Suínos
Integrados (ainda) respiram aliviados
85% dos produtores catarinenses trabalham nos moldes da integração, recebem por animal produzido sem precisar se preocupar com a alta do preço do milho
Se produtores independentes e agroindústrias integradoras estão sufocados, há um elo no setor produtivo suinícola de Santa Catarina que ainda não sentiu fortemente o baque da crise que envolve o milho. Produtores integrados respiram mais aliviados, acomodados sobre os prejuízos degustados a contragosto pela indústria. De acordo com a ABCS (Associação Brasileira de Criadores de Suínos), 85% dos suinocultores são integrados a empresas privadas e cooperativas como a Alfa, a maior do Estado, com mais de 15 mil associados, e a Aurora, que absorve a produção suinícola da primeira.
Isso se explica porque a indústria oferece aos integrados todos os insumos, como os leitões, a ração e a assistência técnica, pagando o produtor por animal entregue. Cabe ao suinocultor desenvolver o seu processo, seja na produção de leitões, no crechário ou na terminação. Sem precisar comprar a ração, ele não tem sentido reflexos da alta do preço do grão.
É o caso do produtor Albino Facin, de 65 anos, disse que há quatro trocou a produção de frango pela de suínos por conta da mão de obra que julga excessiva. “O frango dá muito problema. Tínhamos três aviários. Um foi vendido, outro começamos a produzir peru e o terceiro um tornado derrubou”, diz o produtor do município de Caxambu do Sul, a 55 quilômetros de Chapecó, no Oeste catarinense. “No lugar do aviário destruído, construímos a granja de suínos. E acho que fiz a escolha certa, dei uma dentro”, afirma Facin.
O suinocultor é integrado da cooperativa Alfa, que repassa os 550 suínos de terminação a cada 110 dias à também cooperativa Aurora. “Para mim, a alta do preço do milho ainda não mudou nada. Só tenho que me preocupar em trabalhar direito para ter o resultado esperado. Se aumenta a conversão alimentar, o lucro já se vai. A conversão alimentar é meu carro-chefe na hora de receber”, frisa. “Não podemos ter desperdício de ração”, amplia o produtor catarinense. A orientação é da própria cooperativa, que sabe sobre o impacto da ração nos custos de produção.
O técnico agrícola da Alfa, Daniel Pertussatti, explica que a empresa adota uma política de piso e teto pago por animal. “O seo Albino recebe no mínimo R$ 10 e no máximo R$ 33 por suíno produzido. Tudo vai depender de algumas variantes, como sanidade, mortalidade e conversão alimentar, que responde por 75% do ganho. É algo que oferece mais estabilidade ao produtor”, entende Pertussatti. Facin emenda: “estou recebendo entre R$ 27 e R$ 28 por suíno”. No ano, o lucro gira em torno de R$ 40 mil.
Para o produtor, o sistema de integração garante benefícios além da garantia de renda. “Quando precisa de uma medicação para os suínos, ela chega aqui em casa. Quando tenho alguma dúvida, o técnico vem atender. Tenho mais tranquilidade”, aponta.
Dispostos a Investir
Na vizinha cidade de Planalto Alegre, também na região de Chapecó, Leonildo Pagliari, de 61 anos, é convicto ao afirmar: “deveria ter feito as granjas há dez anos; tinha ganhado mais dinheiro”. A revelação é retrato de uma atividade que não sofre as consequências da alta do milho, também por ser integrado, no caso com a Aurora.
“Estamos ganhando até R$ 29 por suíno. É uma atividade que nos gera uma fonte de renda a mais. A cada três meses e meio tem um salário”, conta seu filho Giovani, de 31 anos. Há alguns anos eles trocaram o plantio de fumo e grãos pela criação de suínos e gado para a recria na área de 18 hectares. “Além de tudo, usamos o esterco da suinocultura para fertilizar o solo e ter um capim de qualidade para as 120 cabeças de gado”, aponta.
Para Giovani, o sucesso da atividade de produtores integrados depende de um correto manejo do rebanho, incluindo sanidade, bem-estar animal e alimentação balanceada, com análises periódicas para saber se o suíno está consumindo os nutrientes necessários para seu correto desenvolvimento. “O manejo é 90% do sucesso da suinocultura. Manejo correto dá bons resultados”, frisa Giovani.
Junto com Giovani e o outro filho, Jackson, Leonildo pretende investir ainda mais na suinocultura, com a construção de um novo barracão de alojamento. “Queremos alcançar a excelência, mas também ampliar a produtividade. Temos a intenção de construir mais uma granja em breve”, comenta.
Mais informações, você encontra na edição impressa de Suínos e Peixes de maio/junho de 2016 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Suínos
Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre
Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.
No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.
Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.
Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.
Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.
Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
