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Integração pecuária e cultivo florestal aumenta produtividade
Plantio de eucalipto é uma prática conhecida como silvipastoril, que consiste em plantar as árvores dentro da área de pastagem, o que pode melhorar as condições de bem-estar animal e aumentar os lucros da pecuária de corte

Dobrar a lotação de animais por área, quase triplicar a produtividade do rebanho, reduzir o tempo de abate e ainda produzir uma renda extra com a venda de madeira. Estes resultados foram alcançados após o início do plantio de eucalipto em propriedades rurais da região de Paranavaí.
O plantio de eucalipto é uma prática conhecida como silvipastoril, que consiste em plantar as árvores dentro da área de pastagem, o que pode melhorar as condições de bem-estar animal e aumentar os lucros da pecuária de corte.
De acordo com Luis Fernando Brondani, zootecnista do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater (IDR-Paraná) e coordenador estadual do Projeto Carne e Madeira de Qualidade, o sistema de integração madeira-pecuária traz diversos ganhos para o produtor. “As árvores de eucalipto dão conforto térmico para o rebanho. O gado não gasta energia para se proteger do calor que é intenso na região durantes os meses do verão. Além disso, gera uma renda extra, porque o eucalipto produz madeira de qualidade, inclusive para a fabricação de móveis”, explicou Brondani.
Ele acrescentou que a produtividade média da pecuária de corte no Paraná é de 135 kg/ha/ano, enquanto nas Unidades de Referência (URs) do projeto Carne-Madeira de Qualidade essa média chega a 398 kg/ha/ano. A lotação também é maior, a média no Estado é de um animal/hectare, contra 2,3 animais nas URs.
Esta prática é feita nas fazendas “Marília”, “Luar do Sertão” e “Santa Luzia”, que ficam em cidades próximas a Paranavaí. Os resultados são tão notáveis que os profissionais do IDR-Paraná estão levando o conhecimento obtido nessas propriedades para outros produtores da região, interessados em melhorar os índices produtivos da pecuária de corte.
Animais precoces
Além do olhar cuidadoso do pecuarista Auro Kaid Bazo, proprietário das fazendas Marília e Luar do Sertão, em Loanda, o que vem engordando os animais que ele cria é um bom pasto, trabalho que já tem algum tempo. Em 1997, ele passou a participar do projeto Pecuária de Curta Duração e há três anos instalou uma Unidade de Referência do Projeto Carne e Madeira de Qualidade, com a orientação dos técnicos do Instituto.
Nas duas fazendas, que são vizinhas, o eucalipto divide espaço na paisagem com as pastagens. As áreas com solo de baixa qualidade são reformadas com a cultura da mandioca.
Na área de 473,5 hectares, Bazo mantém um rebanho de 1.100 cabeças de animais meio-sangue angus. Além da área de pasto e do cultivo de mandioca, o pecuarista conserva 26,6 ha de reserva legal com mata nativa.
Bazo é um especialista na criação de gado precoce. Os animais vão para o abate com idade em torno de 20 meses, contra a média estadual de 31 meses. No ano passado, as boas condições do pasto permitiram uma produção de carne de 398,27 kg por hectare nas duas fazendas, quase o triplo da média estadual. A renda bruta chegou a R$ 4.706,84 por hectare/ano.
O extensionista e médico veterinário José Antonio Azevedo Osório acompanha o trabalho nas fazendas de Bazo. Ele afirma que o sistema silvipastoril propicia um ambiente mais favorável para os animais. No verão, o rebanho tem a sombra das árvores e quando ocorre alguma geada o pasto não é prejudicado. Como o pasto tem mais qualidade é possível aumentar a lotação de animais.
“Na região de Paranavaí, a média é de 1,4 cabeça por hectare de pasto. Nas URs, a lotação é de 2,3 cabeças por hectare. Ainda estamos em processo de implantação do sistema e podemos chegar a cinco animais por hectare. Tudo vai depender de um bom manejo e adubação das áreas de pasto”, explica Osório.
Madeira paga adubação
Antonio dos Santos Pires divide com o filho, Silvio Pires, a administração da fazenda Santa Luzia, em Nova Londrina. Eles também aceitaram o desafio de cultivar eucalipto no pasto e implantaram uma Unidade de Referência do Projeto Carne e Madeira de Qualidade na fazenda.
Especializados na cria, recria e engorda dos animais, os proprietários já plantaram eucalipto em 75% dos 174,24 hectares de pastagens. Periodicamente é feito o raleio das árvores, que é a retirada de algumas árvores para que as que permanecem se desenvolvam melhor, e esta madeira é vendida como lenha na região. As árvores mais antigas, mais valorizadas, serão futuramente vendidas para as indústrias de móveis ou para a fabricação de dormentes.
Osório lembra que os proprietários têm usado os recursos da venda do eucalipto para comprar adubo que é aplicado nas áreas de pastagem. Cem dias antes do abate, os animais são confinados para fase final do processo de engorda. As fêmeas vão para o abate com 13 meses de idade e os machos, 15 meses. É o gado hiper-precoce.
Com o aumento de lotação e melhoria dos pastos, o rendimento do rebanho também melhorou. A UR de Nova Londrina produz 247,4 quilos de carne por hectare de pasto. No ano passado os pecuaristas comercializaram 3.591,8 arrobas de carne.
Unidades de referência
São propriedades rurais trabalhadas pelo IDR-Paraná que recebem maior frequência de assistência técnica, recebem e validam tecnologias e produzem indicadores técnicos e econômicos confiáveis. Servem também de modelo para agricultores da região, e por isso recebem grande parte dos eventos de capacitação do Instituto.
Nessas três propriedades, foram implantadas Unidades de Referência (UR) do Projeto Carne e Madeira de Qualidade do IDR-Paraná em 2017. A iniciativa faz parte de um convênio firmado entre o Instituto e o Ministério da Agricultura e do Abastecimento para fomentar estratégias de extensão para médios produtores. Os recursos do Ministério foram aplicados na capacitação de técnicos e produtores.
Luis Fernando Brondani informou que na região Noroeste do Estado existem quinze URs do projeto com resultados semelhantes. Outras oito unidades do projeto serão instaladas, ainda este ano, nas regiões de Campo Mourão, Toledo e Cascavel.

