Suínos
Imunocastração: uma técnica globalizada e mundialmente aceita
Imunocastração é uma medida que evita o sofrimento e estresse causados pela castração cirúrgica
Artigo escrito por Larissa Spricigo, médica veterinária, pós graduada em Gestão Empresarial e gerente de Produto da Zoetis
Durante muitos anos a castração cirúrgica foi a única alternativa para eliminação do odor desagradável de machos inteiros (causado pelo acúmulo de androstenona e escatol), apesar de provocar dor e angústia nos leitões. Estudos científicos indicam que há alterações na frequência cardíaca, atividade cerebral, vocalização e liberação de hormônios relacionados ao estresse. Além disso, os procedimentos cirúrgicos também estão associados a perdas devido a inflamação crônica e infecções.
Segundo estudo publicado em 2005, à medida que a sociedade passa a reconhecer o sofrimento animal como um fator relevante, pode-se inferir ao bem-estar animal um valor econômico integrante dos cálculos de valor dos produtos. Nas sociedades de demanda mais desenvolvida existem estudos detalhados do impacto que o padrão de bem-estar pode ter nas relações de escolha por parte do consumidor.
O abate de suínos machos inteiros antes da maturidade sexual também pode prevenir o acúmulo de androstenona e escatol na carcaça. Entretanto, o abate em uma idade relativamente precoce e o baixo peso vivo (<75-80 kg) resulta em perdas de produção e aumento dos custos de processamento e desossa inaceitáveis.
Atendendo o crescente interesse mundial em torno do bem-estar animal e as técnicas aplicadas aos animais de produção, a imunocastração é uma medida que evita o sofrimento e estresse causados pela castração cirúrgica.
Em 2010, a Europa debateu amplamente as questões ligadas ao bem-estar animal dos suínos, o que resultou na Declaração Europeia sobre alternativas à castração cirúrgica, estabelecendo a imunocastração como uma das recomendações. Um acordo foi firmado entre produtores, abatedouros, frigoríficos, veterinários e ONGs para o abandono definitivo da castração cirúrgica, iniciando em alguns países já a partir de janeiro de 2018.
A castração imunológica de suínos machos é uma alternativa eficaz e segura frente à castração cirúrgica e cada vez mais utilizada mundialmente para reduzir o odor de macho inteiro e melhorar a qualidade da carne suína. A técnica refere-se à imunização para suprimir a função testicular, induzindo o próprio sistema imunológico do suíno a produzir anticorpos contra o GnRF (fator liberador de gonadotrofinas). Este é o fator responsável por iniciar os eventos fisiológicos primários responsáveis, ao final, pelo acúmulo de substâncias causadoras do odor nas carcaças de suínos machos inteiros. Uma enorme quantidade de trabalhos de pesquisa e desenvolvimento foi necessária para tornar o conceito da castração imunológica uma realidade prática. A ideia de usar o próprio sistema imune do suíno para bloquear temporariamente a função dos testículos, e dessa forma controlar o odor de macho inteiro na carne, é simples em teoria, porém exigiu ciência de alto nível para transformá-la em proposição comercial. Este método único de castração pode ser alcançado sem o uso de drogas, hormônios, produtos de origem animal ou material geneticamente modificado.
A tecnologia da imunocastração está disponível comercialmente desde 1998 e foi utilizada pela primeira vez na Nova Zelândia e Austrália, onde foi desenvolvida. Essa técnica revolucionou a produção de suínos e está sendo amplamente explorada em diferentes sistemas ao redor do mundo, pois proporciona melhorias em toda a cadeia produtiva.
Atualmente a tecnologia de imunocastração foi avaliada e aprovada pelos órgãos regulatórios mais exigentes do mundo, entre eles Mapa, Emea, FDA, USDA, JECFA, entre outros, estando registrada em mais de 60 países para controle do odor de macho inteiro. Além disso, esta tecnologia também está disponível para supressão temporária do estro em fêmeas em seis países: Brasil, México, Espanha, Chile, Canadá e Colômbia. Disponível localmente desde 2005, o Brasil foi um dos países pioneiros na adoção da imunocastração, e atualmente tem indicação de uso para machos e fêmeas.
A comunidade científica dispõe de mais de 300 estudos publicados sobre imunocastração, englobando áreas de resultados zootécnicos, manejo, meio ambiente, bem-estar animal, nutrição, comportamento animal, testes sensoriais, consumidores, qualidade de carne e desenvolvimento de produtos cárneos, entre outros.
Diversos estudos demonstram os benefícios desta tecnologia. Para um desses autores, na fase de terminação, suínos imunocastrados apresentam melhor ganho de peso, conversão alimentar, rendimento de carcaça e porcentagem de carne em relação aos castrados cirúrgicos. A utilização de machos imunocastrados aumenta a lucratividade na produção de suínos.
Para fêmeas a técnica resulta na supressão temporária da manifestação do cio. Com a supressão do cio, retoma-se o controle das curvas de consumo de ração e crescimento permitindo que as mesmas atinjam um maior peso ao abate com menos tempo de alojamento, compondo lotes mais pesados e uniformes. A maior produção de carne nas fêmeas de terminação otimiza todo sistema de produção, assim como a estrutura de processamento no frigorífico. A supressão do cio também está alinhada com o bem estar animal, já que reduz o estresse do manejo pré-abate, principalmente durante o carregamento.
Cabe ressaltar que, em testes realizados sobre avaliação sensorial da carne de suínos imunocastrados comparativamente com a carne de suínos castrados cirurgicamente, o percentual de aceitação da carne dos imunocastrados foi superior ao dos castrados cirurgicamente.
Com a tecnologia aprovada pelos principais países produtores, importadores, exportadores e consumidores de carne suína, não há barreira regulatória alguma para a carne de animais imunocastrados, que é bem aceita e comercializada em diversos mercados. No Brasil é uma prática amplamente utilizada, que já foi testada e aprovada em todos os sistemas e modelos de produção do país. É uma alternativa segura e confiável, com amplas vantagens competitivas pelos benefícios econômicos e de bem-estar animal exigidos nos dias atuais pelos produtores, veterinários, processadores e consumidores.
Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de janeiro/fevereiro de 2018.
Fonte: O Presente Rural

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Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre
Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.
No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.
Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.
Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.
Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.
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Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
