Avicultura
Indústria do etanol avança sobre o milho brasileiro
Uma década depois de inaugurar a primeira usina para fabricação de etanol de milho, Brasil pode produzir até três bilhões de litros do combustível por ano, necessitando para isso de sete milhões de toneladas do grão
Para começar a entender o tamanho do movimento que o DDG vai exercer na agropecuária brasileira, é preciso compreender primeiro como está a produção de etanol do país e quais suas projeções. Para isso, o Presente Rural aglutinou algumas das principais informações que estão na mais recente publicação sobre o assunto; o livro eletrônico “Etanol de Milho: cenário atual e perspectivas para a cadeia no Brasil”, de 2021, organizado pelo engenheiro agrônomo, professor, autor e consultor Marcos Fava Neves. As informações dessa reportagem fazem parte dessa publicação.
“O etanol pode ser produzido a partir de diferentes fontes, cada qual apresentando vantagens e desvantagens em relação ao processo industrial e agrícola”. O documento destaca que o estudo tem como foco o etanol de milho, mas que é de grande relevância o entendimento sobre as matérias-primas e suas diferenças para a produção de etanol.
O estudo destaca que em uma comparação entre três principais matérias-primas para etanol, que são a cana-de-açúcar, milho e sorgo, em geral a cana tem a maior produtividade no campo (80 a 100 toneladas por hectare) e o menor rendimento industrial em litros por tonelada (70 a 90 litros por tonelada de matéria-prima). “O milho, por sua vez, apresenta o maior rendimento industrial, podendo atingir 425 litros por tonelada de matéria-prima”. Confira mais sobre o desempenho das matérias-primas para produção de etanol no gráfico abaixo.
“A associação com ação direta na produção de etanol de milho no Brasil é a Unem (União Nacional de Etanol de Milho), localizada em Cuiabá, Mato Grosso, que atua promovendo os objetivos e defendendo os interesses do setor. A organização possui três classes de associados: associados industriais, referente às empresas que utilizam o milho como matéria-prima para produção do etanol; associados institucionais, os quais representam as entidades de classe de diferentes elos da cadeia; e os associados parceiros, voltado às empresas de bens, tecnologias e serviços relacionados à cadeia produtiva do etanol de milho no Brasil.
As principais projeções para a produção do etanol de milho no Brasil, feitas pela organização, indicam uma produção de 3,6 bilhões de litros em 2023 e oito bilhões em 2028 (estimativa antes do período de pandemia), com crescimento total de 471% com base no volume registrado no ciclo anterior. Considerando os atuais números de produção divulgados pela Conab (2020), com ~1,7 bilhão de litros para 2020, até 2028 a produção deverá crescer 400%.
O Centro-Oeste é absoluto na produção de etanol de milho, apesar de um leve avanço da região Sul com a instalação recente de usinas. Confira no gráfico abaixo a representatividade de cada região.
“A capacidade de produção de etanol de milho do estado de Mato Grosso corresponde a aproximadamente 77% da capacidade total do Brasil. Em termos de volume, o estado tem capacidade de produzir cerca de 2,5 bilhões de litros de etanol de milho por ano. O segundo maior produtor é o estado de Goiás, que tem expandido sua capacidade produtiva (513 milhões de litros), principalmente em função da adoção das usinas de cana-de-açúcar ao modelo flex. No total, o Brasil possui uma capacidade instalada de 3,03 bilhões de litros (incluindo São Paulo e Paraná). Outros estados devem aparecer na lista nos próximos anos, como é o caso de Rondônia que já apresenta uma usina em operação e conta com outros projetos confirmados. Apesar da alta capacidade de produção do estado de Mato Grosso, a utilização do milho como matéria-prima para o biocombustível só decolou a partir da safra 2017/18, período que a produção quase quadruplicou e atingiu 391 milhões de litros.
