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Indústria precisa calcular custo/benefício para desmamar mais tarde

Questão é crucial para melhor desempenho zootécnico dos animais, além de fazer diferença nas questões reprodutivas e econômicas

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Arquivo/OP Rural

Uma questão importante para o bom desenvolvimento de um lote suíno e que faz toda a diferença nos resultados finais é a idade de desmame. Hoje a tendência é de desmamar leitões mais velhos para que eles possam ter o bom desenvolvimento nas etapas seguintes. Para esclarecer o tema o médico veterinário e doutorando pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Jamil Faccin, palestrou sobre a idade de desmame em suínos e seu impacto reprodutivo, sanitário e econômico. O evento integrou o Seminário Internacional de Suinocultura (Sinsui), que aconteceu em maio, em Porto Alegre, RS.

Segundo o profissional, as evidências técnico-científicas neste tema indicam que há prejuízos zootécnicos e financeiros para o sistema se o desmame ocorrer antes de 21 dias. “Obviamente que uma granja não desmama 100% do lote com a mesma idade, pois uma sala de maternidade geralmente necessita alguns dias para ser “fechada”, ou seja, ter todas as celas parideiras com fêmeas paridas”, comenta. Porém, acrescenta, levando em conta o fluxo de produção e espaços de gestação e maternidade, é preciso buscar reduzir o número de leitões desmamados com menos de três semanas.

Faccin explica que a idade do desmame dos suínos impacta significativamente a performance zootécnica na fase de creche, por ser a fase imediatamente após ao desmame, momento onde uma série de fatores estressantes ocorrem. “Leitões desmamados mais jovens apresentam também maior risco de se tornarem leitões descarte, necessitar medicação injetável e apresentarem vício de sucção de umbigo. Após o alojamento na terminação, o efeito no desempenho zootécnico ainda ocorre, mas em uma menor proporção”, conta.

O médico veterinário informa que se for considerada a data de abate em um dia fixo, por exemplo, após 100 dias de ocupação, o impacto zootécnico é grande, pois a idade de um animal desmamado mais velho será maior ao abate. “No entanto, se o carregamento ocorrer de uma forma que todos os animais tenham a mesma idade biológica, o impacto do aumento da idade ao desmame no desempenho é muito menor”, diz. Ele ressalta ainda que hoje se tem discutido um aumento de três para até quatro semanas de idade ao desmame. “Isso se faz importante, pois a magnitude da melhora em desempenho quando se compara leitões desmamados com 14 e 21 dias é maior do que uma comparação entre 21 e 28 dias, apesar de nos dois cenários a diferença ser de sete dias”, esclarece.

Impactos reprodutivos, sanitário e econômicos

Faccin comenta que ao se calcular se há vantagens em aumentar a idade ao desmame, é preciso considerar o impacto do aumento da duração da lactação na performance reprodutiva do plantel de matrizes. “O número de nascidos tem potencial para aumento, porém não na mesma magnitude quando se parte de idades próximas há duas semanas para três”, conta. Ele diz que neste exemplo, usualmente, se considera +0.1 nascidos totais por dia de aumento de idade ao desmame. “Migrando de idades próximas há três semanas para quatro, a tendência é que o aumento seja de 0.05 a 0.07 nascidos totais/dia. O intervalo desmame-estro apresenta uma mínima redução e a taxa de parto um leve aumento”, explana.

Quanto ao status sanitário, o médico veterinário conta que este é um dos principais pontos a serem avaliados no rebanho antes da tomada de decisão de aumento de idade ao desmame. “Em fluxos de desmames de 21 dias com baixa mortalidade/descarte de creche e terminação (acumulado < 5.0%), a melhoria de desempenho e sobrevivência é muito menor do que em um sistema com altos desafios sanitários entre desmame e o abate”, alerta. Porém, explica, em um cenário de restrição do uso de antimicrobianos, a tendência é de que as perdas aumentem e, nesse caso, o aumento da idade ao desmame pode ser uma importante estratégia. “Vale ressaltar também que a maturidade fisiológica e imunológica apresenta íntima relação com a idade na qual os leitões são desmamados. Leitões desmamados mais velhos são mais resistentes a desafios causadores de diarreias na fase de creche”, explana.

O médico veterinário conta ainda que cada sistema deve calcular seus custos e receitas baseados em suas particularidades. “A primeira etapa consta em estabelecer uma base de lucro “por leitão desmamado” com objetivo de calcular qual a taxa de melhoria do valor de um leitão desmamado”, explica. Resumidamente, informa, as empresas podem calcular através do desempenho de creche e terminação a porcentagem de vendas de suínos “valor cheio”, custos e receitas, qual a taxa de mudança em quilos vendidos/leitão desmamados por dia de aumento de idade ao desmame. “Com este valor, pode-se simular quanto valerá a mais um leitão desmamado com “x” dias a mais em uma granja”, exemplifica.

Segundo Faccin, por fim, basta avaliar em quanto tempo este incremento no valor do leitão desmamado levará para pagar os custos com a instalação de mais celas parideiras. “As granjas que têm capacidade de ampliação da maternidade também contam com um ganho extra de aumento do plantel e consequentemente mais leitões vendidos em um ano”, afirma. Além disso, ele ainda alerta que um cenário que não é financeiramente viável é a decisão da não instalação de mais espaços de maternidade e redução do plantel reprodutivo.

Desafio a ser vencido

Acertar o ponto de idade de desmame ainda é um desafio para a indústria brasileira, de acordo com o médico veterinário, “pois depende de muitos fatores e a mudança gera alterações em todo o sistema de produção”. Faccin conta que muitas vezes a idade ao desmame é uma consequência baseada e uma meta pré-estabelecida de leitões desmamados. “O produtor brasileiro depende de um estímulo para adotar definitivamente esta prática. Atualmente, o alto desafio sanitário da fase de creche tem sido o motivo dos sistemas que já aumentaram a idade ao desmame. Em países da União Europeia e EUA o motivo maior tem sido a restrição do uso de antimicrobianos e/ou maior remuneração para carcaças “antibiotic free””, conta.

Além disso, o profissional esclarece que é preciso observar alguns pontos para perceber qual o melhor período de idade de desmame dos leitões. “Antes de tudo, calcular a real idade de desmame de cada granja de um sistema, mapear a capacidade de ampliação e custos disso, avaliar fluxos com altas taxas de perdas em creche e terminação e prospectar mercados que valorizem carcaças que não tiveram contato com antimicrobianos são pontos chave”, aborda.

Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2019 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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Suínos

Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos

Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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