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ILP recupera pastagens em regiões com escassez de água

Além de recuperar o campo, os experimentos aumentaram a produtividade de milho ao associá-lo ao plantio de gramíneas as quais comporão a pastagem

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Recuperar pastagens degradadas mesmo em regiões em que há pouca disponibilidade de água é possível por meio da integração de plantações com a criação animal. Foi o que demonstrou pesquisa realizada pela Embrapa Algodão (PB) na região do Semiárido que testou a integração lavoura-pecuária (ILP). Além de recuperar o campo, os experimentos aumentaram a produtividade de milho ao associá-lo ao plantio de gramíneas as quais comporão a pastagem.

A adoção da prática também mostrou ter forte impacto na preservação da Caatinga. "Hoje o produtor do Semiárido, quando tem uma pastagem degradada, a abandona e vai para outra área porque custa caro recuperar", observa o coordenador do projeto, João Henrique Zonta, pesquisador da Embrapa Algodão. Essa prática ainda é comum no Brasil, principalmente na região Nordeste, onde a metade dos estabelecimentos agropecuários não utiliza nenhum tipo de prática conservacionista. O resultado são solos degradados e ameaçados de desertificação. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, 15% da área da Caatinga dá sinais extremos de degradação, são os chamados Núcleos de Desertificação.

Segundo o pesquisador, o cultivo de milho consorciado com gramíneas forrageiras para a ILP é uma alternativa para a recuperação de pastagens e de solos degradados e formação de palhada para o plantio direto (SPD) na região do Agreste, área da região Nordeste localizada na faixa de transição entre a Zona da Mata (litoral) e o Sertão, que se estende pelos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, com precipitação média anual de 844 mm, porém com constantes e prolongados períodos de estiagem. 

Mais safras

"O plantio convencional permite ao produtor do Semiárido obter no máximo uma safra. Nesse sistema, vamos conseguir pelo menos duas: o grão e a matéria verde para o plantio direto ou para alimentar o gado. Assim há um melhor uso da terra, porque em vez de uma safra, teremos duas, com o mesmo recurso e melhor aproveitamento da água da chuva", compara. "Aqui onde ocorre pouca chuva, quanto mais água você conseguir transformar em massa verde, melhor", acrescenta.

Além de permitir ao produtor duas safras por ano na região Semiárida, a ILP melhora a fertilidade do solo, pois aumenta a quantidade de matéria orgânica, a infiltração e retenção de água no solo, permite a ciclagem de nutrientes e ainda o protege da erosão. Outro benefício observado pelo pesquisador é que as plantas de cobertura "afofam" o solo para culturas posteriores.

Os experimentos com plantio direto foram instalados em 2010 e com ILP em 2014, na área experimental da Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba (Emepa), no município paraibano de Lagoa Seca. "Nós escolhemos essa área porque ela tinha algumas características típicas do solo do Semiárido como declividade acentuada, problema de erosão, pouquíssima presença de matéria orgânica, solo arenoso, raso, mas uma área que se pode manejar tranquilamente com técnicas de conservação", relata o pesquisador.

Zonta explica que, para o produtor que já cultiva o milho no sistema convencional, o custo para implementar o sistema requer apenas a compra da semente da gramínea e uma aplicação extra de herbicida. "O saco da braquiária está em torno de R$ 100 e dá para cultivar um hectare", informa.

A pesquisa mostra quais espécies de gramíneas forrageiras melhor se adaptam ao sistema ILP nas condições do Semiárido e quais são mais adaptadas à formação de palhada para realização do sistema plantio direto de culturas em rotação. Ao longo do estudo, foram observadas as melhorias no perfil do solo, as espécies mais produtivas e mais resistentes ao estresse hídrico. O projeto é financiado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e visa a ampliar a adoção do Plano Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC) na região.

Milho com gramíneas

Foram avaliadas diferentes formas de plantio de gramíneas cultivadas em consórcio com milho, entre elas: capins (buffel, andropogon, urochloa e mombaça) e braquiárias (brizantha cv piatã, decumbens e ruziziensis). Os plantios foram realizados a lanço, na entrelinha do milho e o milho solteiro.

