Conectado com
VOZ DO COOP

Suínos / Peixes

Imunonutrição e oportunidades em aquicultura

As novas tecnologias nutricionais para atender essas e outras demandas já estão disponíveis e felizmente com bons resultados. O aprofundamento no entendimento da imunonutrição nos trará condições de  superarmos esses desafios e irmos em busca da segurança necessária para uma produção sem atropelos e com controle, previsibilidade e garantido retorno sobre o investimento. 

Publicado em

em

Foto: Shutterstock

Na última década a aquicultura avançou muito nos sistemas de produção, nos controle sanitário dos plantéis, até porque os modelos antigos de criação (suportados pela antibioticoterapia) já não eram mais sustentáveis. Hoje os protocolos de biosseguridade tendem a ser mais rigorosos e eficientes, e as preocupações com as condições de cultivo baseadas em técnicas mais amigáveis ao meio ambiente como uso de aditivos não antibióticos e com os programas vacinais são amplamente difundidos.

Contudo nos deparamos ainda com surtos de doenças em diversas regiões, com maior ou menor gravidade, e que nos convidam a entender um pouco mais sobre alguns aspectos que possam estar interferindo na saúde animal e devemos buscar alternativas.

Reprodutores

A exemplo de outras espécies, as genéticas de peixes têm evoluído rapidamente, ofertando aos sistemas de produção animais de surpreendente potencial zootécnico. No mesmo sentido, demandas nutricionais dos reprodutores não deveriam apenas visar o controle do ganho de peso do reprodutor e produção de ovos. Reprodutores modernos precisam mais e podem mais.
O vigor e persistência reprodutiva é sempre um objetivo a ser alcançado, contudo a geração de progênie com rusticidade e imunologicamente competentes capazes de enfrentar as adversidades ambientais, de manejo e pressões sanitárias é o principal objetivo a ser alcançado.

Benefícios entregues á progênie podem refletir na planta de processamento, como melhores rendimentos, uniformidade, redução de perdas por gotejamento e ausência de defeitos no filé, dentre outros. Ou seja, tudo começa nos reprodutores.

Apesar disso, na maioria das vezes, por questões logísticas,  as matrizes são alimentadas com dietas de baixo padrão nutricional, perdendo-se a oportunidade de ganhos maiores com investimentos relativamente pequenos. Nessa fase é onde se encontra o maior retorno sob investimento pelo baixo impacto no investimento e alta relevância na produção.

Tecnicamente falando, as dietas de fases finais de criação utilizadas para alimentar as matrizes apresentam mais baixa digestibilidade comparada a uma específica para esse fim, tendo altos teores de fibras e com elevada concentração de fatores anti-nutricionais.

Dentre eles os fitatos, que são potentes quelantes de microminerais como o Zinco, podendo gerar um quadro de subnutrição desse nutriente (além de outros minerais também importantes), acarretando impactos extremamente negativos ao sistema imune, que veremos mais adiante.

O zinco como maestro do sistema imune

É importante considerar que o Zinco é conhecidamente um micronutriente essencial que está envolvido na regulação das respostas imunes inatas e adaptativas. A deficiência de Zinco leva a disfunções imunes mediadas por células, entre outras manifestações; e que tais disfunções levam a deficiência na resposta a infecções das mais diversas.

Devemos lembrar que o Zinco não possui reservas no organismo e sua homeostase rapidamente é alterada dependendo da demanda. Fases de crescimento precoces como larvas e alevinos têm requerimentos mais elevados. Da mesma maneira condições de estresse, como manejos de alto manuseio, podem gerar uma demanda maior pelo nutriente.

O status mineral tem relação direta com índices zootécnicos e clínicos, onde em uma condição ótima têm-se a melhor resposta imune, equanto a depleção severa desses nutrientes pode levar ao quadro clínico detectado a campo, conforme descrito na figura 1.

Dietas modernas e sistema imune

A tendência mundial em nutrição aquática se direciona no sentido de ao mesmo tempo atender requerimentos nutricionais correlacionados a ótimas performances com menores custos, contudo com um ingrediente a mais,  a  sustentabilidade. A retirada de ingredientes de origem animal marinha e surgimento de dietas vegetarianas impactam diretamente no aporte de alguns nutrientes, dentre eles, e novamente, a redução do Zinco  (e também outros como Selênio) como demonstrado na figura 2.

Dietas de baixo valor nutricional, com alto teor de fibras e alta concentração de fatores antinutricionais são as mais desafiadoras quando se discute nutrição micromineral e mais a frente imunonutrição. O potencial do fitato como quelante de minerais é tão relevante que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA), seu efeito inibitório dietético, principalmente na absorção de Zinco, deve ser muito bem mensurado na nutrição humana. Não é a toa que, segundo a OMS, a deficiência de Zinco é quinta maior causa de morbidade e mortalidade humana em países em desenvolvimento.

