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VOZ DO COOP

Suínos / Peixes Perda de desempenho e rentabilidade

Interação entre as doenças do complexo respiratório dos suínos

A microbiota funcional, a imunidade, o manejo e a ambiência que suportam o equilíbrio ecológico dos planteis resultam em melhor produtividade e rentabilidade da suinocultura.

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Divulgação/Zoetis

Artigo escrito por: Erico Franco, médico-veterinário e assistente técnico de Suínos da Zoetis.

As doenças do complexo respiratório há tempos preocupam suinocultores e médicos-veterinários que trabalham nessa atividade. As interações entre as doenças do complexo respiratório, causadas tanto por bactérias quanto por vírus, resultam em diferentes graus de perda de desempenho e rentabilidade da granja. Por isso estratégias bem definidas precisam ser desenhadas e acompanhadas de perto.

Com a intensificação da produção, houve um adensamento dos plantéis, e um aumento do fluxo de produção para sobrepor os investimentos. É nesse cenário atual que precisamos entender como as doenças respiratórias se comportam. Sabemos que as doenças respiratórias têm causas multifatoriais e complexas, e envolvem, além dos agentes etiológicos, a ambiência e os manejos praticados.

Vamos lembrar os principais agentes patogênicos que estão circulando em nosso plantel. Desde 2009, o Brasil passou a ser endêmico para Mycoplasma hyopneumoniae, circovírus e influenza. Indico aqui que o Mycoplasma está presente há décadas em nossos sistemas de produção e que o PCV2, causando a circovirose, ganhou importância a partir do início dos anos 2000, mas foi a partir de 2009, com o surto pandêmico da Influenza causada pelo H1N1p, que os desafios respiratórios se tornaram mais complexos. Esses patógenos, desde então (2009), são os três principais agentes respiratórios primários que circulam amplamente nas granjas brasileiras.

Os agentes secundários recorrentes em nossa produção são bacterianos, como a Glaesserella parasuis, a Pasteurella multocida, o Streptococcus suis e a Bordetella brochiseptica. O Actinobacillus pleuropneumoniae é um agente bacteriano importante também considerado primário. Essa variedade de agentes respiratórios pode ainda ser dividida em diferentes sorotipos, sendo que a Pasteurella multocida apresenta 16 sorotipos; o Streptococcus suis, 35 sorotipos e a Glaesserella parasuis, 15 sorotipos. Atualizações recentes sobre o PCV2 mostram que variantes importantes associadas à doença clínica estão sendo identificadas como PCV2 a, b e d.

Parte desses agentes respiratórios compõe a microbiota do aparelho respiratório dos suínos, principalmente das vias aéreas superiores, e a presença deles não é sinônimo de problema. É necessário estabelecer o equilíbrio entre imunidade do plantel, ambiência, manejos e pressão de infecção dos agentes infecciosos.

Quando falamos em doença, estudamos o processo através da saúde à doença, buscando o entendimento de como o suíno interage com os agentes patogênicos e quais alterações vão ocorrendo, levando ao aparecimento dos sintomas clínicos.

Algumas dessas interações entre patógenos respiratórios já estão bastante esclarecidas, a exemplo do vírus da Influenza, que é imunossupressor, com a Glaesserella parasuis, principalmente na fase de creche, ou ainda a interação do Mycoplasma com a Pasteurella multocida. Também destaco o sinergismo entre os agentes primários, como o vírus da Influenza e o Mycoplasma.

Quando falamos em controle das doenças respiratórias, nós nos perguntamos o que não é negociável. Veterinários, suinocultores e equipes das granjas precisam buscar essa resposta e estarem engajados quanto ao cumprimento do que ficar estabelecido. É fundamental entender o problema para desenhar soluções. Os recursos precisam estar relacionados com as ações estratégicas estabelecidas, assim como os indicadores a serem atingidos.

Hoje podemos buscar as melhores práticas, frutos de muita pesquisa, que estão levando aos melhores resultados em diversas granjas. Destaco aqui algumas práticas que estão relacionadas com a melhora da saúde respiratória do plantel.

  • Entender o problema conhecendo os agentes patogênicos envolvidos

Diagnosticar os agentes etiológicos e caracterizar a doença.

