Conectado com
VOZ DO COOP

Suínos / Peixes Análise de mercado

Início do ano é marcado por preço do suíno em queda e custos em alta

Confira uma retrospectiva dos principais fatores de impacto na suinocultura em 2021 e a primeira análise de mercado de 2022 feita pela Associação Brasileira de Criadores de Suínos.

Publicado em

em

Fotos: Arquivo/OP Rural

O ano de 2021 contou com dois fatores muito positivos para a suinocultura brasileira: o aumento considerável do consumo per capita da população e o aumento das exportações que alcançaram novos recordes. Os embarques de carne suína in natura (tabela 1), totalizaram 1,15 milhão de toneladas e superaram em 12,74% (114,8 mil toneladas a mais) os volumes exportados no ano anterior. Em receitas as exportações de carne suína in natura de 2021 atingiram um total de 2,475 bilhões de dólares, quase 17% a mais que 2020 (tabelas 2 e 3).Tabela 1. Volumes exportados totais e para a China de carne suína brasileira in natura em 2019, 2020 e 2021 (em toneladas) e comparativo da diferença percentual entre 2021 e 2020. Fonte: Secex.

De acordo com a ABCS, a China, principal compradora do Brasil, fechou 2021 com aumento de apenas 2,67% nas quantidades compradas do país em relação a 2020, sendo que no último trimestre de 2021 houve uma redução considerável nos embarques para o gigante asiático, totalizando 83,5 mil toneladas, 36,5% a menos que o mesmo período de 2020 e 3 mil toneladas a menos que o último trimestre de 2019. O ponto positivo é que outros destinos aumentaram sua participação nas compras da carne suína brasileira (tabelas 2 e 3). Das 114,8 mil toneladas de aumento, somente 13,3 mil toneladas foram incrementadas pela China e 101,5 toneladas para outros países, destacando-se o aumento significativo para as Filipinas (+24,6 mil ton), Argentina (+18,5 mil ton) e Chile (+16,8 mil ton).

Tabelas 2 e 3. Volumes exportados de carne suína brasileira in natura em 2020 (esquerda) e 2021 (direita) por destino, em toneladas. São mostrados também os percentuais de cada país sobre o total e o valor médio por tonelada vendido em dólar (FOB), totalizando 2,475 bilhões de dólares. Fonte: Secex.

Com Santa Catarina responsável por quase 2/3 dos embarques, os três estados do Sul firmaram seu amplo domínio nas exportações de carne suína, totalizando 96,7% de todos os embarques (tabela 4).

 

Tabela 4. Exportações de carne suína in natura por estado em 2021. Fonte: Secex.

Mesmo com a redução dos embarques para a China no final do ano passado, para 2022 mantem-se a projeção de crescimento das exportações. A ABCS entende que no médio prazo (primeiro semestre), a Rússia, que abriu cota de 100 mil toneladas para o Brasil, pode compensar esta queda dos embarques para a China que, devido a liquidação de planteis em meados do ano passado, deve retomar um ritmo maior de compras a partir de abril. A primeira semana de janeiro apresentou média de 4 mil toneladas de carne suína brasileira exportada (Secex), uma média boa para o período, mas com preço em dólar ainda relativamente baixo (US$ 2.180,80/tonelada).

Se por um lado, o mercado de exportação se comporta dentro do esperado, por outro, o mercado doméstico apresenta-se extremamente hostil, com sinais de superoferta que derrubaram os preços do suíno em todo o Brasil, que despencam desde a segunda semana de dezembro.

Para a ABCS, esta queda de preços é resultado do elevado crescimento da produção de suínos dos últimos anos, coincidindo com uma crise econômica em que a inflação nos dois dígitos, o PIB estagnado e o desemprego corroem o poder aquisitivo do consumidor. Além disso, lembra a entidade, tradicionalmente o início do ano é de retração de demanda por carne suína no mercado doméstico e de exportação, o que agrava o desequilíbrio entre oferta e procura, pressionando ainda mais os preços para baixo.