Em busca das alternativas

De maneira rudimentar e prática, a escassez ou indisponibilidade mineral nas dietas é solucionada com a suplementação de minerais oriundos de diversas fontes inorgânicas, muitas delas com baixo custo, baixa biodisponibilidade e com risco de contaminantes.

Lembremos que fontes minerais são potencialmente carreadores de metais tóxicos (denominados no passado como metais pesados) e dioxinas. Falando em sustentabilidade esse padrão nutricional acaba acarretando maior excreção de minerais no ambiente pelos animais, sobrecarregando o sistema aquático com excesso de nutrientes, elevando as multiplicações microbianas de patógenos ávidos por microminerais como Zinco, Ferro, Cobre, dentre outros.

Apesar disso, há décadas as empresas e produtores têm disponíveis para uso fontes distintas dos tradicionais minerais inorgânicos, são moléculas ligados a componentes  orgânicos, algumas delas com maior biodisponibilidade. Com isso reduzimos a excreção mineral e a piora da qualidade da água de criação. Além disso, suplementos orgânicos oferecem menor risco à segurança alimentar pelo maior controle de contaminantes ao próprio animal.

Entendendo essa complexidade e buscando de atender melhor aos requerimentos nutricionais da matrizes, uma pesquisa, trabalhando com minerais complexados em altas doses, obteve respostas positivas utilizando reprodutores de Walking Catfish (Clarias macrocephalus) com bons resultados em diversos índices reprodutivos como produção de ovos, eclodibilidade e qualidade de progênie como demonstrado nos gráficos 1, 2 e 3.


E quantos aos desafios sanitários atuais?

Além  da preocupação com reprodutores, um outro tema não menos importante é a recorrência de surtos de diversos gêneros microbianos como Streptococcus, Francisella e ISKNV a campo. Seus mecanismos de evasão do sistema imune, meios de disseminação, inclusive por transmissão vertical de larvas infectadas por matrizes assintomáticas (portadoras ou albergando o agente no aparelho reprodutivo) está muito bem descrito na literatura.

Aliado a isso a resistência bacteriana a certos antibióticos e a ausência de respostas vacinais a algumas cepas variantes, dificultam a erradicação de doenças, perpetuando-se em algumas regiões e refletindo no surgimento de doenças que até o momento não eram notificadas no Brasil.

Nessa linha, trabalhando com animais desafiados com a bactéria Edwardsiella ictalurii, uma pesquisa encontrou resultados positivos na redução da mortalidade em catfish quando suplementados com Zn complexados com aminoácidos, demonstrando que existe o potencial de melhorar a resposta imune quando o status desse micronutriente está otimizado.

Da mesma maneira uma pesquisa de 2023, utilizando  a mesma molécula,  conseguiu reduzir significativamente a mortalidade de tilápias desafiadas por Streptococcus agalactiae, além disso também comprovou através da elevação na produção de fatores solúveis como lisozima (enzima que representa um  mecanismo inespecífico,  solúvel e potente de defesa, responsável pela lise de paredes de patógenos, principalmente de bactérias G+) frente a dieta controle (0,0146±0,0023 e 0,0099±0,0023 µg/mL de lisozima respectivamente), a melhoria de fatores inatos da imunidade (gráfico 4).

 

Em recente publicação, outro pesquisador também demonstrou a capacidade de modulação da microbiota com elevação de bifidobactérias em contraste com agentes patogênicos a nível intestinal utilizando doses crescentes de Zinco complexado a aminoácidos  com 25%, 50%, 75% e 100%  de substituição frente a um controle negativo, conforme tabela 1.


Enfim, oportunidades

Finalmente podemos observar que a nutrição de animais aquáticos deverá avançar muito nos próximos anos. O entendimento mais abrangente das necessidades dos animais, iniciando pelos reprodutores com o alto potencial zootécnico das genéticas modernas, as questões de sustentabilidade que devem acompanhar a viabilidade econômica, aspectos dietéticos limitantes e constantes desafios sanitários que exigem uma visão mais completa das condições de manejo, bem estar animal e variações inerentes ao processo de produção intensivo sempre estarão presentes.

Por outro lado, as novas tecnologias nutricionais para atender essas e outras demandas já estão disponíveis e felizmente com bons resultados. O aprofundamento no entendimento da imunonutrição nos trará condições de  superarmos esses desafios e irmos em busca da segurança necessária para uma produção sem atropelos e com controle, previsibilidade e garantido retorno sobre o investimento.

