Avicultura Alimentação
Impulsionando o metabolismo energético nas dietas das aves
O desafio para todos os envolvidos na produção de aves é fornecer uma dieta equilibrada, ao menor custo, produzindo ovos e carne que atendam às exigências dos clientes, maximizando o lucro, e ao mesmo tempo atendendo às exigências ambientais e de bem-estar animal.

O desafio para todos os envolvidos na produção de aves é fornecer uma dieta equilibrada, ao menor custo, produzindo ovos e carne que atendam às exigências dos clientes, maximizando o lucro, e ao mesmo tempo atendendo às exigências ambientais e de bem-estar animal.
Agroindústrias, fabricantes de ração comercial e produtores enfrentam esse desafio há muitos anos, pois buscam reduzir o custo da ração sem comprometer a produtividade das aves. Trata-se de uma consideração importante, pois a alimentação constitui o maior custo variável na produção de aves, representando pelo menos 70% do custo total de produção. Sendo que a energia é responsável por aproximadamente 50% do custo da ração. Portanto, a energia da ração corresponde a um terço de todo o custo da produção de aves. Consequentemente, qualquer medida para reduzir os custos relacionados à energia da dieta, sem prejudicar o desempenho, pode aumentar consideravelmente a receita dos produtores.
A energia já é o nutriente mais caro na formulação de dietas de aves e isso é improvável de mudar dada a forte concorrência por fontes de energia disponíveis para alimentação humana. Isso significa que os ingredientes energéticos estão se tornando escassos e caros para uso na produção de aves.
O consumo de ração e a eficiência alimentar em frangos de corte são reguladas, pelo menos em parte, pelos níveis de energia metabolizável. Animais de crescimento rápido demandam muita energia para o crescimento do tecido muscular. Em todas as células vivas, a adenosina trifosfato (ATP) é a moeda universal de energia. Quando necessário, o ATP fornece fosfato de alta energia e é convertido em adenosina difosfato de baixa energia (ADP). A concentração de ATP nas células é rigidamente regulada. Há quantidade disponível suficiente por apenas um curto período de tempo, quando a demanda de energia é alta. O sistema de fosfocreatina/creatina funciona como um sistema tampão para garantir que haja disponibilidade constante de ATP. Em resumo, a creatina desempenha um papel fundamental no equilíbrio energético das células musculares.
O GAA – O precursor da creatina
O ácido guanidinoacético (GAA) é um derivado de aminoácido e precursor da creatina. A creatina, conhecida na forma de monoidrato de creatina na nutrição dos atletas, desempenha um papel fundamental no metabolismo energético, especialmente nas células musculares como citado anteriormente. A creatina é sintetizada a partir do ácido guanidinoacético no fígado, que por sua vez é sintetizado a partir da arginina e da glicina no rim. Como a creatina não é estável nas condições atuais de fabricação de rações, foi desenvolvido o precursor da creatina, o ácido guanidinoacético.
Creatina – Função e necessidade
Como a creatina é um componente essencial do metabolismo energético, especialmente nas células musculares, mais de 90 % do pool corporal de creatina do corpo está localizado no tecido muscular. A exigência de creatina pelo animal pode, em parte, ser diretamente suprida a partir da creatina presente em subprodutos de origem animal. No organismo, a creatina é formada pela síntese de novo através da metilação do ácido guanidinoacético, formado a partir dos aminoácidos glicina e arginina. Em animais de crescimento rápido, a exigencia de creatina não é totalmente satisfeita pela síntese de novo. Estima-se que cerca de dois terços da necessidade diária de creatina seja suprida pela síntese endógena, enquanto o restante deve ser fornecido através da alimentação. A suplementação de GAA na ração compensa de forma prática a lacuna na exigência de creatina.
Creatina – a função de todos os músculos demanda creatina
O ácido guanidinoacético é o único precursor metabólico da creatina no organismo. É um composto natural em todos os seres humanos e vertebrados. Como mostra a figura 1, o ácido guanidinoacético, formado enzimaticamente a partir dos aminoácidos glicina e arginina no rim ou absorvido a partir do intestino, é transportado pela corrente sanguínea para o fígado, onde é transformado em creatina através de outra reação enzimática. A creatina é então transportada pela corrente sanguínea para as células-alvo. A maior proporção (> 95 %) do pool de creatina (fosfocreatina/creatina) é encontrada no musculo esquelético e o restante no coração e no cérebro.

Benefícios
A adição do GAA às dietas de aves tem se mostrado eficaz na melhoria da utilização da energia e conversão alimentar. Também é benéfico em dietas com níveis mais baixos de arginina, pois a síntese de novo de creatina utiliza arginina e por isso o GAA promove o crescimento, devido ao efeito poupador de arginina. A arginina é necessária em alta concentração para frangos de corte, pois eles são incapazes de sintetizar este aminoácido in vivo. Com os altos preços das farinhas, farelos e óleos, dietas com proteína mais baixa tornaram-se mais comuns. Dietas de baixa proteína são marginais se não deficientes em arginina. Arginina é o fator limitante de taxa para biossíntese GAA (e creatina). Como o GAA é o precursor direto da creatina, o GAA também deve ser capaz de poupar arginina.
Uma outra questão que envolve animais de crescimento rápido como frangos de corte são as miopatias peitorais, como o peito amadeirado e as estrias brancas. Essas miopatias afetam a qualidade da carne de peito, reduzindo a aceitação do consumidor pela carne com base em sua aparência. Portanto, esta questão tem um impacto negativo na economia da indústria avícola. Melhorar o rendimento e o desempenho de aves usando aminoácidos suplementares foi bem documentado. Além disso, estudos mostraram que a suplementação de GAA é eficaz na melhoria da conversão alimentar, ganho de peso corporal e rendimento de carne de peito. Outro estudo, de 2018, na Universidade da Carolina do Norte (EUA), demonstrou que aves alimentadas com GAA apresentaram além de melhoria em rendimento de peito, menor incidência e gravidade de peito amadeirado.
O GAA é um aditivo nutricional estratégico que proporciona excelente retorno sobre o investimento em função da energia e arginina da sua matriz nutricional, além dos benefícios obtidos no abatedouro.

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
