Suínos / Peixes Análise de mercado
Início do ano é marcado por preço do suíno em queda e custos em alta
Confira uma retrospectiva dos principais fatores de impacto na suinocultura em 2021 e a primeira análise de mercado de 2022 feita pela Associação Brasileira de Criadores de Suínos.
O ano de 2021 contou com dois fatores muito positivos para a suinocultura brasileira: o aumento considerável do consumo per capita da população e o aumento das exportações que alcançaram novos recordes. Os embarques de carne suína in natura (tabela 1), totalizaram 1,15 milhão de toneladas e superaram em 12,74% (114,8 mil toneladas a mais) os volumes exportados no ano anterior. Em receitas as exportações de carne suína in natura de 2021 atingiram um total de 2,475 bilhões de dólares, quase 17% a mais que 2020 (tabelas 2 e 3).Tabela 1. Volumes exportados totais e para a China de carne suína brasileira in natura em 2019, 2020 e 2021 (em toneladas) e comparativo da diferença percentual entre 2021 e 2020. Fonte: Secex.
De acordo com a ABCS, a China, principal compradora do Brasil, fechou 2021 com aumento de apenas 2,67% nas quantidades compradas do país em relação a 2020, sendo que no último trimestre de 2021 houve uma redução considerável nos embarques para o gigante asiático, totalizando 83,5 mil toneladas, 36,5% a menos que o mesmo período de 2020 e 3 mil toneladas a menos que o último trimestre de 2019. O ponto positivo é que outros destinos aumentaram sua participação nas compras da carne suína brasileira (tabelas 2 e 3). Das 114,8 mil toneladas de aumento, somente 13,3 mil toneladas foram incrementadas pela China e 101,5 toneladas para outros países, destacando-se o aumento significativo para as Filipinas (+24,6 mil ton), Argentina (+18,5 mil ton) e Chile (+16,8 mil ton).
Com Santa Catarina responsável por quase 2/3 dos embarques, os três estados do Sul firmaram seu amplo domínio nas exportações de carne suína, totalizando 96,7% de todos os embarques (tabela 4).
Mesmo com a redução dos embarques para a China no final do ano passado, para 2022 mantem-se a projeção de crescimento das exportações. A ABCS entende que no médio prazo (primeiro semestre), a Rússia, que abriu cota de 100 mil toneladas para o Brasil, pode compensar esta queda dos embarques para a China que, devido a liquidação de planteis em meados do ano passado, deve retomar um ritmo maior de compras a partir de abril. A primeira semana de janeiro apresentou média de 4 mil toneladas de carne suína brasileira exportada (Secex), uma média boa para o período, mas com preço em dólar ainda relativamente baixo (US$ 2.180,80/tonelada).
Se por um lado, o mercado de exportação se comporta dentro do esperado, por outro, o mercado doméstico apresenta-se extremamente hostil, com sinais de superoferta que derrubaram os preços do suíno em todo o Brasil, que despencam desde a segunda semana de dezembro.
Para a ABCS, esta queda de preços é resultado do elevado crescimento da produção de suínos dos últimos anos, coincidindo com uma crise econômica em que a inflação nos dois dígitos, o PIB estagnado e o desemprego corroem o poder aquisitivo do consumidor. Além disso, lembra a entidade, tradicionalmente o início do ano é de retração de demanda por carne suína no mercado doméstico e de exportação, o que agrava o desequilíbrio entre oferta e procura, pressionando ainda mais os preços para baixo.
La Niña sugere boa safra no Centro-Oeste e quebras no Sul
Em 2021 a quebra da safra de milho no verão e na safrinha, com perda de mais de 20 milhões de toneladas, determinou custo nominal recorde ao longo de praticamente todo o ano. Porém, a redução das exportações de milho garantiu o abastecimento e até determinou um recuo nas cotações do cereal em novembro do ano passado. Entretanto, desde dezembro as cotações do milho têm subido quase diariamente em movimento inverso ao do suíno, destaca a ABCS.
O farelo de soja também vem subindo de preço há algumas semanas, ultrapassando R$ 2,5 mil a tonelada em praticamente todas as praças. A “tempestade perfeita” no setor, com alto custo e baixo preço de venda do suíno, atingiu seu auge na primeira semana deste ano, com as piores relações de troca do suíno com o milho e farelo de soja dos últimos meses, conforme a tabela 5.