As referências bibliográficas estão com os autores. Contato: acimadon@zinpro.com.

 

Fonte: Por: equipe técnica da Zinpro

Suínos / Peixes

Embaixador da Coreia do Sul visita indústrias da C.Vale

Iniciativa pode resultar em novos negócios no segmento carnes da cooperativa

Publicado em

em

Visitantes conheceram frigorífico de peixes - Fotos: Assessoria

A C.Vale recebeu, no dia 25 de abril, o embaixador da Coreia do Sul, Lim Ki-mo, e o especialista de negócios da embaixada sul-coreana, Rafael Eojin Kim. Eles conheceram os processos de industrialização de carne de frango, de peixes e da esmagadora de soja, além da disposição dos produtos nos pontos de venda do hipermercado da cooperativa, em Palotina.

O presidente da C.Vale, Alfredo Lang, recepcionou os visitantes e está confiante no incremento das vendas da cooperativa para a Coréia do Sul. “É muito importante receber uma visita dessa envergadura porque amplia os laços comerciais entre os dois países”, pontuou. Também participaram do encontro o CEO da cooperativa, Edio Schreiner, os gerentes Reni Girardi (Divisão Industrial), Fernando Aguiar (Departamento de Comercialização do Complexo Agroindustrial) e gerências de departamentos e indústrias.

O embaixador Lim Ki-Mo disse ter ficado admirado com o tamanho das plantas industriais e a tecnologia do processo de agroindustrialização da cooperativa. “Eu sabia que a C.Vale era grande, mas visitando pessoalmente fiquei impressionado. É incrível”, enfatizou o embaixador, que finalizou a visita cantando em forma de agradecimento pelo acolhimento da direção e funcionários da C.Vale.

 

Fonte: Assessoria CVale
Continue Lendo

Suínos / Peixes

Doença do edema em suínos: uma análise detalhada

Diagnóstico da doença pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras enfermidades.

Publicado em

em

Foto e texto: Assessoria

A doença do edema (DE) é um importante desafio sanitário em nível global na suinocultura. Com alta prevalência a patologia ocasiona perdas econômicas ao setor associadas, principalmente, com a morte súbita de leitões nas fases de creche e recria.

A doença foi descrita pela primeira vez na literatura por Shanks em 1938, na Irlanda do Norte, ao mesmo tempo que Hudson (1938) registrava sua ocorrência na Inglaterra.

Ao pensarmos no controle da enfermidade, a adoção de medidas de manejo adequadas desempenha um papel fundamental na prevenção da disseminação do Escherichia coli, o agente causador da DE.  Desta forma, é essencial reforçar práticas, como o respeito ao período de vazio sanitário durante a troca de lotes, a limpeza e desinfecção regular de todos os equipamentos e baias ocupadas com produtos adequados, e a garantia de que as baias estejam limpas e secas antes da introdução dos animais. Embora possam parecer simples, a aplicação rigorosa dessas ações é indispensável para o sucesso do manejo sanitário.

A toxinfecção característica pela DE é causada pela colonização do intestino delgado dos leitões por cepas da bactéria Escherichia coli produtoras da toxina Shiga2 (Vt2e) e que possuem habilidade de aderência às vilosidades intestinais, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade em suínos, resultando em perdas econômicas significativas e impactos negativos na indústria suinícola.

Durante a multiplicação da bactéria (E.coli) no trato gastrointestinal dos suínos, a toxina Shiga 2 (Vt2e) é produzida e absorvida pela circulação sistêmica, onde induz a inativação da síntese proteica em células do endotélio vascular do intestino delgado, em tecidos subcutâneos e no encéfalo. A destruição das células endoteliais leva ao aparecimento do edema e de sinais neurotóxicos característicos da doença (HENTON; HUNTER, 1994).

Como resultado, ocorre extravasamento de fluido para os tecidos circundantes, resultando em edema, hemorragia e necrose, especialmente no intestino delgado. Além disso, a toxina pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica, exacerbando ainda mais os danos aos tecidos e órgãos afetados.

Os sinais clínicos da doença do edema em suínos variam em gravidade, mas frequentemente incluem, incoordenação motora com andar cambaleante que evolui para a paralisia de membros, edema de face, com inchaço bem característico das pálpebras, edema abdominal e subcutâneo, fezes sanguinolentas e dificuldade respiratória. O edema abdominal é uma característica marcante da doença, muitas vezes resultando em distensão abdominal pronunciada. Além disso, os suínos afetados podem apresentar sinais neurológicos, como tremores e convulsões, em casos graves.  Em toxinfecções de evolução mais aguda, os animais podem ir a óbito sem apresentar os sinais clínicos da doença, sendo considerado morte súbita.

