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Infecções por E. coli em suínos: sintomas, impactos e o papel estratégico da genética

Uso da seleção genética para resistência à E. coli se destaca como alternativa eficaz para reduzir perdas sanitárias e econômicas no pós-desmame.

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Fotos: Divulgação/Topgen

Artigo escrito por João Cella, Zootecnista, Coordenador Comercial na Topgen Genética Suína

As infecções entéricas causadas por Escherichia coli continuam sendo uma das principais preocupações sanitárias na suinocultura moderna, sobretudo no período que sucede o desmame. Essa fase é caracterizada por grande vulnerabilidade fisiológica dos leitões, o que favorece a instalação de patógenos oportunistas no trato digestivo. Dentre esses agentes, destacam-se as cepas enterotoxigênicas de E. coli, com ênfase para os sorotipos F4 (K88) e F18.

A E. coli está associada a dois dos quadros mais graves da fase inicial de vida dos suínos: a diarreia pós-desmame e a doença do edema. A primeira compromete seriamente o desempenho dos leitões, levando à desidratação, perda de peso e piora na uniformidade dos lotes. Já a segunda pode evoluir de forma extremamente rápida, resultando em morte súbita e elevadas taxas de mortalidade. Ambas representam perdas diretas e indiretas significativas para a granja.

Como a E. coli atua no organismo dos suínos?

O mecanismo patogênico da E. coli envolve a adesão inicial das bactérias à mucosa intestinal, processo mediado por estruturas chamadas fímbrias. Essas fímbrias são como “ganchos” microscópicos que permitem à bactéria se fixar nas células do epitélio intestinal. Somente após essa fixação a bactéria consegue colonizar e iniciar a produção de toxinas que desencadeiam os sinais clínicos da doença.

As cepas F4 (K88) são tradicionalmente associadas a quadros de diarreia neonatal e pós-desmame, com sinais clínicos como fezes aquosas, desidratação progressiva, queda no consumo e crescimento desigual dos animais. Já as cepas F18 são as principais responsáveis pela doença do edema, enfermidade caracterizada por inchaço das pálpebras, focinho e região frontal da cabeça, vocalizações anormais, dificuldade de locomoção, andar cambaleante e, frequentemente, morte em até 24 horas após os primeiros sinais.

Mesmo quando não há mortalidade, leitões que enfrentam infecções entéricas tendem a apresentar desempenho inferior ao longo de toda a fase de crescimento, prejudicando os índices de conversão alimentar, GPD e tempo até o abate.

Impactos econômicos das infecções por E. coli

Além das perdas biológicas, os impactos econômicos diretos dessas infecções são significativos. Os gastos com antimicrobianos, eletrólitos, vacinas, suporte nutricional e mão de obra adicional se acumulam rapidamente. Há também o descarte de carcaças e animais refugos que não atingem o padrão comercial.

Em granjas tecnificadas, a uniformidade e o ritmo de crescimento são fundamentais para a eficiência dos lotes. Uma simples quebra sanitária causada por E. coli pode comprometer toda a programação de alojamento e abate, aumentando o custo por quilo produzido. Soma-se a isso a crescente exigência por redução do uso de antibióticos na produção animal, tanto por razões comerciais quanto regulatórias, tornando ainda mais urgente a adoção de estratégias preventivas.

Genética: a chave para resistência natural à E. coli

Na década de 1990, pesquisadores da Escola Politécnica Federal de Zurique descobriram uma mutação natural no genoma suíno relacionada à resistência à cepa F18 de E. coli. Essa mutação, presente em suínos homozigotos para o alelo A (genótipo A/A), altera a estrutura dos receptores intestinais, impedindo que as fímbrias F18 se fixem à mucosa.

Foto: Shutterstock

Sem a adesão inicial, a bactéria não consegue invadir o epitélio, colonizar nem liberar toxinas. Em outras palavras, os suínos A/A são naturalmente resistentes à infecção, mesmo quando expostos às cepas patogênicas de E. coli. Essa descoberta foi um verdadeiro marco para a genética aplicada à sanidade suína, assegurando proteção eficaz sem o uso de medicamentos.

A partir dessa constatação, desenvolveu-se uma metodologia de tipagem de DNA para identificar precocemente os animais portadores do alelo resistente. Essa análise permite realizar uma seleção reprodutiva precisa, favorecendo apenas os animais que transmitirão resistência à progênie.

Aplicação prática nos programas genéticos suíços

Desde a descoberta da mutação, programas de melhoramento suíços passaram a incorporar sistematicamente a seleção genética para resistência às E. coli F18 e, mais recentemente, às F4.

Nas raças Landrace e Large White, a tipagem de leitões machos é feita rotineiramente nos núcleos de seleção, e somente os machos A/A são aprovados como reprodutores. Isso também assegura alta prevalência do alelo resistente nas fêmeas comerciais.

Foto: Shutterstock

Essa abordagem multiplica os efeitos positivos: quando tanto a matriz quanto o reprodutor são homozigotos resistentes, 100% da progênie será geneticamente protegida contra a adesão das cepas mais patogênicas de E. coli.

Importância da resistência à E.coli em escala comercial

Quando tanto a matriz quanto o reprodutor são homozigotos resistentes, 100% da progênie será geneticamente protegida contra a adesão das cepas mais patogênicas de E. coli. Mesmo quando não são totalmente resistentes, esses animais apresentam uma menor intensidade de infecção. Isso representa um ganho direto em sanidade e produtividade, reduzindo drasticamente a necessidade de antibióticos, a mortalidade no pós-desmame e os prejuízos associados à diarreia e à doença do edema.

Essa estratégia genética é especialmente valiosa em um contexto de pressão por sustentabilidade, redução de custos sanitários e melhoria dos índices zootécnicos. Além disso, ao incorporar resistência diretamente no DNA dos animais, o produtor cria uma barreira sanitária que atua desde o nascimento dos leitões — um diferencial importante frente aos inúmeros desafios presentes em uma granja.

O acesso à edição digital do jornal Suínos é gratuita. Para ler a versão completa online, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

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Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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