Avicultura
Intestino, o motor do desempenho em aves de corte
Especialista Michael Kogut, do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), abordou novas perspectivas de saúde intestinal durante o SBSA, em Chapecó, SC
O especialista internacional Michael Kogut, do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), palestrou, no dia 12 de abril, no Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA). Abordando o tema “Inter-relação de desempenho sanitário e fatores extrínsecos sobre a saúde intestinal”, Kogut apresentou um novo conceito de saúde intestinal. O SBSA foi realizado de 10 a 12 de abril, em Chapecó-SC, com a participação de mais de mil profissionais. A organização é do Nucleovet – Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas.
A percepção estabelecida de que a sanidade e o estado nutricional do animal impactam um ao outro agora é expandida para incluir um terceiro componente: a microbiota intestinal. “Temos evidências sólidas de que o microbioma engloba a imunidade, os micronutrientes e o balanço energético”, afirma. Ele complementa que, por sua vez, a imunidade animal determina o estado nutricional e influencia os elementos de defesa e a composição da comunidade microbiana.
A microbiota intestinal endógena, esclareceu Kogut, formada por milhares de microrganismos, integra múltiplos processos fisiológicos nas aves. “A microflora intestinal, juntamente com outros fatores ambientais, como dieta e o estresse, podem desempenhar um papel central no equilíbrio fisiológico, imunológico e nutricional”, afirma. Assim, a resposta imune e a metabolização dos nutrientes compõem sistemas biológicos indispensáveis ??para a manutenção da vida”. Ainda conforme o especialista, cada um desses sistemas é capaz de modular a atividade do outro, garantindo a capacidade do organismo de enviar respostas apropriadas sob quaisquer condições.
Kogut destaca ainda que os sistemas metabólicos são integrados com respostas imunológicas e sensoriais de patógenos, evolutivamente conservadas. “Diversas vias importantes percebem e gerenciam nutrientes e integram-se com vias imunes e inflamatórias para gerenciar os estados metabólicos, fisiológicos e patológicos”.
Ele exemplifica citando os Toll Likes, família de receptores do sistema imune inato, que reconhecem componentes microbianos específicos como, por exemplo, lipopolissacarídeos, lipoproteínas, ácidos nucléicos, entre outros, além da sensibilidade a sinais nutricionais, tais como níveis elevados de glicose e ácidos graxos saturados. Da mesma forma, vias metabólicas, como a leptina e outros hormônios, também podem regular as funções. “Qualquer alteração imune, especificamente uma inflamação, pode causar distúrbios no metabolismo animal”, explica.
A composição genética animal e o padrão nutricional influenciam o microbioma intestinal. “Essa interação dinâmica e complexa dentro do triângulo dieta-animal-microbiota pode ser abalada por mudanças em qualquer um desses fatores”, orienta. O complexo microbioma intestinal não é um órgão silencioso ou uma simples coleção de microrganismos; em vez disso, as comunidades microbianas intestinais participam ativamente na imunidade e fisiologia dos vertebrados.
Em condições normais, a microbiota intestinal não é patogênica, mas confere benefícios à saúde animal. “A microbiota auxilia na digestão e absorção de nutrientes e estimula o armazenamento de gordura”, enumera. Além disso, a microbiota contribui para a construção da barreira epitelial intestinal e também compete com micróbios patogênicos para prevenir sua propagação prejudicial.
Microbiota regula respostas fisiológicas
O microbioma intestinal é facilmente alterável pela dieta, ingestão de antibióticos, infecção por patógenos e outros eventos. “A plasticidade do microbioma pode implicar em numerosas condições de doença”. Desta forma, uma alteração desfavorável na estrutura da microbiota intestinal acarreta uma "disbiose", ou desequilíbrio da flora intestinal bacteriana.
A manipulação da flora para melhorar os componentes benéficos representa uma estratégia terapêutica promissora para o futuro, segundo Kogut. “A flora tem uma atividade metabólica coletiva igual a um órgão virtual dentro de outro órgão, e os mecanismos subjacentes à influência condicionadora da bactéria na homeostase da mucosa e respostas imunes estão apenas começando a ser investigados em aves de corte”. Uma melhor compreensão desse órgão oculto revelará segredos relevantes para a saúde humana e para vários processos de doenças infecciosas, inflamatórias e neoplásicas, acredita Kogut.
Mais informações você encontra na edição de Aves de julho/agosto de 2018 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