La Niña sugere boa safra no Centro-Oeste e quebras no Sul

Em 2021 a quebra da safra de milho no verão e na safrinha, com perda de mais de 20 milhões de toneladas, determinou custo nominal recorde ao longo de praticamente todo o ano. Porém, a redução das exportações de milho garantiu o abastecimento e até determinou um recuo nas cotações do cereal em novembro do ano passado. Entretanto, desde dezembro as cotações do milho têm subido quase diariamente em movimento inverso ao do suíno, destaca a ABCS.

O farelo de soja também vem subindo de preço há algumas semanas, ultrapassando R$ 2,5 mil a tonelada em praticamente todas as praças. A “tempestade perfeita” no setor, com alto custo e baixo preço de venda do suíno, atingiu seu auge na primeira semana deste ano, com as piores relações de troca do suíno com o milho e farelo de soja dos últimos meses, conforme a tabela 5.

Tabela 5. Relação de troca do kg suíno vivo com kg do milho e do farelo de soja em várias praças do país (média nacional). Fonte: Dados levantados pela ABCS junto às filiadas. Dados de dezembro/21, incompletos, não foram apurados.

Mais uma vez o clima desfavorável na região Sul (sob o efeito da La Niña) com estiagem severa deverá resultar em quebra da primeira safra de milho, pois justamente esta região tem maior peso na colheita de verão. A Conab, que no levantamento de safra publicado em dezembro, estimava uma primeira safra de quase 30 milhões de toneladas de milho, reduziu sua projeção na publicação dia 11 de janeiro para pouco mais de 24 milhões de toneladas, muito similar à safra verão do ano passado.

A ABCS lembra que é muito importante diferenciar a situação da safra de milho de 2021/22 (em andamento) da anterior (2020/21). Apesar da quebra e produção da safra verão das duas ser similar, a safra 2020/21 teve seu início de plantio atrasado, o que comprometeu o plantio da safrinha na janela climática ideal, resultando em quebra recorde e uma produção total de 87 milhões de toneladas de milho. No caso da safra 2021/22, o plantio da segunda safra será em período mais seguro em termos climáticos. Além disso, a área plantada da safra 2021/22 aumentou em mais de 5% em relação à anterior. No balanço final espera-se um total de quase 113 milhões de toneladas na safra 2021/22 contra 87 milhões da safra 2020/21 (tabela 6).

Tabela 6. Balanço de oferta e demanda de milho no Brasil. Dados da safra 2021/22 atualizados em 11/01/22, sendo estoque final previsto para 31/01. *2021/22 previsão. Fonte: Conab.

Como a segunda safra de milho ainda não foi plantada e só será colhida no meio do ano, o primeiro semestre continuará com o preço do cereal em alta, mas sem risco de desabastecimento, sustenta a ABCS.

Risco de falências 

O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, explica que o final do ano de 2021 foi frustrante em relação aos preços pagos ao produtor, e reforçou que o crescimento acelerado da produção de suínos dos últimos anos está apresentando a conta para o setor, mostrando que os prejuízos amargados em 2021 devem se estender para os primeiros meses de 2022. “Na questão custo relacionado ao milho, embora a primeira safra preocupe, a perspectiva é melhor do que no ano passado, pois tudo indica que a segunda safra resultará em quantidades suficientes para manter o preço do principal insumo em patamar mais baixo que em 2021. Por outro lado, outros custos indexados à inflação como tarifas públicas, combustíveis e mão-de-obra devem onerar ainda mais a produção. A grande preocupação é a recuperação da demanda do mercado doméstico para absorver o aumento da produção”.

