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Inteligência artificial analisa temperatura das folhas para identificar necessidade de água

Tecnologia utiliza como base o balanço de energia das folhas e pode contribuir para a tomada de decisões mais precisas no manejo da irrigação.

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Fotos: Otto Souza

Um dispositivo autônomo de baixo custo para o sensoriamento do estresse hídrico das plantas foi desenvolvido pela Embrapa Agroindústria Tropical (CE). A tecnologia utiliza como base o balanço de energia das folhas e pode contribuir para a tomada de decisões mais precisas e assertivas no manejo de irrigação. Parceria entre a Embrapa, a Universidade Federal do Ceará (UFC), o Laboratório de Inovação Tecnológica e Experimentação Científica Instituto Atlântico (Litec) e a empresa cearense 3V3 Tecnologia irá desenvolver uma versão comercial nos próximos anos.

O pesquisador da Embrapa Cláudio Carvalho conta que a tecnologia usa ferramentas de inteligência artificial (IA) no controle das informações coletadas no sensoriamento. Embora os efeitos da deficiência de água sobre o balanço energético dos tecidos das folhas sejam conhecidos, Carvalho declara que o uso de IA para a identificação de padrões e para o controle de irrigação é inédito.

Para o engenheiro da computação e mestrando do programa de Pós-Graduação de Engenharia de Teleinformática da UFC Otto Sousa, responsável pelo acompanhamento e desenvolvimento das competências informacionais da tecnologia, o dispositivo fornece a possibilidade de criar equipamentos que tenham custos mais acessíveis aos médios e pequenos produtores agrícolas no manejo de irrigação das culturas. “Os dispositivos existentes são muito caros, uma vez que a indústria brasileira importa quase tudo que envolva equipamentos eletrônicos. Com isso, podemos pensar na máxima de que, se vamos precisar importar alguma coisa, vamos construir algo eficiente, mas com os componentes eletrônicos mais baratos possíveis”, complementa Sousa.

Água é recurso fundamental
Na agricultura, a água é um recurso crucial, influenciando significativamente a saudabilidade e o rendimento das plantas. Condições como a falta de água no solo, aspectos climáticos desfavoráveis ou mesmo práticas agrícolas inadequadas podem gerar estresse hídrico.

O investimento em tecnologias de sensoriamento fornece uma solução automatizada para a gestão dos recursos hídricos, reduzindo custos, diminuindo os impactos ambientais associados ao desperdício de água e, principalmente, evitando os danos decorrentes do déficit hídrico.

Sistema de sensoriamento
O sistema de sensoriamento desenvolvido é composto por três dispositivos: sensor de temperatura das folhas, psicrômetro aspirado e piranômetro. O sensor de temperatura das folhas é composto por termistores de encapsulamento em vidro anexados na superfície das folhas e conectados a um sistema coletor de dados. O sistema coletor utiliza a equação de Steinhart-Hart para calcular a temperatura das folhas em relação à temperatura do ar e à umidade. Nesses dispositivos, as leituras de temperatura são realizadas a cada minuto e os dados enviados, imediatamente após a coleta, ao servidor de dados utilizado. A transmissão é feita via LoRa, protocolo de radiofrequência de baixo consumo de energia.

O psicrômetro aspirado, por sua vez, coleta dados de temperatura e umidade do ar, adiciona um carimbo de tempo a cada leitura e envia esse conjunto de informações também para o servidor de dados. Por fim, o piranômetro verifica o índice de radiação solar sobre as plantas. Por se tratar de um sensor que fornece informações em forma de sinais analógicos, os pesquisadores desenvolveram um circuito de conversão analógico-digital que recebe as informações do piranômetro e as converte para a forma digital. Os valores convertidos são enviados via Wi-Fi para o servidor.

Com o conhecimento de informações de temperatura, umidade do ar e incidência de radiação solar, o sistema avalia e determina as necessidades hídricas das plantas. Em caso de identificação de necessidade hídrica, o sistema aciona automaticamente dispositivos de irrigação.