Mais uma vez o clima desfavorável na região Sul (sob o efeito da La Niña) com estiagem severa deverá resultar em quebra da primeira safra de milho, pois justamente esta região tem maior peso na colheita de verão. A Conab, que no levantamento de safra publicado em dezembro, estimava uma primeira safra de quase 30 milhões de toneladas de milho, reduziu sua projeção na publicação dia 11 de janeiro para pouco mais de 24 milhões de toneladas, muito similar à safra verão do ano passado.
A ABCS lembra que é muito importante diferenciar a situação da safra de milho de 2021/22 (em andamento) da anterior (2020/21). Apesar da quebra e produção da safra verão das duas ser similar, a safra 2020/21 teve seu início de plantio atrasado, o que comprometeu o plantio da safrinha na janela climática ideal, resultando em quebra recorde e uma produção total de 87 milhões de toneladas de milho. No caso da safra 2021/22, o plantio da segunda safra será em período mais seguro em termos climáticos. Além disso, a área plantada da safra 2021/22 aumentou em mais de 5% em relação à anterior. No balanço final espera-se um total de quase 113 milhões de toneladas na safra 2021/22 contra 87 milhões da safra 2020/21 (tabela 6).
Como a segunda safra de milho ainda não foi plantada e só será colhida no meio do ano, o primeiro semestre continuará com o preço do cereal em alta, mas sem risco de desabastecimento, sustenta a ABCS.
Risco de falências
O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, explica que o final do ano de 2021 foi frustrante em relação aos preços pagos ao produtor, e reforçou que o crescimento acelerado da produção de suínos dos últimos anos está apresentando a conta para o setor, mostrando que os prejuízos amargados em 2021 devem se estender para os primeiros meses de 2022. “Na questão custo relacionado ao milho, embora a primeira safra preocupe, a perspectiva é melhor do que no ano passado, pois tudo indica que a segunda safra resultará em quantidades suficientes para manter o preço do principal insumo em patamar mais baixo que em 2021. Por outro lado, outros custos indexados à inflação como tarifas públicas, combustíveis e mão-de-obra devem onerar ainda mais a produção. A grande preocupação é a recuperação da demanda do mercado doméstico para absorver o aumento da produção”.
Com uma estimativa de 2021 fechar com pouco mais de 4,8 milhões de toneladas de carcaças produzidas (número ainda não apurado pelo IBGE), o que representa um crescimento da ordem de 30% em cinco anos e mais de 16% nos últimos dois anos, em uma economia em franca retração, “é preciso olhar para trás e aprender que, mais importante que aumentar a produção nos períodos de mercado favorável é preciso investir em melhorias na estrutura das granjas e na estratégia de compra antecipada de insumos. Caso contrário, as crises, cada vez mais frequentes e profundas, que têm determinado um nível altíssimo de endividamento do setor, poderão, infelizmente, resultar em falência de muitos sistemas de produção independentes e até pequenas e médias integrações”.
Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola e da piscicultura acesse gratuitamente a edição digital Suínos e Peixes.
Suínos / Peixes
Podcast revela bastidores de discreta, mas poderosa central de genética no seio da suinocultura brasileira
Jornal O Presente Rural reuniu em um podcast um time de feras da suinocultura para falar sobre a WG Central de Genética Suína de Quatro Pontes, PR, um empreendimento da Associação de Suinocultores de Marechal Cândido Rondon que tem se tornado referência nos últimos anos pela sua modernidade e pela sua eficiência.
O jornal O Presente Rural reuniu em um podcast um time de feras da suinocultura para falar sobre a WG Central de Genética Suína de Quatro Pontes, PR, um empreendimento da Associação de Suinocultores de Marechal Cândido Rondon que tem se tornado referência nos últimos anos pela sua modernidade e pela sua eficiência. Responsável por toda a genética de machos repassada aos suinocultores da cooperativa Copagril, a WG ainda leva o material para várias regiões do Brasil, como Santa Catarina, Mato Grosso e Minas Gerais. Conheça um pouco dessa história em versão impressa. Se preferir, acesse o podcast aqui.
Participaram Ary Giesel, médico-veterinário responsável técnico da WG, empresa terceirizada da associação para administrar a central de inseminação. Também um velho conhecido do setor e premiado suinocultor Milton Becker, um dos fundadores da Associação de Suinocultores de Marechal Cândido Rondon. Quem também participou é outro grande produtor de leitões, Eládio Deves, que contou um pouco sobre a sua experiência com o material genético da central. Contribuíram também o superintendente de Pecuária da Copagril, André Dietrich, é o vice-presidente da cooperativa e suinocultor César Petri.
