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Suínos / Peixes Saúde Animal

Influenza na suinocultura: saiba como diagnosticar e quais as ferramentas disponíveis para prevenção e controle

É papel de cada um dar sua contribuição epidemiológica, dificultando que rearranjos virais ocorram e novos vírus surjam

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Arquivo/OP Rural

Artigo escrito por Heloiza Irtes de Jesus Nascimento, mestranda da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais, Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e da Zoetis Indústria Farmacêutica Veterinária; Jovani Antonio Finco, Érico Franco, Dalvan Carlo Veit, Rodrigo Bieleski, da Zoetis Indústria Farmacêutica Veterinária

Em junho de 2009, na América do Norte, ocorreu o primeiro surto de Influenza em anos, declarado pela Organização Mundial de Saúde. O vírus, nunca descrito anteriormente em humanos, era o H1N1 pandêmico (H1N1pdm09), que rapidamente se disseminou mundialmente.

O vírus da Influenza A acomete diversas espécies de animais, como aves, morcegos, cavalos, incluindo ainda suínos e humanos. Em suínos, o vírus causa doença respiratória aguda e é endêmico nas populações dessa espécie ao redor do mundo. Três subtipos da Influenza suína estão presentes nos plantéis: H1N1, H1N2 e H3N2, os quais podem possuir linhagens genéticas distintas.

A Influenza suína faz parte do complexo das doenças respiratórias dos suínos, uma das principais causas de pneumonia viral.  Além de ser um agente primário, o vírus está bem documentado como sendo um fator predisponente para o surgimento de pneumonia bacteriana secundária subsequente.

A patogênese da doença respiratória viral está tipicamente associada à destruição do aparato mucocelular e ao comprometimento da função dos macrófagos alveolares e intravasculares pulmonares.

Os principais problemas associados com a infecção do vírus da Influenza nos plantéis de suínos são as perdas zootécnicas, como diminuição do ganho de peso diário (GPD), mais dias para chegar ao peso de abate e perdas reprodutivas. Predisposição a coinfecção, infecções secundárias com consequente aumento do uso de antibióticos e aumento da mortalidade são desafios comumente encontrados em plantéis infectados pelo vírus da Influenza A (IAV).

A Influenza suína não é uma doença de origem alimentar. O risco de ser infectado com o vírus da Influenza pelo consumo de carne ou produtos suínos é insignificante. Os vírus da gripe são geralmente restritos ao trato respiratório do suíno e não são detectados no músculo, mesmo durante doenças agudas.

O suíno tem um papel importante na epidemiologia da Influenza por possuir receptores celulares capazes de se ligarem ao vírus da Influenza proveniente de várias espécies, como humanos e aves. Ao se contaminar com tipos virais de diferentes origens ou subtipos, pode favorecer o rearranjo genômico, promovendo o surgimento de novos vírus.

Em granjas infectadas pelo vírus da Influenza, a taxa de morbidade pode chegar a 100%, enquanto a taxa de mortalidade é geralmente baixa. Os animais acometidos pela Influenza apresentam com frequência sinais clínicos como hipertermia (40,5 – 41,5 ºC), anorexia, prostração, taquipneia e tosse. O impacto econômico primário está relacionado ao ganho de peso retardado, resultando em um aumento no número de dias para atingir o peso do mercado.

No Brasil ocorrem com maior frequência, na creche, sinais respiratórios provocados pela associação entre Influenza e Haemophilus parasuis. Assim como na transmissão entre humanos, a transmissão entre suínos ocorre através do contato com secreções contaminadas, como descarga nasal e aerossóis, ou seja, pelo ar. A doença causada pela Influenza pode ocorrer de duas formas: epidêmica ou endêmica. Na forma epidêmica, que surge quando um agente infeccioso é introduzido numa população suscetível (ou seja, na ausência de anticorpos), o vírus é transmitido rapidamente para todas as fases de produção de uma unidade, sendo que os suínos se recuperam rapidamente, desde que não haja complicações por infecções bacterianas secundárias. Na forma endêmica, os sinais clínicos são menos óbvios e não são todos os animais que demonstram os sinais clínicos típicos da infecção.

