Avicultura
Importância da suplementação de fontes de sódio e potássio para o controle homeotérmico de aves de postura em estresse calórico
Principais prejuízos causados pelo estresse calórico são perda da qualidade da casca do ovo, redução de consumo de ração, queda no ganho de peso, piora na conversão alimentar, má formação dos ossos, canibalismo, além do aumento da mortalidade.

O alto desenvolvimento genético dos frangos de corte e poedeiras comerciais repercutiu em um ganho de resultados zootécnicos muito expressivos nos últimos anos. Apesar disso, uma série de problemas metabólicos e de manejo têm surgido, entre os quais destaca-se o estresse calórico. A ave sofre com o estresse calórico quando a umidade relativa e temperatura ambiente ultrapassam a zona de conforto térmico, dificultando a dissipação do calor pelas aves (figura 1).
Os principais prejuízos causados pelo estresse calórico são perda da qualidade da casca do ovo, redução de consumo de ração, queda no ganho de peso, piora na conversão alimentar, má formação dos ossos, canibalismo, além do aumento da mortalidade. Todos esses prejuízos são causados devido ao desequilíbrio eletrolítico, caracterizado pela alcalose respiratória.
Alcalose respiratória é a alteração do equilíbrio ácido-base e ocorre quando a ave procura restabelecer a sua temperatura interna com o aumento da frequência respiratória, que provoca perdas excessivas de dióxido de carbono (CO2).
Com isso, a pressão parcial de CO2 (pCO2) diminui, levando à queda na concentração de ácido carbônico (H2CO3), hidrogênio (H+) e aumento do pH. Em resposta, os rins aumentam a excreção de HCO3– (bicarbonato) e K+ (potássio), na tentativa de manter o equilíbrio na ave (figura 2).

Controle do estresse calórico
Existem várias estratégias para o controle do estresse calórico em aves de produção, como instalação de ventiladores e nebulizadores, manipulação de proteína e energia da dieta, manejo de arraçoamento, temperatura da água de bebida e suplementação de eletrólitos na dieta.
A função principal dos eletrólitos é a manutenção do equilíbrio ácido-base corporal, sendo os íons sódio (Na+), potássio (K+) e cloro (Cl-) fundamentais para o controle da pressão osmótica e do balanço eletrolítico.
Sabemos que, à medida que há a elevação da temperatura ambiente, a concentração de K+ e Na+ diminui na corrente sanguínea, enquanto o Cl- aumenta. O sódio (Na) está presente na manutenção das funções vitais do organismo, sendo o principal cátion presente nos fluídos extracelulares. Ele atua no equilíbrio ácido-base, na pulsação do músculo cardíaco, na transmissão do impulso nas células nervosas, na permeabilidade celular e na absorção de monossacarídeos e aminoácidos.
A principal fonte de sódio e cloro nas dietas é o cloreto de sódio (NaCl). Geralmente, quando há necessidade de aumento dos níveis de Na nas dietas, esse não é um ingrediente tão interessante, pois aumenta os teores de Cl e pode provocar queda no desempenho das aves.
O potássio (K) é o cátion intracelular mais abundante e está envolvido em vários processos metabólicos, incluindo a condução nervosa e contração de células musculares. Mudanças na homeostase do K afetam profundamente as funções celulares.
O farelo de soja é um ingrediente rico em potássio (K). Alguns estudos demonstram uma concentração de 1,89 % a 2,07% de K em sua composição e, em contrapartida, a farinha de carne e ossos possui uma concentração de 0,36% a 0,41% de K.
Devido aos impactos dos altos custos de fontes de fósforo nas dietas, principalmente do fosfato bicálcico, expandiu-se o uso de fontes alternativas de fósforo, como a farinha de carne e ossos nas rações de aves. As dietas que contêm a farinha de carne e ossos, devido ao seu teor de proteína bruta, reduzem a quantidade de farelo de soja em sua composição. Isso sugere uma redução dos níveis de K nas dietas compostas por farinha de carne e ossos.
Uma estratégia para manutenção do equilíbrio de sódio e potássio nas dietas de aves é a suplementação via ração, ou água de bebida, de produtos como:
– bicarbonato de sódio (NaHCO3),
– sulfato de sódio (Na2SO4),
– cloreto de potássio (KCl) e
– carbonato de potássio (K2CO3).
Equilíbrio eletrolítico
Fatores externos sugerem diferenças na resposta da suplementação de Na e K nas dietas e dependem da temperatura ambiente, idade da ave e tempo de exposição a altas temperaturas.
Em relação às aves, o balanço eletrolítico da ração pode ser calculado segundo os níveis totais de Na, K e Cl dos ingredientes da ração, pela fórmula simplificada: [Na+] + [K+] – [Cl-]. Sendo expresso em mEq/kg da dieta, ou ainda pelas relações: ([Na+] + [K+]) / [Cl-].
O equilíbrio eletrolítico da dieta muito alta (360 mEq/kg) e muito baixa (0 mEq/Kg) pode resultar em alcalose metabólica e acidose, respectivamente. Um balanço de eletrólitos na dieta menor que 180 mEq/kg e maior que 300 mEq/kg deprimiu o peso das aves. Um ótimo balanço eletrolítico foi encontrado para rações contendo de 250 a 300 mEq/kg, mas esse valor pode variar conforme a temperatura ambiente, podendo recomendar até 350 mEq/kg em ambientes com temperatura de 25 a 35°C.
A formulação de rações com a adequada proporção de Na+, K+ e Cl- reduz os impactos do estresse calórico e pode ser uma alternativa viável para evitar perdas de desempenho e mortalidade das aves.
As referências bibliográficas estão com a autora. Contato: priscila.guimaraes@agroceres.com.
Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse gratuitamente a edição digital Avicultura Corte e Postura. Boa leitura!