O Presente Rural – Acho que seu Milton pode começar contando para nós um pouco quando foi criada e qual era o objetivo da associação na época?
Milton Becker – Estou na suinocultura desde 1977, faz 47 anos. Comecei junto com a minha esposa, uma granja de dez matrizes e um sócio. Eu trabalhava no comércio na época, gerente de uma empresa, mas tinha a intenção de investir no agronegócio. E eu entendi que a suinocultura seria o melhor ramo. A associação foi surgindo de forma natural pela necessidade. Eu fui também na época vice presidente da Associação Brasileira e também foi vice presidente da Associação Paranaense. Fomos fortalecendo então a Associação de Marechal Cândido Rondon. Já que nós vamos falar da Central, surgiu a ideia entre 1991 e 1992 de fazer uma central de inseminação que fosse para benefício de todos O Ary já era na época era o responsável técnico dessa central. Foi uma evolução, um investimento muito bom, o que deixa a gente satisfeito é a evolução. Naquela época eram oito, dez machos.
Tivemos uma evolução boa, eu e meus parceiros fazíamos a venda de leitões, depois nós fizemos um contrato com a Copagril. E nós entendemos também pela necessidade e pelo padrão de genética da cooperativa.
E hoje estamos muito felizes na nossa granja (de matrizes que recebe a genética da central), todo mundo sabe. Nós já fomos campeões nacionais por oito anos, seis anos em primeiro lugar e dois anos em segundo lugar. São vários fatores do segredo de sucesso: genética, assistência técnica e mão de obra. E a central e os reprodutores são muito importantes porque é ali que inicia tudo.
Você tem a matriz, mas você tem que inseminar essa matriz com qualidade e de um padrão, vamos dizer assim, altamente confiável. E esse é o que acaba acontecendo então na nossa granja.
O Presente Rural – Ari, de uns anos para cá houve esse reposicionamento da associação que adotou uma nova forma de gestão. Quais foram os motivos para essa nova forma de atuação, para essa terceirização de fato acontecer?
Ari Giesel – Em um certo momento não se sabia quem iria tocar a central, não tinha gente que dissesse eu posso tocar a central e avançar. Eu era responsável técnico na época, que é uma outra atribuição, eu ia lá uma vez por semana e a central estava na mão de pessoas que iam lá uma vez por mês e que não tinha conhecimento técnico.
E foi aí que a gente entrou em um proposta com a Copagril e ela entendeu que a gente poderia fazer um trabalho de se dedicar com sêmen. Aí a gente terceirizou realmente dentro desse pacote. Em cima disso então eu assumi para terceirizar a central e começar a buscar tecnologia, ver a evolução que que as outras centrais tinham. Fomos para a Espanha para ver como é que era o processo lá. A gente viu maquinários, viu novas ideias e veio com aquilo de que a gente também poderia fazer. Adquirimos a maioria das máquinas que têm hoje lá e graças a Deus a gente conseguiu com esforço, buscando informação junto com o produtor, junto com a cooperativa.
A gente começou então fazer que o sêmen fosse realmente um selo de qualidade, igual a qualquer central. Então, dentro desse propósito, a gente começou treinando todos os funcionários. E qual é o nosso objetivo? É ser igual ou até melhor que as outras centrais. Dentro do nosso volume, a gente tem uma segurança muito forte mesmo para dizer que realmente nosso produto sai com muita qualidade. Ou nós produzimos qualidade, que é a nossa meta, ou não produzimos.
O Presente Rural – Para onde vai esse sêmen? Só para a Copagril?
Ari Giesel – O volume maior realmente vai para a Copagril. Eu diria 70%, esses outros 30% vão para diversas regiões, vai para Minas Gerais, vai para Mato Grosso e para Santa Catarina. Mas o nosso foco mesmo é ter uma parceria e um crescimento com a Copagril. A gente já está almejando e tomara que consiga um aumento de 30% na nossa atividade na nossa produção. Hoje nós temos 150 machos. Desde 2017 já são dois milhões de doses.
O Presente Rural – Diz que a associação, apesar de ser pequena, escondidinha, está sendo reconhecida pelas empresas de genética, pelo mercado, como uma das mais modernas e eficientes do país. Pode contar um pouco para nós os detalhes técnicos?