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Santa Catarina mantém 93% das lavouras de milho em boa condição no início da safra
Epagri/Cepa registra avanço consistente do plantio, com alertas para falhas de germinação e manejo fitossanitário.

O avanço do plantio do milho em Santa Catarina, que já alcança 92% da área prevista para a safra de verão 2025/2026, confirma um início de ciclo predominantemente positivo no estado, mas acompanhado de sinais de alerta pontuais. Segundo o Boletim Agropecuário da Epagri/Cepa, 93% das lavouras são classificadas como boas, um indicador robusto para o período, porém a evolução do desenvolvimento apresenta nuances importantes entre as microrregiões produtoras.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR
De maneira geral, o estabelecimento das plantas ocorreu dentro do esperado, com solo apresentando boa umidade e clima favorável nas principais áreas de produção. Ainda assim, a distribuição das chuvas definiu comportamentos distintos entre as regiões, influenciando estandes, sanidade e andamento dos tratos culturais.
No Alto Vale do Itajaí, onde 90% das lavouras estão em boas condições, o desenvolvimento vegetativo é satisfatório, com umidade adequada e apenas focos pontuais de percevejos e cigarrinha. Situação semelhante aparece em Campos de Lages, Planalto Norte e Concórdia, todas com 100% das lavouras avaliadas como boas, apresentando germinação regular, plantas sadias e baixa pressão de pragas. Em Concórdia, inclusive, as primeiras áreas já entraram em floração.
Outras regiões apresentam ritmos distintos. Em Joaçaba, por exemplo, parte das áreas atrasou o plantio devido ao excesso de chuva, e os técnicos registraram ocorrências de percevejo, lagarta e tripes. Já no Litoral Norte, apesar de 100% de condição boa, o excesso de precipitação provocou falhas de germinação, especialmente em lavouras entre os estádios V3 e V8.
No Oeste, regiões importantes para o milho catarinense também mostram realidades variadas. Chapecó/Xanxerê registra 90% das

Foto: Gessí Ceccon
lavouras em boas condições, com plantas em V6 e crescimento favorecido por radiação solar. Em São Miguel do Oeste, o plantio já está finalizado, com início de floração e controle de cigarrinha e ervas daninhas em andamento; 94% das lavouras são classificadas como boas.
O extremo Sul do estado, por sua vez, vem sendo impactado por chuvas intensas. Ainda que 98% das áreas apresentem condição boa, os agrônomos alertam para os efeitos acumulados da umidade elevada nas fases seguintes do desenvolvimento. Em Curitibanos, a semana chuvosa também impôs ajustes no cronograma de tratos culturais, embora as lavouras sejam avaliadas como boas a ótimas.
No cenário estadual, a cigarrinha-do-milho continua sob vigilância, embora com baixa incidência até o momento. A manutenção de condições de sanidade dependerá do monitoramento contínuo e da disciplina no manejo fitossanitário, especialmente em áreas com histórico de enfezamento e maior pressão de insetos.
A Epagri/Cepa reforça que, apesar dos pontos de atenção, o potencial produtivo da safra é positivo. Os próximos dias, marcados pelo comportamento das chuvas e pela manutenção de temperaturas adequadas, serão decisivos para consolidar esse cenário. Se as condições atuais persistirem, Santa Catarina tende a iniciar a colheita com nível elevado de desempenho agronômico e produtivo.
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Custos de produção recuam no frango e avançam no suíno em outubro
Levantamento da Embrapa mostra alta no custo do suíno vivo em Santa Catarina e queda no frango de corte no Paraná, com impacto direto da variação da ração.

