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Intensificar e diversificar ao mesmo tempo é aumentar a eficiência agrícola

Com a diversidade funcional, aumenta-se a microbiologia do solo, a produção de fitomassa, o aporte de exposição, o que resulta em aumento na produtividade.

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Foto: José Fernando Ogura

Durante o 2º Simpósio de Sistemas Intensivos de Produção (II SIP), realizado na última semana em Campo Grande (MS), o Painel “Importância agronômica e econômica da diversificação dos cultivos nos sistemas de produção”, moderado pelo pesquisador Rodrigo Arroyo Garcia, da Embrapa Agropecuária Oeste, trouxe reflexões sobre a produção agropecuária nacional.

Professor da Universidade Federal de Rondonópolis, Edicarlos Damasceno de Souza: “Sistemas de produção devem ser economicamente viáveis, mas também precisam promover benefícios ecossistêmicos” – Fotos: Rodrigo Alva

A palestra inicial foi do professor Edicarlos Damasceno de Souza, da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR), com o tema “Rotação e diversificação de culturas como estratégia de intensificação e sustentabilidade”. “Sistemas de produção devem ser economicamente viáveis, mas também precisam promover benefícios ecossistêmicos. Entendemos o que é intensificar o sistema de produção sem deixar de melhorar a saúde do solo. Temos visto que há relação entre melhorar a qualidade do solo e o rendimento dos cultivos”, afirmou.

O professor faz parte da Aliança Sistemas Integrados de Produção Agropecuária (Aliança SIPA) que tem como objetivo gerar sistemas inteligentes de produção, formados pelas Universidades Federais do Rio Grande do Sul, Paraná e Rondonópolis, além de parceiros da iniciativa privada “Temos experimentos de pesquisa de longa duração com mais de 30 anos de produção, publicada em revistas de alto impacto”, garante Damasceno.

Ele lembrou que, em 2050, o planeta terá 10 bilhões de pessoas e será necessário em torno de 56% a mais de produção de alimentos. O desafio é aumentar a produção, experimentar a pressão por abertura de novas áreas. “Também precisamos reduzir em 50% a emissão dos gases de efeito estuga (GEE) e mitigar o que já foi emitido. Por isso, é importante utilizar e criar sistemas de produção mais intensivos e com serviços ecossistêmicos”.

Uma das alternativas para que isso efetivamente aconteça é sair da especialização que é a monocultura. “Na diversificação, estamos ampliando, recuperando algumas funcionalidades que os sistemas naturais oferecem, como ciclagem e reciclagem de nutrientes”, afirmou Damasceno. Na comparação feita pelo professor, ele mostra que o arroz em plantio convencional pode produzir 547 kg/ha de proteína consumível; já na área que houve plantio de arroz-soja-azevém a produtividade foi de 913 kg/ha.

Intensificar e diversificar ao mesmo tempo é aumentar a eficiência agrícola, utilizando técnicas e tecnologias inovadoras para suprir a demanda por alimentos e garantir segurança alimentar, por meio de processos levem o sistema a um estado de diversidade funcional. “Aumentar a diversidade do sistema não é necessariamente ter um maior número de espécies, porque várias espécies podem ter a mesma funcionalidade ecossistêmica e, desta forma, não existe diversidade funcional”, ponderou.

Para entender, ele deu os exemplos do consórcio braquiária + milho + aveia que são três gramas com funcionalidades semelhantes, ou seja, não há diversidade funcional. Já o consórcio entre braquiárias, girassol e nabo são plantas de famílias diferentes, sistemas radiculares e funcionalidades diferentes, tendo como resultado o aumento da diversidade florística e funcional do sistema de produção.

Ele citou ainda o consórcio de braquiária, girassol, trigo mourisco, nabo, feijão-caupi bovino integrado como um nível excelente de diversificação, “porque, além da diversidade de plantas, coloca-se outro elemento que é o gado”. As raízes de gramíneas, na camada superficial, aumentam e se aprofundam três vezes mais na condição pastejada, porque o animal estimula o perfilho e o enraizamento maior intensifica a atividade microbiana. Em números, o resultado são 4,5t MS/ha em área com pastejo e sem pastejo, 1,5t MS/ha.

