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Influenza poderia transformar Brasil em importador de frango, alerta pesquisador mexicano

Em entrevista exclusiva para O Presente Rural, ele fala sobre a perspectiva atual, prevenção e controle da Influenza Aviária

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Veio ao Brasil o médico veterinário mexicano A. Gregorio Rosales, para palestrar à um seleto público durante o Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA) 2017, que aconteceu de 04 a 06 de abril, em Chapecó, SC. Mestrado e doutorado pela Universidade da Georgia (EUA), Rosales construiu uma sólida carreira profissional nos Estados Unidos e em outros países, trabalhando em empresas de renome, como Aviagen, além de atuar como consultor privado em saúde e biossegurança das aves. Rosales exerceu funções como docente e pesquisador em importantes universidades, como o Poultry Diagnostic and Research Center, na Universidade da Georgia.

O estudioso é diplomata do American College of Poultry Veterinarians, autor ou coautor de numerosas publicações sobre biossegurança, prevenção e controle de doenças aviárias. Em 2012, recebeu o Prêmio de Atendimento Especial da Associação Americana de Patologistas Avícolas e, em 2015, o Prêmio Lamplighter, da Associação de Avicultura e Ovos dos Estados Unidos, por seu contínuo serviço e dedicação à profissão e à indústria avícola.

Em entrevista exclusiva para O Presente Rural, ele fala sobre a perspectiva atual, prevenção e controle da Influenza Aviária, doença amplamente difundida pelo mundo, mas ainda distante do Brasil. Ele alerta que um foco da doença poderia transformar o Brasil de exportador a importador de carne de frango.

O Presente Rural (OP Rural) – Qual o prognóstico mais recente da Influenza Aviária no mundo?

A. Gregorio Rosales (AGR) – A Influenza Aviária tornou-se uma das mais constantes e significantes ameaças à indústria avícola no mundo. Como resultado de centenas de surtos recentes da doença na União Europeia, América do Norte e nos continentes Asiático e Africano, o lucro da indústria tem sido severamente impactado e em diversos casos, com efeito de longo prazo. Infelizmente, a doença também se tornou endêmica em algumas áreas do planeta.

OP Rural – Quais as principais medidas a serem tomadas para evitar a entrada da IA no Brasil?

AGR – Os produtores, junto aos oficiais de saúde animal, necessitam desenvolver um plano compreensível baseado em potenciais fontes e nível de risco apropriado. De forma a continuar o trabalho na implementação de práticas de biosseguridade, conduzir a vigilância passiva e ativa e educar e/ou treinar, regularmente, pessoal de todos os níveis do sistema de produção. Cooperação e coordenação entre a indústria e agências regulatórias precisam ser atingidas de forma a enfrentar possíveis situações de emergência.

OP Rural – Quais seriam os impactos para a avicultura brasileira com a entrada da IA?

AGR – Em adição à potenciais perdas e redução dos lucros associadas aos sintomas clínicos, essa doença pode causar interrupções graves do comércio nacional e internacional de produtos aviários. A presença da Influenza Aviária em um país pode também resultar em limitação dos produtos disponíveis, a necessidade de importar produtos para atender a demanda do consumidor e em alguns casos poderia gerar preocupação em relação à segurança dos produtos oriundos de aves.

OP Rural – Quais são os sintomas da doença?

AGR – Dependendo da patogenicidade da cepa de Influenza Aviária, os sintomas podem variar de sinais respiratórios brandos à graves, queda na produção de ovos, depressão e mortalidade com inchaço e lesões hemorrágicas em diversos órgãos.

OP Rural – Quais são as medidas de controle, do diagnóstico à eliminação do lote e desinfecção das instalações, que precisam ser tomadas caso haja um foco?

AGR – Uma vez que o diagnóstico é feito é importante eliminar o plantel confirmado positivo o quanto antes para reduzir os riscos da transmissão a outras granjas. A disposição apropriada das aves mortas, ovos e da cama através de métodos adequados é crucial para prevenir possíveis disseminações. Uma vez que o diagnóstico é realizado, se faz necessário estabelecer as zonas de controle e vigilância preconizadas pela OIE (Organização Mundial de Saúde Animal). Controle estrito do movimento de pessoas, equipamento e veículos é essencial para minimizar o risco de transmissão por fômites. A limpeza e desinfecção de instalações precisa ser realizada utilizando produtos e procedimentos aprovados. Apenas quando testes demonstrando ausência de vírus residual, e após o tempo de vazio sanitário estiverem completos, as granjas estarão autorizadas para reestabelecer seus plantéis.