Experimento
Para validação da tecnologia em campo, a pesquisa conduziu o cultivo experimental de plantas de milho da variedade BRS Gorutuba, fornecidas pela Embrapa Milho e Sorgo (MG) e Embrapa Tabuleiros Costeiros (SE).

Foram cultivadas 40 mudas de milho em vasos, contendo solo peneirado retirado da Estação Experimental de Pacajus, no interior do Ceará, e casca de coco. A irrigação automática por gotejo forneceu 100 mL de água por minuto.

O arranjo foi instalado dentro de uma casa de vegetação aberta lateralmente e coberta por um filme plástico transparente comercial que evitava 100% da incidência de chuvas, mas diminuía, em cerca de 5% a 10%, a radiação solar incidente, monitorada a cada minuto usando o piranômetro.

O experimento teve início com a plantação de quatro sementes de milho por vaso e, durante o período de germinação, todos os vasos foram hidratados diariamente sem atingir o ponto de saturação hídrica do solo. Houve também a aplicação de adubo líquido. Após a germinação, as plantas mais robustas foram selecionadas.

Em seguida, foram dispostos os sensores de temperatura, os psicrômetros e os piranômetros, e os dados passaram a ser monitorados. Os resultados obtidos no experimento demonstraram que o dispositivo construído para monitorar a temperatura das folhas viabilizou a percepção entre os estados de boa hidratação e de déficit hídrico da cultura.

 Próximo passo: chegar ao mercado
De acordo com a professora Atslands Rego da Rocha, do Departamento de Engenharia de Teleinformática (Deti) da Universidade Federal do Ceará (UFC), as perspectivas são que o dispositivo e sua base de IA cheguem ao campo em até dois anos. “Estamos construindo a versão 2.0 do hardware e aumentando o banco de dados para a modelagem usando as ferramentas de IA. As perspectivas apontam para uma solução interessante já em alguns meses. Porém a comercialização plena só se dará em mais algum tempo”, explica.

Há uma parceria ainda informal mas já em ação que envolve a Embrapa Agroindústria Tropical, a UFC, o Laboratório de Inovação Tecnológica e Experimentação Científica Instituto Atlântico (Litec) e a empresa cearense 3V3 Tecnologia, especializada no desenvolvimento de soluções tecnológicas para a agricultura irrigada.

Estudo premiado
Durante o 44º Congresso da Sociedade Brasileira de Computação, ocorrido em julho, em Brasília (DF), o estudo foi apresentado no Workshop de Computação Aplicada à Gestão do Meio Ambiente e Recursos Naturais (WCAMA). A mostra garantiu ao trabalho o prêmio na categoria “Best Paper”.

A pesquisa foi realizada por Otto Sousa, Guilherme Alves e Atslands Rocha, do Departamento de Engenharia em Teleinformática da Universidade Federal do Ceará, sob coorientação do pesquisador Cláudio Carvalho, da Embrapa Agroindústria Tropical.

Para mais informações, acesse o estudo “Aplicação de sensores de baixo custo no suporte a tomada de decisão em irrigação de precisão”.

Fonte: Assessoria Embrapa Agroindústria Tropical

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Sucessão familiar no agro: como atrair os jovens para o campo?

É fundamental que os jovens vejam o campo como um espaço onde tradição e inovação se complementam e coexistem de forma harmoniosa.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A sucessão familiar no agronegócio tem se tornado um dos grandes desafios para o setor rural, especialmente em um contexto em que os jovens estão cada vez mais imersos em tecnologia e afastados das práticas tradicionais da agricultura. Esse distanciamento ameaça a continuidade das atividades no campo, principalmente em regiões onde o trabalho artesanal, como a delicada colheita de grãos de café, ainda desempenha um papel fundamental para a economia local e a preservação da cultura agrícola.

O grande desafio está em demonstrar que o trabalho rural pode ser sinônimo de oportunidades, crescimento pessoal e profissional, desde que haja um equilíbrio entre inovação tecnológica e respeito aos métodos tradicionais.