Com a diversidade funcional, aumenta-se a microbiologia do solo, a produção de fitomassa, o aporte de exposição, o que resulta em aumento na produtividade. “Nossa agricultura já foi baseada em insumos. Temos que trabalhar mais em processos aliados aos insumos”, finaliza Damasceno.

Pesquisador da Raízes Consultoria Agrícola, Leandro Zancanaro: “As culturas alteram a capacidade do solo produtivo”

Leandro Zancanaro, pesquisador da Raízes Consultoria Agrícola, ministrou a palestra “Rotação de culturas e diversificação para a estabilidade do sistema de produção”. A análise de solos é muito importante em sistema diversificado, mas por si só não reflete a capacidade do solo produzido. “As culturas alteram a capacidade do solo produtivo. Às vezes, a análise de solo é próxima, mas têm produtividades diferentes”, disse Zancanaro.

A produtividade em um experimento após 11 anos foi 65 sc/ha de soja (pousio), 91 sc/ha (soja-milheto), 97 sc/ha (soja/braquiária, soja/milho e soja/crotalária). Em áreas diversificadas, a atividade enzimática, a qualidade microbiana é mais intensa. Em anos menos chuvosos, a diversificação proporciona mais estabilidade. A sequência de culturas ao longo do tempo também é a melhor estratégia para reduzir a disseminação de nematóides. “A diversificação não pode ser esporádica, o sistema tem que ser cíclico e planejado”, alerta Zancarano.

Alexandre Cunha, pesquisador da Embrapa Algodão, enfatizou que a intensificação ocorre cada vez mais, mas não significa diversificação. Ainda falta muito para sermos um sistema diversificado. Sua palestra foi sobre a “Diversificação de cultivos em sistemas de produção de algodão”.

Lembrou que, antigamente, a cultura do algodoeiro estava em um sistema com revolução e sem palha. Depois, os produziram a realizar a sucessão soja-milho, assim como soja-algodão. “É um sistema intensivo, mas não diversificado. Muitas vezes, o produtor acha que faz Sistema Plantio Direto (SPD) só porque ficou sem revólver o solo dois anos seguidos, mas gira no terceiro ano. Isso não é SPD”. A partir do momento que tem diversidade e tem SPD, já é possível melhorar o estoque de carbono no solo e, com isso, atender a política pública brasileira”, alertou Cunha.

Pesquisador da Embrapa Algodão, Alexandre Cunha: “Não tem como aumentar o carbono no solo se não houver aporte de palha, de matéria orgânica no solo”

No algodão, pode-se trabalhar com culturas de serviço ambiental, como sorgo, milheto, crotalária e estilosantes. A diversificação com plantas de cobertura fornece aporte de palha (semeadura direta) e produção de raízes (proteção e melhoria do solo). “Não tem como aumentar o carbono no solo se não houver aporte de palha, de matéria orgânica no solo. Em nosso ambiente tropical, a perda do carbono e do material vegetal é alta e rápida”, declara o pesquisador.

Monocultivo, sucessão de culturas, com resultado de baixo aporte de palha e revolução do solo são os problemas atuais. Mas o produtor não precisa abrir mão do algodão e da soja. A recomendação é que se faça a diversificação com outras culturas em alguns talhões “e comece a transformar o discurso em prática. O agricultor tem que perceber que vai ter benefícios com a diversificação por aumentar biomassa, carbono, estabilidade produtiva, estruturação do solo, retenção de água e biodiversidade”, garante Cunha.

O Sistema Plantio Direto em área de algodão resultou de 10,5@ a 16@ de fibra a mais quando comparado ao convencional, além de 10 sacas de soja a mais no SPD. Na safra 2019/2020, o algodão obteve 341@/ha em área sem diversificação e 401@/ha com diversificação, na mesma área experimental, com repetição, mesmo período de semeadura e mesma cultivar. “O SPD do algodoeiro resulta em maior segurança produtiva, principalmente em períodos de veranicos, com redução de arranhões e possui maior eficiência das adubações, sobretudo potássio”, informou o pesquisador da Embrapa Algodão.

Engenheiro agrônomo da Associação Baiana dos Produtores de Algodão, Luis Carlos Bergamaschi: “Temos que descobrir a melhor variedade, melhor época e população ideal da cultura – pode ser de soja, de milho ou de algodão”

Luis Carlos Bergamaschi, engenheiro agrônomo da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), disse que os produtores na Bahia têm obtido bons resultados com o Sistema Plantio Direto quando envolvem milho com braquiária e plantio direto de algodão. “Viabiliza o plantio. É plantar rápido e ser eficiente. Eu acredito neste sistema. É o básico e temos entregado milho, algodão e soja”, garantiu.