  • Biossegurança

Programa robusto de biossegurança para barrar a entrada de doenças e limitar contaminações cruzadas.

  • Limitar o agrupamento de leitões de múltiplas origens

Fluxo de produção com o menor número de origens.

  • Saúde e imunidade do plantel adulto e de leitões

Fazer as reposições e imunizações das matrizes, aclimatando precocemente para Mycoplasma e preservando a microbiota da matriz visando uma boa transferência de imunidade e microbiota para os leitões. É vital para o sucesso o uso prudente de antibiótico em todas as fases.

  • Foco no colostro dos leitões

É fundamental investir em manejo de colostro para a leitegada.

  • Desmame com idade mais próxima de 28 dias, ao invés de 21 dias

Qualidade do leitão.

  • Programa de vacinação robusto

Identificar as vacinas necessárias e aplicar em 100% dos animais, no momento correto, na quantidade correta e no local correto.

  • Foco na adaptação do leitão na creche (quatro primeiros dias)

Visando a uma transição funcional entre as dietas com bom desenvolvimento das vilosidades e da microbiota intestinal.

  • Densidade das baias

Respeitar a densidade de animais por baia, com espaço de comedouros e fornecimento de água e ração adequados durante todas as fases dos suínos.

  • Variação de temperatura

Foco no conforto térmico dos animais, em todas as fases.

  • Bem-estar animal

Esse é um tema extenso, mas o coloco aqui porque animais expressando seu comportamento natural são mais saudáveis e rentáveis.

  • Medicar os animais que precisam de tratamento

Identificar precocemente os animais que precisam ser medicados e realizar o tratamento completo, com o medicamento correto, dosagem correta e tempo combinado.

Conclusões

Enfim, abordar as interações das doenças do complexo respiratório abre um diálogo para falarmos da saúde do complexo respiratório. Onde estamos e para onde queremos direcionar a produção? A microbiota funcional, a imunidade, o manejo e a ambiência que suportam o equilíbrio ecológico dos planteis resultam em melhor produtividade e rentabilidade da suinocultura.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola e da piscicultura acesse gratuitamente a edição digital Suínos e Peixes.

Fonte: OP Rural com Assessoria Zoetis

Suínos / Peixes

Levantamento da Acsurs estima quantidade de matrizes suínas no Rio Grande do Sul 

Resultado indica um aumento de 5% em comparação com o ano de 2023.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Com o objetivo de mapear melhor a produção suinícola, a Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs) realizou novamente o levantamento da quantidade de matrizes suínas no estado gaúcho.

As informações de suinocultores independentes, suinocultores independentes com parceria agropecuária entre produtores, cooperativas e agroindústrias foram coletadas pela equipe da entidade, que neste ano aperfeiçoou a metodologia de pesquisa.

Através do levantamento, estima-se que no Rio Grande do Sul existam 388.923 matrizes suínas em todos os sistemas de produção. Em comparação com o ano de 2023, o rebanho teve um aumento de 5%.

O presidente da entidade, Valdecir Luis Folador, analisa cenário de forma positiva, mesmo com a instabilidade no mercado registrada ainda no ano passado. “Em 2023, tivemos suinocultores independentes e cooperativas que encerraram suas produções. Apesar disso, a produção foi absorvida por outros sistemas e ampliada em outras regiões produtoras, principalmente nos municípios de Seberi, Três Passos, Frederico Westphalen e Santa Rosa”, explica.

O levantamento, assim como outros dados do setor coletados pela entidade, está disponível aqui.

Fonte: Assessoria Acsurs
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Suínos / Peixes

Preços maiores na primeira quinzena reduzem competitividade da carne suína

Impulso veio do típico aquecimento da demanda interna no período de recebimento de salários.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Os preços médios da carne suína no atacado da Grande São Paulo subiram comparando-se a primeira quinzena de abril com o mês anterior

Segundo pesquisadores do Cepea, o impulso veio do típico aquecimento da demanda interna no período de recebimento de salários.

Já para as proteínas concorrentes (bovina e de frango), o movimento foi de queda em igual comparativo. Como resultado, levantamento do Cepea apontou redução na competitividade da carne suína frente às substitutas.