Avicultura
Com 33 anos de atuação, Sindiavipar reforça protagonismo do Paraná na produção de frango
Trabalho conjunto com setor produtivo e instituições públicas sustenta avanços em biosseguridade, rastreabilidade e competitividade.

O Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) celebra, nesta quarta-feira (19), 33 anos de atuação em defesa da avicultura paranaense. Desde sua fundação, em 1992, a entidade reúne e representa as principais indústrias do setor com objetivo de articular políticas, promover o desenvolvimento sustentável e fortalecer uma cadeia produtiva que alimenta milhões de pessoas dentro e fora do Brasil.

Foto: Shutterstock
Ao longo dessas mais de três décadas, o Sindiavipar consolidou seu papel como uma das entidades mais relevantes do país quando o assunto é sanidade avícola, biosseguridade e competitividade internacional. Com atuação estratégica junto ao poder público, entidades setoriais, instituições de pesquisa e organismos internacionais, o Sindiavipar contribui para que o Paraná seja reconhecido pela excelência na produção de carne de frango de qualidade, de maneira sustentável, com rastreabilidade, bem-estar-animal e rigor sanitário.
O Estado é referência para que as exportações brasileiras se destaquem no mercado global, e garantir abastecimento seguro a diversos mercados e desta forma contribui significativamente na segurança alimentar global. Esse desempenho se sustenta pelo excelente trabalho que as indústrias avícolas do estado executam quer seja através investimentos constantes ou com ações contínuas de prevenção, fiscalização, capacitação técnica e por uma avicultura integrada, inovadora, tecnológica, eficiente e moderna.

