, o peso dos animais foi o mesmo. Já o peso ao desmame gerou um efeito mais duradouro, apresentando uma correlação positiva com peso final da fase de terminação.

Alguns estudos recentes indicam uma possível relação entre a taxa de crescimento pós-desmame e a taxa de remoção por subdesenvolvimento ao longo da fase de creche. Pesquisadores demonstraram que o GPD na primeira semana pós-desmame possui interação com a categoria de peso ao desmame quando se analisa o percentual de leitões que apresentam subdesenvolvimento na creche. Leitões leves e médios têm probabilidade de refugagem de, respectivamente, 21 e 10%, se não aumentarem de peso na primeira semana. No entanto, se estas duas categorias de leitões ganharem peso, independentemente da quantidade, nos primeiros 7 dias de creche, a probabilidade de refugagem cai para menos de 4%. Para leitões pesados, os percentuais são os mesmos (≤ 2,3%) independente do GPD na primeira semana. Outro fato importante deste estudo é a ausência de relação entre o peso ao desmame e o percentual de leitões que ganham ou perdem peso e GPD na 1ª semana de creche. Sendo assim, leitões pequenos, médios e grandes, além de apresentarem o mesmo GPD, têm a mesma chance de perder ou ganhar qualquer quantidade de peso neste período (Figura 1). Em relação ao consumo alimentar nesta fase, um trabalho recente, ao avaliar o efeito do consumo nas primeiras horas pós-desmame sobre o desempenho de leitões na fase de creche, através do uso de corantes na ração e detecção do consumo via suabe retal, observou que leitões que não apresentaram suabe corado em até 42h pós-desmame tiveram 3,16 vezes mais chance de serem removidos ao longo da fase de creche, independentemente do peso ao desmame. Com base nessas informações, podemos observar que um jejum prolongado gera prejuízos semelhantes para leitões de baixo, médio ou alto peso de entrada na creche. Estes fatos, reforçam a necessidade de buscar estratégias e manejos que reduzam o intervalo de tempo existente entre desmame e o início de consumo pós-desmame.

O manejo de uniformização ao alojamento, visando formar baias de leitões pequenos, médios e grandes também possui relação com o consumo pós-desmame. Estudo deste ano observou que os leitões grandes em baias classificadas retardam o início de consumo em relação aos médios e pequenos. Já em baias mistas, com maior variabilidade de peso ao alojamento, as três categorias de peso não apresentaram diferenças no início de consumo pós-desmame. Os leitões em baias com somente indivíduos pesados disputam a hierarquia da baia com mais intensidade e existe uma correlação negativa entre ocorrência de brigas e número de visitas ao comedouro, prejudicando o consumo alimentar voluntário nos primeiros dias de creche, cita outro autor.

Um dos fatores que pode estar relacionado à melhoria no início do consumo alimentar de leitões no pós-desmame é o espaço de comedouro disponível por leitão. Outro estudo publicado neste ano, ao avaliar diferentes espaços de comedouro para a fase de creche, observou uma redução do tempo médio de início do consumo alimentar em aproximadamente 4,7 horas para cada aumento de 1 cm de comedouro/leitão e, também um aumento na quantidade de ração ingerida na primeira semana em cerca de 70 g/leitão para cada centímetro adicional.

Os primeiros dias de creche realmente são desafiantes para o leitão desmamado. Proporcionar um ambiente de qualidade, o qual atende às necessidades do leitão é fundamental para o desempenho zootécnico. Uma preparação prévia da instalação, com ajustes e vazão adequada de bebedouros, aquecimento da sala (quando necessário) para manutenção da zona de conforto e ração de qualidade e à vontade, são pontos chaves que irão auxiliar na adaptação dos leitões nessa fase e reduzir o efeito negativos do estresse pós-desmame. Além disso, uma rápida identificação e medicação de animais doentes, bem como inspeções diárias para verificar animais que evidenciam a ausência de consumo, são manejos primordiais para a redução das perdas neste período. Algumas empresas americanas têm investido em treinamento e formação de equipes de 1ª semana de creche, visando um cuidado diferenciado dos animais. Porém, vale ressaltar que apesar da relevância, somente melhorias em ações isoladas nos primeiros dias pós-desmame, sem preocupar-se com nutrição, sanidade e ambiência nas fases subsequentes, não são suficientes para garantir bom desempenho. Como vimos, existe uma relação importante entre indicadores de primeira semana e o percentual de leitões removidos por subdesenvolvimento ao longo da fase. Portanto, avaliar as condições gerais de nossas creches, visando encontrar oportunidades de melhorias de acordo com cada realidade é o primeiro passo para assegurar um progresso nos indicadores zootécnicos. 

