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Integração no agro vira estratégia do Paraná para aumentar produtividade e preservar o meio ambiente
Além de ser mais sustentável, o modelo ILPF otimiza o uso da terra, eleva a produtividade, diversifica a produção e gera produtos de mais qualidade.

O Governo do Paraná firmou uma parceria com a Rede ILPF para impulsionar a expansão do sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) no Estado, por meio do projeto Integra PR. O acordo foi assinado pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior, em Maringá, na abertura da 51ª edição da Expoingá, e garante a disseminação de um modelo mais eficiente e sustentável no campo. “Essa é uma mais uma iniciativa importante que estamos desenvolvendo para o setor do agronegócio em todo o Paraná, mas especialmente para as regiões Norte e Noroeste do Estado, por isso fizemos questão de assinar esse compromisso aqui na Expoingá, que é uma referência para o Brasil e a América do Sul em inovação agrícola”, afirmou Ratinho Junior.
“O Sistema ILPF integra a pecuária, a agricultura e as florestas, reforçando a nossa preocupação com a proteção do meio ambiente, dentro de um modelo sustentável de produção”, acrescentou o governador.
Ratinho Junior também lembrou o recente lançamento do primeiro e até agora único fundo de investimento criado por um Estado no Brasil, o FIDC Agro Paraná.
O fundo foi lançado com cerca de R$ 2 bilhões em recursos, mas o objetivo do Estado é alavancar de R$ 10 bilhões a R$ 14 bilhões nos próximos seis meses conforme cresça a demanda pelos financiamentos, sobretudo por meio das cooperativas paranaenses. “Até agora, os produtores paranaenses dependiam exclusivamente do Plano Safra, que é um programa importante, que existe há décadas, mas que tem recursos limitados. Hoje, eles já contam com uma alternativa para financiar a ampliação das suas atividades em diversas áreas com uma taxa de juros ainda menor do que o programa federal”, pontuou o governador sobre o fundo.
A presidente da Sociedade Rural de Maringá (SRM) e principal responsável pela organização da Expoingá, Maria Iraclezia de Araújo, enfatizou a importância de que o Estado ofereça alternativas de financiamento para o agro. “Hoje o produtor rural é muito dependente do recurso de governo federal, então quando o Governo do Estado garante uma nova fonte de financiamento isso dá tranquilidade para que ele possa continuar investindo em sua propriedade”, disse.
Iraclezia também destacou a importância de que modelos inovadores de produção como o ILPF sejam amplamente discutidos pelo agronegócio paranaense, e garantiu que a Sociedade Rural de Maringá está alinhada com este objetivo. “A integração lavoura, pecuária e floresta é um sistema produtivo que acompanhamos de perto e que buscamos fomentar dentro da Expoingá ao trazer especialistas para falar a respeito e mostrar na prática para os produtores as vantagens desse sistema. Por isso, ficamos muito felizes de ver que o Estado também está preocupado em difundir essa solução em todo o Paraná”, concluiu a presidente da SRM.
Sistema integrado
A ILPF é uma estratégia que combina, em uma mesma área, os sistemas produtivos agrícolas, pecuário e florestal. Essa integração otimiza o uso da terra, eleva a produtividade, diversifica a produção e gera produtos de maior qualidade. A iniciativa busca enfrentar a baixa produtividade da agropecuária com soluções mais sustentáveis e resistentes às mudanças climáticas.
O acordo tem duração inicial de três anos e será coordenado pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab). O Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) e a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), órgãos subordinados à pasta, também participarão das ações.
O projeto prevê uma agenda de atividades voltadas à difusão de conhecimento e à transferência de tecnologias, por meio de palestras, treinamentos, encontros técnicos, mentorias e ações de campo. O foco será nas oportunidades socioeconômicas e ambientais proporcionadas pela adoção do modelo ILPF.
A parceria também articula ações com instituições financeiras e parceiros estratégicos para facilitar o acesso dos produtores a linhas de crédito específicas. A ideia é oferecer condições mais atrativas de financiamento aos que adotarem o sistema, além de fomentar a entrada em novos negócios, como o mercado da carne de baixo carbono.
O modelo ILPF promove o uso sustentável da terra, protege e fertiliza o solo, reduz o uso de insumos e os custos de produção, além de aumentar a produtividade em uma mesma área. Ambientalmente correto, o sistema emite poucos gases de efeito estufa e contribui para o sequestro de carbono.
No Paraná, a tecnologia pode beneficiar especialmente a bovinocultura de corte e leite, o cultivo de soja e milho, a produção de fibras de algodão e a silvicultura, com destaque para o plantio de eucaliptos. Uma de suas principais vantagens é a adaptabilidade a propriedades de todos os portes, em qualquer bioma brasileiro.
