Suínos
Inseminação artificial em tempo fixo é tendência na suinocultura
Com os atuais resultados de desempenho reprodutivo, a tendência é que as melhorias não sejam observadas diretamente através dos indicadores de eficiência reprodutiva quando adotado uma nova tecnologia
Artigo escrito por Rafael Ulguim, doutor em Reprodução de Suínos da Elanco
A especialização do manejo reprodutivo de suínos e o avanço genético das matrizes permitiram que os indicadores de desempenho reprodutivo atingissem patamares de excelência. As melhorias na produtividade podem ser atribuídas à qualidade no processamento das doses de sêmen, ajustes de protocolo e técnica de inseminação e também a maior hiperprolificidade das matrizes.
Com os atuais resultados de desempenho reprodutivo, a tendência é que as melhorias não sejam observadas diretamente através dos indicadores de eficiência reprodutiva quando adotado uma nova tecnologia. Assim, benefícios nos demais setores produtivos, como central de inseminação, maternidade, creche, recria e terminação devem ser considerados. Não menos importante, proporcionar ferramentas de manejo que facilitem a qualidade de trabalho e a satisfação das pessoas envolvidas no processo produtivo também torna-se um importante fator a ser avaliado. Nas centrais de inseminação, os avanços tecnológicos proporcionaram melhorias no uso de materiais de consumo que minimizam os riscos de contaminação durante o processamento de sêmen, além da utilização de equipamentos que proporcionam maior segurança na avaliação da qualidade espermática, taxa de diluição e número de espermatozoides na dose.
Nas granjas de produção de leitões os protocolos de inseminação e detecção de estro sofreram alterações que possibilitaram otimizar os manejos no setor de gestação. A utilização da inseminação artificial intrauterina (IAU) permitiu a deposição do sêmen no corpo do útero e assim possibilitou a redução do número de espermatozoides na dose de sêmen, permitindo a otimização de machos e a redução no tempo de realização da inseminação.
Assim, tanto as alterações nos protocolos de inseminação quanto na técnica de
IAU possibilitaram melhorias importantes no setor de gestação. No entanto, ainda existe oportunidade para a implantação de novas tecnologias no setor reprodutivo que podem otimizar ainda mais os ganhos obtidos até o momento.
Tendências Tecnológicas
Embora avanços no manejo reprodutivo tenham sido observados, a realização de várias inseminações durante o estro ainda é uma realidade na suinocultura. Isto ocorre porque é difícil predizer o momento da ovulação em função da alta variabilidade da ocorrência deste evento entre indivíduos. Assim, a realização de múltiplas inseminações permite assegurar que ao menos uma dose de sêmen seja realizada no intervalo ideal de até 24 horas antes da ovulação.
Pesquisas buscaram estruturar tecnologias que permitam reduzir a variabilidade do momento da ovulação e assim possibilitar que uma única inseminação artificial em tempo fixo (IATF) possa ser realizada durante o estro em momento predefinido. A sincronização da ovulação pode ser obtida através do uso de hormônios exógenos que induzem a ovulação.
Uma série de protocolos de sincronização da ovulação foram estruturados tanto para leitoas quanto para porcas desmamadas. Em leitoas os protocolos consideram a sincronização do estro com o uso de progestágenos seguido pelo uso de indutores do crescimento folicular e indutores da ovulação. Esses são protocolos mais complexos e exigem a maior utilização de hormônios, o que muitas vezes acaba dificultando a aplicabilidade da técnica. Em porcas desmamadas o estro é sincronizado ao desmame na maior porcentagem das fêmeas, facilitando a estruturação dos protocolos de sincronização da ovulação. Nas fêmeas desmamadas, existe protocolo que considera a aplicação de um único indutor da ovulação em momento predefinido após o desmame e realização de uma única inseminação em 100% das porcas até cinco dias após o desmame.
O uso da IATF tem sido adotado em granjas comerciais de países norte-americanos. A IATF pode proporcionar um melhor planejamento do fluxo produtivo e da mão de obra utilizada no setor de gestação, otimizar as centrais de inseminação e otimizar o ganho genético, considerando que somente uma única dose de sêmen será realizada na maior proporção das fêmeas selecionadas para a reprodução ao desmame. Os resultados de eficiência reprodutiva são satisfatórios em relação aos observados com o protocolo tradicional de múltiplas inseminações.
A aplicação desta ferramenta de manejo também traz benefícios para outros setores produtivos à medida que a mão de obra disponível na gestação pode ser direcionada para a maternidade, focando no atendimento dos leitões nos primeiros dias de vida. A realização de uma única inseminação com o uso de machos geneticamente superiores extrapola ganhos de desempenho também para os setores de creche, recria e terminação. A redução no número de doses processadas nas centrais de inseminação permite otimizar e melhor planejar a
escala de trabalho nas centrais de inseminação e reduzir o número de machos alojados nas centrais de inseminação.
A IATF em suínos é uma tecnologia que está disponível no mercado brasileiro, sendo considerada como uma tendência para a otimização do manejo reprodutivo das granjas, ampliando os ganhos para os demais setores do sistema produtivo
Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho e 2016 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Suínos
Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre
Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.
No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.
Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.
Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.
Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.
Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
