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Peixes

IFC Brasil prorroga segundo lote de inscrições até dia 20 de setembro

Maior evento da cadeia de pescado reúne lideranças do setor de 24 a 26 de setembro, em Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná.

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Fotos: Divulgação/Arquivo IFC

Atendendo a solicitações, os organizadores do 6ª International Fish Congress & Fish Expo Brasil (IFC Brasil), anunciam a prorrogação do último prazo das inscrições com desconto para o evento, que será realizado na próxima semana, de 24 a 26 de setembro, em Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná. Até esta data, os interessados podem se inscrever no site do evento pelo valor R$ 550 para profissionais e R$ 300 para estudantes. De sábado (21) até o dia 26, os valores sobem para R$ 650 para profissionais e R$ 350 para estudantes.

CEO do IFC Brasil, Eliana Panty: “O IFC Brasil vai reunir sete eventos simultâneos”

Em sua sexta edição, o IFC Brasil está consolidado pelo elevado nível dos debates, debatedores, público qualificado, tecnologias e inovações apresentadas na feira de negócios pelas principais empresas do setor. “O encontro reúne um Congresso Internacional com mais de 40 conferencistas vindos de 18 países, feira de negócios com mais de 150 expositores e uma rodada internacional de negócios com a Apex Brasil, além da apresentação de trabalhos científicos”, destaca a CEO do IFC Brasil, Eliana Panty.

De acordo com a executiva, o IFC vai reunir sete eventos simultâneos, como o Congresso Internacional de Aquicultura, a Feira de Tecnologias e Negócios, a 2ª edição do Aquacultura 4.0, promovida pela Embrapa Pesca e Aquicultura e Embrapa Digital, a 2ª Rodada Internacional de Negócios, em parceria com a Apex Brasil e a Abipesca, a Apresentação de Trabalhos Científicos, organizada pela Unioeste e Unila, a 3ª edição de Mulheres da Aquicultura e o Workshop sobre Sistema de Recirculação de Água (RAS), organizado em parceria com a empresa BluEco Net, a Unioeste e com o Ministério Federal da Educação e Pesquisa da Alemanha.

O presidente do evento, Altemir Gregolin, reforça o momento favorável para o desenvolvimento do setor. “Na última década o mundo cresceu em produção, consumo e comércio de pescado. As projeções da FAO para as próximas décadas é de continuidade no crescimento da demanda, o que sinaliza para o Brasil, muitas oportunidades. Nesta perspectiva, o IFC tem o propósito de contribuir para que o Brasil se consolide como um grande player mundial na produção e comercialização desta proteína”, salienta o executivo.

Outras informações sobre o IFC Brasil podem ser encontradas no site do evento (www.ifcbrasil.com.br), através do e-mail marketing@ifcbrasil.com.br.

Programação
No dia 24 de setembro, o debate estará concentrado em temas de conjuntura e estratégia, com destaque para o Painel Economia Azul e o desenvolvimento sustentável da produção de pescado para atender a crescente demanda e preservar o meio ambiente, vai ser aberto às 09 horas com a palestra “Megatendências na aquicultura mundial”, ministrada pelo Gonçalo Santos, da Noruega. Em seguida, o Oficial de Aquicultura da Oficina Regional da FAO para a América Latina e Caribe, do Chile, José Aguilar Manjarrez, destaca “A transformação azul e as diretrizes para aquicultura”.

A partir das 11 horas, o congresso segue com o Painel Exportações de Pescado: Evolução, desafios e estratégias para a consolidação das exportações brasileiras com a participação de

Presidente do IFC Brasil, Altemir Gregolin: “O IFC tem o propósito de contribuir para que o Brasil se consolide como um grande player mundial na produção e comercialização desta proteína”

representantes da Apex Brasil, ABPA e de empresas do setor, além de, Cesar Pinzon, da Colômbia, que falará sobre “A experiência da Colômbia no mercado internacional”.

O tema Mercado de Pescado: Situação e perspectivas diante da oferta crescente e das flutuações da demanda vai ser debatido a partir das 13h30, com o pesquisador do Cepea Thiago Bernardino de Carvalho e representantes de empresas.

Logo depois, a programação segue com MPA, CNA, Abipesca e Peixe BR com uma discussão sobre a “Lei da Pesca e Aquicultura: As mudanças necessárias e as diferentes perspectivas do setor para a sua modernização”. E em seguida, com a participação do Ministério da Agricultura e Agentes Financeiros será discutido o “Crédito para a aquicultura brasileira e os diferentes elos da cadeia do pescado para potencializar o seu desenvolvimento”. A abertura oficial do evento e uma confraternização com coquetel de abertura serão realizados a partir das 18 horas.