O principal motivo estava relacionado ao início das atividades de diversas plantas e outras que estavam em construção no estado. Vale notar também que a base inicial é relativamente baixa, gerando grandes valores percentuais”.
A cadeia de etanol de milho
“Um passo essencial para compreensão da dinâmica de produção do etanol de milho no Brasil é o entendimento quanto aos modelos de usinas que operam no país. A Figura 1 apresenta um resumo desses diferentes formatos.
As usinas do modelo full produzem o combustível apenas tendo o milho como matéria-prima e utilizam cavaco de eucalipto para cogeração de energia no processo industrial. Por conta disso, realizam investimentos maiores no desenvolvimento de parcerias para promoção do plantio de biomassa (principalmente o eucalipto) para esse fim. Além disso, a estrutura necessária para queima desses materiais e geração da energia também demanda maior aporte financeiro.
Além das usinas full, existem também aquelas que adotam tanto a cana-de-açúcar como o grão, para a produção de etanol. Em termos de estrutura e tipo de investimento, existem dois modelos que foram observados no mercado: o primeiro, são as flex, usinas de cana-de-açúcar que optam por instalar uma pequena estrutura adjacente à planta atual, para o uso e aproveitamento de equipamentos e sistemas. Neste caso, utilizam o milho, apenas durante a entressafra. O segundo modelo, chamado flex fuel, muito parecido com o anterior, se diferencia pela presença de equipamentos adicionais, específicos para o milho, que tornam a moagem do grão possível não apenas na entressafra, aproveitando das sinergias do processamento da cana para produção de etanol de milho durante o ano todo.
Muitas usinas do modelo flex têm alterado a dinâmica de produção para o modelo flex full, principalmente em função dos baixos investimentos necessários para tornar a moagem do milho e a produção do etanol possíveis durante o ano todo”.
“A cada mil toneladas de milho processadas, são produzidos aproximadamente 425 mil litros de etanol, 312 toneladas de DDGs, 12,5 toneladas de óleo de milho e cerca de 150 MWh de eletricidade, sendo que, aproximadamente, 90 MWh são consumidos pela planta e outros 60 MWh podem ser exportados para redes de transmissão (veja mais na figura abaixo).
A produção de etanol de milho no Brasil envolve uma fusão de características dos Estados Unidos e os setores agrícolas e de biocombustível brasileiro. A fermentação de milho para o etanol no Brasil se baseia principalmente na tecnologia desenvolvida nos Estados Unidos e a geração de energia de processo, do etanol de milho brasileiro, tem como base a produção integrada de vapor e eletricidade, a partir da biomassa.
Custos e receitas
O livro observa ainda que “observando um pouco mais a fundo as fontes de receitas e despesas das usinas de etanol de milho, é importante ressaltar que, apesar da produção principal de etanol, este não é o único produto comercial das usinas. O DDGs (Dried Distillers Grain with Solubles ou Grãos Secos por Destilação com Solúveis, em português) ou WDG (Wet Distillers Grains – Grãos Úmidos de Destilaria) e o óleo de milho, são coprodutos do processo produtivo com importante valor agregado para construção de margens nas usinas, como destacado no gráfico abaixo.
Ao introduzir os coprodutos no mercado brasileiro, outros produtos existentes são deslocados, como milho e farelo de soja utilizados para ração animal. A maior disponibilidade de DDGs reduz a necessidade de área de cultivo para soja e milho destinados a produção de ração animal. Esses produtos são direcionados para a indústria alimentícia e de produção animal, e o etanol para as unidades de distribuição e, posteriormente, para os postos de combustível.
Um outro ponto interessante, na ótica das receitas, é a cogeração de energia no processo industrial, possível graças a tecnologias de ponta de algumas usinas. Com isso, pode-se obter uma outra fonte de receita ao comercializar a energia excedente e disponibilizá-la na rede”.
