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Inteligência artificial vai otimizar a produção animal, sustenta Arthur Igreja durante InovaMeat 2023
Conforme o palestrante, o setor agropecuário tem sido um dos mais ativos na adoção de tecnologias.
“Inteligência artificial não é modinha, não é metaverso, nem google glass. IA é uma grande oportunidade para deixar o setor de produção animal cada vez mais produtivo”, a afirmação é do renomado palestrante, Arthur Igreja, que foi o responsável por proferir a palestra magna da 2ª edição do InovaMeat, promovido em Toledo, PR, em meados de abril. Durante a apresentação, o preletor deixou bastante claro a importância de acompanhar as tendências visando utilizar o que realmente é útil e proveitoso, destacando que o agronegócio é o setor que mais utiliza a internet das coisas e pode beneficiar-se muito do uso da IA para otimizar processos, aumentar eficiência e produtividade, contribuindo para reduzir custos e mitigar riscos.
Arthur iniciou a exposição fazendo um apanhado sobre inteligência artificial informando que ela vem sendo construída desde 1956. “Muitos pensam que a IA iniciou ontem, entretanto, o termo inteligência artificial foi utilizado em 1956, durante a Conferência de Dartmouth, nos EUA, sendo que é a partir de 2005 que podemos acompanhar uma evolução cada vez mais rápida. Desta maneira, o que eu quero chamar atenção é que a IA vem sendo arquitetada e aprimorada há bastante tempo e ela não precisa causar temores nas pessoas, em especial ao produtor rural, pelo contrário, ela veio para somar, sendo uma excelente oportunidade para melhorar a produtividade no setor de produção animal”, comentou.
O profissional discorreu sobre as oportunidades que a inovação agrega para a melhora da produtividade, destacando que a evolução da IA, principalmente nos últimos anos, tem tornado essa tecnologia mais acessível, possibilitando sua utilização de forma mais ampla no campo. “Eu sempre digo que para entender o futuro é preciso conhecer o passado e observando as tecnologias que realmente vieram para somar e não foram apenas modinhas passageiras estão aquelas que são simples e que suprem demandas e necessidades concretas das pessoas, sendo acessíveis e práticas. É por tudo isso que eu percebo que o agronegócio vive um ótimo momento e que aqueles que souberem inovar e apropriar-se destas práticas serão muito bem sucedidos”, afirmou.
O setor agropecuário tem sido um dos mais ativos na adoção de tecnologias. Uma grande prova disso são as inúmeras inteligências que foram desenvolvidas para as cidades, mas que viabilizaram-se no campo. “É o caso dos carros autônomos que ainda não são eficientes nas cidades, por outro lado, os tratores autônomos estão se destacando no campo, pois encontram lá um ambiente mais fácil de ser viabilizado, pois a área rural é um ambiente muito mais fácil de ser controlado, o que está possibilitando a utilização desta ferramenta. Esse é só um exemplo, mas existem muitas possibilidades que podem ser utilizadas pelo homem do campo”, defendeu.
Desafios
Arthur também falou sobre os desafios que a IA pode ajudar a superar. “O principal é auxiliar a melhorar a gestão das propriedades, bem como promover uma sucessão familiar eficiente, já que muitas pessoas desejam entrar para o campo, mas também, muitos filhos de produtores pretendem deixar este ramo. Alguns por conta da cultura de que viver e trabalhar na área rural é difícil, outros por desejarem escolher seus próprios caminhos, etc. O fato é que muitos desafios existem e a IA pode ajudar a superá-los”, opinou.
Tendências
Arthur apresentou o dado de que hoje existem mais de 13 milhões de propriedades rurais que não possuem internet no país. Mas, segundo ele, esse cenário deve mudar muito em breve com a chegada dos satélites, como o Starlink que está sendo ampliado pela empresa SpaceX, com o objetivo do de fornecer serviços de internet de alta velocidade em áreas remotas e rurais, onde a conectividade é limitada ou inexistente. “A SpaceX planeja lançar cerca de 12 mil satélites Starlink até 2027, com a possibilidade de adicionar mais 30 mil no futuro, ou seja, estamos há 4 anos de termos o mundo transformado em uma grande Wi-Fi. Talvez o investimento financeiro do produtor seja uma quantia bastante expressiva, porém também precisamos concordar que seja necessário e que este investimento terá um retorno depois”, destacou.
Por outro lado, o palestrante também chamou a atenção para as inúmeras ferramentas, como a internet das coisas, que já são utilizadas nas propriedades rurais e que não necessitam usar internet o tempo todo. “Eu acho interessante que muitas pessoas pensam que o agronegócio é ‘atrasado’, contudo, este pensamento está muito errado, porque o setor do agro adota muitas tecnologias que foram projetadas para a cidade e também muitas tecnologias que podem ser executadas de forma off-line. Eu afirmo para vocês que existe mais internet das coisas no campo do que na casa das pessoas”, observou.
Hidrogênio verde
Arthur também elencou algumas oportunidades que o Brasil possui como ser autossuficiente na produção de fertilizantes e defensivos agrícolas. “Já temos relatos de empresas que estão utilizando a IA para desenvolver novas formulações de fertilizantes e defensivos agrícolas. Com a guerra na Ucrânia vimos como somos dependentes de outros países, porém este cenário pode mudar, pois temos expertise para isso. Acredito que o Brasil tem potencial para ser autossuficiente na produção de fertilizantes e defensivos agrícolas, bem como tornar-se um exportador destes produtos. Quando falamos em hidrogênio verde, temos que refletir que o nosso país tem um potencial enorme para consagrar-se como o maior produtor de hidrogênio verde do mundo”, argumentou.
Para finalizar, ele apontou o caso de do ChatGPT, a IA que levou 5 dias para alcançar a marca de 1 milhão de usuários, enquanto a Netflix demorou 3 meses e meio e o Instragram 2 meses e meio. “Eu atribuo este feito à acessibilidade e a possibilidade de usar as novas tecnologias no cotidiano, de forma simples e intuitiva. É por isso que eu acredito que esta ferramenta conseguiu este grande sucesso. E o que ela ensina para o produtor rural? Ela mostra que a tecnologia é apenas um pré-requisito de negócio que pode deixar as empresas mais ágeis e eficientes, mas que ainda precisa de pessoas que não vão ficar com medo de usar, mas que serão capazes de testar e reter aquilo que é benéfico para o negócio. Eu acredito no uso intensivo de dados e inteligência artificial na produção de proteína animal, bem como no grande impacto prático que será a dádiva da produtividade. Meu conselho final é: use a IA e transforme seu negócio”, finalizou.
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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo
Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024
No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.
Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.
“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.
Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.
“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.
Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.
As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.
Mudanças estabelecidas
Prazos
Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.
O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.
Desburocratização da declaração
A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.
A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado
Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.
Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.
A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.
Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.
A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.
Ameaças sanitárias e os impactos para a economia
No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.
A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul
Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.
O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.
A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.
Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.
Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.
“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.
O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.
Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.
Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.
Veja aqui o vídeo do presidente.