Nos dias 25 e 26 de setembro, a programação está focada em temas técnicos, com destaque para o Painel Aquicultura 4.0: A Revolução Tecnológica que está transformando a produção aquícola e mudando a forma de trabalho no campo, quando o diretor de Pesquisa e Inovação da Embrapa, Clênio Nailto Pillon, vai destacar a “Transformação digital na aquicultura 4.0”.

Em seguida, o presidente do Clube de Inovações do Chile, Adolfo Alvial, apresenta “O salto tecnológico da aquicultura chilena”. Destaque também para o Painel Inovações na aquicultura: O que o mercado apresenta de novo para o setor? Terá a participação de empresas brasileiras falando sobre inteligência artificial, automatização e internet das coisas, e de Maurício Bueno, do Chile, que vai abordar “O uso de Nano bolhas para oxigenação e intensificação da produção aquícola”.

A Produção em sistema de recirculação: Avanços tecnológicos, resultados alcançados e viabilidade na aquicultura, também está na pauta e contará com a participação de conferencistas da Alemanha e do Brasil. Outro ponto alto da programação é o bloco que tratará da área de Nutrição, com destaque para os painéis, “Nutrição de precisão: Tendências na busca da excelência no desempenho e na sustentabilidade dos cultivos” e “Nutrição: As soluções que o mercado apresenta para a melhoria da performance, da saúde e dos resultados na aquicultura”.

O tema sobre melhoramento genético também será pauta do congresso com o painel, “Melhoramento genético em tilápias: Avanços conquistados em ganhos de rentabilidade de filé e rusticidade dos animais”. O dia 26 de setembro será marcado como o Dia do Produtor no IFC Brasil. Na programação do evento, destaque para o bloco de sanidade, com dois painéis estratégicos, “O status da sanidade aquícola em nível global e medidas de controle” com a participação do diretor Global de Desenvolvimento de Negócios Aqua da SAN Group, Emirados Árabes Unidos, Markus Schrittwieser e a gerente Global de Saúde em Aquacultura da Adisseo, Maria Mercê.

E o painel, “Sanidade e biossegurança: Enfermidades emergentes e estratégias de controle”. A programação também traz o debate sobre o tema “Bem-estar animal na Aquicultura: Da produção ao abate humanitário – melhor performance e uma condicionante para acesso ao mercado”; sobre a “Produção de camarão vanamei em água doce”; o “Manejo reprodutivo de tambaqui em sistema de recirculação”; a “Produção em tanques-redes”; a “Aquicultura de pequena escala: Estratégias de tecnificação e comercialização”; a “Formação Profissional: Perfil e mercado de trabalho”, entre uma série de outros temas.

Sobre o IFC Brasil
O IFC Brasil vai reunir todos os elos da cadeia produtiva para discutir os desafios e as oportunidades da cadeia do pescado e gerar negócios. Desta forma, o encontro reúne empresários, aquicultores, agentes dos mercados do varejo e food service, prestadores de serviços, fornecedores, dirigentes, profissionais do setor e formadores de opinião. Em sua sexta edição, o evento é reconhecido por oferecer o melhor ambiente de negócios, debates e networking do setor.

Patrocínios e Apoios

O IFC Brasil é correalizado pela Fundep (Fundação de Apoio ao Ensino, Extensão, Pesquisa e Pós-graduação), Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná), UFPR (Universidade Federal do Paraná) e a sua Fundação, a Funpar.

Patrocinam o IFC Brasil: CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), Itaipu Binacional, Caixa Econômica Federal, MPA (Ministério da Pesca e Aquicultura), Governo Federal, Sistema CFMV/CRMV`s, Sanepar, Copel Energia, Governo do Paraná, Banco do Brasil, BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul)e Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).

Apoiam o IFC Brasil a APEX Brasil, ABIPESCA (Associação Brasileira das Indústrias de Pescados), PEIXE BR (Associação Brasileira da Piscicultura) e Unila (Universidade Federal da Integração).

Fonte: Assessoria IFC Brasil

Peixes Recorde

IFC Brasil tem 175 trabalhos científicos submetidos, envolvendo 350 pesquisadores

Na manhã do dia 25 de setembro, os autores apresentam os 12 trabalhos selecionados para exposição oral.