Presidente da ABCS, Marcelo Lopes, cita possível falência de produtores independentes e pequenas integrações

Com uma estimativa de 2021 fechar com pouco mais de 4,8 milhões de toneladas de carcaças produzidas (número ainda não apurado pelo IBGE), o que representa um crescimento da ordem de 30% em cinco anos e mais de 16% nos últimos dois anos, em uma economia em franca retração, “é preciso olhar para trás e aprender que, mais importante que aumentar a produção nos períodos de mercado favorável é preciso investir em melhorias na estrutura das granjas e na estratégia de compra antecipada de insumos. Caso contrário, as crises, cada vez mais frequentes e profundas, que têm determinado um nível altíssimo de endividamento do setor, poderão, infelizmente, resultar em falência de muitos sistemas de produção independentes e até pequenas e médias integrações”.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola e da piscicultura acesse gratuitamente a edição digital Suínos e Peixes.

Suínos / Peixes

Preços do suíno vivo encerram abril com movimentos distintos

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores. Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

Publicado em

em

Foto: Ari Dias

Os preços do suíno vivo no mercado independente encerraram abril com movimentos distintos entre as regiões acompanhadas pelo Cepea.

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores.

Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

Para a carne, apesar da desvalorização das carcaças, agentes consultados pelo Cepea relataram melhora das vendas no final de abril.

Quanto às exportações, o volume de carne suína embarcado nos 20 primeiros dias úteis de abril já supera o escoado no mês anterior, interrompendo o movimento de queda observado desde fevereiro.

Segundo dados da Secex, são 86,8 mil toneladas do produto in natura enviadas ao exterior na parcial de abril, e, caso esse ritmo se mantenha, o total pode chegar a 95,4 mil toneladas, maior volume até então para este ano.

 

Fonte: Assessoria Cepea
Continue Lendo

Suínos / Peixes

Embaixador da Coreia do Sul visita indústrias da C.Vale

Iniciativa pode resultar em novos negócios no segmento carnes da cooperativa

Publicado em

em

Visitantes conheceram frigorífico de peixes - Fotos: Assessoria

A C.Vale recebeu, no dia 25 de abril, o embaixador da Coreia do Sul, Lim Ki-mo, e o especialista de negócios da embaixada sul-coreana, Rafael Eojin Kim. Eles conheceram os processos de industrialização de carne de frango, de peixes e da esmagadora de soja, além da disposição dos produtos nos pontos de venda do hipermercado da cooperativa, em Palotina.

O presidente da C.Vale, Alfredo Lang, recepcionou os visitantes e está confiante no incremento das vendas da cooperativa para a Coréia do Sul. “É muito importante receber uma visita dessa envergadura porque amplia os laços comerciais entre os dois países”, pontuou. Também participaram do encontro o CEO da cooperativa, Edio Schreiner, os gerentes Reni Girardi (Divisão Industrial), Fernando Aguiar (Departamento de Comercialização do Complexo Agroindustrial) e gerências de departamentos e indústrias.

O embaixador Lim Ki-Mo disse ter ficado admirado com o tamanho das plantas industriais e a tecnologia do processo de agroindustrialização da cooperativa. “Eu sabia que a C.Vale era grande, mas visitando pessoalmente fiquei impressionado. É incrível”, enfatizou o embaixador, que finalizou a visita cantando em forma de agradecimento pelo acolhimento da direção e funcionários da C.Vale.

 

Fonte: Assessoria CVale
Continue Lendo

Suínos / Peixes

Doença do edema em suínos: uma análise detalhada

Diagnóstico da doença pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras enfermidades.

Publicado em

em

Foto e texto: Assessoria

A doença do edema (DE) é um importante desafio sanitário em nível global na suinocultura. Com alta prevalência a patologia ocasiona perdas econômicas ao setor associadas, principalmente, com a morte súbita de leitões nas fases de creche e recria.

A doença foi descrita pela primeira vez na literatura por Shanks em 1938, na Irlanda do Norte, ao mesmo tempo que Hudson (1938) registrava sua ocorrência na Inglaterra.

Ao pensarmos no controle da enfermidade, a adoção de medidas de manejo adequadas desempenha um papel fundamental na prevenção da disseminação do Escherichia coli, o agente causador da DE.  Desta forma, é essencial reforçar práticas, como o respeito ao período de vazio sanitário durante a troca de lotes, a limpeza e desinfecção regular de todos os equipamentos e baias ocupadas com produtos adequados, e a garantia de que as baias estejam limpas e secas antes da introdução dos animais. Embora possam parecer simples, a aplicação rigorosa dessas ações é indispensável para o sucesso do manejo sanitário.