Segundo o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Marcio Nunes, a iniciativa atende a uma demanda estratégica do Estado, em especial diante da elevada degradação das pastagens em algumas regiões, como o Noroeste, onde a pecuária de corte é predominante. “O sistema ILPF é o que existe de mais moderno no Brasil em conservação do solo, da água, combate à erosão e aumento da produtividade, que são fatores que impactam diretamente na melhoria da renda do produtor rural e na segurança alimentar da população do Paraná e do País”, afirmou Nunes. “O Paraná é o lugar que produz mais alimentos por metro quadrado do mundo e de forma sustentável. Com a disseminação de soluções inovadoras como essa por meio do poder público com as cooperativas podemos facilitar a continuidade do crescimento do agronegócio, que tem grande peso no PIB do Estado”, acrescentou o secretário.
Rede ILPF
A ILPF é fruto de uma parceria público-privada formada pela Embrapa, a cooperativa Cocamar e as empresas Bradesco, John Deere, Minerva Foods, Soesp, Suzano, Syngenta e Timac Agro. Criada em 2012, ela tem como objetivo intensificar a sustentabilidade da agropecuária brasileira, por meio da adoção das tecnologias de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF).
Feira
Considerada uma das maiores feiras agropecuárias do Brasil, a Expoingá acontece de 8 a 18 de maio no Parque Internacional de Exposições Francisco Feio Ribeiro, em Maringá, que conta com 47 mil metros quadrados. Além das novidades na área de tecnologia e inovação para o agro, o evento conta com apresentações de grandes nomes da música nacional, como o cantor Luan Santana e as duplas sertanejas Henrique & Juliano, Zé Neto & Cristiano, Lauanna Prado, Simone Mendes, entre outros.
Neste ano, o tema do evento é o “O Agro Conecta”, que destaca a força transformadora do setor e seu papel em unir pessoas, tecnologias e práticas sustentáveis. A expectativa dos organizadores é superar os números da edição do ano passado, quando a feira atraiu mais de 516 mil visitantes e movimentou R$ 1,1 bilhão em negócios, com a geração de mais de 10 mil empregos diretos e indiretos.
Como já é tradição, o Governo do Paraná está presente na Expoingá 2025 por meio de diversos órgãos estaduais, oferecendo serviços, orientações e oportunidades para o firmamento de parcerias em diferentes áreas ligadas ao agronegócio. As ações integradas entre secretarias e órgãos estaduais são focadas na inovação, sustentabilidade, energia, segurança sanitária e desenvolvimento rural.
Um dos principais atrativos é a Fazendinha, com 11 unidades didáticas que apresentam tecnologias para o campo, como hortas sustentáveis, biofertilizantes e energia solar, além de feira com produtos da agroindústria familiar.
A Universidade Estadual de Maringá (UEM) marca presença com projetos acadêmicos, o Museu Dinâmico Interdisciplinar (Mudi), ações do Hospital Universitário e do Centro de Ciências Agrárias. A Adapar promove atividades sobre sanidade agropecuária, enquanto a Sanepar apresenta o uso agrícola do lodo de esgoto como fertilizante.
A Secretaria do Turismo reúne 70 expositores de diversas regiões. A Copel divulga investimentos de R$ 2,5 bilhões em energia e soluções sustentáveis. A Secretaria da Inovação leva a Carreta da Inovação com tecnologias como realidade virtual e impressão 3D.
A área da segurança traz simulações, orientações e exposições de equipamentos. O BRDE assina R$ 116,7 milhões em contratos para modernização rural. Já a Secretaria do Trabalho oferece serviços de emprego e qualificação profissional, por meio do Ônibus Emprega Mais Paraná.

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Plantio de milho em Santa Catarina entra na fase final com boas perspectivas
Controle fitossanitário segue ativo e produtores monitoram impacto das chuvas na germinação.

A semeadura do milho de verão em Santa Catarina entra na fase final, com 92% da área estimada já plantada, segundo os dados mais recentes do Boletim Agropecuário de Santa Catarina. Até o momento, 93% das lavouras apresentam condição considerada boa, reforçando a expectativa de um início de ciclo favorável no estado.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR
O ritmo da safra é descrito como adequado, com bom estabelecimento das plantas e condições climáticas favoráveis, o que tem permitido avanço dentro do calendário previsto pelo zoneamento agroclimático.
O controle fitossanitário segue ativo, especialmente no monitoramento da cigarrinha-do-milho, praga que preocupa produtores nos últimos anos. Até agora, porém, a incidência registrada é baixa. No litoral catarinense, técnicos observaram falhas de germinação em algumas áreas, atribuídas ao excesso de chuvas no período de emergência das plantas.