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Foto: Divulgação/IFC Brasil

A 6ª edição do IFC Brasil será realizada de 24 a 26 de setembro, no Maestra Grand Convention Center, Recanto Cataratas Thermas & Resort, em Foz do Iguaçu (PR). O evento reúne aquicultores, empresários, agentes públicos, acadêmicos e líderes de todas as áreas do setor produtivo. O IFC Brasil abrange desde a produção primária de aquicultura e pesca, até fornecedores de tecnologias, prestadores de serviços, indústrias, logística e mercado consumidor.

“A sexta edição do Evento Científico, parte integrante do maior evento da aquicultura e Pesca Sul-americana, o IFC Brasil,bateu o recorde de trabalhos científicos, em oito áreas temáticas”, destaca o professor Aldi Feiden, coordenador dos trabalhos científicos no IFC Brasil. “Estes trabalhos serão disponibilizados na página do IFC Brasil para consulta por todos os participantes. São assuntos muito atuais, e de grande peso científico de extensão aquícola e pesqueira”.

Na última edição, em 2023, foram submetidos 132 trabalhos científicos, com autores e coautores dos trabalhos de mais de 40 universidades públicas e privadas, institutos de pesquisa e extensão e empresas privadas.

O International Fish Congress & Fish Expo Brasil 2024 é promovido em cooperação com a Unioeste – Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Unila – Universidade Federal da Integração Latino-Americana e IFPR – Instituto Federal do Paraná.

Desde a primeira edição, realizada em 2019, o IFC Brasil valoriza o conhecimento acadêmico e científico. Posiciona-se, assim, como um elo entre a academia, a indústria e o setor produtivo. Através da mostra de trabalhos científicos, o IFC Brasil divulga as inovações e os avanços tecnológicos demonstrados nas pesquisas, promovendo o desenvolvimento de soluções práticas para desafios atuais.

Associado a instituições de renome e credibilidade, o IFC Brasil reforça a qualidade dos trabalhos apresentados. “É uma oportunidade para todo o setor conhecer os caminhos apontados pela pesquisa”, afirma o coordenador da Mostra de Trabalhos Científicos no IFC Brasil, professor Aldi Feiden.

Além disso, a Mostra de Trabalhos Científicos do IFC Brasil promove networking e colaboração entre os pesquisadores, profissionais da indústria, estudantes e produtores. “Sempre resulta em colaborações produtivas e projetos interdisciplinares”, destaca Feiden.

“Assim como nos anos anteriores, neste ano recebemos trabalhos de diversas regiões brasileiras, bem como resumos internacionais, principalmente da América Latina”, afirma o professor da Unioeste e coordenador dos trabalhos científicos do IFC Brasil, Aldi Feiden.

Fonte: Assessoria IFC Brasil
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Peixes

Pesquisador aponta gargalos e soluções para otimizar a conversão alimentar dos peixes

Com a previsão de um aumento significativo na demanda por proteína animal nas próximas décadas, a aquicultura surge como uma das soluções-chave para suprir essa necessidade crescente. No entanto, esse crescimento não vem sem seus próprios desafios, especialmente no que diz respeito à produção e formulação de rações.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O engenheiro agrônomo, mestre em Aquicultura, doutor em Ciências Animais e Pastagens, e pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura, Giovanni Vitti Moro compartilhou estratégias para otimizar a alimentação das tilápias durante o Inovameat, um dos principais eventos de proteína animal no Paraná, realizado em meados de abril em Toledo (PR). Sua palestra, direcionada a fabricantes de ração e piscicultores, visou fomentar uma discussão sobre a melhoria da eficiência alimentar dessa espécie, com o intuito de impulsionar a produtividade e a rentabilidade da aquicultura brasileira.

Engenheiro agrônomo, mestre em Aquicultura, doutor em Ciências Animais e Pastagens, e pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura, Giovanni Vitti Moro: “Seria muito importante termos ações conjuntas de instituições de pesquisa e desenvolvimento com indústrias, para o codesenvolvimento e adoção de tecnologias que possam ser aplicadas na cadeia de produção” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Conforme dados recentes da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), são produzidas no mundo cerca de 320 espécies de peixes. Entre as mais proeminentes em termos de volume de produção estão as carpas, tilápias, bagres e salmonídeos (trutas e salmões). “Essas espécies têm sido amplamente estudadas em todo o mundo, especialmente nas áreas de nutrição, genética e reprodução. Com as exigências nutricionais muito bem definidas, essas espécies dispõem de rações balanceadas específicas para atender as necessidades de cada uma. Essa abordagem tem levado a uma maior eficiência produtiva e a um retorno econômico mais favorável para os produtores, o que justifica a grande produção destas espécies”, analisa o especialista.

