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Importância da vacina viva para o controle das salmoneloses em aves comerciais

O controle das salmoneloses não é tarefa fácil e depende de uma série de ações dentro da cadeia agroindustrial

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Artigo escrito por Eduardo C. Muniz, gerente de Serviços Técnicos Aves Brasil da Zoetis

O filósofo grego Hipócrates é considerado o “pai da medicina”, pois dedicou grande parte do seu tempo para o diagnóstico e tratamento das doenças da época. Para o estudioso grego, muitas doenças tinham relação com a alimentação, com o clima e mesmo com o meio ambiente. Muitas das ideias defendidas por Hipócrates naquela época ainda são consideradas aplicáveis aos dias de hoje. Quando Hipócrates disse: "Faça do alimento sua Medicina, e da Medicina seu alimento", provavelmente já tinha consciência de que boa parte dos problemas de saúde do ser humano é decorrente do consumo de alimentos e água de má qualidade, assim como um bom estado de saúde e equilíbrio depende de alimentos e água saudáveis.

Atualmente, a cadeia agroindustrial encontra-se à frente deste desafio: produzir alimentos em quantidade suficiente para alimentar uma população crescente a preços competitivos de modo a garantir um produto sem risco à saúde do consumidor. Dentro deste contexto, a agroindústria cada vez mais implanta e consolida procedimentos que estejam alinhados com o “Food Safety”, onde estão presentes tecnologias adequadas à produção evitando a contaminação do alimento.  Aliado a isso, os padrões de qualidade do alimento produzido são estabelecidos por legislações que baseiam as ações de fiscalização por parte dos órgãos governamentais e são reflexo de um maior esclarecimento por parte da população. Isso estimula o desenvolvimento de “tecnologias limpas” que têm permitido significativa redução destes perigos a saúde do consumidor.

Uma das tendências mais importantes no processo de segurança alimentar, dentro da indústria avícola, é o controle das salmoneloses. Isso está dentro das maiores prioridades das empresas, pois a ocorrência de problemas pode por em risco a credibilidade das mesmas e pode causar grandes prejuízos financeiros em casos de contaminação, uma vez que as salmonelas são potenciais causadoras de toxinfecções alimentares aos humanos.

No entanto, o controle das salmoneloses não é tarefa fácil e depende de uma série de ações dentro da cadeia agroindustrial. A Salmonella está ligada às aves desde o início da história da produção avícola e sua epidemiologia e controle são extremamente complexos, dependendo de inúmeras variáveis, como o sorovar envolvido, hospedeiro, o ambiente e também características geográficas. A enorme diversidade de sorovares de Salmonella e seus diferentes mecanismos de sobrevivência também são considerados pontos de dificuldade no combate a este gênero de microrganismo. Além disso, este agente demonstra grande resistência no meio, com larga distribuição no ecossistema, bem como grande capacidade de adaptação no ambiente de produção. A Salmonella já foi encontrada em pimenta do reino, chocolate e, acredite, em folhas de diversas hortaliças e frutas, causando intoxicação alimentar. Portanto, o controle depende de ação ampla.

No primeiro semestre de 2017 houve um aumento significativo das notificações do sistema alerta rápido europeu (RASFF) ao produto avícola de origem brasileira. O sorovar mais prevalente identificado na carne de frango brasileira foi a Salmonella Heidelberg. O continente europeu lidera a lista de compradores mais exigentes com relação ao controle dos parâmetros microbiológicos na carne de frango importada, sendo que os resultados da monitoria para Salmonella são publicados pela Autoridade Europeia em Segurança Alimentar (EFSA) por meio do sistema de alerta rápido em alimento (RASFF). Todo o controle e monitoramento estão baseados em legislações específicas que determinam medidas de proteção contra zoonoses em produtos de origem animal de modo a prevenir toxinfecções alimentares transmitidas pelos alimentos.

Várias são as ferramentas utilizadas para controlar as salmoneloses em aves, mas em especial nos últimos anos, tem se destacado a busca de um amplo e eficiente programa de vacinação desde as reprodutoras até as aves comerciais de modo a evitar que este microrganismo se mantenha nos planteis. A diversidade dos sorovares de Salmonella encontrados na natureza é considerado fator crítico na dificuldade do controle desta doença. Dessa forma, a composição inteligente entre vacinas vivas (replicantes) e mortas (não-replicantes) buscando a maior abrangência possível em relação aos principais sorovares presentes no ambiente é o caminho certo para a defesa das aves de produção comercial de corte ou de postura. Trabalhos científicos têm demonstrado que tanto o uso das vacinas vivas, através de forte indução de proteção local com estímulo à imunidade de mucosa e maior amplitude de proteção cruzada, quanto o uso de vacinas mortas, por meio do intenso estímulo à formação de anticorpos podendo reduzir a transmissão vertical, participam de maneira decisiva no controle das salmoneloses.

Altos níveis de IgA secretória no lúmen intestinal associado ao alto influxo de linfócitos citotóxicos no parênquima dos órgãos são uma combinação perfeita para proteção das salmonelas paratifoides, que têm seu sítio principal o intestino das aves. Dessa forma, o uso da vacina viva (replicante) logo no início da vida das aves tem sido um grande reforço no moderno programa de vacinação contra as salmonelas. Isso permite que a ave monte uma resposta imune precoce antes de ocorrer a exposição ao agente do ambiente. Além disso, em aves de vida longa, a vacina viva terá efeito como primer para as vacinas mortas e terá atuação parcial em outros sorovares por proteção cruzada. Contudo, a escolha do produto para compor o programa de vacinação dependerá da correta análise do desafio local e principalmente de requisitos básicos em relação a um adequado programa de vacinação contra as salmoneloses.

O controle das salmoneloses continuará sendo um desafio para os profissionais que trabalham na avicultura, principalmente em função da crescente exigência do mercado por um alimento seguro. Além disso, a complexa epidemiologia da Salmonella nos obriga a pensar nesta doença de forma ampla onde o agente etiológico, o hospedeiro e o ambiente estão em contínua interação. Certamente o programa de vacinação correto e adequadamente desenhado é um dos pontos críticos para a busca do controle da Salmonella dentro de um programa integrado que busque a produção de animais saudáveis, com ganho no desempenho e levando a oferta de produtos de origem animal com maior segurança ao consumidor final.

Mais informações você encontra na edição de Aves de junho/julho de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem

Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

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A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.

Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.

Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.

A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.

A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.

Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.

Fonte: O Presente Rural com Unifrango
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Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer

Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

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O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.

A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.

Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.

Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.

Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.

Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.

Fonte: Assessoria Sindiavipar
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Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026

Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

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O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.

Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.

Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.

Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.

Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.

Fonte: O Presente Rural com Consultoria Agro Itaú BBA
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