Ressalta-se, contudo, que, neste começo de segunda quinzena, as vendas da proteína suína vêm diminuindo, enfraquecendo os valores.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos / Peixes

Pesquisadores adaptam técnica que acelera o crescimento do tambaqui

Por meio de um equipamento de pressão, é possível gerar um par a mais de cromossomos no peixe, gerando animais triploides e favorecendo o seu crescimento. Técnica foi adaptada de versões empregadas em criações de truta e salmão no exterior. Método gera animais inférteis, o que possibilita criações em regiões em que o tambaqui é exótico, uma vez que eventuais escapes não impactarão a fauna aquática local no longo prazo.

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Além do crescimento mais rápido e do peso maior do tambaqui, a esterilidade provocada pela técnica de produção de peixes triploides é uma vantagem para a disseminação da piscicultura nativa - Foto: Siglia Souza

A Embrapa Pesca e Aquicultura (TO) estuda uma técnica capaz de deixar o tambaqui (Colossoma macropomum) aproximadamente 20% maior e mais pesado. A técnica consiste em gerar, por meio de aplicação de pressão nos ovos fertilizados, peixes com três conjuntos de cromossomos (triploides) – em condições naturais são dois conjuntos – para deixar o peixe infértil. Com isso, ele cresce e engorda mais rápido do que em condições normais. A pesquisa faz parte da tese de doutorado de Aldessandro Costa do Amaral, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), sob a orientação da pesquisadora Fernanda Loureiro de Almeida O´Sullivan.

Além do crescimento mais rápido, a esterilidade provocada pela técnica de produção de peixes triploides é uma vantagem para a disseminação da piscicultura nativa. “Quando você tem um peixe estéril, abre a possibilidade de regularização de seu cultivo em uma região onde ele seja exótico”, ressalta a pesquisadora. Isso porque, em caso de escape para a natureza, os animais estéreis não ofereceriam risco de se reproduzir em regiões das quais eles não fazem parte como, por exemplo, a Bacia do Prata, no Pantanal. “Assim, você expande os locais em que a espécie pode ser cultivada, mediante a regularização da atividade”, destaca a cientista.

A tecnologia já é empregada no exterior em peixes como salmão e truta, e o maior desafio era adaptá-la para o tambaqui, a segunda espécie mais produzida no Brasil. “Nas pisciculturas de truta na Escócia, o peixe cultivado tem que ser obrigatoriamente triploide, para não desovar. Como essas espécies são criadas em gaiolas no mar, precisam ser estéreis para não se reproduzir, o que causaria uma contaminação genética na população natural. Por isso é uma obrigação que todos os peixes sejam triploides”, explica a pesquisadora, acrescentando que a técnica em si não é nova; a novidade está na aplicação em peixes nativos brasileiros. “É uma tecnologia antiga, relativamente simples e de grande efeito na aquicultura, que estamos adaptando para o tambaqui.”

Equipamento de pressão para a indução de poliploidia de cromossômica em peixes – Foto: Jefferson Christofoletti/Embrapa

Equipamento importado
A pesquisa faz parte do projeto Aquavitae, o maior consórcio científico já realizado para estudar a aquicultura no Atlântico e no interior dos continentes banhados por esse oceano. Por meio do Aquavitae, a Embrapa utilizou de 2019 até 2023, para os primeiros testes dessa técnica, um equipamento de pressão próprio para a indução de poliploidia de cromossômica em peixes. A empresa norueguesa Nofima cedeu o equipamento para os experimentos na Embrapa Pesca e Aquicultura. Trata-se de aparelho de grande porte que opera de forma automática, bastando regular a pressão e o tempo desejados. A máquina é inédita no Brasil. “O aparelho que mais se assemelha pertence à Universidade de Santa Catarina, porém, a aplicação da pressão é manual”, conta a pesquisadora.

Como é a técnica utilizada?
O´Sullivan explica que a pesquisa buscou definir três parâmetros cruciais para induzir à triploidia. Primeiro, o tempo após a fecundação do ovo em que se deve iniciar o choque de pressão. Depois, foi preciso definir a intensidade da pressão a ser aplicada para o tambaqui, e, por fim, a equipe teve que descobrir a duração ideal da pressão. “Tivemos que identificar esses três parâmetros para o tambaqui ao longo do projeto”, explica a cientista.

