Bovinos / Grãos / Máquinas
Investimentos na capacidade de suporte das áreas de pastagens trazem benefícios aos pecuaristas
Para que ocorra uma intensificação no manejo das áreas de pastagens das propriedades, é necessário realizar previamente um planejamento estratégico, assim como um treinamento e qualificação da mão de obra envolvida na atividade.
A maior parte da bovinocultura nacional é realizada baseada em áreas de pastagens, fato que, ao mesmo tempo que configura uma grande vantagem competitiva para a cadeia, também representa um importante gargalo produtivo. De modo geral, em termos de custos, sistemas produtivos bem ajustados e baseados em pastagens permitem um produto final comercializado mais barato ao produtor, o que garante ao Brasil uma posição de destaque na produção mundial de carne bovina a um nível competitivo. Porém, muitas vezes, devido à falta de cuidado e de investimentos realizados nas pastagens, essas mesmas áreas acabam se tornando gargalos produtivos, limitando, assim, a capacidade da atividade em gerar caixa e, consequentemente, a rentabilidade dos produtores.
Sistemas nacionais mais extensivos, aqueles com baixo investimento na atividade, são comumente encontrados na pecuária nacional. A baixa escala produtiva e a limitante capacidade dos mesmos em diluir seus gastos fixos e aumentar sua competitividade, também são encontrados nesses sistemas. Esse cenário faz com que produtores fiquem mais sensíveis a variações de preços no mercado do boi, já que esses pecuaristas não possuem uma escala produtiva que gere mínima estabilidade de produção, o que resulta em anos muito positivos e outros negativos – comprometendo a saúde e a longevidade do sistema a médio-longo prazo.
O planejamento da intensificação de qualquer área produtiva deve ser realizado por meio de estudos e acompanhamento de técnicos qualificados, visando a correta identificação de quais tecnologias devem ser adotadas por determinados sistemas produtivos, buscando sua máxima eficiência.
A compra de insumos, como fertilizantes e corretivos, se realizada anteriormente aos meses chuvosos se torna uma importante estratégia durante o processo de intensificação, garantindo assim que menores valores sejam conseguidos pelo produtor. O atual período de entressafra, acompanhado pela queda observada nos últimos meses dos preços dos insumos direcionados as pastagens, reflete um momento oportuno.
O Projeto Campo Futuro, iniciativa do sistema CNA/Senar, em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, simulou um cenário de otimização do uso dos recursos forrageiros, com base em uma propriedade típica amostrada. A análise tem por objetivo exemplificar como melhorias no planejamento forrageiro e no manejo de pastagens poderiam impactar positivamente os resultados financeiros da pecuária de corte.
A presente análise tomou por base o sistema de Recria de Santa Vitória (MG), caracterizado na ocasião do levantamento como uma propriedade típica extensiva, com índices produtivos e zootécnicos com espaço para melhora. O sistema modal contava com uma área de pastagem, em que todos os animais ficavam em recria por 12 meses, havendo somente o fornecimento de um sal proteinado durante os seis meses de seca. A propriedade realizava baixos investimentos na formação e manutenção de suas pastagens, o que resultava em uma taxa de lotação abaixo da média nacional (tabela 1).
Da forma como o sistema tem sido conduzido nessa propriedade típica, o produtor consegue arcar com os desembolsos anuais da atividade (COE), ficando praticamente empatado quando o assunto é o reinvestimento na mesma, conseguindo, com grande dificuldade e dependência do mercado do boi, reformar suas benfeitorias, máquinas, implementos, e equipamentos, ao final de sua vida útil (COT).
Desta forma, observa-se que alterações produtivas precisam ser realizadas para que ocorra uma otimização do sistema produtivo, visto que a utilização mais extensiva das áreas de pastagem disponíveis para produção no sistema avaliado contribui para sua baixa eficiência produtiva, impactando especialmente no rendimento por área. É importante lembrar que toda alteração e melhoria produtiva deve passar por um período prévio de estudo e análise, acompanhado sempre por técnicos qualificados, para que as melhores soluções sejam encontradas especialmente para a propriedade em questão, otimizando, assim, seu sistema.