Chama atenção
“A produção de etanol de milho no Brasil tem chamado a atenção pelos altos volumes de investimentos e principalmente devido à sua rápida expansão nos últimos anos. A tecnologia de conversão de milho em etanol e coprodutos tem origem nos Estados Unidos e o processo de produção norte-americano é caracterizado pelo uso de milho primeira safra e uso de fontes de energia tradicionais, em grande parte fósseis (i.e., carvão mineral e gás natural). Essas características são diferentes do setor de biocombustível brasileiro, que possui vantagens quanto ao uso do milho, principalmente de segunda safra e fontes renováveis.
O etanol de milho foi inicialmente adotado no Brasil em usinas “flex”, aproveitando instalações e energia de usinas de cana-de-açúcar. Devido aos volumes de produção de milho e preços atrativos, investidores enxergaram oportunidades no Centro-Oeste brasileiro, transferindo, em particular ao estado de Mato Grosso, novos pacotes tecnológicos estruturados em usinas grandes e full (produção de 250 a 500 milhões de litros por ano).
O setor sucroenergético brasileiro tem buscado constantemente diversificar suas atividades e melhorar a eficiência na capacidade industrial. Porém, as atividades de processamento de matéria-prima estão concentradas em oito meses do ano e seguem o principal modelo utilizado no país, em que a cana-de-açúcar é a matéria-prima da produção.
Devido ao histórico complexo do setor (excesso de oferta e baixos preços de açúcar no mercado internacional somado a subsídios em países produtores como Índia; congelamento de preços da gasolina gerando perdas de competitividade do etanol; redução de investimentos; e perda de produtividade nos canaviais), projetos envolvendo a produção de biogás e biometano, reciclo de leveduras, etanol de segunda geração, recuperação de CO2 (dióxido de carbono) e utilização de matérias-primas alternativas na produção de etanol passaram a ganhar espaço e a serem posicionados como alternativas de sustentação pelos empresários do setor.
Assim, a busca por matérias-primas alternativas na entressafra é algo que vem se intensificando no país, pois possibilita a otimização do processo produtivo e a redução dos custos industriais. Com base na produção de etanol de milho nos Estados Unidos e na produção excedente dessa commodity em algumas regiões do Brasil, o uso de milho como matéria-prima na produção de etanol aumentou significativamente nos últimos anos, apoiado principalmente por fatores econômicos e regionais.
Além da maximização dos ativos da indústria e diluição dos custos operacionais, visto que as unidades flex de produção de etanol passam a operar de 330 a 350 dias por ano”, cita a publicação.
Entre os benefícios estão “aumento no mix de produtos que a usina pode ofertar ao mercado, incluindo em seu portfólio o DDGs e/ou WDG, e óleo de milho; fornecimento de etanol para regiões onde os preços ainda não são competitivos quando comparados à gasolina, como algumas regiões do Centro-Oeste, Norte e Nordeste; aumento da produção de etanol com um Capex (Capital Expenditure) relativamente menor do que o necessário para construção ou melhoria de uma planta de cana-de-açúcar”.
Linha do tempo
Como pode ser observado na figura abaixo, “a produção de etanol de milho no Brasil teve início em 2012 com a inauguração de uma planta industrial pela Usimat, na cidade de Campos de Júlio, estado de Mato Grosso. A unidade, que produz etanol a partir de cana-de-açúcar desde 2006, também inaugurou o modelo industrial do tipo flex, que possui uma estrutura para a produção de etanol usando cana e milho na mesma unidade industrial.
O sucesso do modelo implementado pela empresa motivou novos investimentos e a instalação de outras unidades no estado de Mato Grosso. Em 2013, a Libra Destilaria inaugurou sua planta modelo flex na cidade de São José do Rio Claro e, no ano seguinte, o “grupo Porto Seguro”, na cidade de Jaciara, também iniciou suas atividades no setor. Em 2015, foram integradas às unidades de etanol de cana-de-açúcar no estado de Goiás (Usinas SJC e Rio Verde) e, em 2016, a novidade chegou ao estado de São Paulo, com a planta da Cereale Brasil.