Ari Giesel – Nós fazíamos no início tudo manual. A gente foi buscar máquinas que façam o trabalho, adquirimos um sistema que a gente não se envolve muito, a máquina te dá o resultado. A gente só gerencia esses resultados. Todo mundo sabe o objetivo que a gente tem. A gente premia também os funcionários de alguma forma para eles estarem realmente engajados e principalmente para nós termos qualidade e ter o resultado lá no campo.
Às vezes dá uma tremedeira porque a responsabilidade é grande, a gente sabe o envolvimento e a parceria que tem que ter com o produtor. Ele tem que fazer a parte dele. E essa parte foi muito bem feita pela cooperativa, pois todos eles têm conservadoras e cuidam do sêmen que nem fosse cuidar uma joia. E essa joia realmente se traduz em ganhos.
O Presente Rural – Andrey, como é que a evolução genética tem contribuído para uma suinocultura moderna?
Andrey Dietrich – A genética é um dos pilares da nossa produção. A gente sempre busca custo, é claro, sem sacrificar qualidade. Mas nós buscamos sim otimizar custo. E a gente vê que a melhoria do desempenho consegue reduzir custos. Eu extrair o máximo potencial é reduzir custo também. A gente tem esse entendimento. A nutrição é a maior parte do nosso custo de produção, a gente precisa que a ração seja bem aproveitada. Então a gente não pode se dar ao luxo de desperdiçar ração ou não extrair o máximo que aquela nutrição pode nos proporcionar.
No nosso ponto de vista, a genética é o limite de até onde a gente consegue. Então, se eu estou com o meu manejo bem alinhado, se eu estou com a minha nutrição bem alinhada, qual é a nota dez do meu sonho? Qual é a nota dez do meu custo? Até onde eu consigo chegar? E a genética é a que delimita isso.
Então é importante essa conversa com a central e algumas solicitações de modernização de investimento que e a gente faz e somos prontamente atendidos. A gente faz isso pensando na evolução genética, para que a gente consiga ser referência em custo e em produtividade.
Vamos pensar só na linha paterna. O macho é extremamente importante para que a gente tenha a melhor conversão alimentar possível. Recentemente foi feita uma alteração na pontuação do macho, utilizando o que tem de melhor no mercado hoje, pelo menos pela troca de informação que a gente tem com as demais cooperativas, mais empresas da nossa região e do Brasil visando esse máximo potencial.
A gente entende que é o papel fundamental da genética determinar até onde consegue chegar, reduzir custo, produzir mais e ter sucesso na atividade.
O Presente Rural – Legal que vocês da cooperativa têm envolvimento com a WG para trocar informações para continuar a evolução da central.
Andrey Dietrich – Sim, apesar de a central não estar dentro na Coopagril, a gente tem essa parceria estabelecida. O Ary falou que 70% do sêmen que é produzido ali vem para a Copagril, mas a cooperativa utiliza 100% do sêmen na central. A central abastece toda a produção da cooperativa. E tem capacidade inclusive que conseguiria contemplar aumentos de produção que a gente por ventura possa ter e provavelmente teremos.
Olhe, o Ari falou que dá aquela tremedeira da responsabilidade e realmente a gente sabe da importância da central, então não tem como ser diferente. Como que a gente espera um resultado bom para o nosso produtor e para a nossa integração se a gente não está nessa conversa afinada com a central? Não tem outra forma. A gente vê essa parceria como bastante estratégica.
O Presente Rural – E esses machos? Como são escolhidos? Eles produzem durante por quanto tempo e como é a reposição?
Andrey Dietrich – O macho tem uma vida útil. Nós acompanhamos a evolução do mercado e das próprias genéticas. Nós temos comprovado que o material genético está entregando o melhor resultado, que é bom para todo mundo, é bom para o produtor, bom para a creche, bom para a terminação e é bom para o frigorífico. No frigorífico também dita muito da tendência que a gente precisa seguir. A gente vai seguir por aquela linha. A nossa definição da genética é com base nos critérios técnicos de produtividade e idade de macho.
Ari Geisel – Hoje os machos são descartados pela pontuação que eles têm de um índice genético. Nós temos o índice máximo que são de 130 pontos, quando chegou a 100 pontos vai para o descarte. Nós descartamos no ano passado 76% do plantel. Às vezes, como central, dá até dó ele está com a idade certa, mas geneticamente eles medem lá que esse macho então já é um candidato ao descarte. Onera bastante, mas mantém a qualidade.