O diagnóstico da doença do edema em suínos pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras doenças. No entanto, exames laboratoriais, como cultura bacteriana do conteúdo intestinal ou de swabs retais podem ajudar a identificar a presença. Quando há alto índices de mortalidade na propriedade, pode se recorrer a técnicas de necropsia, bem como a histopatologia das amostras de tecidos intestinais, sobretudo a identificação do gene da Vt2e via PCR, para o diagnóstico definitivo da doença

O tratamento geralmente envolve a administração de antibióticos, como penicilina ou ampicilina, para combater a infecção bacteriana, juntamente com terapias de suporte, como fluidoterapia e controle da dor.

Embora tenhamos métodos diagnósticos eficientes, o tratamento da doença do edema ainda é um desafio recorrente nas granjas. Sendo assim, prevenir a entrada da doença do edema no rebanho ainda é a melhor opção. Uma dieta rica em fibras, boas práticas de manejo sanitário, evitar situações de estresse logo após o desmame e a prática de vacinação são estratégias eficazes quando se diz respeito à prevenção (Rocha, 2016). Borowski et al. (2002) demonstraram, por exemplo, que duas doses de uma vacina composta por uma bactéria autógena contra E. coli, aplicadas em porcas e em leitões, foram suficientes para obter uma redução da sintomatologia e mortalidade dos animais acometidos.

A doença do edema em suínos representa um desafio significativo para a indústria suinícola, com sérias implicações econômicas e de bem-estar animal. Uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes à patogênese da doença, juntamente com a implementação de medidas preventivas e de controle eficazes, é essencial para minimizar sua incidência e impacto. Ao adotar uma abordagem integrada os produtores podem proteger a saúde e o bem-estar dos animais, ao mesmo tempo em que promovem a sustentabilidade e a rentabilidade da indústria suína.

Referências bibliográficas podem ser solicitadas pelo e-mail gisele@assiscomunicacoes.com.br.

Fonte: Por Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de Serviços Veterinários de Suínos da Ceva Saúde Animal.
Continue Lendo

Suínos / Peixes

Brasil detém 32% do mercado global de cortes congelados de carne suína

Santa Catarina desponta como líder nas exportações de cortes cárneos congelados de suínos em 2023, com uma impressionante fatia de 56%. O Rio Grande do Sul e o Paraná seguem atrás, com 23% e 14% de participação, respectivamente.

Publicado em

em

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná divulgou, na quinta-feira (25), o Boletim de Conjuntura Agropecuária, trazendo um panorama abrangente dos setores agrícolas e pecuários referente à semana de 19 a 25 de abril. Entre os destaques, além de ampliar as informações sobre a safra de grãos, o documento traz dados sobre a produção mundial, nacional e estadual de tangerinas.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), a produção global de tangerinas atingiu a marca de 44,2 milhões de toneladas em 2022, espalhadas por uma área de 3,3 milhões de hectares em 68 países. A China, indiscutivelmente, lidera nesse cenário, com uma contribuição de 61,5% para as colheitas mundiais e dominando 73,1% da área de cultivo da espécie. O Brasil, por sua vez, figura como o quinto maior produtor, com uma fatia de 2,5% das quantidades totais.

No contexto nacional, o Paraná se destaca, ocupando o quarto lugar no ranking de produção de tangerinas. Cerro Azul, situado no Vale do Ribeira, emerge como o principal centro produtor do país, respondendo por 9,2% da produção e 8,4% do Valor Bruto de Produção (VBP) nacional dessa fruta. Não é apenas Cerro Azul que se destaca, mas outros 1.357 municípios brasileiros também estão envolvidos na exploração desse cítrico.

Cortes congelados de carne suína

Além das tangerinas, o boletim também aborda a exportação de cortes congelados de carne suína, um mercado no qual o Brasil assume uma posição de liderança inegável. Detentor de cerca de 32% do mercado global desses produtos, o país exportou aproximadamente 1,08 bilhão de toneladas, gerando uma receita de US$ 2,6 bilhões. Os Estados Unidos aparecem em segundo lugar, com uma participação de 29%, seguidos pela União Europeia (23%) e pelo Canadá (15%).

No cenário interno, Santa Catarina desponta como líder nas exportações de cortes cárneos congelados de suínos em 2023, com uma impressionante fatia de 56%. O Rio Grande do Sul e o Paraná seguem atrás, com 23% e 14% de participação, respectivamente.

 

Fonte: Com informações da AEN-PR
Continue Lendo
CBNA – Cong. Tec.

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.