O modelo, que utiliza apenas o milho como matéria-prima para a produção de etanol, tem como pontos fortes a capacidade anual de produção e o consumo de milho em todos os períodos do ano. A FS “Fueling Sustainability”, joint-venture entre a holding brasileira Tapajós Participações e a empresa americana Summit Agricultural Group, foi responsável pela construção da fábrica na cidade de Lucas do Rio Verde, estado do Mato Grosso, com capacidade de produção de 530 milhões de litros de etanol por ano. No mesmo ano, outra unidade flex foi lançada, a “Safra Biocombustíveis”, em Sorriso, no estado de Mato Grosso.
No ano seguinte, em 2018, a produção de etanol de milho chegou ao estado do Paraná, no município de Bom Sucesso, com a integração da usina de etanol de milho pela planta Cooperval. Também nesse ano, entrou em operação a usina no modelo flex da Caçu, em Vicentinópolis, Goiás.
Em 2019, foram inauguradas duas novas unidades: a segunda planta full no país, pela “Inpasa Bioenergia”, na cidade de Sinop, estado de Mato Grosso, com capacidade de produção de 525 milhões de litros de etanol por ano; e mais uma unidade do modelo flex em Santa Helena de Goiás, pela Usina Santa Helena.
Em novembro de 2019, a Cerradinho Bioenergia iniciou as operações com sua planta situada exatamente ao lado da unidade de cana-de-açúcar, visando aproveitar sinergias de geração de energia e toda a infraestrutura e logística instalada para escoamento da produção.
A multinacional Inpasa, especializada na produção de etanol de milho anunciou a ampliação da planta em Nova Mutum (Mato Grosso). A nova fase terá investimentos de R$ 450 milhões, totalizando R$ 1 bilhão (somado aos R$ 550 milhões investidos anteriormente). A primeira etapa entrou em operação no final de agosto de 2020. A usina tem capacidade para produzir 890 metros cúbicos por dia de etanol hidratado, moer até 2,3 mil toneladas de milho diariamente e pode chegar a demandar 800 mil toneladas de milho por ano.
O ano de 2020 também marcou o início das operações da segunda unidade da FS Fueling Sustainability, em Sorriso, Mato Grosso; e da Bioflex, unidade do grupo GranBio, em Poconé, Mato Grosso. Existem 16 usinas flex, full e flex full em funcionamento no Brasil (nove usinas em Mato Grosso, cinco em Goiás, uma em São Paulo e uma no Paraná). O Brasil finalizou 2020 com duas unidades em fase pré-operacional, todas elas situadas no estado do Mato Grosso: uma planta full de milho da Alcooad na cidade de Nova Marilândia; e a unidade flex da Etamil, em Campo Novo dos Parecis.
Os investimentos privados no setor de etanol de milho foram estimulados principalmente pelos menores preços dos cereais nas regiões produtoras, passando a serem vistos como oportunidades de diversificação de atividades. Além disso, diferentemente da cana-de-açúcar, o milho pode ser armazenado e utilizado durante a entressafra, o que permite o aumento da atividade produtiva anual, maior rentabilidade e redução da capacidade ociosa da indústria.
Por sua vez, a atividade permite maior rentabilidade na produção de milho pelos produtores, o que aumenta a renda e a atividade econômica regional, e permite a estabilidade da produção de cereais. Os agricultores passam a ter uma nova alternativa de canal de comercialização de seus grãos, com liquidez, já que a maioria das usinas tem uma necessidade diária pela matéria prima”.
De acordo com as análises feitas pelos autores do estudo, “a capacidade produtiva anual de todas as usinas que estavam aptas a produzir etanol a partir de milho em 2020 (tanto modelos full quanto flex), somava 3,03 bilhões de litros, como mostrado no gráfico abaixo.