O Presente Rural – O César Petri é vice-presidente da Copagril e também suinocultor. Qual a importância para a Copagril em ter uma parceria sólida para entrega de sêmen?
César Petri – Minha falecida mãe começou com quatro matrizes e era todo ciclo completo e a monta era natural. Na época era com o cachaço, com o macho lá na granja para fazer inseminação, sistema natural. Só que com o crescimento e com a tendência da evolução genética, não cabia mais ter o macho na granja lá porque ele ficava às vezes três, quatro, cinco ano na granja, mas enquanto isso a genética já estava muito mais avançada. Tinha perda de evolução genética muito grande e fora que com o crescimento das granjas hoje é inconcebível e não tem como operacionalizar monta natural. Hoje se faz lotes de 100 matrizes inseminadas numa semana. Então, sem condições de fazer uma inseminação natural. O sistema de ciclo completo foi se extinguindo, foi se verticalizando, o sistema e as grandes de iniciação foram cada vez ampliando mais. Hoje são granjas de 1000, duas mil, 3 mil, 5 mil matrizes. Então para isso teve que se evoluir para o sistema de inseminação artificial.
Se, por exemplo, ele enviar uma dose de sêmen que não teve esse controle perfeitinho, com problema no lote. Da inseminação de 100 matrizes, por exemplo, 40 possam ter problema. O sêmen é o mais barato de tudo, você perdeu um lote de cobertura que custava muito dinheiro. Queremos garantia de ter um parceiro sólido, não só na questão do sêmen, mas em todas as áreas de nutrição, de fornecedores, de compradores. A gente precisa ter parcerias sólidas, que dão garantia de qualidade. Isso a gente conquistou também com a central de inseminação.
O Presente Rural – O abatedouro da Frimesa está a plenos pulmões em Assis Chateaubriand, aumentando cada vez mais a produção, e a Copagril é uma das grandes fornecedoras de suínos para o abate. Quais são os planos para ampliar a produção no campo e como a central se encaixa nisso?
César Petri – A Frimesa fez todo esse investimento no frigorífico novo e demanda de um crescimento na produção de todas as cooperativas. A Copagril hoje está com um plantel de 30 mil matrizes no campo na mão de produtores associados. A Copagril não tem granja própria, mas tá na mão do cooperado. A gente viu que a gente deveria deixar o produtor cooperado produzir e é esse o modelo de produção que a companhia tem. A gente vai atender o crescimento da Frimesa, mas precisa que o associado queira construir essas granjas também, porque esse é o modelo que a gente tem.
Mês passado (março), inclusive, a gente bateu recorde de fornecimento de suínos. Foi mais de 100 mil suínos entregues num único mês. E a central vai continuar tendo papel primordial no crescimento. Se a gente crescer, a central vai precisar continuar crescendo.
O Presente Rural – Temos aqui o Eládio Deves, há muito tempo trabalhando com seu Milton, mas com granja própria. O senhor consegue notar os resultados da genética lá na granja?
Eládio Deves – Com certeza. O produtor procura e busca o GPD (ganho de peso diário), número de nascidos vivos ou nascidos totais deles que a gente trabalha da diferença dos nascidos totais e vivos. Com certeza a genética melhorou muito e hoje nós temos um padrão de leitão na granja. Nós não temos um leitão nascendo muito pequeno, precisa de média. Eu quero bastante leitão, mas eu quero uma média boa, que são leitões viáveis, com mais peso. A genética evoluiu muito nesse sentido.
O Presente Rural – O Milton é um dos maiores ganhadores do prêmio Agriness, que destaca os maiores produtores de desmamados/fêmea/ano no Brasil. Fale um pouco dessas conquistas e como o sêmen suíno contribui para esse sucesso?
Milton Becker – Com certeza a genética tem muito a ver não só do macho, mas também da matriz. E a gente sempre busca mais, buscar melhor. Oito anos e desde o primeiro ano nós já passamos a ganhar. São vários fatores, a genética, tanto do macho como da fêmea, nutrição, manejo, mas a mão de obra é fundamental. E a premiação é uma consequência. O prêmio é uma satisfação e realmente eu tenho certeza. Conheço a opinião dos meus colaboradores e eles ficam felizes com essa questão da premiação.
O Presente Rural – Eládio está no páreo também?