Para realizar a técnica, são utilizados um milhão de ovos recém fertilizados, que vão para a máquina de pressão. Em seguida ao choque de pressão, os ovos vão para as incubadoras comumente usadas e o manejo é igual à larvicultura tradicional e à alevinagem. A quantidade de ração também é a mesma por biomassa; apenas os peixes começam a crescer mais. A pesquisadora conta que o protocolo para obtenção de 100% de triploides levou cinco anos para ser alcançado, após vários testes-piloto.

À esquerda, animais convencionais e, à direita, peixes submetidos ao processo de indução de poliploidia. Ambos originários da mesma desova e de idades idênticas.

Em seis meses, 20% maior
Durante a pesquisa, que avaliou o ciclo de crescimento e engorda do tambaqui triploide durante seis meses, observou-se que o peixe ficou 20% maior e mais pesado que os irmãos que não tinham passado pelo choque de pressão (usados como controle). O próximo passo da pesquisa é fazer uma avaliação durante o ciclo completo de crescimento da espécie, que dura 12 meses. “Produzimos um novo lote de triploides que deixaremos crescer até chegarem a um quilo. Se o resultado for o mesmo que tivemos com o peixe de seis meses, eles vão chegar a um quilo em menos de 12 meses”, calcula a pesquisadora, acrescentando que também estão sendo avaliadas a sobrevivência larval e a ocorrência de deformidades nesses peixes.

Outra característica que preocupa os pesquisadores são as consequências da triploidia no sistema imunológico destes peixes. Resultados preliminares indicam que o tambaqui triploide pode ter uma resistência reduzida a condições desafiadoras, como alteração da temperatura da água. Por isso, segundo a pesquisadora, antes que a tecnologia seja repassada para o setor produtivo, serão realizados estudos para a validação completa da técnica de produção de tambaquis triploides. “O primeiro passo era conseguir obter um protocolo que nos desse 100% de triploidia em tambaqui. Ficamos muito felizes e esperançosos de termos alcançado esse objetivo. Agora, outros estudos vão avaliar as vantagens e possíveis desvantagens dessa técnica na produção da espécie”, conclui Fernanda O’Sullivan.

Produção de tilápia usa outra técnica
Embora a infertilidade dos peixes seja uma vantagem para o crescimento do animal e para a expansão a novas regiões de produção, a triploidia não é indicada para a tilápia (Oreochromis niloticus), a espécie mais produzida no Brasil. Segundo a pesquisadora, há para a tilápia uma técnica mais econômica, que promove a criação do monosexo do macho pelo tratamento com hormônio para esse fim.

“A tilápia também tem protocolo de triploidia desde 1980, mas não estão mais usando, pois fica mais barato fazer a masculinização pela ração”, ressalta O´Sullivan. Ao contrário do tambaqui, em que as fêmeas são maiores do que os machos, na tilápia, os machos é que são maiores. Assim, foram desenvolvidas técnicas para masculinizar as larvas da tilápia. Ainda, para se fazer a triploidia, os ovos devem ser fertilizados in vitro, ou seja, artificialmente. E a produção de larvas de tilápias hoje se baseia na reprodução natural dos casais e coletas dos ovos já em desenvolvimento.

No caso da criação de monosexo da tilápia, quando os alevinos começam a comer, é oferecida ração com metiltestosterona. Isso faz com que todos os peixes se tornem machos. Com a produção exclusiva de machos, além de acelerar o crescimento, evita-se problemas de reprodução desenfreada da espécie, que é exótica no Brasil.

A pesquisadora ressalta que a técnica do monosexo nada tem a ver com a triploidia. “A técnica empregada no peixe triploide está ligada ao crescimento e à esterilidade. A esterilidade é muito importante, porque é uma característica que o monosexo não tem. Os peixes são do mesmo sexo, porém são férteis”. Ela conta que a Embrapa já está pesquisando produzir monosexo de tambaqui feminino, também pelo uso da ração – no caso, acrescida de estradiol.

Fonte: Assessoria Embrapa Pesca e Aquicultura
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