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Instalação de painéis solares em granjas de produtores da BRF está em ritmo acelerado
Propriedades de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul têm projetos

As obras de instalação de painéis para energia solar nas granjas de integrados à BRF, uma das maiores companhias de alimentos do mundo, estão avançando rapidamente. Oito produtores integrados de Santa Catarina estão com os contratos emitidos pelo Banco do Brasil (BB) e os painéis solares estão em processo de montagem, além de outros dois que já contam com os sistemas instalados. Ao todo, mais de uma centena de projetos de usinas solares em propriedades de produtores integrados à BRF estão em fase de estudos, planejamento ou análise.
Propriedades dos três estados da região Sul – Videira, Capinzal e Chapecó (SC), Carambeí e Toledo (PR), Garibaldi e Lajeado (RS) – já foram visitadas, têm os orçamentos prontos e em fase de análise de crédito pelo Banco do Brasil, agente financeiro parceiro na iniciativa. Além disso, outras 120 usinas solares estão em negociação para produtores integrados dos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.
A produção de energia limpa, como eólica e solar, é uma das frentes prioritárias do plano da empresa em ser Net Zero até 2040, reduzindo em emissões de gases de efeito estufa (GEE). A meta da Companhia é chegar em 2030 com mais de 50% da matriz de energia elétrica proveniente de fontes limpas nas suas operações. Para implementar agricultura de baixo carbono nas cadeias de aves e suínos, a BRF dará escala à utilização de energia solar aos mais de 10 mil produtores integrados, bem como em incubatórios e granjas próprias.
Anunciado em dezembro de 2020, o convênio firmado entre a BRF e o Banco do Brasil prevê a disponibilização de R$ 200 milhões para os integrados buscarem eficiência energética, dentro do plano marco de Sustentabilidade da Companhia. Roseli Marcon, da Linha Roça Grande, interior de Luzerna, e Jarbas Salvin, da Linha Barra do Tigre, município de Concórdia, foram os pioneiros a assinarem os contratos do convênio que a empresa firmou com o BB, para financiar a instalação de energia solar.
Formada em Administração, Roseli Marcon trabalha com frango de corte nos últimos seis anos e, há 14 anos, com frango de postura, cujos ovos vão para o incubatório da BRF em Herval D`Oeste. Os painéis solares, que vão garantir a necessidade de energia dos quatro aviários climatizados, de 150 metros por 16 metros cada um, estão produzindo energia desde o dia 6 de julho deste ano. Roseli está feliz com o investimento e espera que os painéis contribuam decisivamente na redução dos gastos com energia elétrica.
Já o produtor integrado Jarbas Salvin tem quatro aviários em operação e dois em construção, produzindo cerca de 1,3 milhão de aves por ano. As obras para a instalação dos painéis solares estão prontas e falta apenas fazer a ligação da rede com a energia elétrica. “A partir de agora teremos uma energia sustentável, um negócio muito bom para os integrados, por causa do alto custo da energia e que pesa na produção de aves”, afirma.
O diretor-geral de Agropecuária da BRF, Fábio Stumpf, destaca que a instalação dos painéis solares nas granjas dos produtores integrados é uma maneira de produzir alimentos de forma cada vez mais sustentável. “É uma energia altamente renovável, sem agredir o meio ambiente, e ainda com uma parceria que envolve o Banco do Brasil, BRF e o produtor na produção de aves e suínos. É muito relevante manter esse tipo de parceria entre os três elos”, afirma Stumpf. “Outro ponto importante é o ganho econômico dos granjeiros com a instalação dos painéis. Trata-se de um divisor de águas com o formato da própria produção agrícola. Nessa época de desafios hídricos, ver as placas solares funcionando, os produtores felizes e a gente agindo de forma conjunta para um meio ambiente melhor é uma realização”.
O vice-presidente de Agronegócio do Banco do Brasil, Renato Naegele, ressalta que a ampliação do apoio à sustentabilidade no campo com essa parceria com a BRF e os produtores impulsiona a autossuficiência na geração de energia limpa, com redução nos custos de produção e mais preservação ambiental.
Para o vice-presidente de Negócios de Atacado do Banco do Brasil, João Carlos Pecego, “o convênio BB Sustentabilidade firmado com a BRF fortalece uma parceria de décadas entre as instituições, reforça os benefícios aos produtores integrados, o desenvolvimento da cadeia produtiva e os compromissos de longo prazo em sustentabilidade estabelecidos na estratégia corporativa do Banco do Brasil”.
“Nossas metas públicas de sustentabilidade reforçam nosso comprometimento com a agenda ESG em prol do impacto positivo sobre o meio ambiente, na nossa cadeia produtiva e pela sociedade”, destaca Mariana Modesto, diretora de Sustentabilidade.
A íntegra dos compromissos de sustentabilidade da Companhia pode ser conferida no Plano BRF de Sustentabilidade.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