Diagnóstico

Para um diagnóstico bem-sucedido é de extrema importância que se entenda a linha do tempo da infecção pelo IAV e os sinais clínicos. A finalidade do diagnóstico também deve ser levada em conta. Para testes de detecção do vírus, as amostras devem ser coletadas até 7 dias após o início dos sinais clínicos, período em que ainda existe excreção viral.  Para isso, a coleta de material com o auxílio de um suabe nasal e posterior envio para diagnóstico molecular através do PCR (Reação em Cadeira pela Polimerase) nos fornece a identificação dos vírus presentes. Quando a intenção é a detecção da resposta imune produzida pelo animal, ou quando a granja passa por surtos frequentes, a coleta deve ser feita 10-14 dias pós-infecção (PI), momento em que ocorre o pico de soroconversão. Com o teste de inibição da hemaglutinação (HI) podem-se identificar os subtipos virais com os quais o animal teve contato. Também é possível fazer a identificação das lesões características da Influenza à microscopia e, ainda havendo presença de vírus, a imuno-histoquímica pode identificar a presença do vírus na lesão.

Estratégias de controle

Devido à grande capacidade de o vírus da Influenza se propagar pelo ambiente e por ser um vírus em cuja disseminação os humanos têm um papel importante, vários fatores devem ser considerados para o controle.

Biossegurança

Como a Influenza humana pode infectar suínos e as pessoas podem introduzir novos vírus nas granjas, todos os trabalhadores que estão em contato direto com os suínos devem ser vacinados anualmente contra a gripe sazonal. Isso pode reduzir o potencial de as pessoas e os suínos se coinfectarem com ambos os vírus (humano e suíno) e favorecer o rearranjo entre diferentes vírus, o que pode levar ao surgimento de um novo vírus de Influenza A, com uma combinação genética diferente das conhecidas no momento. Bons hábitos de higiene dos funcionários, como lavar sempre as mãos com sabão e ter etiqueta social ao tossir e espirrar, favorecem o controle e a redução da transmissão do vírus. A realização de quarentena dos animais antes de introduzi-los nas granjas, como para outras doenças, é de fundamental importância para evitar a introdução de novos vírus e bactérias no plantel.

Vacina

A vacinação, até o momento, tem sido a única ferramenta para a prevenção contra a Influenza, apesar do grau de proteção variar de acordo com a resposta imune individual do suíno, do momento da vacinação e da correspondência entre os antígenos vacinais e os vírus selvagens. Os protocolos vacinais são bastante variáveis, abrangendo estratégias de vacinação do plantel reprodutivo, dos leitões ou de ambos. Além de proteger a porca, a vacinação antes do parto proporciona o benefício adicional de prover anticorpos passivos e, consequentemente, alguma proteção para os leitões por 8 a 10 semanas após o nascimento.

Estudos realizados após a vacinação das porcas em duas doses, reportaram que após seis semanas, houve redução drástica da excreção de influenza pelos leitões e que a vacinação em massa no plantel reprodutivo pode ter um papel importante na dinâmica de transmissão do vírus.  Tais estudos fornecem evidências de que a vacinação das porcas pode ter um papel importante no controle da excreção do vírus nas granjas de suínos.

Considerações finais

A iniciativa do veterinário de campo de buscar esclarecer quais são os agentes envolvidos nos surtos de doenças respiratórias e de pôr em prática as estratégias de controle da Influenza, são ferramentas indispensáveis para reduzir os prejuízos causados pelo vírus. É papel de cada um dar sua contribuição epidemiológica, dificultando que rearranjos virais ocorram e novos vírus surjam.

Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2020 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Suínos / Peixes

Brasil conquista dois novos mercados para pescados na Índia

Agronegócio brasileiro alcançou a 30ª abertura comercial internacional apenas neste ano. Nos últimos 16 meses, foram abertos 108 novos mercados em 50 países.

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Foto: Shutterstock

A missão do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, à Índia em novembro do ano passado segue gerando resultados positivos para o Brasil. Após encontros com Shri Parshottam Rupala, ministro da Pesca, Pecuária e Lácteos da Índia e Kamala V Rao, CEO da Autoridade de Segurança dos Alimentos da Índia, o Brasil obteve, na última sexta-feira (19), a confirmação da abertura de dois novos mercados: pescado de cultivo (aquacultura) e pescado de captura (pesca extrativa).

O anúncio se soma a expansões recentes da pauta agrícola do Brasil para o país asiático. Nos últimos 12 meses, o governo indiano autorizou a importação de açaí em pó e de suco de açaí brasileiros.

Em 2023, a Índia foi o 12º principal destino das exportações agrícolas brasileiras, com vendas de US$ 2,9 bilhões. Açúcar e óleo de soja estiveram entre os produtos mais comercializados.

Segundo o Agrostat (Estatísticas de Comércio Exterior do Agronegócio Brasileiro), nos três primeiros meses deste ano, o Brasil exportou mais de 12 mil toneladas de pescado para cerca de 90 países, gerando receitas de US$ 193 milhões. Esse valor mostra um aumento de mais de 160% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando as vendas foram de US$ 74 milhões.