As quatro unidades do modelo full, dos grupos FS Fueling Sustainability e Inpasa, possuem maior capacidade produtiva dentre todas, somando cerca de 1,9 bilhão de litros por ano (62,7% do total).
Objetivo
De acordo com a publicação, “levar o conhecimento em relação à cadeia do etanol de milho brasileiro aos olhos de quem a desconhece é algo essencial para contribuir com o seu desenvolvimento”.
Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse gratuitamente a edição digital Avicultura – Corte & Postura.
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Relatório traz avanços e retrocessos de empresas latino-americanas sobre políticas de galinhas livres de gaiolas
Iniciativa da ONG Mercy For Animals, a 4ª edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais identifica compromisso – ou a ausência dele – de 58 grandes companhias, com o fim de uma das piores práticas de produção animal: o confinamento de aves na cadeia de ovos.
O bem-estar de galinhas poedeiras é gravemente comprometido pelo confinamento em gaiolas. Geralmente criadas em espaços minúsculos, entre 430 e 450 cm², essas aves são privadas de comportamentos naturais essenciais, como construir ninhos, procurar alimento e tomar banhos de areia, o que resulta em um intenso sofrimento.
Estudos, como o Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA) da ONG internacional Mercy For Animals (MFA), comprovam que esse tipo de confinamento provoca dores físicas e psicológicas às galinhas, causando problemas de saúde como distúrbios metabólicos, ósseos e articulares, e o enfraquecimento do sistema imunológico das aves, entre outros problemas.
Para a MFA, a adoção de sistemas de produção sem gaiolas, além de promover o bem-estar animal, contribui para a segurança alimentar, reduzindo os riscos de contaminação e a propagação de doenças, principalmente em regiões como a América Latina, o que inclui o Brasil.
Focada nesse processo, a Mercy For Animals acaba de lançar a quarta edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA 2024), um instrumento essencial para analisar e avaliar o progresso das empresas latino-americanas em relação ao comprometimento com políticas de bem-estar animal em suas cadeias produtivas.
O relatório considera o compromisso – ou a ausência dele – de 58 grandes empresas, com o fim de uma das piores práticas de produção animal: o confinamento de galinhas em gaiolas em suas cadeias de fornecimento de ovos.
Destaques
A pesquisa se concentrou na análise de relatórios públicos de companhias de diversos setores com operações em territórios latino-americanos, da indústria alimentícia e varejo aos serviços de alimentação e hospitalidade. Elas foram selecionadas conforme o tamanho e influência em suas respectivas regiões de atuação, bem como a capacidade de se adaptarem à crescente demanda dos consumidores por práticas mais sustentáveis, que reduzam o sofrimento animal em grande escala.
O MICA 2024 aponta que as empresas Barilla, BRF, Costco e JBS, com atuação no Brasil, se mantiveram na dianteira por reportarem, publicamente, o alcance de uma cadeia de fornecimento latino-americana 100% livre de gaiolas. Outras – como Accor, Arcos Dourados e GPA – registraram um progresso moderado (36% a 65% dos ovos em suas operações vêm de aves não confinadas) ou algum progresso, a exemplo da Kraft-Heinz, Sodexo e Unilever, em que 11% a 35% dos ovos provêm de aves livres.
De acordo com a MFA, apesar de assumirem um compromisso público, algumas empresas não relataram, oficialmente, nenhum progresso – como a Best Western e BFFC. Entre as empresas que ainda não assumiram um compromisso público estão a Assaí e a Latam Airlines.
“As empresas que ocupam os primeiros lugares do ranking demonstram um forte compromisso e um progresso significativo na eliminação do confinamento em gaiolas. À medida que as regulamentações se tornam mais rigorosas, essas empresas estarão mais bem preparadas para cumprir as leis e evitar penalidades”, analisa Vanessa Garbini, vice-presidente de Relações Institucionais e Governamentais da Mercy For Animals.