Foto: Shutterstock
Nos últimos anos, o Sindiavipar ampliou sua agenda estratégica para temas como inovação, sustentabilidade, educação sanitária e diálogo com a sociedade. A realização do Alimenta 2025, congresso multiproteína que reuniu autoridades, especialistas e os principais players da cadeia de proteína animal, reforçou a importância do debate sobre biosseguridade, bem-estar-animal, tecnologias, sustentabilidade, competitividade e mercados globais, posicionando o Paraná no centro das discussões sobre o futuro da produção de alimentos no país.
Os 33 anos do Sindiavipar representam a trajetória de um setor que cresceu com responsabilidade, pautado pela confiança e pelo compromisso de entregar alimentos de qualidade. Uma história construída pela união entre empresas, colaboradores, produtores, lideranças e parceiros que acreditam no potencial da avicultura paranaense.
O Sindiavipar segue atuando para garantir um setor forte, inovador e preparado para os desafios de um mundo que exige segurança, eficiência e sustentabilidade na produção de alimentos.
Avicultura
União Europeia reabre pre-listing e libera avanço das exportações de aves e ovos do Brasil
Com o restabelecimento do sistema de habilitação por indicação, frigoríficos que atenderem às exigências sanitárias poderão exportar de forma mais ágil, retomando um mercado fechado desde 2018.

A União Europeia confirmou ao governo brasileiro, por meio de carta oficial, o retorno do sistema de habilitação por indicação da autoridade sanitária nacional, o chamado pre-listing, para estabelecimentos exportadores de carne de aves e ovos do Brasil. “Uma grande notícia é a retomada do pré-listing para a União Europeia. Esse mercado espetacular, remunerador para o frango e para os ovos brasileiros estava fechado desde 2018. Portanto, sete anos com o Brasil fora”, destacou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

Foto: Freepik
Com a decisão, os estabelecimentos que atenderem aos requisitos sanitários exigidos pela União Europeia poderão ser indicados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e, uma vez comunicados ao bloco europeu, ficam aptos a exportar. No modelo de pre-listing, o Mapa atesta e encaminha a lista de plantas que cumprem as normas da UE, sem necessidade de avaliação caso a caso pelas autoridades europeias, o que torna o processo de habilitação mais ágil e previsível. “Trabalhamos três anos na reabertura e, finalmente, oficialmente, o mercado está reaberto. Todas as agroindústrias brasileiras que produzem ovos e frangos e que cumprirem os pré-requisitos sanitários podem vender para a Comunidade Europeia”, completou.
A confirmação oficial do mecanismo é resultado de uma agenda de trabalho contínua com a Comissão Europeia ao longo do ano. Em 2 de outubro, missão do Mapa a Bruxelas, liderada pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luís Rua, levou à União Europeia um conjunto de pedidos prioritários, entre eles o restabelecimento do pre-listing para proteína animal, o avanço nas tratativas para o retorno dos pescados e o reconhecimento da regionalização de enfermidades.
Na sequência, em 23 de outubro, reunião de alto nível em São Paulo entre o secretário Luís Rua e o comissário europeu para Agricultura, Christophe Hansen, consolidou entendimentos na pauta sanitária bilateral e registrou o retorno do sistema de pre-listing para estabelecimentos brasileiros habilitados a exportar carne de aves, o que agora se concretiza com o recebimento da carta oficial e permite o início dos procedimentos de habilitação por parte do Mapa. O encontro também encaminhou o avanço para pre-listing para ovos e o agendamento da auditoria europeia do sistema de pescados.

Foto: Ari Dias
Na ocasião, as partes acordaram ainda a retomada de um mecanismo permanente de alto nível para tratar de temas sanitários e regulatórios, com nova reunião prevista para o primeiro trimestre de 2026. O objetivo é assegurar previsibilidade, transparência e continuidade ao diálogo, reduzindo entraves técnicos e favorecendo o fluxo de comércio de produtos agropecuários entre o Brasil e a União Europeia.
Com o pre-listing restabelecido para carne de aves e ovos, o Brasil reforça o papel de seus serviços oficiais de inspeção como referência na garantia da segurança dos alimentos e no atendimento às exigências do mercado europeu, ao mesmo tempo em que avança em uma agenda de facilitação de comércio baseada em critérios técnicos e cooperação regulatória.
Avicultura
Exportações gaúchas de aves avançam e reforçam confiança do mercado global
Desempenho positivo em outubro, expansão da receita e sinais de estabilidade sanitária fortalecem o posicionamento do estado no mercado externo.