Para fins de exemplo, estimou-se o impacto da intensificação produtiva em 25% da área de pastagem da propriedade, equivalente a 55,6 ha – a propriedade típica de Santa Vitória já havia esse percentual da área destinado para o cultivo com capins do gênero Panicum, porém, não havia um maior piqueteamento ou manejo diferenciado nessa área, em comparação com o restante da área de pasto de Marandú.
Com o objetivo de ao mesmo tempo, se elevar a capacidade de suporte local e estimular o pousio e recuperação das áreas de pastagem mais extensivas, serão concentrados nesta
área os investimentos em fertilidade do solo, além de maior subdivisão.
Estima-se um custo médio de R$ 6.500,00/km de cerca elétrica construída, considerando-se todos os insumos e mão de obra necessária para instalação. Assumindo-se uma vida útil de 10 anos para o sistema, tem-se um custo médio de R$95,47/ha ano para amortização do investimento inicial. Já o aporte anual com insumos para a manutenção da área de rotacionado foi calculado visando o aumento da produtividade obtida na área de manejo intensivo, acompanhado por uma elevação na taxa de lotação, para 1,1 UA/ha na área total, com um custo estimado em R$ 1.894,36/ ha ano – considerando-se adubação de manutenção, além do gasto com hora máquina.
Toda a análise foi desenvolvida com base na demanda extra de Matéria Seca que o sistema sofreria para se elevar a taxa de lotação, e, então, foram calculadas as quantidades de adubos utilizados para que tal produção fosse atingida nessa área de rotacionado. Todos os valores utilizados para a simulação – de ureia, KCl, supersimples, hora máquina, compra de reposição, e venda de animais – foram atualizados com base nas cotações do Cepea de julho de 2023.
Realizando, então, o ajuste no sistema produtivo, com a compra adicional de 175 bezerros desmamados, e a implementação desse manejo rotacionado nessa área de Panicum, tem-se que o resultado direto à nova capacidade de suporte é refletido especialmente no aumento das margens, em que a Margem Bruta da atividade subiu mais de 50%, e a Margem Líquida mais de quarenta vezes. Para fins de análise, também foram considerados os gastos adicionais resultantes desse maior número de animais da propriedade, com novos aportes para a suplementação e manejo sanitário (tabela 2).
Desconsiderando-se outras alterações à estrutura e manejo da propriedade, focando, então, apenas na maior taxa de lotação, por meio dos resultados obtidos fica evidente que a intensificação do uso das pastagens, e, consequentemente, da sua produtividade, é capaz de trazer resultados positivos ao bolso do produtor – mesmo quando o dispêndio é focado em apenas parte da área útil da propriedade.
Como resultado, seria possível assegurar uma maior perenidade no sistema produtivo analisado, em que a remuneração original praticamente não era suficiente para que o sistema conseguisse pagar seus custos de depreciação.
Além disso, o manejo mais intensivo dos pastos na propriedade permitiria que a margem líquida passasse por um aumento de mais de quarenta vezes, além de garantir ao sistema uma lucratividade (ML/RB) de 3,64% – contra 0,15% no sistema original.
O aumento da escala produtiva traz benefícios ao sistema ao considerar o novo montante de caixa gerado pela atividade por área útil, fato este que acontece mesmo quando o mercado do boi está mais desvalorizado, como o atual. Assim, esse incremento na taxa de lotação é capaz de beneficiar o produtor, ao manter uma certa estabilidade na produção e na remuneração por área produtiva, evitando que oscilações do mercado de boi atinjam a atividade com grande intensidade, como quando comparados à situação original de baixa produção por área.
Para que ocorra uma intensificação no manejo das áreas de pastagens das propriedades, é necessário realizar previamente um planejamento estratégico, assim como um treinamento e qualificação da mão de obra envolvida na atividade. É recomendado que essa medida seja incrementada aos poucos, e em áreas menores no início, e por isso a simulação foi realizada em somente 25% da área total de pastagem da propriedade em questão.
A compra antecipada dos adubos se faz muito vantajosa para esses sistemas, especialmente em meses de entressafra, em que a demanda nacional está baixa, o que mantém os preços em patamares mais confortáveis. Por fim, tal intensificação das áreas produtivas é capaz, sim, de trazer benefícios de médio a longo prazos na propriedade, visto que afeta diretamente a escala produtiva, gerando, assim, uma receita maior, e diluindo os custos fixos do sistema.