Por outro lado, continua a executiva, “as empresas que não demonstraram compromisso com o bem-estar animal e não assumiram um posicionamento público sobre a eliminação dos sistemas de gaiolas, colocam em risco sua reputação e enfraquecem a confiança dos consumidores”.
“É fundamental que essas empresas compreendam a urgência de aderir ao movimento global sem gaiolas para reduzir o sofrimento animal”, alerta Vanessa Garbini.
Metodologia
A metodologia do MICA inclui o contato proativo com as empresas para oferecer apoio e transparência no processo de avaliação, a partir de uma análise baseada em informações públicas disponíveis, incluindo relatórios anuais e de sustentabilidade.
Os critérios de avaliação foram ajustados à medida que o mundo se aproxima do prazo de “2025 sem gaiolas”, estabelecido por muitas empresas na América Latina e em todo o planeta. “A transição para sistemas livres de gaiolas não é apenas uma questão ética, mas um movimento estratégico para os negócios. Com a crescente preocupação com o bem-estar animal, empresas que adotam práticas sem gaiolas ganham vantagem competitiva e a confiança do consumidor. A América Latina tem a oportunidade de liderar essa transformação e construir um futuro mais justo e sustentável”, avalia Vanessa Garbini.
Para conferir o relatório completo do MICA, acesse aqui.
Para saber mais sobre a importância de promover a eliminação dos sistemas de gaiolas, assista ao vídeo no Instagram, que detalha como funciona essa prática.
Assine também a petição e ajude a acabar com as gaiolas, clicando aqui.
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Sustentabilidade em foco na Conbrasfran 2024
Evento acontece de 25 a 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.
A importância de uma produção mais sustentável foi a lição mais importante que este ano deixou aponta o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos. “A natureza nos lembrou que é soberana e da necessidade de nos reciclarmos cada vez mais do que fizemos no passado. Eu digo a humanidade como um todo. As práticas sustentáveis que tanto se fala e que vamos discutir na Conbrasfran, essas práticas que estamos implementando agora é para amenizar o que vem pela frente, já que estamos enfrentando agora as consequências do que foi feito no passado”.
Então, para ele, a lição é a necessidade de insistirmos no tema da sustentabilidade ambiental e social, insistir na educação, na orientação e na disciplina ambiental com o objetivo de mitigar os efeitos climáticos no futuro. “Os efeitos podem ser vistos no mundo todo. Aumento dos dias de calor extremo, chuvas recordes no Brasil, na Espanha e outros países, além das queimadas em várias regiões do mundo também”.
A Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha, vai reunir empresários, indústrias, produtores e lideranças de todo o país para discutir todas as áreas estratégicas. “Vamos falar sobre sanidade avícola, um simpósio tradicional da Asgav será absorvido pela programação da Conbrasfran 2024. Vamos debater qualidade industrial, que trata questões de inspeção, controle, autocontrole e processo produtivo, entre outros temas. Teremos também um seminário sobre segurança do trabalho com uma abordagem do ambiente laboral dos colaboradores e da proteção deles em um quadro em que surgem novos desafios na medida em que aumentamos a produção”, pontuou.
Um dos destaques do evento será o 1º Seminário de Sustentabilidade Ambiental e Adequação Global. “Também teremos discussões sobre a área comercial, que impulsiona a nossa economia e é responsável por levar o nosso produto até a mesa do consumidor brasileiro e de mais de 150 países”, salientou Santos. Ele destaca ainda os debates sobre questões jurídicas e tributárias. “São temas que permeiam o nosso dia a dia e estamos diante de uma reforma tributária, que também será abordada”, afirmou mencionando o Agrologs, que vai falar sobre logística, outro desafio para a cadeia produtiva. “O Brasil precisa avançar em ferrovias, hidrovias é uma necessidade para garantir sustentáculos de competitividade”. “É um evento que vai trazer temas estratégicos”, encerrou.
