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Influenza aviária e Salmonella são debatidos no segundo dia do evento
Anderlise Borsoi e Nelva Grando explanaram sobre os temas nesta quarta-feira. Simpósio Brasil Sul de Avicultura é promovido pelo Nucleovet, em Chapecó (SC).

O Brasil é referência mundial na avicultura e o principal exportador de carne de frango, sendo o estado de Santa Catarina o segundo maior produtor e exportador de aves do país. Porém, os recentes casos de Influenza Aviária em países vizinhos do Brasil têm preocupado o setor. As ações realizadas para prevenir a entrada da doença no País foram abordadas na palestra “Influenza Aviária – vigilância epidemiológica ativa” nesta quarta-feira (5), no 23º Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), pela médica veterinária, mestre e doutora em Ciência Animal, Auditora Fiscal Federal Agropecuária (AFFA) e coordenadora de Assuntos Estratégicos (CAE/DSA) do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), Anderlise Borsoi.

Anderlise Borsoi trouxe uma visão geral do que o MAPA está fazendo para prevenção
A Influenza aviária (IA) é uma doença provocada por um vírus, muito contagiosa, que pode afetar a saúde de aves domésticas e silvestres. Os vírus apresentam diferentes subtipos (H5N1, H5N2, H5N3, H5N6, H5N8, etc) e têm a capacidade genética de se modificar com grande rapidez. O principal fator de risco de transmissão é a exposição de aves silvestres migratórias infectadas com o vírus às aves domésticas (produção, estimação e silvestres nativas) e, depois, para a avicultura comercial. Nas aves, a doença afeta grande quantidade de animais e provoca mortalidade elevada. Os principais sinais clínicos observados são: falta de coordenação motora, torcicolo, dificuldade em respirar e diarreia.
Anderlise trouxe uma visão geral do que o MAPA está fazendo dentro da Secretaria de Defesa Agropecuária (DAS) e o que os profissionais envolvidos na cadeia produtiva de aves precisam fazer tanto para detecção precoce da IA quanto para conter, em caso de haver contaminação no Brasil. A palestrante também falou sobre como notificar casos de doenças ao Serviço Veterinário Oficial (SVO), apresentou dados de vigilância passiva e de vigilância ativa, sobre os planos de contingência, tanto de campo quanto de laboratório, e as ações que o Ministério acompanha.
Existem dois planos: o de vigilância, para detectar a influenza, e outro de contenção, que aborda ações que devem ser feitas caso a doença entre no Brasil. “Existem dois grandes grupos de vigilância: a passiva que é aquela na qual o produtor notifica que uma ave está doente e o serviço de vigilância oficial vai ao local e coleta uma amostra; e a vigilância ativa, ou seja, o que já está sendo feito, são ações como as coletas de amostras feitas frequentemente pelo serviço de vigilância em todo o país”, descreveu Anderlise.
Desde julho de 2022, já foram coletadas mais de 40 mil amostras pelo MAPA. “As ações visam detectar precocemente casos de influenza, demonstrar a ausência da doença na avicultura comercial e monitorar a ocorrência de cepas com importância para a saúde pública”, explicou Anderlise, ao acrescentar que no site do Ministério (https://www.gov.br/agricultura/pt-br), clicando no banner sobre Influenza Aviária, abre uma página com informações sobre a doença, planos de vigilância, notas técnicas, vídeos educativos, entre outros conteúdos.
“A detecção precoce de um caso de Influenza Aviária é o objetivo da vigilância estabelecida pelo MAPA, sendo que as medidas de contingência somente serão eficientes se houver detecção precoce. Toda suspeita de Síndrome Neurológica e Respiratória deve ser notificada para o pronto atendimento pelo SVO”, concluiu Anderlise, ao acrescentar que o setor avícola é mais forte se trabalhar junto ao Mapa.
Salmonella
“Salmonelas – contaminação em alimentos” foi o tema abordado pela médica veterinária, consultora na empresa Vitalis Saúde Integrada, Nelva Grando. Ela explicou que a Salmonella está dispersa no meio ambiente e pode ser ingerida por meio de alimentos contaminados com fezes de animais, o que acontece, por exemplo, ao se comer carnes e ovos crus ou malpassados ou quando não se lava as mãos antes de cozinhar ou manipular alimentos.
Os alimentos que mais merecem atenção são carnes bovina, suína, de aves e ovos crus. Porém, produtos não processados como hortaliças, frutas e leite também são veículos frequentes das Salmonella. “A bactéria pode estar presente também no solo e na água contaminados com fezes”, frisou Nelva.
No Brasil, a verificação oficial do controle de Salmonella spp. nos abatedouros é realizada por ciclos de amostragem. “Os programas desenvolvidos pelo MAPA e executados pelas empresas mostram que o número de contaminação é baixo. Os resultados dos ciclos oficiais do governo no frango foi zero no último ano e tudo isso com certeza é resultado do programa bem elaborado e da ação do setor que toma todos os cuidados necessários”, destacou Nelva.
A palestrante enfatizou que o cozimento adequado elimina a Salmonella e outras bactérias e que os programas nacionais incentivaram a mitigação do risco das Salmonellas mais relevantes para a saúde pública. “O incremento das medidas de biosseguridade pelas empresas, focando no controle de cadeia, também reduziu o risco no Brasil. Porém, sabemos que a carne de aves, por ser um produto com pele e amplamente manipulado, tem mais chances de induzir contaminação. Já os ovos por suas características de substrato, armazenagem e modo de consumo também são os mais comprometidos”, comentou, ao concluir dizendo que Salmonella é um indicador de qualidade e de higiene de processos.
Sobre o SBSA
O Simpósio finalizou na manhã desta quinta-feira (6), no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó (SC). Promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet), o evento é realizado em formato híbrido. Concomitantemente, acontecem a 14ª Brasil Sul Poultry Fair e a Granja do Futuro.
Durante a manhã de hoje os participantes acompanharam as palestras de “A nutrição como ferramenta para otimizar o desempenho do frango de corte”, com o palestrante: Emilio Eduardo Cura Castro; “Imunonutrição: interação entre nutrição e imunidade em aves”, com Melina Bonato; “Saúde óssea – conceitos e aplicações para as novas demandas e desafios da avicultura”, com Jovanir Ines Muller e “Falhas de ambiência x problemas respiratórios”, com Rafael Castro.

Notícias
Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
Notícias
Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
Notícias
Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