Na década de 70, a conversão alimentar da tilápia era próxima de 5, enquanto hoje varia entre 1,4 a 1,5, dependendo do sistema de produção e do manejo adotado. Essa melhoria tão significativa se deve, segundo Moro, à pesquisa que definiu as exigências nutricionais e à avaliação dos alimentos. “A conversão alimentar reflete o quanto de alimento o peixe precisa consumir para produzir um quilo de carne, em peso vivo. Quanto menor esse número, mais eficiente é a utilização do alimento pelo peixe. Quando se fornece uma alimentação balanceada que atende às necessidades específicas da espécie, os produtores conseguem melhorar cada vez mais essa conversão alimentar. Esse é o resultado demonstrado por vários estudos ao longo dos anos em todo o mundo”, expõe.

Além disso, a evolução das últimas décadas no uso de alimentos com maior digestibilidade para as espécies é bastante expressiva. Inicialmente, Moro diz que a alimentação era baseada em farinha de peixe e ingredientes de origem vegetal, contudo, se desconhecia a capacidade dos peixes de absorver e utilizar esses componentes. “Hoje já se sabe que usando alimentos mais digestíveis, com menor quantidade de antinutrientes, o produtor pode melhorar a eficiência alimentar dos peixes”, menciona.

Em termos de processamento, na década de 70, as rações predominantes eram principalmente peletizadas, as quais apresentavam menor digestibilidade. Moro expõe que a introdução das rações extrusadas representou um avanço significativo para a piscicultura, pois além de apresentar um maior teor de digestibilidade, especialmente no que diz respeito aos carboidratos, permitiam uma melhor visualização do consumo pelo peixe, facilitando o manejo alimentar e proporcionando um controle mais preciso do fornecimento de ração em comparação às rações peletizadas. “Além disso, a incorporação de premixes contendo vitaminas e minerais às rações também desempenhou um papel fundamental na melhoria da eficiência alimentar dos peixes”, frisou.

Dificuldade atuais

Foto: Maria José Tupinambá

Moro destaca que, atualmente, alcançar uma redução de 0,1 na conversão alimentar da tilápia é uma tarefa desafiadora devido ao alto nível tecnológico já alcançado. Embora seja possível obter melhorias, não se pode esperar uma redução drástica, como de 5 para 1,5, por exemplo. “Avanços na eficiência alimentar atualmente exige um esforço mais árduo e meticuloso, mas não são impossíveis”, pondera.

Segundo o engenheiro agrônomo, a dificuldade da pesquisa em relação ao setor produtivo reside no fato de que os estudos são conduzidos em ambientes controlados, com poucas variáveis. “Ao definir exigências nutricionais nessas condições, as respostas obtidas podem não se aplicar quando validadas em campo, devido às variações ambientais presentes no ambiente produtivo. Fatores como altas densidades de estocagem e níveis de intensificação variados entre os sistemas de produção exercem uma grande influência nas respostas, tornando a validação um desafio que demanda considerável esforço e investimento”, afirma.

Além disso, Moro relata que os estudos de nutrição geralmente são realizados na fase juvenil do peixe, onde as respostas são mais rápidas e o crescimento é mais acelerado. No entanto, não se sabe se as mesmas exigências se aplicam durante a engorda ou a fase de terminação, uma vez que estudos nessa fase são escassos e complexos devido à variedade de variáveis envolvidas e ao alto custo de execução, especialmente em relação à alimentação.

Surgimento das rações extrusadas

No Brasil, as pesquisas com rações extrusadas e nutrição de peixes começaram na década de 1980, culminando no surgimento das primeiras rações extrusadas em 1987, com definições específicas para cada espécie de peixe. “Apesar da ampla biodiversidade de espécies de interesse comercial no Brasil, o foco da pesquisa foi pulverizado por décadas, com grupos distintos trabalhando com uma ou duas espécies no máximo. No entanto, nos últimos 10 anos, houve uma redução dessa dispersão, concentrando-se mais em desenvolver tecnologias específicas para cada espécie”, ressalta o pesquisador.

