Suínos
Importância de ingredientes de alta digestibilidade e o efeito do processamento térmico no desempenho de leitões
Uma nutrição adequada, com ingredientes de alta digestibilidade, é fundamental para fornecer os nutrientes necessários para um maior ganho de peso
Artigo escrito por Silvano Bünzen, zootecnista e DSc em Nutrição de Monogástricos Gerente de Produtos Suínos da Wisium
A suinocultura exige constantes mudanças, e principalmente, a busca diária pela maior eficiência na produção. O alto custo da alimentação e as inconstâncias na remuneração adequada do produto final (suíno terminado) requer que o suinocultor produza suínos de crescimento rápido e com a melhor eficiência alimentar. Por outro lado, desafios como aumento no número de leitões pequenos e desuniformidade, associados muitas vezes às condições ambientais e sanitárias não adequadas, acabam por limitar o potencial de crescimento destes animais. Uma nutrição adequada, com ingredientes de alta digestibilidade, é fundamental para fornecer os nutrientes necessários para um maior ganho de peso, permitindo que o animal chegue mais rápido ao seu peso final de abate, com a melhor conversão alimentar.
Nas dietas para leitões, ingredientes como produtos à base de lácteos, plasma e farinha de peixe são comumente utilizados para melhorar o perfil nutricional, mas exigem atenção quanto a variação na qualidade e disponibilidade. A maior parte ainda é composta por ingredientes à base de milho e soja, mas, para animais jovens, é necessário que estes ingredientes recebam alguma forma de processamento para melhorar a digestibilidade, “facilitando” o contato das enzimas digestivas com os nutrientes, e ainda reduzir os compostos antinutricionais presentes.
Entre os cereais, o milho é o ingrediente utilizado em maior proporção nas rações, responsáveis por fornecer a maior parte da energia destas dietas na forma de carboidratos. O amido é o principal carboidrato dos cereais, armazenado na forma de grânulos de amilose e amilopectina, em que uma parte é insolúvel, resistente à entrada de água e das enzimas digestivas. O processamento físico (moagem) e/ou térmico (aquecimento) promove o rompimento destes grânulos, permitindo que absorvam água e ocorra uma desestruturação das cadeias (gelatinização do amido), tornando-as mais susceptíveis a ação das enzimas digestivas.
Já a soja integral, principal fonte de proteína, contém uma série de fatores antinutricionais, como inibidores de protease, lecitinas, etc., que prejudicam o desempenho dos animais jovens. Para melhor uso, é necessário que sejam utilizados após o processamento térmico, pois estes fatores perdem sua atividade com efeito do calor. Além disso, o calor afeta a estrutura dos lipídios, aumentando a sua disponibilidade, e consequentemente a valor energético.
Processamentos mais Utilizados
Dentre os processamentos mais utilizados para melhorar a digestibilidade dos ingredientes estão a moagem e os processamentos térmicos (peletização, expansão e extrusão das dietas). A peletização é método mais comum utilizado nas rações para suínos desde 1930, mas a extrusão seria o método mais eficiente para processamento de cereais utilizados na alimentação infantil e de neonatos e, consequentemente, também para suínos.
Peletização
No processo de peletização, os ingredientes são submetidos à umidade, calor e pressão até que se consiga obter uma massa no formato de pellets. A temperatura pode chegar até 125° C, dependendo do equipamento, sendo que em rações iniciais de leitões, a temperatura dificilmente ultrapassa os 70° C devido ao alto teor de açúcares.
Extrusão
Já o processo de extrusão consiste em expor os ingredientes à alta temperatura (que pode chegar a 200° C) durante poucos segundos. Com isso, aumenta o grau de gelatinização do amido e melhora a ação das enzimas digestivas, promovendo melhora na digestibildade dos nutrientes.
A extrusão ainda melhora o aproveitamento da proteína, principalmente na soja, pois rompe a parede celular dos ingredientes, liberando a proteína presente na fração fibrosa, além de promover a desnaturação destas proteínas, inativando seu efeito antinutricional (fatores anti tripsina, etc.). Ainda, aumenta a estabilidade dos lipídeos e consequentemente promove maior valor energético. Várias pesquisas mostram que a proteína extrusada de soja e a soja integral extrusada são excelentes fontes de proteína para leitões.
Em termos práticos, a tecnologia de peletização de rações melhora a conversão e eficiência alimentar entre 6 e 7% devido à redução do desperdício e aumento da digestibilidade da energia através da gelatinização do amido. Como a extrusão promove mudanças mais severas nas características físico-químicas dos ingredientes quando comparada à peletização, devido à alta temperatura e pressão utilizadas, o ganho em conversão alimentar tende a ser ainda maior.
No entanto, o custo alto com aquisição e manutenção destes equipamentos ainda é restritivo, e por isso, uma alternativa seria extrusar parte destes ingredientes na forma isolada ou em conjunto, o que permite levar a todos uma parte dos ganhos da tecnologia de extrusão.
Extrusando apenas parte dos ingredientes, Serrano (1997) avaliou o desempenho de leitões alimentados com milho moído versus milho extrusado e obteve 12% e 15% de aumento no consumo de ração e ganho de peso, respectivamente, nas fases iniciais de creche. Avaliou também o efeito da extrusão sobre o processamento da soja e obteve 14% de melhora no ganho de peso diário nos primeiros 20 dias de creche.
A melhora do desempenho ocorre pela melhora na digestibilidade dos ingredientes. Outros autores evidenciaram aumento de 3% e 6% na digestibilidade da matéria seca e proteína, respectivamente, quando comparado a dietas extrusadas versus peletizadas. Além disso, a extrusão melhora também a digestibilidade da fibra, o que aumenta o aproveitamento da energia.
Importante citar que processamento térmico em excesso, fora dos padrões ideais, pode ser prejudicial, pois pode promover reações do tipo Maillard (formação de complexos entre açúcares com aminoácidos), reduzindo a digestibilidade dos ingredientes. Esse risco é reduzido quando o processo é conduzido por empresas que dominam a tecnologia de extrusão.
Buscar as melhores soluções em dietas especializadas, como a de leitões, é uma necessidade para qualquer suinocultura. Como resultado do efeito positivo do processo de extrusão sobre a digestibilidade e eficiência alimentar em animais jovens, muitas companhias na Europa fornecem dietas extrusadas aos leitões. No Brasil, o uso de mistura de ingredientes ou blends extrusados para compor as rações pré iniciais e iniciais de creche é uma alternativa que pode trazer economias de até dois quilos de ração por leitão. E desempenho com menor custo final é o que todo suinocultor precisa.
Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de fevereiro/março de 2017 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Suínos
Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre
Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.
No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.
Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.
Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.
Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.
Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