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2017.

Fonte: O Presente Rural

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Suínos / Peixes

Embaixador da Coreia do Sul visita indústrias da C.Vale

Iniciativa pode resultar em novos negócios no segmento carnes da cooperativa

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Visitantes conheceram frigorífico de peixes - Fotos: Assessoria

A C.Vale recebeu, no dia 25 de abril, o embaixador da Coreia do Sul, Lim Ki-mo, e o especialista de negócios da embaixada sul-coreana, Rafael Eojin Kim. Eles conheceram os processos de industrialização de carne de frango, de peixes e da esmagadora de soja, além da disposição dos produtos nos pontos de venda do hipermercado da cooperativa, em Palotina.

O presidente da C.Vale, Alfredo Lang, recepcionou os visitantes e está confiante no incremento das vendas da cooperativa para a Coréia do Sul. “É muito importante receber uma visita dessa envergadura porque amplia os laços comerciais entre os dois países”, pontuou. Também participaram do encontro o CEO da cooperativa, Edio Schreiner, os gerentes Reni Girardi (Divisão Industrial), Fernando Aguiar (Departamento de Comercialização do Complexo Agroindustrial) e gerências de departamentos e indústrias.

O embaixador Lim Ki-Mo disse ter ficado admirado com o tamanho das plantas industriais e a tecnologia do processo de agroindustrialização da cooperativa. “Eu sabia que a C.Vale era grande, mas visitando pessoalmente fiquei impressionado. É incrível”, enfatizou o embaixador, que finalizou a visita cantando em forma de agradecimento pelo acolhimento da direção e funcionários da C.Vale.

 

Fonte: Assessoria CVale
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Suínos / Peixes

Doença do edema em suínos: uma análise detalhada

Diagnóstico da doença pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras enfermidades.

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Foto e texto: Assessoria

A doença do edema (DE) é um importante desafio sanitário em nível global na suinocultura. Com alta prevalência a patologia ocasiona perdas econômicas ao setor associadas, principalmente, com a morte súbita de leitões nas fases de creche e recria.

A doença foi descrita pela primeira vez na literatura por Shanks em 1938, na Irlanda do Norte, ao mesmo tempo que Hudson (1938) registrava sua ocorrência na Inglaterra.

Ao pensarmos no controle da enfermidade, a adoção de medidas de manejo adequadas desempenha um papel fundamental na prevenção da disseminação do Escherichia coli, o agente causador da DE.  Desta forma, é essencial reforçar práticas, como o respeito ao período de vazio sanitário durante a troca de lotes, a limpeza e desinfecção regular de todos os equipamentos e baias ocupadas com produtos adequados, e a garantia de que as baias estejam limpas e secas antes da introdução dos animais. Embora possam parecer simples, a aplicação rigorosa dessas ações é indispensável para o sucesso do manejo sanitário.

A toxinfecção característica pela DE é causada pela colonização do intestino delgado dos leitões por cepas da bactéria Escherichia coli produtoras da toxina Shiga2 (Vt2e) e que possuem habilidade de aderência às vilosidades intestinais, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade em suínos, resultando em perdas econômicas significativas e impactos negativos na indústria suinícola.

Durante a multiplicação da bactéria (E.coli) no trato gastrointestinal dos suínos, a toxina Shiga 2 (Vt2e) é produzida e absorvida pela circulação sistêmica, onde induz a inativação da síntese proteica em células do endotélio vascular do intestino delgado, em tecidos subcutâneos e no encéfalo. A destruição das células endoteliais leva ao aparecimento do edema e de sinais neurotóxicos característicos da doença (HENTON; HUNTER, 1994).

Como resultado, ocorre extravasamento de fluido para os tecidos circundantes, resultando em edema, hemorragia e necrose, especialmente no intestino delgado. Além disso, a toxina pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica, exacerbando ainda mais os danos aos tecidos e órgãos afetados.

Os sinais clínicos da doença do edema em suínos variam em gravidade, mas frequentemente incluem, incoordenação motora com andar cambaleante que evolui para a paralisia de membros, edema de face, com inchaço bem característico das pálpebras, edema abdominal e subcutâneo, fezes sanguinolentas e dificuldade respiratória. O edema abdominal é uma característica marcante da doença, muitas vezes resultando em distensão abdominal pronunciada. Além disso, os suínos afetados podem apresentar sinais neurológicos, como tremores e convulsões, em casos graves.  Em toxinfecções de evolução mais aguda, os animais podem ir a óbito sem apresentar os sinais clínicos da doença, sendo considerado morte súbita.