A produtividade de milho para silagem e em grãos não foi prejudicada pelo cultivo em consórcio com as pastagens B. decumbens e B. brizantha cv. Piatã, pois não apresentaram diferenças estatísticas em relação à produtividade do milho solteiro. Os cultivos em consórcio com capins mombaça e urochloa apresentaram menor produtividade se comparados ao milho solteiro, provavelmente devido à competição entre as culturas.

"Apesar das chuvas terem se concentrado somente nos primeiros 60 dias após o plantio, ainda foram alcançados bons rendimentos de milho, tanto para silagem (acima de 30 toneladas por hectare) como em grãos (em torno de 4.200 quilos por hectare) para os cultivos solteiro e em consórcio com B. brizantha cv.Piatã e B. decumbens", salienta o pesquisador.

A produção média do milho prevista para a Paraíba, segundo dados da Conab na safra 2015/2016, é de apenas 476 quilos por hectare. Além da degradação do solo e da irregularidade das chuvas, outros fatores contribuem para essa baixa produtividade, tais como a não adoção de cultivares produtivas, falta de correção do solo, adubação e o espaçamento inadequado.

Em todos os consórcios houve ganhos de produtividade de massa de forragem. A renda de massa verde (milho + pastagem) foi maior que a produção de massa verde do milho solteiro, com destaque para o consórcio milho + B. brizantha cv. Piatã, que alcançou produtividade média de 60 toneladas por hectare de forragem. 

Recomendações de plantio

O pesquisador orienta que o plantio de espécies de gramíneas forrageiras consorciadas com milho deve ser feito a lanço antes do plantio do milho: "Primeiro, deve-se jogar a semente a lanço, depois a semeadora planta o milho. O próprio movimento da semeadora ajuda a enterrar a semente da gramínea e depois a chuva termina o trabalho".
Ele recomenda o plantio do milho com a braquiária para não perder nenhuma chuva e otimizar o uso do fertilizante. "Isso é fundamental para o sucesso da agricultura no Semiárido porque aqui você não pode perder água de jeito nenhum," ressalta.

Para reduzir a competição entre as culturas, o produtor pode aplicar uma subdose de herbicida. Ele enfatiza que, se o produtor quer produzir silagem, mesmo competindo um pouco, a produção da gramínea compensa a perda no milho. Se quiser produzir grãos, pode aplicar uma subdose de herbicida (1/5 da dose de nicosulfurom), que não mata a braquiária, mas a enfraquece um pouco e ela não compete com o milho no início, de acordo com o especialista que afirma que depois que o milho cresce, não ocorre mais competição.

As espécies Brachiaria brizantha cv. Piatã e Brachiaria decumbens foram as que menos prejudicaram a produtividade do milho e são as mais indicadas para o Agreste. "A braquiária piatã é bem resistente ao estresse hídrico. Nós tivemos 150 dias sem chuva e ela resistiu bem e ainda conseguiu produzir. Daí a importância da integração: se faltar água na época do enchimento de grãos e comprometer a produtividade do milho, a forragem ainda é viável. Se tivesse plantado só milho poderia ser perda total."

Os próximos passos do projeto são inserir o sistema nas áreas de produtores do Agreste e identificar espécies de gramíneas forrageiras que melhor se adaptem ao Sertão, onde a disponibilidade de água é ainda menor.

Válido para todo o Brasil

O Plano ABC tem a finalidade de responder aos compromissos assumidos pelo País quanto à redução de emissão de gases de efeito estufa no setor agropecuário por meio da recuperação de pastagens degradadas, da Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e do Sistema Plantio Direto. A meta é aumentar a adoção do Sistema ILP em quatro milhões de hectares e do sistema de plantio direto (SPD) em oito milhões de hectares em todo o País, evitando que entre 18 e 22 milhões de toneladas de CO2 equivalente (que são todos os gases de efeito estufa produzidos na atividade medidos em comparação aos efeitos do gás carbônico) sejam liberadas.