Os interessados podem se inscrever através do site do evento. E a programação completa da Conbrasfran 2024 também está disponível clicando aqui.
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Conbrasfran 2024 ressalta superação e resiliência da avicultura gaúcha em meio a desafios históricos
Evento será realizado entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.
Se desafio é uma palavra que faz parte do dia a dia da avicultura, este ano levou o seu significado a um novo patamar, especialmente falando do Rio Grande do Sul. O estado enfrentou enchentes e depois um caso isolado de Doença de Newcastle. “Tudo isso nos abalou sim. Redirecionamos toda a atenção e os nossos esforços para ser o elo de ligação do setor com o poder público, com a imprensa e a atender as demandas dos setores. A organização do evento já estava em curso quando tivemos 45 dias de interdição do prédio onde fica a nossa sede, localizado à beira do rio Guaíba. Tivemos enchente. Para se ter uma ideia, a água chegou até 1,80 metro do 1º andar e não pudemos entrar por conta da falta de luz, de água e outra série de dificuldades”, ressaltou o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos.
Ainda assim, estes entraves não foram suficientes para desistir da realização da Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha. “Não houve um único questionamento sequer por parte de associados e dirigentes, o que demonstra que o setor está convencido da importância deste encontro e das discussões que ele vai trazer. Serão vários temas, técnicos, conjunturais, temas estratégicos, de planejamento e de superação de desafios, entre outros. E tudo isso fez com que o setor mantivesse acesa a chama para realizar este evento”, destacou Santos.
De acordo com ele, diante dos desafios, as atividades da organização da Conbrasfran 2024 foram acumuladas com o trabalho da linha de frente para atender as demandas cruciais que chegaram, além da interação com órgãos oficiais, imprensa e parceiros estratégicos, como a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). “E mesmo assim, continuamos com a manutenção e organização do evento. E isso nos sobrecarregou sim. Temos uma equipe enxuta, mas que trabalhou bravamente, com máximo empenho, naqueles dias”.
Santos destaca que os esforços levaram a realização de um evento muito especial, que teve a colaboração de grande parte empresários e técnicos do setor. “São muitos os empresários que acreditam nesses movimentos e nos dão carta branca para seguir em frente, que sabem que apesar das dificuldades, continuamos um estado atrativo, com indústrias e produtores de pequeno, médio e grande portes que continuam produzindo por acreditar no empreendedorismo, na pujança na mão-de-obra, na gestão”, disse o executivo lembrando que apesar dos desafios, o estado conseguiu valorizar a produção, manter empresas e ainda está recebendo novos empreendimentos.
Superação
A superação das dificuldades trazidas pelo ano exigiu muito trabalho, organização e confiança. “Precisamos valorizar a confiança daqueles que são nossos associados e dirigentes. A confiança que recebi deles e da minha equipe como dirigente executivo foi importante. Também vale mencionar as estratégias e ações que colocamos em prática para atender todas as demandas que nos chegaram. Sempre buscamos a melhor forma de atender e ajudar os associados”.
E foi também de maneira virtual que estes desafios foram enfrentados. “Interagimos muitas vezes através de plataforma virtual com os serviços oficiais , seguimos em conjunto e dentro das diretrizes da ABPA e tivemos o apoio incondicional da nossa Federação. Com uma soma de esforços, com a confiança de dirigentes que depositam confiança em nosso trabalho, conseguimos ir para a linha de frente e atender as diferentes demandas do setor e da imprensa”, contou Santos que agiu com firmeza em seus posicionamentos e conseguiu liderar o setor na retomada até chegarmos neste momento.
Os interessados podem se inscrever e conferir a programação completa da Conbrasfran 2024 clicando aqui. Outras informaçõe podem ser obtidas pelo e-mail conbrasfran@asgav.com.br, através do telefone (51) 3228-8844, do WhatsApp (51) 98600-9684 ou pelo Instagram do encontro.