Outra vantagem, do SPD, garantida por Bergamaschi, com soja em sucessão, soja-braquiária ruziziensis é que se diminui o risco de fogo no período seco e melhora-se o manejo de plantas daninhas. Os problemas com plantas daninhas, como buva e capim-amargoso, também têm sido solucionados com o uso da braquiária.

Na sucessão de culturas em áreas que não conseguem usar o milho, ele indica o uso do milho e do sorgo. “Temos que descobrir a melhor variedade, melhor época e população ideal da cultura (pode ser de soja, de milho ou de algodão). Precisamos alinhar os outros conhecimentos fitotécnicos à diversificação e novas pesquisas. É bom para nós, para a agricultura brasileira, para toda a sociedade”, finalizou Bergamaschi.

Fonte: Embrapa Agropecuária Oeste

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Inscrições para trabalho científico no Siavs terminam dia 31 de maio

Mérito ABPA de Pesquisa Aplicável leva pesquisador para experiência internacional; edição deste ano é exclusiva para estudantes de graduação e pós graduação.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Termina no dia 31 de maio o prazo para as inscrições de pesquisa no Mérito ABPA de Pesquisa Aplicável, ação promovida pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) durante o Salão Internacional de Proteína Animal (Siavs), que acontecerá entre os dias 06 a 08 de agosto no Distrito Anhembi, em São Paulo (SP).

A edição deste ano é exclusiva para estudantes de graduação e pós-graduação vinculados a universidades do Brasil.

Poderão ser inscritos trabalhos relacionados às seguintes áreas: Produção, Manejo e Ambiência; Nutrição; Tecnologia, Processos e Saúde Pública; Sanidade; e Sustentabilidade Ambiental da avicultura, da suinocultura, da bovinocultura de corte e de peixes de cultivo.

Os trabalhos serão avaliados por uma comissão julgadora constituída por acadêmicos e técnicos da cadeia agroindustrial, de acordo com critérios como a aplicabilidade na cadeia produtiva e outros pontos.

Como reconhecimento pela dedicação e excelência do esforço realizado, o melhor trabalho receberá passagem e hospedagem para participar de ação internacional organizada pela ABPA em uma das maiores feiras de alimentos do planeta – Gulfood (Emirados Árabes Unidos) ou SIAL Paris (França), conforme a escolha do pesquisador. Os autores principais do segundo e do terceiro melhores serão agraciados com mimos, como incentivo à continuidade da pesquisa e estudos científicos.

Serão aceitos trabalhos inscritos até o dia 31 de maio. Para participar, é preciso estar inscrito na programação de palestras do Siavs. As regras para submissão e apresentação de trabalhos e outras informações estão disponíveis aqui.

Sobre o Siavs

O Siavs 2024 é a maior feira das cadeias produtivas de proteína animal, que acontecerá entre os dias 06 e 08 de agosto deste ano no novíssimo Distrito Anhembi – o mais novo e moderno espaço de exposições de São Paulo (SP).

Reunindo centenas de empresas no pavilhão localizado ao lado da Marginal Tietê, o Siavs será o palco de diversos lançamentos de novas tecnologias para a cadeia produtiva ao longo de seus três dias de exposições.

Mais de 200 empresas já confirmaram participação nos mais de 25 mil metros quadrados de área de exposição do evento.

Além disso, uma ampla programação de palestras deverá ser divulgada nos próximos dias, reunindo especialistas das cadeias de proteína animal do Brasil e de diversos países.

Saiba mais pelo site www.siavs.com.br.

Fonte: Assessoria Siavs
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Pesquisa para atualização dos números da safra brasileira de grãos inicia nesta semana

Pesquisa será realizada em todos os estados produtores, com saídas de campo em Mato Grosso, Pará, Bahia, Tocantins, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Piauí e Maranhão.

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Foto:: Fernando Dias

Técnicos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estão em campo nesta semana para coletar as informações que deverão compor o 9º Levantamento da Safra de Grãos 2023/2024. A pesquisa será realizada em todos os estados produtores, com saídas de campo em Mato Grosso, Pará, Bahia, Tocantins, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Piauí e Maranhão.