O coordenador de manejo sustentável dos sistemas produtivos do Mapa, Elvison Nunes Ramos, enfatiza que o sistema ILPF é válido para todo o Brasil, mas requer geração conhecimento para ser adaptado às diferentes regiões. "É preciso ampliar o conhecimento e as opções para o Semiárido porque o clima é  bem específico e determina as culturas que deverão ser adotadas e as possibilidades de rotação. É um trabalho de pesquisa local para conhecer o que se pode utilizar para essa região", afirma.

Fonte: Embrapa

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Prazo para atualização obrigatória de rebanhos começa em 1º de maio no Paraná

GTA somente será emitida após a atualização de todas as espécies animais existentes na propriedade – bovinos, búfalos, equinos, asininos, muares, suínos, ovinos, caprinos, aves, peixes e outros animais aquáticos, colmeias de abelhas e bicho da seda.

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Foto: Arnaldo Alves/AEN

A Campanha de Atualização dos Rebanhos do Paraná de 2024 começa em 1º de maio e se estenderá até 30 de junho. A atualização é obrigatória para todos os produtores rurais com animais de produção de qualquer espécie sob sua guarda. Aqueles que não cumprirem a exigência ficarão impedidos de obter a Guia de Trânsito Animal (GTA), documento que permite a movimentação de animais entre propriedades e para abate nos frigoríficos.

A GTA somente será emitida após a atualização de todas as espécies animais existentes na propriedade (bovinos, búfalos, equinos, asininos, muares, suínos, ovinos, caprinos, aves, peixes e outros animais aquáticos, colmeias de abelhas e bicho da seda).

Os produtores podem fazer a atualização pelo aplicativo Paraná Agro (baixe aqui), pelo site da Adapar ou presencialmente em uma das Unidades Locais da Adapar, Sindicatos Rurais ou Escritório de Atendimento de seu município. A partir de 30 de junho, o produtor que não atualizar o rebanho estará sujeito a penalidades previstas na legislação, inclusive multas.

O acesso ao sistema também está disponível de forma direta por meio do link www.produtor.adapar.pr.gov.br/comprovacaorebanho. Para fazer a comprovação, o produtor deve ter o CPF cadastrado. Nos casos em que seja necessário ajustar o cadastro inicial (correção de e-mail ou outra informação), o telefone para contato é (41) 3200-5007.

Segundo a Gerência de Saúde Animal, existem 155 mil propriedades no Paraná e 192 mil explorações pecuárias, sendo que as principais espécies somam, aproximadamente, 8,6 milhões de bovinos, 7 milhões de suínos, 20 mil aviários, 240 mil equídeos, além de outros animais.

Área livre

O Paraná foi reconhecido internacionalmente como Área Livre de Febre Aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) em 27 de maio de 2022. Como compromisso do Estado, há a necessidade de se realizar o cadastro de todos os animais uma vez por ano, durante os meses de maio e junho.

O gerente de Saúde Animal da Adapar, Rafael Gonçalves Dias, alertou que a atualização do rebanho é importante para os próprios produtores, pois possibilita uma ação rápida nos casos de suspeita inicial de doenças nos animais. “O status de Área Livre Sem Vacinação que o Estado conquistou após muito esforço exige uma vigilância permanente, e é isso que queremos ao exigir a atualização do rebanho das propriedades rurais do Estado”, afirmou.

O diretor-presidente da Adapar, Otamir Cesar Martins, destacou que o trabalho dos profissionais da entidade não parou após a conquista na OIE. “Agora estamos ainda mais vigilantes, cuidando com muita atenção das fronteiras e das divisas do Estado, trocando muitas informações com os Conselhos de Sanidade Agropecuária e com entidades representativas do setor, e precisamos desse auxílio dos produtores para que nos forneçam os dados e juntos consigamos manter o status do Paraná”, disse.

Fonte: AEN-PR
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2º Fórum Nacional do Leite chama atenção para diversidade da cadeia

Programa do fórum inclui palestras sobre temas importantes, como integração da produção de leite com a agricultura, comunicação eficaz, energia renovável e adoção de novas tecnologias.

