Suínos Sanidade
Javalis entram na mira de especialistas
Javalis ainda são um grande desafio enfrentado pela cadeia suinícola nacional

A sanidade é um dos fatores mais importantes para a suinocultura brasileira. Garantir a completa biosseguridade dos rebanhos é um dever de todos os envolvidos na cadeia, uma vez que se comprometida pode causar grandes prejuízos. Um animal que causa bastante dor de cabeça e que deve ter total atenção de toda a cadeia é o javali. A médica veterinária doutora Laura Almeida explanou sobre o “risco do javali na transmissão de doenças virais em suínos” durante o Seminário Internacional de Suinocultura (Sinsui), que aconteceu em maio, em Porto Alegre, RS.
Na ocasião, a servidora do Laboratório de Virologia do Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF) explica sobre o animal, os riscos que pode trazer para a cadeia, além de como está a situação brasileira. “O javali é o suíno selvagem da Eurásia. O que temos no Rio Grande do Sul são suínos asselvajados ou “javaporcos”, animais de vida livre, descendentes de javalis e suínos domésticos”, explica. Mas o problema é a nível nacional.
Laura informa que estes animais são sensíveis aos agentes patogênicos dos suínos domésticos, mas devido à grande mobilidade, contato com terra e com outros animais silvestres, podem difundir doenças para criações de suínos e ao homem. “Estudos em javalis e/ou javaporcos no Brasil demostraram a presença de PCV2 (circovírus suínos tipo 2), vírus da Influenza, vírus da Hepatite E e pestivírus em javaporcos criados em cativeiro”, introduz. Ela conta que na Europa, onde são muito estudados, os javalis são importantes transmissores de Peste Suína Clássica e Peste Suína Africana. Além disso, os animais estão também envolvidos na transmissão de outras doenças importantes para suínos de produção, como Doença de Aujeszky e PRRS.
A médica veterinária conta que os animais causam importantes perdas nas plantações comerciais, como de milho, por exemplo. “Adicionalmente, devido à grande mobilidade e a falta de controle sanitário, suínos asselvajados podem potencialmente ter diferentes patógenos e podem ser capazes de transmiti-los, caso entrem em contato com suínos domésticos”, alerta.
Além do mais, Laura diz que suínos asselvajados têm condição sanitária desconhecida, ou pouco conhecida, e mobilidade ampla territorial, não respeitando cerca ou fronteira. “Assim, podem manter contato com diferentes criações de suínos e representam um risco importante na transmissão de doenças infecciosas industriais, normas de biossegurança, controle de movimento de pessoas, animais e trânsito de cargas. Tudo isso para prevenir transmissão de doenças”, afirma. Ela reitera ser fundamental impedir o contato dos asselvajados e recomenda-se aumentar a biossegurança da propriedade e reduzir a população destes animais na região.

Desafio a ser enfrentado
Laura informa que este é um grande desafio enfrentado pela cadeia suinícola nacional. “A presença de suínos asselvajados tem aumentado muito no país e a proximidade destes animais com criações de suínos comerciais é totalmente indesejada e representa um desafio a mais no controle sanitário das criações industriais”, alerta. Ela diz que tem sido relatada presença destes animais nas proximidades ou mesmo dentro de granjas comerciais de suínos. “É extremamente importante evitar qualquer tipo de contato dos suínos asselvajados com suínos domésticos”, reitera.
“Na hipótese de transmissão de PSC ou doença de Aujeszky, seria uma situação de emergência sanitária. Agora mesmo a Europa está tentando conter o avanço da Peste Suína Africana e o controle de javalis é uma das medidas tomadas”, conta. Ela ainda informa que em alguns países o Exército tem colaborado no controle de população de javalis em certas regiões estratégicas na Europa visando conter a dispersão de animais contaminados.
Caça
Uma medida necessária e importante para prevenir prejuízos e proliferação de doenças por parte de javalis é a redução da população. “Estes animais são invasores, animais exóticos, pragas para agricultura e pecuária. Provocam prejuízos nas lavouras, predam pequenos animais silvestres e representam risco à saúde dos animais e humanos”, alerta Laura.
Ela conta que o Rio Grande do Sul foi um Estado pioneiro no país a implementar legislação sobre a vigilância sanitária para a Peste Suína Clássica de suídeos asselvajados. “Os caçadores, controladores de população, têm licença do Ibama, do Exército e são capacitados pela Secretaria da Agricultura do RS. Eles recebem informações sobre os animais, riscos à saúde e cuidados de biossegurança e colaboram com a coleta de amostras de sangue dos animais abatidos”, conta.
A médica veterinária comenta que os controladores capacitados pelo PNSS RS entregam as amostras de soro nas inspetorias veterinárias e são analisadas para PSC no IPVDF. “Atualmente já foram capacitados mais de 400 controladores no RS, e o próximo curso será em maio de 2019. Existe grande procura”, cita.
Além de reduzir a população dos animais, outro meio de evitar a proliferação de doenças vindas dos asselvajados é aumentar as condições de biossegurança das criações domésticas para evitar contato. “Também é preciso informar aos produtores e a população em geral sobre os prejuízos causados por asselvajados e os riscos que eles representam ao meio ambiente, agricultura, pecuária e saúde da população”, alerta.
Animais exóticos que merecem atenção
Estes animais, informa Laura, são exóticos, sem predadores naturais e considerados pragas em todo o mundo. “Por outro lado, o cruzamento com suínos domésticos resultou em um animal de grande porte e muito fértil. A população de asselvajados cresceu muito no Brasil, eles predam a fauna e flora local, alimentam-se de hortas e lavouras, buscam fêmeas em cio nas criações comerciais. E ainda existe o risco de acidentes com humanos”, avisa a médica veterinária, já que trata-se de um animal selvagem.
A profissional reitera que os javalis não combinam com criações comerciais de alto nível que existem no Brasil. “Devemos lembrar que asselvajados são pragas e devemos fazer todos os esforços possíveis para reduzir sua população”, afirma. A recomendação da médica veterinária é o não cruzamento de suínos domésticos com animais selvagens. “Além disso, caso o produtor tenha abatido algum asselvajado, deve ter muito cuidado no descarte da carcaça e na limpeza de roupas e botas. A transmissão indireta também deve ser evitada. Desejamos ser livres javalis e ter granjas cada vez mais biosseguras”, sustenta.
Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2019 ou online.

Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