O boletim também alerta para as chuvas intensas na região Sul, que podem exigir maior atenção no manejo de doenças e na aplicação de adubação de cobertura, etapas cruciais para o desenvolvimento das lavouras.
Apesar dos pontos de atenção, o cenário até o momento é favorável. A Epagri/Cepa mantém perspectiva positiva de produtividade, condicionada à continuidade de clima e sanidade adequados nas próximas semanas.
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Caminho Verde recebe R$ 30 bilhões e inicia recuperação de 1,3 milhão de hectares no país
Primeiro aporte do Mapa viabiliza crédito com juros reduzidos para converter áreas degradadas em produção sustentável, com meta de restaurar 40 milhões de hectares em dez anos.

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) anunciou, na segunda-feira (17), o primeiro aporte de recursos da ordem de R$ 30 bilhões para o Programa Caminho Verde, com foco nos investimentos voltados para a conversão de áreas degradas para a produção de alimentos. O programa será financiado por bancos, com juros abaixo do mercado, entre eles o Banco do Brasil, o BNDES, o BTG, o Itaú, Caixa Econômica, entre outros. Os recursos começarão a ser acessados a partir de 2026 e conta com a parceria do Ministério do Meio Ambiente e do Ministério da Fazenda para o financiamento. A meta inicial é recuperar, com este montante, cerca de 1,3 milhão de hectares nesta primeira rodada.
A meta geral do programa é recuperar até 40 milhões de hectares de áreas degradadas em dez anos. Este foi o debate do painel “Programa Caminho Verde Brasil: avanços, desafios e oportunidades”, realizado nesta segunda-feira em um dos auditórios da AgriZone, espaço da Embrapa e parceiros, também conhecido como “Casa da Agricultura Sustentável” na COP30. O evento técnico foi organizado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), em parceria com a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA), a Embrapa e o Banco do Brasil.
Para o assessor especial do ministro da Agricultura e Pecuária e presidente do Conselho de Administração da Embrapa, Carlos Augustin, o Caminho Verde reforça a posição estratégica do País na agenda global e destaca as práticas regenerativas como solução para garantir segurança alimentar e estabilidade climática.
“O programa cria condições para um expressivo aumento da produção de alimentos e de biocombustíveis, sem desmatamento de novas áreas, preservando matas nativas”, explica. “Dessa forma, promove simultaneamente a segurança alimentar, apoia a transição energética e conserva o meio ambiente”.
Dados do Mapa indicam que, atualmente, o Brasil possui cerca de 280 milhões de hectares destinados à agropecuária, dos quais 165 milhões são pastagens, sendo que aproximadamente 82 milhões de hectares estão em algum grau de degradação. A proposta do programa é a recuperação de até 40 milhões de hectares de pastagens de baixa produtividade ao longo dos próximos dez anos, convertendo essas áreas em terras agricultáveis de alto rendimento, sem a necessidade de desmatamento.
O recurso que será aportado no valor de R$ 30 bilhões representa o início do programa, mas o Mapa está em busca de novas parcerias. O programa Caminho Verde faz parte da carteira de financiamento do Ministério da Fazenda – O Eco Invest Brasil, parte do Novo Brasil, criado para impulsionar investimentos privados sustentáveis e atrair capital externo para projetos de longo prazo, oferecendo instrumentos de proteção contra a volatilidade do câmbio. Com mecanismos financeiros inovadores, o programa viabiliza projetos estratégicos para a indústria verde, recuperação de biomas, infraestrutura para lidar com os efeitos das mudanças do clima e de inovação tecnológica para a Transformação Ecológica. Serão R$16,5 bilhões do Tesouro e os outros R$ 16 bilhões das instituições financeiras.
Judson Valentim, pesquisador da Embrapa Acre, destacou que as áreas degradadas oferecem um potencial forte de recuperação para a produção de grãos, fibras e biocombustíveis, aumentando a capacidade brasileira de fornecimento de alimentos em um cenário global, de forma sustentável.
Na perspectiva da sustentabilidade, o Programa Caminho Verde inclui o uso de boas práticas recomendadas pela Embrapa. No caso de produção de alimentos, plantio conforme recomendação do ZARC, plantio direto, uso de bioinsumos e inoculantes, uso de sementes certificadas ou salvas legalmente, plantio de cobertura, gestão de embalagens de agroquímicos. No caso de pecuária o uso de sementes de forrageiras, divisão das pastagens e manejo do pastejo, proteção aos corpos d´água, taxa de lotação de acordo com a capacidade de suporte das pastagens e rastreabilidade. Para florestas plantadas a Embrapa sugere as seguintes recomendações: uso de bioinsumos, manejo de solos, manejo integrado de pragas, plano de combate a incêndios e proteção dos corpos d´água.