Para garantir a continuidade das propriedades rurais e a manutenção da produção, é essencial adotar estratégias que tornem o campo mais atraente para as novas gerações. Investir em tecnologia e inovação é um dos principais caminhos, pois permite modernizar as atividades agrícolas, tornando-as mais eficientes e rentáveis. Além disso, a introdução de práticas sustentáveis e a adoção de modelos de gestão mais profissionalizados podem despertar o interesse dos jovens que buscam alinhamento com causas ambientais e sociais.

Outro fator crucial é a educação e capacitação voltadas para o agronegócio. Oferecer programas de treinamento e especialização em áreas como agroecologia, gestão rural e empreendedorismo pode preparar melhor os jovens para assumir a liderança das propriedades familiares. Incentivos governamentais, como acesso a crédito e políticas de apoio à agricultura familiar, também são fundamentais para facilitar essa transição. Criar um ambiente onde os jovens se sintam valorizados e capazes de inovar é essencial para garantir a sucessão familiar e a sustentabilidade do setor agrícola a longo prazo.

É fundamental que os jovens vejam o campo como um espaço onde tradição e inovação se complementam e coexistem de forma harmoniosa. Integrar tecnologias modernas às práticas agrícolas tradicionais pode não apenas preservar o legado familiar, mas também abrir novas oportunidades de crescimento e desenvolvimento sustentável no setor rural.

Fonte: Por Bruno Sampaio, gestor do Bmg Agro e do Guima Café
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A importância da pesquisa agropecuária

A pesquisa para gerar conhecimento que fundamenta as novas tecnologias; de outro, a aquisição dessas tecnologias para aplicação na produção.

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Presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC), Vanir Zanatta - Foto: Divulgação/MB Comunicação

O acelerado desenvolvimento do setor primário da economia, nas últimas décadas, resultou dos avanços da pesquisa científica na esfera da Embrapa, das Universidades, dos centos de pesquisa privados e dos grandes grupos da indústria da alimentação. De um lado, a pesquisa para gerar conhecimento que fundamenta as novas tecnologias; de outro, a aquisição dessas tecnologias para aplicação na produção.

Apesar disso, ainda é necessário fomentar a pesquisa agropecuária brasileira para turbinar os níveis de investimento público em patamares equivalentes aos dos principais concorrentes do Brasil no mercado mundial. O caminho natural é a Embrapa, capitaneando uma cadeia de pesquisa, que envolve as Universidades e outros centros de pesquisa. A ideia é fortalecer as ferramentas de gestão de órgãos públicos e estimular as parcerias público-privadas, inclusive com cooperativas agropecuárias, com o fomento de estudos que efetivamente contribuam para o maior desenvolvimento, sustentabilidade e competitividade do setor agropecuário. Essa integração pode facilitar a captação de investimentos na geração de inovações de alto impacto para o enfrentamento dos desafios do agro brasileiro.

Em Santa Catarina, por exemplo, que se destaca no incremento da produção de leite, esse reforço na pesquisa poderia começar com a instalação de um núcleo de pesquisas voltadas ao gado leiteiro, com ênfase para forrageiras. Nas pequenas unidades de produção a atividade proporciona importante fonte de renda para as famílias rurais. A atividade exibe notável desenvolvimento técnico da produção, especialmente da genética e sanidade.

Quinto produtor nacional, o setor tem sofrido uma intensa concentração da produção. Para a pecuária leiteira tornar-se mais competitiva, há a necessidade da pesquisa de forrageiras para identificar variedades mais adaptadas à região. A melhoria da qualidade da alimentação do rebanho proporcionará um salto notável na elevação da produção e da renda dos produtores.

A proposta consiste na instalação de uma unidade da Embrapa no Estado de Santa Catarina para a pesquisa de forrageiras e outras tecnologias voltadas à produção de leite e, também, gado de corte. Os pastos hoje utilizados, via de regra, são de espécies provenientes de regiões distantes e de baixa adaptação ao microclima, resultando em limitado desenvolvimento e baixa eficiência nutricional.