O levantamento também é feito remotamente, junto a agentes colaboradores ligados ao setor em cada estado, como produtores, cooperativas, entidades de assistência técnica, públicas e privadas, empresas de venda de insumos, comercialização, entre outros. Além das pesquisas subjetivas, a Conab utiliza o georreferenciamento das lavouras para auxiliar nas análises de produtividade e dimensionar a área.

Neste levantamento, monitora-se as principais culturas, pois as lavouras de primeira safra estão quase todas colhidas, mas a Conab observa os resultados finais desses grãos. As lavouras de segunda safra iniciam a fase final do ciclo, com algumas entrando em colheita. Por fim, as culturas de terceira safra e inverno estão com a semeadura e definição de áreas sendo estabelecidas neste momento.

No caso do Rio Grande do Sul, a Conab está monitorando as condições das lavouras no estado de forma remota, contatando agentes colaboradores e também com o auxílio do georreferenciamento para estimar a safra na região. Os números atualizados do 9º Levantamento da Safra de Grãos 2023/2024, com o resultado da produção em todo o país, serão divulgados no dia 13 de junho.

Fonte: Assessoria Conab
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Ministério da Agricultura e Pecuária institui grupo de trabalho para avançar na rastreabilidade de bovinos e bubalinos

Rastreabilidade é um sistema que permite acompanhar o histórico, a localização ou a trajetória de um item por meio de identificações registradas.

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Foto: Tony Oliveira

ASecretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) avança em medidas para controlar a rastreabilidade de bovinos e bubalinos. Por meio da Portaria nº 1.113, publicada no Diário Oficial da União (DOU), foi instituído Grupo de Trabalho para elaboração do plano estratégico para implementar política pública de rastreabilidade individual de bovinos e bubalinos. A rastreabilidade é um sistema que permite acompanhar o histórico, a localização ou a trajetória de um item por meio de identificações registradas.

O secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart, reforça a importância do tema. “É uma questão que está sendo cobrada do Brasil há muito tempo por parte dos países compradores. A rastreabilidade melhora nossa capacidade de controle nos programas de saúde animal, melhora nosso enfrentamento de questões de surtos episódicos e o nosso perfil de compromisso com os requisitos de países importadores”, detalhou Goulart.

O GT será formado por representantes dos setores público e privado e tem prazo de 60 dias para debater, colher subsídios e elaborar o plano estratégico para a implementação da política publica de rastreabilidade individual de bovinos e bubalinos.

Segundo Goulart, o debate sobre rastreabilidade é antigo, envolve muitas partes, e embora alguns consensos venham se formando ainda falta resolver questões fundamentais. Dentre elas, em que momento da vida do animal ele passará a ser rastreado; se o rastreamento será compulsório ou voluntário, para todos os criadores ou apenas para parte deles; como que será feita a rastreabilidade; e quais serão os mecanismos de rastreabilidade.

Grupo de trabalho

Os representantes do grupo serão indicados pelos titulares das entidades representadas e designados pelo secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart. Após a publicação da portaria, as empresas terão até o dia 21 de maio para designar seus representantes titulares e suplentes.

O Grupo será composto por representantes da Secretaria de Defesa Agropecuária; do Departamento de Saúde Animal da SDA; do Fórum Nacional dos Executores de Sanidade Agropecuária; da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil; da Associação Brasileira das Empresas de Certificação por Auditoria e Rastreabilidade; da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes; de Frigoríficos; de Lacticínios; de Reciclagem Animal; dos Exportadores de Gado; de Animais Vivos; do Centro das Indústrias de Couro do Brasil e da Mesa Brasileira de Pecuária Sustentável.

O representante da Secretaria de Defesa Agropecuária será o coordenador do trabalho, podendo convidar representantes de outros órgãos, entidades da administração pública federal e privadas e especialistas para participarem das reuniões. Em um primeiro momento terá um representante da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), como convidado.

A participação no Grupo será considerada um serviço público relevante e não será remunerada. As reuniões serão presenciais e virtuais, em periodicidade definida por seus membros. Os trabalhos deverão ser finalizados em 60 dias, contados a partir do início da execução podendo ser prorrogado por igual período.

Fonte: Assessoria Mapa
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