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VOZ DO COOP

Suínos / Peixes

Importação de tilápia do Vietnã coloca setor em risco no Brasil

Compra do pescado congelado do país asiático ameaça a cadeia produtiva e gera revolta das entidades do setor. Paraná é o maior produtor nacional da espécie.

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Foto: Shutterstock

A recente importação de tilápia do Vietnã, em dezembro do ano passado, tem causado desdobramentos dentro da cadeia nacional da aquicultura.

Foto: Divulgação/Faep

Um dos motivos é o fato de o peixe asiático ter desembarcado no Brasil a um preço bastante inferior ao custo de produção local. O negócio pode ser considerado dumping, prática comercial predatória, caracterizada pela negociação de produtos por preços extraordinariamente abaixo de seu valor justo para outra economia nacional ou regional, com a finalidade de eliminar a concorrência comercial interna e dominar o mercado. “O valor que chegou é metade do nosso custo de produção. Hoje comercializamos [o quilo da tilápia] entre R$ 9,80 e R$ 10. Para enfrentar o mercado externo teríamos que reduzir esse preço para R$ 5. Aí quebra a cadeia!”, salientou Edmilson Zabott, presidente da Comissão Técnica (CT) de Aquicultura da Faep e presidente do Sindicato Rural de Palotina.

No caso da tilápia do Vietnã, o valor praticado pelo país exportador é de US$ 4,72/kg, 29,13% menor em comparação com o preço praticado pela indústria nacional nas suas exportações. “Como pode chegar um produto no Brasil custando 30% a menos do nosso custo de produção? Repare que o Vietnã importa grãos para produção de ração, então como esse produto consegue chegar no nosso mercado a esse preço? Alguma coisa está errada”, analisa o diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), Jairo Gund.

Diante da questão comercial, a Abipesca ingressou, no dia 17 de janeiro, com expediente junto ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), questionando a importação de 25 toneladas de tilápia congelada do Vietnã. Em carta encaminhada ao ministro Geraldo Alckmin, a entidade solicita a aplicação de medidas antidumping para proteger a indústria nacional da concorrência desleal do peixe asiático.

Na mesma data, a FAEP encaminhou ofício ao ministro da Pesca e Aquicultura, André Alves de Paula, repudiando a importação do pescado vietnamita, argumentando que a produção nacional atende à demanda interna e há excedente para exportação. Em 2023, por exemplo, o país exportou mais de 2,1 mil toneladas do peixe para diversos países, aumento de 96% em relação a 2022, gerando dividendos na ordem de US$ 14,1 milhões.

“As importações de lácteos estão achatando as cotações internas do produto, inviabilizando a produção e principalmente, retirando da atividade muitos trabalhadores rurais”, diz Ágide Meneguette, presidente do Sistema Faep/Senar-PR.

No dia 30 de janeiro, os ministros da Pesca e Aquicultura, André de Paula, e da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, reuniram-se com representantes do setor brasileiro de pescado para discutir o tema. Na ocasião, Fávaro afirmou que a equipe técnica da defesa agropecuária do Mapa iria revisar o protocolo de importação de tilápia do Vietnã com objetivo de reavaliar a autorização. Também seriam reforçados os controles de importação para impedir que casos como esse voltem a se repetir.

Protocolo sanitário

Além da questão comercial, existe também receio em relação à qualidade e à sanidade do pescado vietnamita. “Ninguém sabe como a tilápia é produzida lá. Se obedece aos preceitos ambientais e/ou sanitários corretamente. Outra coisa é a qualidade. Nós temos uma preocupação enorme com a qualidade, com o sabor. Algo que essa cadeia levou anos para aperfeiçoar”, destaca Zabott.

O receio, segundo o dirigente sindical, é que o consumidor não consiga diferenciar a tilápia vietnamita da brasileira e, diante de um produto de qualidade inferior, acabe desistindo de consumir pescado. “A qualidade é a principal característica do nosso produto, tanto que abrimos mercados nos Estados Unidos, Japão e países da Europa”, argumenta.

