Notícias
Instituto de Zootecnia: 120 anos de dedicação à produção animal
Evento em Nova Odessa celebra trajetória de pioneirismo, pesquisas de ponta e avanços sustentáveis na zootecnia brasileira.

O Instituto de Zootecnia (IZ-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, comemora, nesta terça-feira (15), 120 anos de fundação. As celebrações ocorreram na sede em Nova Odessa, em evento reservado a convidados, e incluíram a inauguração da placa comemorativa pelo marco e do painel temático com uma linha do tempo que conta a história da Instituição.
O evento contou com a participação do secretário executivo da SAA, Alberto Amorim, do subsecretário de Agricultura, Orlando de Castro, do diretor da Diretoria de Pesquisa dos Agronegócios (Apta), Carlos Nabil, e do coordenador do IZ, Enilson Ribeiro, além de pesquisadores e servidores de apoio do Instituto e parceiros.

Fotos: Shutterstock
Pioneiro em pesquisas zootécnicas, o IZ tem gerado ao longo dos anos tecnologias na área de melhoramento genético, nutrição, reprodução, sanidade e bem-estar de animais como bovinos de corte, vacas leiteiras, búfalos, ovinos, suínos e aves. Confira algumas das pesquisas e ações que fazem do Instituto referência quando se fala em produção animal:
Melhoramento genético
Referência no melhoramento genético das raças Nelore e Caracu, o IZ foi responsável pela primeira prova de ganho de peso de bovinos de corte, a primeira seleção de gado Caracu, a implementação da seleção para Consumo Alimentar Residual (CAR) de bovinos da raça Nelore e do primeiro Centro de pesquisa a implantar um sistema de alimentação automática. Foi o IZ que introduziu no Estado de São Paulo as raças europeias leiteiras especializadas, a seleção de raças indianas, como o Gir leiteiro e os cruzamentos entre zebuínos e taurinos para obtenção de raças mais rústicas e produtivas.
Segundo o coordenador do IZ, Enilson Ribeiro, o Instituto se destaca no desenvolvimento e transferência de tecnologias reprodutivas como inseminação artificial e transferência de embriões e é referência no melhoramento genético de bovinos. “Periodicamente temos o tradicional Leilão de Reprodutores e Matrizes do IZ, além da venda de sêmen. Ações que permitem transferir para o produtor, touros e matrizes com comprovado valor genético para desempenho animal, contribuindo para uma pecuária mais produtiva e sustentável”, relata.
Eficiência para produzir com menor impacto ambiental

O IZ tem contribuído com pesquisas para o uso de novos ingredientes, enzimas digestivas e eficiência alimentar com o foco no desempenho dos animais, diminuindo custos e os impactos ambientais. “Priorizamos a eficiência alimentar, e também investimos em tecnologia para tratamento de dejetos. Nossa estação de tratamento de efluentes da suinocultura, por exemplo, promove oportunidade de geração de renda, ao transformar os dejetos de suínos em água de reúso, biofertilizante e biogás que pode ser utilizado como fonte de energia em uma propriedade evitando a poluição de recursos hídricos, solo e ar, contribuindo para preservação ambiental”.
Preocupado com o desenvolvimento sustentável, o IZ possui um Banco Ativo de Germoplasma de Plantas Forrageiras (BAG) que estuda e preserva grande diversidade de espécies forrageiras tropicais. O banco reúne cerca de 986 acessos de gramíneas e 1585 acessos de leguminosas forrageiras, sendo considerado o maior da América do Sul. Cada acesso é composto por uma porção de sementes viáveis que contêm o material genético de determinada espécie, que assim é conservada para a posteridade. A coleção teve início na década de 70, através de intercâmbios com outras instituições de pesquisa do Brasil e do exterior, e por meio de coleta. O principal objetivo é conservar os recursos genéticos dessas plantas forrageiras, preservando e fornecendo material biológico e informações associadas para pesquisa e desenvolvimento científico na área de zootecnia e garantindo que não serão eventualmente extintas. A seleção e o melhoramento dos acessos contidos no Banco Ativo de Germoplasma possibilitam o desenvolvimento de materiais economicamente viáveis e que atendam ao setor pecuário, que é destaque na economia nacional. “Em breve teremos o lançamento de novos cultivares de gramíneas e leguminosas mais produtivas e adaptadas às mudanças climáticas”, comenta Ribeiro.
Novo Centro de Pecuária Sustentável é destaque do IZ