OP Rural – Qual o papel dos laboratórios oficiais e privados (das agroindústrias) na monitoria da IA?

AGR – É preciso reconhecer que um programa de bioseguridade robusto (primeira linha de defesa) necessita ser apoiado por um programa de vigilância (testes laboratoriais) sólido, o qual pode prontamente identificar um plantel infectado e conduzir a submissão de amostras adicionais de forma a confirmar o diagnóstico rapidamente. O diagnóstico pode então ser seguido de quarentena imediata e de outras ações de contenção.

A condução de processos de triagem regular (em momentos apropriados) pode ajudar a indústria a garantir o status sanitário dos plantéis, sua progênie e outros produtos como livres de Influenza Aviária. A certificação oficial de plantéis e produtos como livres de Influenza Aviária é importante para permitir e facilitar o mercado interno e externo.

O teste deveria ser conduzido também quando qualquer lote apresenta sinais respiratórios (mesmo brandos), particularmente quando estes ocorrem em conjunto com o aumento da mortalidade e queda da produção de ovos.

Experiências ao redor do mundo mostram que casos de Influenza Aviária de baixa patogenicidade (LPAI) causados por cepas H5 ou H7 podem não ter sido detectados de forma apropriada. Consequentemente, essas infecções provavelmente se espalharam e evoluíram (enquanto o vírus se adaptava ao hospedeiro e mutava) para casos de alta patogenicidade (HPAI).

OP Rural – Após detectado um foco de IA, quanto tempo é considerado ideal para que todas as providências de sacrifício do lote e demais medidas para minimizar a possibilidade de disseminação da doença?

AGR – O ideal é que a eliminação em massa através de métodos aprovados precisam ser conduzidas dentro das 24 horas após o diagnóstico. Obviamente, quanto mais rápido ocorrer a eliminação de um plantel confirmado positivo, maiores são as chances de reduzir o risco de mais vírus serem gerados, se disseminando por outras aves vivas.

OP Rural – Os laboratórios do Brasil suprem a necessidade de diagnóstico rápido?

AGR – Não há dúvida que existem recursos humanos, tecnológicos e de diagnóstico. Portanto, não vejo razão do porque não seria possível através de um esforço coordenado e cooperativo entre oficiais de saúde e a laboratórios da indústria (de origem privada), seguindo específicos e padronizados protocolos de monitoramento. A meta deve ser a manutenção de um programa e recursos disponíveis para, primeiramente, detectar e então confirmar prontamente a infeccção.

OP Rural – Quais as ferramentas de monitoria mais indicadas para conferir agilidade na questão de vigilância da IA?

AGR – Processos de triagem como a detecção de anticorpos (Elisa, testes AGP) e a captura de antígeno (vírus do tipo A) podem ser usados de forma individual ou combinados para realizar a detecção inicial. O pessoal treinado necessita realizar estes testes usando reagentes de qualidade e eficiência comprovada e seus protocolos pré-estabelecidos.

Uma vez feita a detecção de aticorpos/antígeno, amostras de soro, swab traqueal e cloacal precisam ser submetidos aos laboratórios oficiais para a confirmação. Laboratórios especializados podem também realizar o isolamento do vírus e a subtipagem molecular.

A detecção de anticorpos como principal procedimento de triagem utilizando kits de qualidade comprovada é, de longe, o método mais utilizado hoje, sendo capaz de detectar lotes que foram expostos ao vírus mesmo na ausência de sinais clínicos. Este é um fato importante, o qual pode ajudar na detecção de casos causados por cepas LPAI e mesmo depois do vírus não estar mais presente no lote, e quando os testes de captura de antígeno ou PCR serão negativos.

Mais informações você encontra na edição de Aves de abril/maio de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem

Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

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A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.

Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.

Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.

A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.

A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.

Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.

Fonte: O Presente Rural com Unifrango
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Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer

Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

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O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.

A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.

Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.

Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.

Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.

Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.

Fonte: Assessoria Sindiavipar
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Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026

Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

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O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.

Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.

Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.

Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.

Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.

Fonte: O Presente Rural com Consultoria Agro Itaú BBA
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