A empresa mantém em Concórdia a Embrapa Suínos e Aves, com pesquisas em suínos e aves e tecnologias correlatas, especialmente de proteção ao meio ambiente. O novo núcleo de pesquisa poderia ser criado junto a Embrapa de Concórdia (SC). O foco seria a produção e manejo de forragem, o que geraria conhecimentos para a melhoria da alimentação animal, além da possibilidade de agregar valor ao leite pelo sistema de produção a pasto.

Atualmente, a Embrapa desenvolve pesquisas voltadas à pecuária de leite em três unidades: a de gado de leite, voltada às soluções para o desenvolvimento sustentável do agronegócio do leite em Juiz de Fora (MG); a unidade  Pecuária Sudeste, com ênfase na eficiência e sustentabilidade da produção em São Carlos (SP) e a unidade Pecuária Sul que desenvolve pesquisas em bovinocultura de corte e leite, ovinocultura e forrageiras nos campos sulbrasileiros, compreendidos pelos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, em Bagé (RS).

As cooperativas agropecuárias são atores estratégicos no apoio aos programas de  pesquisa científica, como testemunham inúmeras ações em passado recente.

Fonte: Por Vanir Zanatta, Presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC)
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Notícias Atenção produtor rural

Prazo para declaração do ITR encerra em 30 de setembro, alerta Faesc

Documento deve ser enviado por meio do Programa Gerador da Declaração do ITR, que está disponível no site da Receita Federal.

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Foto: José Fernando Ogura

O prazo para a Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (DITR), referente ao exercício de 2024, vai até 30 de setembro. A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc) alerta para que o produtor rural fique atento ao prazo para evitar multas.

De acordo com a Instrução Normativa RFB nº 2.206/2024 é obrigatório apresentar a declaração de pessoa física ou jurídica, proprietária, titular do domínio útil ou possuidora de qualquer título, inclusive a usufrutuária, um dos condôminos ou um dos compossuidores.

A declaração deve ser enviada por meio do Programa Gerador da Declaração do ITR, que está disponível no site da Receita Federal. Além disso, continua sendo possível a utilização do Receitanet para a transmissão da declaração.

O imposto é obrigatório para todo o imóvel rural, exceto para os casos de isenção e imunidade previstos em lei, portanto o produtor deve ficar atento aos prazos de envio do documento para não pagar multas e juros. E caso o contribuinte verifique algum erro após o envio da declaração, ele deve fazer a retificação por meio do Programa ITR 2024.

A declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural é composta pelo Documento de Informação e Atualização Cadastral do ITR (DIAC) e pelo Documento de Informação e Apuração do ITR (DIAT).

O contribuinte, cujo imóvel rural já esteja inscrito no Cadastro Ambiental Rural (CAR), deve informar o respectivo número do recibo de inscrição. O pagamento do imposto poderá ser feito através do Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF), ou via QR Code (Pix).

No dia 24 de julho, o Governo Federal publicou a Lei n° 14.932/2024 que retira a obrigatoriedade de utilização do Ato Declaratório Ambiental (ADA) para a redução do valor devido do ITR. Entretanto, a Receita Federal, por meio da Instrução Normativa (IN) 2.206/2024, ainda obriga o produtor rural a apresentar a ADA neste ano.

A CNA e a Faesc trabalham para que a Receita faça a revisão da normativa o mais breve possível. Mesmo com a lei em vigor, recomendam manter o preenchimento do ADA via Ibama, para fins de exclusão das áreas não tributáveis do imóvel rural e inserção do número do recibo na DITR 2024.

O contribuinte pode conferir o Valor de Terra Nua (VTN) 2024 publicado no site da Receita Federal pelas Prefeituras conveniadas. A FAESC lembra que, caso os valores não estejam de acordo com os requisitos determinados pela Instrução Normativa RFB n° 1.877/2019, deve ser feita denúncia por meio do Sindicato Rural junto à Delegacia Regional da Receita.

Fonte: Assessoria Faesc
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IFC

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