Uma das consequências, no curto prazo, pode ser a desarticulação da cadeia produtiva, que vem crescendo exponencialmente, com os elos produtivos estruturados, desde a produção de alevinos até a de insumos e equipamentos, passando pelas estruturas destinadas ao abate. “Essa é uma cadeia nova, entre 18 e 20 anos, ainda está em fase de estruturação e crescimento. Todos os investimentos, seja na indústria ou dentro da porteira, ainda não foram quitados. Se formos invadidos pela tilápia estrangeira vai haver muito desemprego e endividamento no campo”, projeta Zabott.

Se os prognósticos se concretizarem, o volume de peixes cultivados no Paraná saltará de 188 mil toneladas em 2022 para 376 mil toneladas até 2027. Hoje, o Estado produz mais de um terço dos peixes de cultivo criados no país. A região Oeste responde por 70% da produção estadual, principalmente nos municípios de Nova Aurora, Toledo e Palotina – os três maiores produtores do país.

Fonte: Sistema FAEP

Suínos / Peixes

Preços do suíno vivo encerram abril com movimentos distintos

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores. Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

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Foto: Ari Dias

Os preços do suíno vivo no mercado independente encerraram abril com movimentos distintos entre as regiões acompanhadas pelo Cepea.

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores.

Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

Para a carne, apesar da desvalorização das carcaças, agentes consultados pelo Cepea relataram melhora das vendas no final de abril.

Quanto às exportações, o volume de carne suína embarcado nos 20 primeiros dias úteis de abril já supera o escoado no mês anterior, interrompendo o movimento de queda observado desde fevereiro.

Segundo dados da Secex, são 86,8 mil toneladas do produto in natura enviadas ao exterior na parcial de abril, e, caso esse ritmo se mantenha, o total pode chegar a 95,4 mil toneladas, maior volume até então para este ano.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos / Peixes

Embaixador da Coreia do Sul visita indústrias da C.Vale

Iniciativa pode resultar em novos negócios no segmento carnes da cooperativa

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Visitantes conheceram frigorífico de peixes - Fotos: Assessoria

A C.Vale recebeu, no dia 25 de abril, o embaixador da Coreia do Sul, Lim Ki-mo, e o especialista de negócios da embaixada sul-coreana, Rafael Eojin Kim. Eles conheceram os processos de industrialização de carne de frango, de peixes e da esmagadora de soja, além da disposição dos produtos nos pontos de venda do hipermercado da cooperativa, em Palotina.

O presidente da C.Vale, Alfredo Lang, recepcionou os visitantes e está confiante no incremento das vendas da cooperativa para a Coréia do Sul. “É muito importante receber uma visita dessa envergadura porque amplia os laços comerciais entre os dois países”, pontuou. Também participaram do encontro o CEO da cooperativa, Edio Schreiner, os gerentes Reni Girardi (Divisão Industrial), Fernando Aguiar (Departamento de Comercialização do Complexo Agroindustrial) e gerências de departamentos e indústrias.

O embaixador Lim Ki-Mo disse ter ficado admirado com o tamanho das plantas industriais e a tecnologia do processo de agroindustrialização da cooperativa. “Eu sabia que a C.Vale era grande, mas visitando pessoalmente fiquei impressionado. É incrível”, enfatizou o embaixador, que finalizou a visita cantando em forma de agradecimento pelo acolhimento da direção e funcionários da C.Vale.

 

Fonte: Assessoria CVale
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Suínos / Peixes

Doença do edema em suínos: uma análise detalhada

Diagnóstico da doença pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras enfermidades.

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Foto e texto: Assessoria

A doença do edema (DE) é um importante desafio sanitário em nível global na suinocultura. Com alta prevalência a patologia ocasiona perdas econômicas ao setor associadas, principalmente, com a morte súbita de leitões nas fases de creche e recria.

A doença foi descrita pela primeira vez na literatura por Shanks em 1938, na Irlanda do Norte, ao mesmo tempo que Hudson (1938) registrava sua ocorrência na Inglaterra.