A toxinfecção característica pela DE é causada pela colonização do intestino delgado dos leitões por cepas da bactéria Escherichia coli produtoras da toxina Shiga2 (Vt2e) e que possuem habilidade de aderência às vilosidades intestinais, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade em suínos, resultando em perdas econômicas significativas e impactos negativos na indústria suinícola.

Durante a multiplicação da bactéria (E.coli) no trato gastrointestinal dos suínos, a toxina Shiga 2 (Vt2e) é produzida e absorvida pela circulação sistêmica, onde induz a inativação da síntese proteica em células do endotélio vascular do intestino delgado, em tecidos subcutâneos e no encéfalo. A destruição das células endoteliais leva ao aparecimento do edema e de sinais neurotóxicos característicos da doença (HENTON; HUNTER, 1994).

Como resultado, ocorre extravasamento de fluido para os tecidos circundantes, resultando em edema, hemorragia e necrose, especialmente no intestino delgado. Além disso, a toxina pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica, exacerbando ainda mais os danos aos tecidos e órgãos afetados.

Os sinais clínicos da doença do edema em suínos variam em gravidade, mas frequentemente incluem, incoordenação motora com andar cambaleante que evolui para a paralisia de membros, edema de face, com inchaço bem característico das pálpebras, edema abdominal e subcutâneo, fezes sanguinolentas e dificuldade respiratória. O edema abdominal é uma característica marcante da doença, muitas vezes resultando em distensão abdominal pronunciada. Além disso, os suínos afetados podem apresentar sinais neurológicos, como tremores e convulsões, em casos graves.  Em toxinfecções de evolução mais aguda, os animais podem ir a óbito sem apresentar os sinais clínicos da doença, sendo considerado morte súbita.

O diagnóstico da doença do edema em suínos pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras doenças. No entanto, exames laboratoriais, como cultura bacteriana do conteúdo intestinal ou de swabs retais podem ajudar a identificar a presença. Quando há alto índices de mortalidade na propriedade, pode se recorrer a técnicas de necropsia, bem como a histopatologia das amostras de tecidos intestinais, sobretudo a identificação do gene da Vt2e via PCR, para o diagnóstico definitivo da doença

O tratamento geralmente envolve a administração de antibióticos, como penicilina ou ampicilina, para combater a infecção bacteriana, juntamente com terapias de suporte, como fluidoterapia e controle da dor.

Embora tenhamos métodos diagnósticos eficientes, o tratamento da doença do edema ainda é um desafio recorrente nas granjas. Sendo assim, prevenir a entrada da doença do edema no rebanho ainda é a melhor opção. Uma dieta rica em fibras, boas práticas de manejo sanitário, evitar situações de estresse logo após o desmame e a prática de vacinação são estratégias eficazes quando se diz respeito à prevenção (Rocha, 2016). Borowski et al. (2002) demonstraram, por exemplo, que duas doses de uma vacina composta por uma bactéria autógena contra E. coli, aplicadas em porcas e em leitões, foram suficientes para obter uma redução da sintomatologia e mortalidade dos animais acometidos.

A doença do edema em suínos representa um desafio significativo para a indústria suinícola, com sérias implicações econômicas e de bem-estar animal. Uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes à patogênese da doença, juntamente com a implementação de medidas preventivas e de controle eficazes, é essencial para minimizar sua incidência e impacto. Ao adotar uma abordagem integrada os produtores podem proteger a saúde e o bem-estar dos animais, ao mesmo tempo em que promovem a sustentabilidade e a rentabilidade da indústria suína.

Referências bibliográficas podem ser solicitadas pelo e-mail gisele@assiscomunicacoes.com.br.

Fonte: Por Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de Serviços Veterinários de Suínos da Ceva Saúde Animal.
Continue Lendo
SIAVS 2024 E

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.