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Giuliano De Luca/OP Rural

O 2º Fórum Nacional do Leite, em Brasília, se torna o ponto de encontro para uma conversa crucial sobre o futuro da indústria leiteira. Entre terça 16) e quarta-feira (17), a Embrapa abre suas portas para este evento que promete não apenas debater, mas ser um catalisador de respostas para uma transformação positiva no setor leiteiro brasileiro.

Apesar dos desafios enfrentados, o setor leiteiro continua sendo uma peça fundamental da economia, presente em mais de 90% dos municípios do Brasil e empregando milhões de pessoas. O leite, um alimento indispensável desde o nascimento, representa mais do que apenas um produto, é um símbolo da história e cultura alimentar.

A Abraleite, liderando o evento, espera reunir uma variedade de vozes, desde autoridades públicas até produtores locais, para discutir questões como sustentabilidade, gestão, mercado, pesquisa, inovação e comunicação. Maria Antonieta Guazzelli, diretora de Comunicação e Marketing da Abraleite, destaca o engajamento do setor, mesmo em tempos desafiadores.

Porém, a realidade dentro do setor é diversa e complexa. A heterogeneidade reina, desde o volume de produção até o acesso a tecnologias e assistência técnica. Como Maria Antonieta observa, os produtores são verdadeiros heróis, enfrentando uma batalha diária para manter suas operações funcionando.

O programa do fórum inclui palestras sobre temas importantes, como integração da produção de leite com a agricultura, comunicação eficaz, energia renovável e adoção de novas tecnologias. Mas, além das discussões, o verdadeiro objetivo do evento é destacar a necessidade premente de uma cadeia produtiva mais estruturada e uniforme. “A mensagem principal do evento é a necessidade urgente de uma cadeia mais estruturada, com homogeneidade na qualidade, custo e estabilidade da produção de leite. Somente dessa maneira estaremos fortalecidos para elevar o produto a patamares semelhantes ao de commodities como soja e café”, destaca.

Fonte: O Presente Rural
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Declaração de Rebanho 2024 começa nesta segunda-feira no Rio Grande do Sul; saiba como fazer

Desde o ano passado, a declaração pode ser feita diretamente pela internet, em módulo específico dentro do Produtor Online. Prazo encerra em 14 de junho.

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Foto: Alf Ribeiro

A Declaração de Rebanho é uma obrigação sanitária de todos os produtores rurais gaúchos detentores de animais. “Além do atendimento à legislação vigente, os dados nos dão embasamento para que tenhamos uma radiografia da distribuição das populações animais, das faixas etárias. Com isso, podemos ser mais assertivos em nossas políticas públicas de saúde animal”, detalha a diretora do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (DDA/Seapi) do Rio Grande do Sul, Rosane Collares.

Desde o ano passado, a declaração pode ser feita diretamente pela internet, em módulo específico dentro do Produtor Online. Um tutorial ensinando a realizar o preenchimento pode ser consultado aqui. Caso prefira, o produtor também pode fazer o preenchimento nos formulários em PDF ou presencialmente nas Inspetorias ou Escritórios de Defesa Agropecuária, com auxílio dos servidores da Seapi e assinando digitalmente com sua senha do Produtor Online.

A Declaração Anual de Rebanho conta com um formulário de identificação do produtor e características gerais da propriedade. Formulários específicos devem ser preenchidos para cada tipo de espécie animal que seja criada no estabelecimento, como equinos, suínos, bovinos, aves, peixes, abelhas, entre outros.

No formulário de caracterização da propriedade, há campos como situação fundiária, atividade principal desenvolvida na propriedade e somatória das áreas totais, em hectares, com explorações pecuárias. Já os formulários específicos sobre os animais têm questões sobre finalidade da criação, tipo de exploração, classificação da propriedade, tipo de manejo, entre outros.

Em 2023, a declaração teve adesão de 84,19%, índice que se manteve condizente com a média de declarações de rebanho entregues nos anos anteriores. O prazo  encerra em 14 de junho.

Fonte: Assessoria Seapi
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