Eládio Deves – Não. Comecei a usar o sistema da Agriness no ano passado, mas ficou fui o campeão na Copagril. Fiquei em primeiro lugar. Nos últimos oito anos, ficamos duas vezes em segundo e as outras em primeiro. É importante a referência, o objetivo é sempre ficar entrando entre os melhores, se eu tiver um desempenho baixo, eu não consigo ter rentabilidade e não tenho como crescer na atividade. Eu tenho que ficar no mínimo entre os 10% melhores do país, vamos dizer assim. Esse é o objetivo.
Milton Becker – Só para ter uma ideia, nós estamos fechamos o ano passado com 36,5 leitões em média. Todo mundo sabe que a média regional aqui é 28. Então nós temos oito leitões e meio por porca a mais do que a média regional. Fazendo uma conta bem simples, 5 mil matrizes vezes oito, são 40 mil leitões a mais por ano que a nossa granja produz. E isso é aquilo que demonstra a viabilidade do negócio. Eu falo isso para estimular os outros produtores e para cada buscar o seu melhor, porque é dessa forma que a gente consegue também se manter na atividade.
César Petri – A gente fala muitas vezes em ampliação, falando em ampliação para crescimento da Frimesa ou o produtor investir em ampliação. Quando a gente olha o número dessa forma, a gente percebe que a gente tem uma ampliação dentro do número. Então eu preciso aumentar o tamanho da minha granja. Talvez não. São 40 mil leitões mais em 5 mil matrizes no ano, isso é quase meio mês de abate. Olha o potencial que nós temos em produção, em produtividade e que é uma ampliação que já está dentro da granja. Imagina trazendo para o sistema da Copagril de 30 mil matrizes, se ganhar cinco leitões a mais. São 150 mil suínos a mais no ano. É um mês e um pouco de abate dentro do próprio número.
Eládio Deves – Mas queremos não apenas número, mas um leitão mais pesado, de sete quilos e meio que é um objetivo para ele ir melhor nas creches. Então, vamos dizer, nós não vamos fazer oito leitões a mais. As vezes tem porca com 42 leitões por ano, mas desmama com 16, 18 dias. Na minha opinião não é viável. Desmarcam com 16 dia, 18 dias, para mim sempre vale o custo e tem que sobrar alguma coisa no leitão, não adianta eu ter número.
Andrey Dietrich – Muito bem observado. Também não é nosso objetivo só botar número de leitão. É importante qualidade, isso é a premissa principal.
O Presente Rural – Vice-presidente da Copagril, com tudo isso que a gente falou, como se reflete lá no consumidor final?
César Petri – Qualidade da carne. Aí é um dos pontos também da evolução genética que a gente vem falando é a qualidade de carne, a qualidade nutricional que a gente quer no final, que a gente sempre tem que estar olhando. Temos que olhar para o cara que vai lá na gôndola do supermercado comprar essa suína, caso contrário não tem justificativa em estar produzindo o suíno.
A missão nossa é essa. Acompanhamos a evolução genética para chegar lá no frigorífico um suíno com a característica que o consumidor queira. Esse é o objetivo que a gente vai estar sempre perseguindo.
O Presente Rural – E para o futuro, quais são os planos para a central?
Ari Giesel – Depende muito da demanda. Nós acreditamos que nós vamos ter uma demanda de 30% e para isso a gente vai precisar também mexer na estrutura física geral. E a gente já está vendo a possibilidade. Basicamente já está definido que a gente vai aumentar no mês de maio e depois a central depende da parceria com a Copagril. Estamos querendo chegar em 200 machos. A gente acha que assim vai suprir a necessidade da região
O Presente Rural – Senhores, alguma consideração final?
Milton Becker – Há muitos anos eu descobri que é preciso ter parcerias. Eu acho que hoje o produtor deve produzir e a nossa cooperativa que faz o trabalho de engorda e às vezes e depois vai para a mesa. Eu não vejo outro caminho para a suinocultura sem essas parcerias. Isso é muito forte na região Oeste e no Paraná. A parceria fortalece a Copagril, a central de genética e a granja.
Eládio Deves – Para ser viável, é preciso ter as 52 semanas sem oscilações. A minha granja é pequena e representa tantos por cento, mas todos os produtores têm que ter a consciência disso. Nós precisamos 52 semanas por ano ter um parceiro bom.