O diagnóstico da doença do edema em suínos pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras doenças. No entanto, exames laboratoriais, como cultura bacteriana do conteúdo intestinal ou de swabs retais podem ajudar a identificar a presença. Quando há alto índices de mortalidade na propriedade, pode se recorrer a técnicas de necropsia, bem como a histopatologia das amostras de tecidos intestinais, sobretudo a identificação do gene da Vt2e via PCR, para o diagnóstico definitivo da doença

O tratamento geralmente envolve a administração de antibióticos, como penicilina ou ampicilina, para combater a infecção bacteriana, juntamente com terapias de suporte, como fluidoterapia e controle da dor.

Embora tenhamos métodos diagnósticos eficientes, o tratamento da doença do edema ainda é um desafio recorrente nas granjas. Sendo assim, prevenir a entrada da doença do edema no rebanho ainda é a melhor opção. Uma dieta rica em fibras, boas práticas de manejo sanitário, evitar situações de estresse logo após o desmame e a prática de vacinação são estratégias eficazes quando se diz respeito à prevenção (Rocha, 2016). Borowski et al. (2002) demonstraram, por exemplo, que duas doses de uma vacina composta por uma bactéria autógena contra E. coli, aplicadas em porcas e em leitões, foram suficientes para obter uma redução da sintomatologia e mortalidade dos animais acometidos.

A doença do edema em suínos representa um desafio significativo para a indústria suinícola, com sérias implicações econômicas e de bem-estar animal. Uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes à patogênese da doença, juntamente com a implementação de medidas preventivas e de controle eficazes, é essencial para minimizar sua incidência e impacto. Ao adotar uma abordagem integrada os produtores podem proteger a saúde e o bem-estar dos animais, ao mesmo tempo em que promovem a sustentabilidade e a rentabilidade da indústria suína.

Referências bibliográficas podem ser solicitadas pelo e-mail gisele@assiscomunicacoes.com.br.

Fonte: Por Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de Serviços Veterinários de Suínos da Ceva Saúde Animal.
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Suínos / Peixes

Brasil detém 32% do mercado global de cortes congelados de carne suína

Santa Catarina desponta como líder nas exportações de cortes cárneos congelados de suínos em 2023, com uma impressionante fatia de 56%. O Rio Grande do Sul e o Paraná seguem atrás, com 23% e 14% de participação, respectivamente.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná divulgou, na quinta-feira (25), o Boletim de Conjuntura Agropecuária, trazendo um panorama abrangente dos setores agrícolas e pecuários referente à semana de 19 a 25 de abril. Entre os destaques, além de ampliar as informações sobre a safra de grãos, o documento traz dados sobre a produção mundial, nacional e estadual de tangerinas.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), a produção global de tangerinas atingiu a marca de 44,2 milhões de toneladas em 2022, espalhadas por uma área de 3,3 milhões de hectares em 68 países. A China, indiscutivelmente, lidera nesse cenário, com uma contribuição de 61,5% para as colheitas mundiais e dominando 73,1% da área de cultivo da espécie. O Brasil, por sua vez, figura como o quinto maior produtor, com uma fatia de 2,5% das quantidades totais.

No contexto nacional, o Paraná se destaca, ocupando o quarto lugar no ranking de produção de tangerinas. Cerro Azul, situado no Vale do Ribeira, emerge como o principal centro produtor do país, respondendo por 9,2% da produção e 8,4% do Valor Bruto de Produção (VBP) nacional dessa fruta. Não é apenas Cerro Azul que se destaca, mas outros 1.357 municípios brasileiros também estão envolvidos na exploração desse cítrico.

Cortes congelados de carne suína

Além das tangerinas, o boletim também aborda a exportação de cortes congelados de carne suína, um mercado no qual o Brasil assume uma posição de liderança inegável. Detentor de cerca de 32% do mercado global desses produtos, o país exportou aproximadamente 1,08 bilhão de toneladas, gerando uma receita de US$ 2,6 bilhões. Os Estados Unidos aparecem em segundo lugar, com uma participação de 29%, seguidos pela União Europeia (23%) e pelo Canadá (15%).

No cenário interno, Santa Catarina desponta como líder nas exportações de cortes cárneos congelados de suínos em 2023, com uma impressionante fatia de 56%. O Rio Grande do Sul e o Paraná seguem atrás, com 23% e 14% de participação, respectivamente.

 

Fonte: Com informações da AEN-PR
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