Os custos de produção de suínos e de frangos de corte tiveram comportamentos diferentes em outubro conforme levantamento da Embrapa Suínos e Aves por meio da Central de Inteligência de Aves e Suínos (CIAS).
Em Santa Catarina, o custo de produção do quilo do suíno vivo foi de R$ 6,35 em outubro, alta de 1,09% em relação ao mês anterior, com o ICPSuíno chegando aos 363,01 pontos. No acumulado de 2025, o índice também registra aumento (2,23%).

Em 12 meses, a variação é de 2,03%. A ração, responsável por 70,72% do custo total de produção na modalidade de ciclo completo, subiu 1,28% no mês.
No Paraná, o custo de produção do quilo do frango de corte baixou 1,71% em outubro frente a setembro, passando para R$ 4,55 e com o ICPFrango atingindo 352,48 pontos.
No acumulado de 2025, a variação é negativa, de -4,90%. No comparativo de 12 meses o índice também registra queda: -2,74%. A ração, que representou 63,10% do custo total em outubro, baixou 3,01% no mês.
Santa Catarina e Paraná são estados de referência nos cálculos dos Índices de Custo de Produção (ICPs) da CIAS, devido à sua relevância como maiores produtores nacionais de suínos e frangos de corte, respectivamente.
A CIAS também disponibiliza estimativas de custos para os estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, fornecendo subsídios importantes para a gestão técnica e econômica dos sistemas produtivos de suínos e aves de corte.

App Custo Fácil
Aplicativo gratuito da Embrapa que gera relatórios personalizados das granjas e diferencia despesas com mão de obra familiar. Disponível para Android na Play Store.
Planilha de Custos
Ferramenta gratuita para gestão de granjas integradas de suínos e frangos de corte, disponível no site da CIAS
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Dilvo Grolli recebe Menção Honrosa da ABCA por sua contribuição à agronomia brasileira
Reconhecimento destaca seu papel no avanço científico, na inovação cooperativista e na consolidação do Show Rural como vitrine tecnológica do agro.

A Academia Brasileira de Ciência Agronômica (ABCA) prestou, dias atrás, homenagem especial ao presidente da Coopavel, Dilvo Grolli. Ele recebeu o título de Menção Honrosa pela relevante contribuição ao fortalecimento da Engenharia Agronômica no Paraná e no Brasil. O reconhecimento é concedido a personalidades que, além de estimular avanços científicos e tecnológicos no agro, destacam-se como empreendedores que impulsionam o crescimento de suas regiões e do País.

Fotos: Divulgação/Coopavel
Dilvo Grolli tem trajetória reconhecida no cooperativismo paranaense e nacional. Sua visão de futuro e capacidade de liderança contribuíram para transformar a Coopavel em uma das cooperativas mais respeitadas do País, referência em gestão, inovação e apoio ao produtor rural. Ele também é um dos idealizadores do Show Rural Coopavel, criado ao lado do agrônomo Rogério Rizzardi, evento que se tornou um dos maiores centros difusores de tecnologia agrícola do mundo e que impacta diretamente a evolução do agronegócio paranaense e de estados vizinhos.
Exemplo
O presidente da ABCA, professor-doutor Evaldo Vilela, destacou a grandeza dessa contribuição ao afirmar que Dilvo Grolli é um exemplo de liderança que transforma. “Sua dedicação ao cooperativismo, ao conhecimento agronômico e à inovação, traduzida na criação do Show Rural, tem impacto direto no desenvolvimento sustentável do agro brasileiro”.
Ao agradecer a honraria, Dilvo ressaltou o papel indispensável da Engenharia Agronômica para o Brasil. “A agronomia é uma das bases que sustentam o agronegócio moderno. Sem esse conhecimento técnico e científico, o campo não teria alcançado o nível de produtividade e competitividade que hoje coloca o Brasil entre os maiores produtores de alimentos do mundo”, afirmou. Também destacou a importância dos agrônomos ao sucesso das cooperativas: “Profissionais da agronomia têm participação decisiva no crescimento de instituições como a Coopavel, que chega aos seus 55 anos dedicada ao desenvolvimento da agropecuária brasileira”.
A solenidade também enalteceu outros líderes locais, entre eles o empresário Assis Gurgacz, igualmente homenageado por sua atuação e pelo apoio contínuo ao desenvolvimento do setor produtivo, e a agronomia por meio da FAG. O professor Evaldo destacou que figuras como Dilvo Grolli e Assis Gurgacz ajudam a consolidar um ambiente favorável à inovação, à sustentabilidade e ao aprimoramento técnico da agropecuária brasileira, bem como da agronomia.



