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Investimento em energias renováveis pelo RenovaPR supera R$ 312 milhões
Em nove meses, programa já acatou mais de 1.800 projetos e existem outros 975 em trâmite nos bancos, que devem somar R$ 156 milhões.

Organizado pelo IDR-Paraná, o Encontro Renova Paraná – Energia Renovável para Todos reuniu cerca de 130 agricultores e especialistas para falar sobre o tema, na terça-feira (05), na ExpoLondrina, em Londrina (PR). No evento também foram assinados contratos de financiamento com dois agricultores – um produtor de leite e de soja de Londrina e um avicultor de Cambira, ambos para investimento em sistema gerador fotovoltaico.
Nove meses após o lançamento, o programa RenovaPR já acatou mais 1.800 projetos para investimentos em energias renováveis em propriedades rurais do Estado, um montante que supera R$ 312 milhões. Além dos projetos já assinados, existem outros 975 já em trâmite nos bancos, que devem somar R$ 156 milhões.
Temas como a importância das energias renováveis no agro paranaense, o papel do programa RenovaPR no incentivo à geração própria de energia e a demonstração de casos de sucesso fizeram parte da programação.
O presidente do IDR-Paraná, Natalino Avance de Souza, reforçou a necessidade de criar em mecanismos para geração de energia na agricultura. “Se não pensarmos em alternativas inteligentes para gerar energia no campo podemos perder o jogo. E o RenovaPR nasceu para facilitar o acesso do homem do campo a estas tecnologias”, afirmou.
Redução de custos

Secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara
O secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, ressaltou a opção do Governo por esse investimento. “A energia é um insumo cada vez mais relevante nos processos agrícolas, queremos nos tornar grande fornecedor de alimentos, sobretudo proteínas, reduzir os custos e contribuir para um padrão mais sustentável”, afirmou.
Segundo ele, o Estado tem feito um esforço em novo ciclo de levar energia para o meio rural. Para isso foi criado também o programa Banco do Agricultor Paranaense, por meio do qual o Estado assume parte dos juros que os produtores pagam nos financiamentos. No caso de energia renovável e irrigação, o Governo absorve a totalidade dos juros, dependendo do valor financiado para processos a serem abertos até 31 de dezembro deste ano.
“Temos sol o ano inteiro, é uma fonte inesgotável e o mundo está mudando sua matriz para usar energia que se renova”, disse Ortigara, ressaltando também que o Paraná produz grande volume de biomassa. “Estamos desperdiçando fonte primária. Convidamos os agricultores a refletirem se vale a pena esse investimento. Com certeza, vale”.
Programa
Com o aumento na conta de luz os produtores buscam, cada vez mais, alternativas para geração de energia. O RenovaPR está aberto aos interessados na instalação de unidades solares fotovoltaicas e, também, de biodigestores que transformam a biomassa em energia. Os projetos são recebidos nos escritórios municipais do IDR-Paraná.
Caso pretenda aproveitar os benefícios do Banco do Agricultor Paranaense, o produtor deve procurar também o agente financeiro credenciado a esse programa. Ele prevê que, em projetos contratados até 31 de dezembro de 2022, o Estado vai assumir integralmente o pagamento das taxas de juros para linhas de crédito do Plano Safra. São passíveis do benefício valores financiados de até R$ 500 mil para energia solar fotovoltaica e de até R$ 1,5 milhão em biodigestor.
Nesse processo, a Fomento Paraná, responsável pela gestão administrativa e financeira do Fundo de Desenvolvimento Econômico (FDE), tem papel fundamental como garantidor da compensação assumida pelo Estado.
Na prática
Com o RenovaPR, o produtor pode ter uma fonte de energia própria e renovável, com a possibilidade de reduzir custos de produção e ampliar suas atividades. Ao mesmo tempo, pode tratar dejetos animais e resíduos agrícolas e agroindustriais, promovendo a correta destinação e a adequação ambiental das suas atividades.
Gerar a própria energia, seja na modalidade solar ou com biogás, é altamente lucrativo. De acordo com o coordenador do projeto, Herlon Goelzer de Almeida, o retorno do investimento sobre o capital investido se dá, em média, entre 42 e 46 meses. “No caso de biogás, apenas considerando a geração de energia elétrica, o retorno médio se dá entre 36 e 44 meses, mas se levar em conta também a economia gerada com o uso do biofertilizante que sobra do processo de biodigestão de materiais orgânicos o retorno financeiro pode ocorrer entre 30 e 34 meses”, afirmou.
Espaço exclusivo
O espaço exclusivo do RenovaPR é uma das novidades na Via Rural – Fazendinha da ExpoLondrina, neste ano.
Pesquisas do IDR-Paraná buscam novas tecnologias para impulsionar a agricultura orgânica
Além das orientações técnicas sobre o programa, quem passar pelo local pode conhecer diferentes modalidades de geração de energia sustentável.
Foi instalado um sistema completo para captação solar que vai gerar energia em tempo real; um biodigestor didático, em parceria com a UEL, e placas solares com tracker, um dispositivo que altera a posição dos painéis fotovoltaicos de acordo com a posição do sol para melhor aproveitamento da irradiação solar.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