É possível concluir então, que o maior aproveitamento dos recursos forrageiros é capaz de diluir os custos fixos do sistema, auxiliando, assim, em sua otimização. Destaca-se, aqui, porém, que, além da reduzida capacidade de suporte do sistema avaliado, outros pontos também devem ser analisados e melhorados, permanecendo a intensificação das pastagens como apenas um dos itens a serem otimizados, de forma a garantir os bons desempenhos técnico e econômico da propriedade.
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Derivados lácteos sobem em outubro, mas mercado prevê quedas no trimestre
OCB aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24.
Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre
A pesquisa do Cepea mostra que, em setembro, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro). O movimento de alta, contudo, parece ter terminado. Pesquisas ainda em andamento do Cepea indicam que, em outubro, a Média Brasil pode recuar cerca de 2%.
Derivados registram pequenas valorizações em outubro
Pesquisa realizada pelo Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24, chegando a R$ 4,74/l e a R$ 33,26/kg, respectivamente. No caso do leite em pó (400g), a valorização foi de 4,32%, com média de R$ 31,49/kg. Na comparação com o mesmo período de 2023, os aumentos nos valores foram de 18,15% para o UHT, de 21,95% para a muçarela e de 12,31% para o leite em pó na mesma ordem, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de out/24).
Exportações recuam expressivos 66%, enquanto importações seguem em alta
Em outubro, as importações brasileiras de lácteos cresceram 11,6% em relação ao mês anterior; frente ao mesmo período do ano passado (outubro/23), o aumento foi de 7,43%. As exportações, por sua vez, caíram expressivos 65,91% no comparativo mensal e 46,6% no anual.
Custos com nutrição animal sobem em outubro
O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 2,03% em outubro na “média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS), puxado sobretudo pelo aumento dos custos com nutrição animal. Com o resultado, o COE, que vinha registrando estabilidade na parcial do ano, passou a acumular alta de 1,97%.
Bovinos / Grãos / Máquinas Protecionismo econômico
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito
CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias.
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), entidade representativa, sem fins lucrativos, emite nota oficial para rebater declarações do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard. Nas suas recentes declarações o CEO afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias .
Veja abaixo, na integra, o que diz a nota:
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito aqui dentro e mundo afora.
O protecionismo econômico de muitos países se traveste de protecionismo ambiental criando barreiras fantasmas para tentar reduzir nossa capacidade produtiva e cada vez mais os preços de nossos produtos.
Todos sabem que é difícil competir com o produtor rural brasileiro em eficiência. Também sabem da necessidade cada vez maior de adquirirem nossos produtos pois além de alimentar sua população ainda conseguem controlar preços da produção local.
A solução encontrada por esses países principalmente a UE e nitidamente a França, foi criar a “Lei Antidesmatamento” para nos impor regras que estão acima do nosso Código Florestal. Ora se temos uma lei, que é a mais rigorosa do mundo e a cumprimos à risca qual o motivo de tanto teatro? A resposta é que a incapacidade de produzir alimentos em quantidade suficiente e a também incapacidade de lidar com seus produtores faz com que joguem o problema para nós.
Outra questão: Por que simplesmente não param de comprar da gente já que somos tão destrutivos assim? Porque precisam muito dos nossos produtos mas querem de graça. Querem que a gente negocie de joelhos com eles. Sempre em desvantagem. Isso é uma afronta também à soberania nacional.
O senador Zequinha Marinho do Podemos do Pará, membro da FPA, tem um projeto de lei (PL 2088/2023) de reciprocidade ambiental que torna obrigatório o cumprimento de padrões ambientais compatíveis aos do Brasil por países que comercializem bens e produtos no mercado brasileiro.
Esse PL tem todo nosso apoio porque é justo e recíproco, que em resumo significa “da mesma maneira”. Os recentes casos da Danone e do Carrefour, empresas coincidentemente de origem francesa são sintomáticos e confirmam essa tendência das grandes empresas de jogar para a plateia em seus países- sede enquanto enviam cartas inócuas de desculpas para suas filiais principalmente ao Brasil.
A Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Estado com maior rebanho bovino do País e um dos que mais exporta, repudia toda essa forma de negociação desleal e está disposta a defender a ideia da suspensão do fornecimento de animais para o abate de frigoríficos que vendam para essas empresas.