Andrey Dietrich – Só enfatizar a importância da parceria com a WG, com os produtores de qualidade, como o Milton e o Eládio. Eu acho que essa sinergia entre central, produtores e cooperativa, todo mundo fazendo a sua parte aqui, vai sempre nos trazer um bom resultado. Só agradecer e enfatizar a importância das parcerias para a gente.
César Petri – Eu quero só reforçar a importância dessa cadeia para a cooperativa, foi a partir da suinocultura que a Copagril surgiu. É extremamente importante essa cadeia, a gente vê como sustentáculo de tantas famílias no campo e que o crescimento da suinocultura nos traz grandes desafios numa região desafiadora, que já tem uma concentração de suínos grande e que a gente precisa crescer da melhor forma possível e no melhor alinhamento possível. E isso central, no trabalho que ela faz, nos dá essa garantia também de crescer tranquilo, que a gente tem a fornecedora de genética que nos dá segurança.
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Suínos / Peixes Entre 13 e 14 de setembro
Acrismat realiza maior festival de carne suína de Mato Grosso
Com entrada gratuita, Mato Grosso Pig Fest terá 20 estações com carne suína.
A carne suína tem caído cada vez mais no gosto do brasileiro. A diversidade de cortes e principalmente sua qualidade e sabor tem atraído cada vez mais amantes dessa, que é a proteína mais consumida no mundo. Com objetivo de mostrar todo a versatilidade da carne suína e atrair novos consumidores para fomentar ainda mais o consumo, a Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), associação afiliada da ABCS e contribuinte do FNDS, realizará nos dias 13 e 14 de setembro, a primeira edição da Pig Fest, festival gastronômico exclusivo de carne suína.
O evento, que terá entrada gratuita, e acontecerá no Centro de Eventos Jonas Pinheiro, contará com 20 estações com pratos, lanches, finger food e sobremesas tendo a carne suína como destaque. Além de outras 20 estações com doces e bebidas. “O evento foi pensado em mostrar toda a versatilidade da carne suína, que é a proteína mais consumida no mundo, e fomentar o consumo dela, que é muito saudável e saborosa, além de ser bastante acessível à nossa população”, pontuou o presidente da Acrismat, Frederico Tannure Filho.
Em Mato Grosso, o consumo da carne suína aumentou 257% nas últimas duas décadas. “Em 2004, o consumo de carne suína aqui no estado era de 7 kg per capita por ano. Após intenso trabalho de promoção da proteína, conseguimos aumentar esse número para 25 kg per capita ano agora em 2024”, revelou Tannure.
De acordo com uma projeção realizada pela Cogo, consultoria de inteligência em agronegócio, o consumo de carnes deve bater recorde no Brasil em 2024, cada habitante deve consumir cerca de 103 kg de carnes no geral, e o corte suíno deve apresentar a maior alta. A expectativa de consumo é de 21 kg por habitante, um aumento de 4% em relação a 2023.
Atrações
Além da praça de alimentação, o evento contará com espaço kids, e terá shows com as bandas The Vinis, Silver Guy, Banda U.B.A e o DJ Augusto Werner que se apresentarão em um palco 360º.
Suínos / Peixes
Poder de compra do suinocultor aumenta
Resultado reflete a valorização do vivo superior à do milho e do farelo de soja. O movimento de alta do suíno, por sua vez, se deve à boa liquidez da carne e à menor disponibilidade de animais em peso ideal para abate, ainda conforme pesquisas do Cepea.
Levantamentos do Cepea mostram que o poder de compra de suinocultores paulistas frente aos principais insumos utilizados na atividade avança setembro em alta.
Segundo pesquisadores deste Centro, o resultado reflete a valorização do vivo superior à do milho e do farelo de soja.
O movimento de alta do suíno, por sua vez, se deve à boa liquidez da carne e à menor disponibilidade de animais em peso ideal para abate, ainda conforme pesquisas do Cepea.
No mercado de milho, levantamento da Equipe Grãos/Cepea mostram que vendedores vêm limitando o volume ofertado, atentos às recentes valorizações externa e interna e preocupados com o clima nas principais regiões produtoras da safra de verão do Brasil.
Em relação ao farelo de soja, também segundo a Equipe Grãos/Cepea, a ausência de chuvas tem preocupado produtores, visto que pode atrasar o início da semeadura da temporada 2024/25.
Como resultado, vendedores estão reduzindo a oferta no spot, enquanto consumidores, tanto domésticos quanto internacionais, competem para adquirir novos lotes.