Localizado em São José do Rio Preto, o Centro Avançado de Pesquisa e Desenvolvimento de Pecuária Sustentável tem foco primordial na mitigação dos gases do efeito estufa na atividade. A unidade conta com uma fazenda modelo de 220 hectares, onde são aplicados diversos modelos e técnicas para a produção intensiva e sustentável, incluindo a avaliação de produtividade, a medição de emissões de gases do efeito estufa e o sequestro de carbono. “Vamos avaliar a produtividade animal, a emissão de gases de efeito estufa e o sequestro de carbono em diferentes sistemas de produção praticados no Brasil. A unidade vai possibilitar que o produtor conheça os diferentes índices produtivos, rentabilidade e impactos ambientais gerados por cada um dos sistemas, decidindo qual é melhor para sua propriedade”, diz o coordenador.
Qualidade do leite
Na área de qualidade do leite, o Instituto é referência pelo desenvolvimento e uso de análises para identificação do leite A2A2, que é mais digestível para indivíduos que tem dificuldade na digestão do leite de vaca convencional (A1). Na mesma linha, o IZ se destaca pela identificação da pureza do leite de búfalas, cabras e ovelhas, conseguindo identificar qualquer quantidade de possíveis misturas com leite de vaca. A Caravana Giro do Leite tem percorrido todo país com o laboratório móvel de qualidade do leite, fazendo análises e levando informações para ajudar o produtor a melhorar a qualidade.
Xenotransplante: inovação para a saúde

No momento um grande desafio incorporado pelo IZ é a produção de suínos geneticamente modificados para transplantes de órgãos. Em parceria com a empresa XenoBrasil e a Universidade de São Paulo (USP), a unidade do IZ em Tanquinho, Piracicaba, está sendo adaptada para o desenvolvimento do projeto “Produção nacional de suínos geneticamente modificados voltados para o xenotransplante de órgãos em humanos”.
Ajudando a formar profissionais de referência
Com o intuito de transferir para novos profissionais a experiência que o IZ tem conquistado há mais de um século, o Instituto mantém desde 2009 o Curso de Pós-graduação stricto sensu em nível de mestrado. O curso, concentrado na área “Produção Animal Sustentável”, é direcionado para profissionais das áreas de Zootecnia, Medicina Veterinária, Agronomia, Biologia, Bioquímica ou outras afins, proporcionando-lhes conhecimento com vistas à produtividade animal, à qualidade do produto e aos impactos ambientais dessas atividades.
História do IZ

O IZ se originou como Posto Zootécnico Central, criado por Carlos Botelho em 1905, na Mooca em São Paulo. No mesmo ano foi criado, em Nova Odessa, a antiga Fazenda de Seleção do Gado Nacional, que nasceu junto com o Núcleo Colonial de Nova Odessa, contribuindo para o desenvolvimento da cidade.
A Instituição passou por várias modificações ao longo do tempo, principalmente de denominação, mas sempre voltada à produção animal. Em 1970, o Departamento de Produção Animal passa pela última de suas mudanças sendo transformado em Instituto de Zootecnia (IZ), ligado à Secretaria de Agricultura, nome que conserva até hoje. Na reestruturação de 1970, alguns setores do Departamento de Produção Animal foram desmembrados, dando origem a outros órgãos da Secretaria de Agricultura, além da Faculdade de Medicina Veterinária da USP.
Em 1975, a sede do Instituto foi transferida para a antiga Fazenda de Seleção do Gado Nacional em Nova Odessa, onde permanece até hoje.

Notícias
Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
Notícias
Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
Notícias
Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