O setor agroindustrial avícola do Rio Grande do Sul mantém um ritmo consistente de recuperação nas exportações de carne de frango, tanto processada quanto in natura. Em outubro, o estado registrou alta de 8,8% no volume embarcado em relação ao mesmo mês do ano passado. Foram 60,9 mil toneladas exportadas, um acréscimo de 4,9 mil toneladas frente às 56 mil toneladas enviadas em outubro de 2023.
A receita também avançou: o mês fechou com US$ 108,9 milhões, crescimento de 5% na comparação anual.
No acumulado de janeiro a outubro, entretanto, o desempenho ainda reflete os impactos do início do ano. Os volumes totais apresentam retração de 1%, enquanto a receita caiu 1,8% frente ao mesmo período de 2024, conforme quadro abaixo:

O rápido retorno das exportações de carne de aves do Rio Grande do Sul para mercados relevantes, confirma que, tanto o estado quanto o restante do país permanecem livres das doenças que geram restrições internacionais.
Inclusive, o reconhecimento por parte da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e muitos outros mercados demonstram a importância do reconhecimento da avicultura do Rio Grande do Sul por parte da China, ainda pendente. “Estamos avançando de forma consistente e, em breve, estaremos plenamente aptos a retomar nossas exportações na totalidade de mercados. Nossas indústrias, altamente capacitadas e equipadas, estão preparadas para atender às demandas de todos os mercados, considerando suas especificidades quanto a volumes e tipos de produtos avícolas”, afirmou José Eduardo dos Santos, Presidente Executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul (Asgav/Sipargs).
Indústria e produção de ovos
O setor da indústria e produção de ovos ainda registra recuo nos volumes exportados de -5,9% nos dez meses de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, ou seja, -317 toneladas. Porém, na receita acumulada o crescimento foi de 39,2%, atingindo um total de US$ 19 milhões de dólares de janeiro a outubro deste ano.
A receita aumentou 49,5% em outubro comparada a outubro de 2024, atingindo neste mês a cifra de US$ 2.9 milhões de dólares de faturamento. “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”, pontua Santos.

Exportações brasileiras
As exportações brasileiras de carne de frango registraram em outubro o segundo melhor resultado mensal da história do setor, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Ao todo, foram exportadas 501,3 mil toneladas de carne no mês, saldo que superou em 8,2% o volume embarcado no mesmo período do ano passado, com 463,5 mil toneladas.

Presidente Eeecutivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos: “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”
Com isso, as exportações de carne de frango no ano (volume acumulado entre janeiro e outubro) chegaram a 4,378 milhões de toneladas, saldo apenas 0,1% menor em relação ao total registrado no mesmo período do ano passado, com 4,380 milhões de toneladas.
A receita das exportações de outubro chegaram a US$ 865,4 milhões, volume 4,3% menor em relação ao décimo mês de 2024, com US$ 904,4 milhões. No ano (janeiro a outubro), o total chega a US$ 8,031 bilhões, resultado 1,8% menor em relação ao ano anterior, com US$ 8,177 bilhões.
Já as exportações brasileiras de ovos (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 2.366 toneladas em outubro, informa a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O número supera em 13,6% o total exportado no mesmo período do ano passado, com 2.083 toneladas.
Em receita, houve incremento de 43,4%, com US$ 6,051 milhões em outubro deste ano, contra US$ 4,219 milhões no mesmo período do ano passado. No ano, a alta acumulada chega a 151,2%, com 36.745 toneladas entre janeiro e outubro deste ano contra 14.626 toneladas no mesmo período do ano passado. Em receita, houve incremento de 180,2%, com US$ 86,883 milhões nos dez primeiros meses deste ano, contra US$ 31,012 milhões no mesmo período do ano passado.