Ao pensarmos no controle da enfermidade, a adoção de medidas de manejo adequadas desempenha um papel fundamental na prevenção da disseminação do Escherichia coli, o agente causador da DE.  Desta forma, é essencial reforçar práticas, como o respeito ao período de vazio sanitário durante a troca de lotes, a limpeza e desinfecção regular de todos os equipamentos e baias ocupadas com produtos adequados, e a garantia de que as baias estejam limpas e secas antes da introdução dos animais. Embora possam parecer simples, a aplicação rigorosa dessas ações é indispensável para o sucesso do manejo sanitário.

A toxinfecção característica pela DE é causada pela colonização do intestino delgado dos leitões por cepas da bactéria Escherichia coli produtoras da toxina Shiga2 (Vt2e) e que possuem habilidade de aderência às vilosidades intestinais, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade em suínos, resultando em perdas econômicas significativas e impactos negativos na indústria suinícola.

Durante a multiplicação da bactéria (E.coli) no trato gastrointestinal dos suínos, a toxina Shiga 2 (Vt2e) é produzida e absorvida pela circulação sistêmica, onde induz a inativação da síntese proteica em células do endotélio vascular do intestino delgado, em tecidos subcutâneos e no encéfalo. A destruição das células endoteliais leva ao aparecimento do edema e de sinais neurotóxicos característicos da doença (HENTON; HUNTER, 1994).

Como resultado, ocorre extravasamento de fluido para os tecidos circundantes, resultando em edema, hemorragia e necrose, especialmente no intestino delgado. Além disso, a toxina pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica, exacerbando ainda mais os danos aos tecidos e órgãos afetados.

Os sinais clínicos da doença do edema em suínos variam em gravidade, mas frequentemente incluem, incoordenação motora com andar cambaleante que evolui para a paralisia de membros, edema de face, com inchaço bem característico das pálpebras, edema abdominal e subcutâneo, fezes sanguinolentas e dificuldade respiratória. O edema abdominal é uma característica marcante da doença, muitas vezes resultando em distensão abdominal pronunciada. Além disso, os suínos afetados podem apresentar sinais neurológicos, como tremores e convulsões, em casos graves.  Em toxinfecções de evolução mais aguda, os animais podem ir a óbito sem apresentar os sinais clínicos da doença, sendo considerado morte súbita.

O diagnóstico da doença do edema em suínos pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras doenças. No entanto, exames laboratoriais, como cultura bacteriana do conteúdo intestinal ou de swabs retais podem ajudar a identificar a presença. Quando há alto índices de mortalidade na propriedade, pode se recorrer a técnicas de necropsia, bem como a histopatologia das amostras de tecidos intestinais, sobretudo a identificação do gene da Vt2e via PCR, para o diagnóstico definitivo da doença

O tratamento geralmente envolve a administração de antibióticos, como penicilina ou ampicilina, para combater a infecção bacteriana, juntamente com terapias de suporte, como fluidoterapia e controle da dor.

Embora tenhamos métodos diagnósticos eficientes, o tratamento da doença do edema ainda é um desafio recorrente nas granjas. Sendo assim, prevenir a entrada da doença do edema no rebanho ainda é a melhor opção. Uma dieta rica em fibras, boas práticas de manejo sanitário, evitar situações de estresse logo após o desmame e a prática de vacinação são estratégias eficazes quando se diz respeito à prevenção (Rocha, 2016). Borowski et al. (2002) demonstraram, por exemplo, que duas doses de uma vacina composta por uma bactéria autógena contra E. coli, aplicadas em porcas e em leitões, foram suficientes para obter uma redução da sintomatologia e mortalidade dos animais acometidos.

A doença do edema em suínos representa um desafio significativo para a indústria suinícola, com sérias implicações econômicas e de bem-estar animal. Uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes à patogênese da doença, juntamente com a implementação de medidas preventivas e de controle eficazes, é essencial para minimizar sua incidência e impacto. Ao adotar uma abordagem integrada os produtores podem proteger a saúde e o bem-estar dos animais, ao mesmo tempo em que promovem a sustentabilidade e a rentabilidade da indústria suína.

Referências bibliográficas podem ser solicitadas pelo e-mail gisele@assiscomunicacoes.com.br.

Fonte: Por Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de Serviços Veterinários de Suínos da Ceva Saúde Animal.
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