A Embrapa também elaborou um conjunto de indicadores métricas para aplicação no programa. Entre elas: metodologia de Bioanálise dos Solos (BioAs), metodologia de determinação de estoques de carbono no solo, metodologia de balanço de emissão de gáses, dentre outras. Além de calculadoras como o RenovaCalc, ABC+Calc, Zarc, Plataforma de Saúde do Solo, Carne Baixo Carbono, entre outras.
Para o diretor de Agronegócio do Banco do Brasil, Gilson Bittencourt, o tema da sustentabilidade é uma das suas prioridades. Ele explicou que o primeiro estímulo para que o produtor entre no programa é a expectativa efetiva de rentabilidade com a recuperação de suas áreas degradadas. “Este convencimento é o primeiro argumento para a tomada de decisão de recuperar a pastagem”, explicou. Ele acrescentou que o incentivo, via crédito e tecnologias, deve vir junto com o controle do estado brasileiro contra o desmatamento ilegal. Por fim, o acesso ao crédito será fundamental com pagamento a longo prazo. “As três ações serão determinantes para o acesso ao crédito para o Caminho Verde”.
Para ele, o Caminho Verde é uma das soluções que traz vários elementos positivos, mas para o agricultor familiar, o ideal ainda é o Pronaf. O Caminho Verde se aplicará melhor aos médios e grandes produtores rurais. Mas a grande vantagem deste financiamento é sua veiculação à uma área que usará boas práticas para a sua recuperação. “Um programa de governo com um compromisso mensurável do ponto de vista de área recuperada e o compromisso de não desmatar e um monitoramento que soma qualitativo e quantitativo”.
Saiba mais sobre o Programa Caminho Verde acessando aqui
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Brasil lidera integração inédita entre clima, natureza e uso da terra na COP30
No principal painel das três Convenções da ONU, o Mapa apresentou políticas públicas que recuperam áreas degradadas, reduzem emissões e fortalecem a produção sustentável, alinhando agendas globais.

Pela primeira vez, as três Convenções da ONU reuniram suas agendas de clima, natureza e uso da terra em um mesmo debate, e o Brasil foi protagonista. No painel realizado nesta terça-feira (18), na COP30, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) apresentou como políticas públicas já implementadas pela pasta integram essas frentes e transformam áreas degradadas em solos produtivos, resilientes e de baixa emissão.
O encontro destacou a necessidade de alinhar agendas globais de clima, natureza e uso do solo, reforçando soluções que reduzam emissões, restaurem ecossistemas e ampliem a segurança alimentar. O representante do Mapa no painel, Bruno Brasil, diretor do Departamento de Produção Sustentável da Secretaria de Desenvolvimento Rural, afirmou que há caminhos concretos capazes de entregar resultados simultaneamente para as três convenções — e o Brasil já demonstra isso com políticas públicas consolidadas.
“Eles estão falando das sinergias e das complementaridades entre os objetivos das três convenções e que existem investimentos custo-eficientes do ponto de vista do clima, da natureza, da segurança alimentar e do desenvolvimento socioeconômico. Um bom exemplo é a recuperação de áreas agrícolas degradadas com boas práticas, como vemos no Plano ABC, no ABC+ e no Caminho Verde Brasil”, afirmou.
Durante sua intervenção, Bruno reforçou que o país chega ao debate com programas robustos, ampla experiência técnica e capacidade de escalar iniciativas alinhadas ao desenvolvimento sustentável. “O Brasil já possui políticas públicas de destaque nesse sentido, como as que mencionei. E esperamos continuar trabalhando em parceria com os países anfitriões das COPs de biodiversidade, combate à desertificação e do clima no próximo ano, de forma a atrair novos investimentos”, destacou o diretor.
O painel também marcou a preparação para o lançamento da Belém Joint Statement on Action Agendas on Land, Climate and Nature, iniciativa que orientará esforços conjuntos das três convenções para restaurar terras degradadas, proteger ecossistemas, fortalecer meios de vida sustentáveis e integrar agendas globais de adaptação, biodiversidade e produção agrícola.
A sessão reuniu representantes de governos, organismos internacionais, comunidade científica, setor privado e lideranças indígenas, reforçando que o avanço na restauração de paisagens depende de cooperação, ciência, financiamento adequado e do protagonismo de produtores, comunidades rurais e povos tradicionais.





