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JBS enfrenta “enorme volatilidade” em meio à pandemia de coronavírus
Executivos da JBS disseram que a demanda dos consumidores se afastou do food service, tendência vista em todos os mercados

A JBS disse na sexta-feira (15) que está enfrentando uma “enorme volatilidade” relacionada a custos e preços de produtos devido à crise de saúde global causada pelo coronavírus. Em teleconferência para discutir os resultados do primeiro trimestre, executivos da JBS disseram que a demanda dos consumidores se afastou do food service, tendência vista em todos os mercados. Porém, embora não haja diferenças significativas nas margens de food service e nas vendas de carne no varejo, está se tornando cada vez mais difícil prever custos, preços e o comportamento do consumidor.
A JBS obtém a maior parte de sua receita nos mercados dos EUA, onde alguns Estados estão começando a reabrir gradualmente suas economias e as perspectivas operacionais da companhia podem melhorar, disseram executivos. O presidente da divisão JBS USA, André Nogueira, afirmou durante a teleconferência que a empresa está vendo demanda muito forte por carne nos EUA depois que a oferta foi reduzida após fechamentos de fábricas.
Segundo ele, “nesta semana, a indústria no geral está rodando a 75% do que era na mesma semana do ano passado em carne bovina, 84% em porco e 99% em frango. Nós (JBS) estamos um pouco acima disso nas últimas duas semanas”. “Em food service, começa a haver uma recuperação bastante significativa nas últimas duas semanas, conforme alguns Estados (nos EUA) começam a abrir, ainda que com restrições. É surpreendente”, acrescentou Nogueira.
Ele, porém, evitou fazer projeções para as margens da unidade norte-americana no segundo trimestre. O presidente-executivo da companhia, Gilberto Tomazoni, afirmou que diante da volatilidade, “fazer previsões deste tipo é querer assumir que você já está com um padrão de consumo no varejo e do consumidor, o que não é razoável agora. Temos que aguardar mais algum tempo para termos previsões com um pouco mais de segurança”.
Por outro lado, a divisão brasileira de carne bovina tem enfrentado dificuldades, após a empresa afastar funcionários em março e abril em resposta a possíveis surtos da doença. Executivos da companhia disseram ainda que problemas logísticos em exportações de carne bovina do Brasil foram resolvidos no atual trimestre.
A JBS registrou na quinta-feira (14) prejuízo líquido de 6 bilhões de reais no primeiro trimestre, em grande parte devido a movimentos cambiais. Na sessão desta sexta-feira, as ações da JBS tinham o pior desempenho do Ibovespa, com queda de mais de 6%. Excluindo efeitos cambiais no último trimestre, a JBS teria registrado lucro líquido de R$ 803 milhões.
Na teleconferência desta sexta-feira, executivos da JBS disseram que à medida que a volatilidade do câmbio diminuir, a empresa poderá melhorar os resultados, incluindo o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda). A maioria das vendas da JBS ocorre no exterior e por isso são registradas em moedas estrangeiras. O real caiu 22% em relação ao dólar no período de janeiro a março, sua maior depreciação trimestral em 18 anos.
Executivos da JBS alertaram que a pandemia de Covid-19 pode ter efeitos duradouros, uma vez que a epidemia no Brasil e nos EUA causaram fechamento de fábricas e volatilidade em seus negócios de frango.
Analistas do Credit Suisse disseram que a JBS divulgou “resultados sem brilho”, culpando a fraqueza da divisão de carne de frango Pilgrim’s Pride e os resultados decepcionantes na unidade de carne bovina da JBS nos EUA, que também inclui Austrália e Canadá. “Ainda do lado negativo, a JBS Brasil (carne bovina) permanece abaixo do potencial total”, afirmou o Credit Suisse.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