“Seguimos comprometidos em ampliar a presença dos produtos agrícolas brasileiros nas prateleiras do mundo. Essa estratégia não apenas abre mais oportunidades internacionais para nossos produtos e demonstra a confiança no nosso sistema de controle sanitário, mas também fortalece a economia interna. Com as recentes aberturas comerciais estamos gerando mais empregos e elevando a renda dos produtores brasileiros”, ressaltou o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, Roberto Perosa.

Com estes novos mercados, o agronegócio brasileiro alcançou a 30ª abertura comercial internacional apenas neste ano. Nos últimos 16 meses, foram abertos 108 novos mercados em 50 países.

Fonte: Assessoria Mapa
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Suínos / Peixes

Peste Suína Clássica no Piauí acende alerta

ACCS pede atenção máxima na segurança sanitária dentro e fora das granjas

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Presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio Luiz de Lorenzi - Foto e texto: Assessoria

A situação da peste suína clássica (PSC) no Piauí é motivo de preocupação para a indústria de suinocultura. A Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) registrou focos da doença em uma criação de porcos no estado, e as investigações estão em andamento para identificar ligações epidemiológicas. O Piauí não faz parte da zona livre de PSC do Brasil, o que significa que há restrições de circulação de animais e produtos entre essa zona e a zona livre da doença.

Conforme informações preliminares, 60 animais foram considerados suscetíveis à doença, com 24 casos confirmados, 14 mortes e três suínos abatidos. É importante ressaltar que a região Sul do Brasil, onde está concentrada a produção comercial de suínos, é considerada livre da doença. Portanto, não há risco para o consumo e exportações da proteína suína, apesar da ocorrência no Piauí.

 

Posicionamento da ACCS

O presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio Luiz de Lorenzi, expressou preocupação com a situação. Ele destacou que o Piauí já registrou vários casos de PSC, resultando no sacrifício de mais de 4.300 suínos. Com uma população de suínos próxima a dois milhões de cabeças e mais de 90 mil propriedades, a preocupação é compreensível.

Uma portaria de 2018 estabelece cuidados rigorosos para quem transporta suínos para fora do estado, incluindo a necessidade de comprovar a aptidão sanitária do caminhão e minimizar os riscos de contaminação.

Losivanio também ressaltou que a preocupação não se limita aos caminhões que transportam suínos diretamente. Muitos caminhões, especialmente os relacionados ao agronegócio, transportam produtos diversos e podem não seguir os mesmos protocolos de biossegurança. Portanto, é essencial que os produtores mantenham um controle rigoroso dentro de suas propriedades rurais para evitar problemas em Santa Catarina.

A suinocultura enfrentou três anos de crise na atividade, e preservar a condição sanitária é fundamental para o setor. “A Associação Catarinense de Criadores de Suínos pede que todos os produtores tomem as medidas necessárias para evitar a entrada de pessoas não autorizadas em suas propriedades e aquel a que forem fazer assistência em visitas técnicas, usem Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para minimizar os riscos de contaminação. Assim, a suinocultura poderá continuar prosperando no estado, com a esperança de uma situação mais favorável no futuro”, reitera Losivanio.

Fonte: ACCS
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Suínos / Peixes

Levantamento da Acsurs estima quantidade de matrizes suínas no Rio Grande do Sul 

Resultado indica um aumento de 5% em comparação com o ano de 2023.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Com o objetivo de mapear melhor a produção suinícola, a Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs) realizou novamente o levantamento da quantidade de matrizes suínas no estado gaúcho.

As informações de suinocultores independentes, suinocultores independentes com parceria agropecuária entre produtores, cooperativas e agroindústrias foram coletadas pela equipe da entidade, que neste ano aperfeiçoou a metodologia de pesquisa.

Através do levantamento, estima-se que no Rio Grande do Sul existam 388.923 matrizes suínas em todos os sistemas de produção. Em comparação com o ano de 2023, o rebanho teve um aumento de 5%.

O presidente da entidade, Valdecir Luis Folador, analisa cenário de forma positiva, mesmo com a instabilidade no mercado registrada ainda no ano passado. “Em 2023, tivemos suinocultores independentes e cooperativas que encerraram suas produções. Apesar disso, a produção foi absorvida por outros sistemas e ampliada em outras regiões produtoras, principalmente nos municípios de Seberi, Três Passos, Frederico Westphalen e Santa Rosa”, explica.

O levantamento, assim como outros dados do setor coletados pela entidade, está disponível aqui.

Fonte: Assessoria Acsurs
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