Chega de hipocrisia no mercado, principalmente pela França, um país que sempre foi nosso parceiro comercial, vendendo desde queijos, carros e até aviões para o Brasil e nos trata como moleques.
Nós como consumidores de muitos produtos franceses devemos começar a repensar nossos hábitos de consumo e escolher melhor nossos parceiros.
Com toda nossa indignação.
Oswaldo Pereira Ribeiro Junior
Presidente da Acrimat
Bovinos / Grãos / Máquinas
Queijo paranaense produzido na região Oeste está entre os nove melhores do mundo
Fabricado em parque tecnológico do Oeste do estado, Passionata foi o único brasileiro no ranking e também ganhou título de melhor queijo latino americano no World Cheese Awards.
Um queijo fino produzido no Oeste do Paraná ficou entre os nove melhores do mundo (super ouro) e recebeu o título de melhor da América Latina no concurso World Cheese Awards, realizado em Portugal. Ele concorreu com 4.784 tipos de queijos de 47 países. O Passionata é produzido no Biopark, em Toledo. Também produzidos no parque tecnológico, o Láurea ficou com a prata e o Entardecer d´Oeste com o bronze.
As três especialidades de queijo apresentadas no World Cheese Awards foram desenvolvidas no laboratório de queijos finos e serão fabricadas e comercializadas pela queijaria Flor da Terra. O projeto de queijos finos do Biopark é realizado em parceria com o Biopark Educação, existe há cinco anos e foi criado com a intenção de melhorar o valor agregado do leite para pequenos e médios produtores.
“A transferência da tecnologia é totalmente gratuita e essa premiação mostra como podemos produzir queijos finos com muita qualidade aqui em Toledo”, disse uma das fundadoras do Biopark, Carmen Donaduzzi.
“Os queijos finos que trouxemos para essa competição se destacam pelas cores vibrantes, sabores marcantes e aparências únicas, além das inovações no processo produtivo, que conferem um diferencial sensorial incrível”, destacou o pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark, Kennidy Bortoli. “A competição toda foi muito emocionante, saber que estamos entre os nove melhores queijos do mundo, melhor da América Latina, mostra que estamos no caminho certo”.
O Paraná produz 12 milhões de litros por dia, a maioria vem de pequenos e médios produtores. Atualmente 22 pequenos e médios produtores de leite fazem parte do projeto no Oeste do Estado, produzindo 26 especialidades de queijo fino. Além disso, no decorrer de 2024, 98 pessoas já participaram dos cursos organizados pelo Biopark Educação.
Neste ano, foram introduzidas cinco novas especialidades para os produtores vinculados ao projeto de queijos finos: tipo Bel Paese, Cheddar Inglês, Emmental, Abondance e Jack Joss.
“O projeto é gratuito, e o único custo para o produtor é a adaptação ou construção do espaço de produção, quando necessário”, explicou Kennidy. “Toda a assessoria é oferecida pelo Biopark e pelo Biopark Educação, em parceria com o Sebrae, IDR-PR e Sistema Faep/Senar, que apoiam com capacitação e desenvolvimento. A orientação cobre desde a avaliação da qualidade do leite até embalagem, divulgação e comercialização do produto”.
A qualidade do leite é analisada no laboratório do parque e, conforme as características encontradas no leite, são sugeridas de três a quatro tecnologias de fabricação de queijos que foram previamente desenvolvidas no laboratório com leite com características semelhantes. O produtor então escolhe a que mais se identifica para iniciar a produção.
Concursos estaduais
Para valorizar a produção de queijos, vão iniciar em breve as inscrições para a segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná, que conta com apoio do Governo do Paraná. As inscrições serão abertas em 1º de dezembro de 2024, e a premiação acontece em 30 de maio de 2025. A expectativa é de que haja mais de 600 produtos inscritos, superando a edição anterior, que teve 450 participantes. O regulamento pode ser acessado aqui. O objetivo é divulgar e valorizar os derivados lácteos produzidos no Estado.
O Governo do Paraná também apoia o Conecta Queijos, evento voltado a produtores da região Oeste. Ele é organizado em parceria pelo o IDR-Paran