Rações para tilápia

Com 90% da piscicultura brasileira realizada em água doce, a tilápia é a espécie mais produzida, com os principais produtores concentrados nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. “Em 2023 foram produzidas 579.080 toneladas de tilápia, representando 65,3% da produção nacional de peixe. Esse volume se explica pelo emprego de tecnologias empregadas na produção, o que reduz riscos produtivos e oferece maior rentabilidade ao produtor”, menciona Moro.

Para a tilápia, o pesquisador menciona que hoje estão disponíveis rações específicas para as diferentes fases de desenvolvimento (inicial, engorda e terminação), além de linhas premium e super premium, com e sem aditivos. “Essas rações super premium contêm superdoses de vitamina C para prevenir doenças e são acompanhadas por protocolos de alimentação bem definidos e validados”, salienta o especialista, enfatizando que essa gama de rações facilita muito para o produtor, que agora pode fornecer a quantidade exata de ração diária para os peixes, resultando em uma economia significativa devido a um menor desperdício de ração.

Fotos: Shutterstock

Por outro lado, no caso de espécies nativas como o tambaqui, não há rações específicas disponíveis. “As rações disponíveis são geralmente generalistas, adaptadas ao hábito alimentar da espécie, com protocolos de produção e alimentação pouco definidos, resultando em um padrão de crescimento variável, o que gera uma conversão alimentar que varia entre 1,8 e 2, refletindo essa falta de especificidade nas rações e nos protocolos de alimentação”, esclarece Moro.

Qualidade das rações

Moro apresentou estudos que revelaram limitações de aminoácidos, como metionina, treonina e triptofano, nas rações para peixes. “A importância de um equilíbrio ideal desses aminoácidos é fundamental para garantir a conversão adequada de alimentos”, ressalta o mestre em Aquicultura, acrescentando: “Estes experimentos mostraram ainda que havia excesso de lisina e leucina, que, quando não utilizados pelo peixe, acabam sendo desperdiçados, servindo apenas como fonte de energia cara. O excesso de fósforo também foi observado, levando ao descarte no ambiente de cultivo, aumentando problemas como a proliferação de algas e a necessidade de mais aeradores no viveiro”, frisou, explicando que apesar do excesso, a disponibilidade de fósforo para o peixe era baixa devido ao uso predominante de ingredientes vegetais nas rações.

Outro ponto preocupante foi a presença de compostos que causaram genotoxicidade nos peixes, resultando em anormalidades nos eritrócitos, piora no desempenho e baixa digestibilidade de proteínas, metionina e energia, além de baixa disponibilidade de fósforo e zinco, e aumento da mortalidade dos peixes.

Um estudo adicional revelou que muitas rações apresentavam inconformidades com os valores declarados nos rótulos, seja em relação ao nível de proteína, fósforo ou quantidade de energia. Moro destaca que a melhoria desses aspectos das rações pode resultar em um ganho significativo de eficiência alimentar e crescimento dos peixes, desde que as rações forneçam o que está descrito no rótulo e atendam às exigências de aminoácidos. “Se conseguir melhorar todos estes aspectos da ração já conseguimos ter um ganho significativo de eficiência alimentar. Se tenho uma ração de melhor qualidade, que atenda as exigências de aminoácidos, que traz na composição o que está descrito no rótulo, vou conseguir ter um ganho de crescimento e consequentemente de eficiência alimentar”, salienta.

Desafios e oportunidades

Com a previsão de um aumento significativo na demanda por proteína animal nas próximas décadas, a aquicultura surge como uma das soluções-chave para suprir essa necessidade

crescente. No entanto, esse crescimento não vem sem seus próprios desafios, especialmente no que diz respeito à produção e formulação de rações.

De acordo com projeções de especialistas, a previsão é dobrar o uso de rações em relação ao que é produzido hoje nos próximos 30 anos. Conforme o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), foram produzidas 1,43 milhão de toneladas para a piscicultura em 2023, e espera-se que esse número duplique para acompanhar a expansão da atividade no país.

Além do desafio quantitativo, questões qualitativas também estão no centro das preocupações dos pesquisadores e produtores. A validação de técnicas em condições similares à realidade produtiva é essencial para garantir a eficácia e o sucesso dos métodos desenvolvidos. “A busca por formulações de ração mais eficientes para as diferentes fases do ciclo produtivo, como engorda e terminação, é uma prioridade. A ração pode representar até 80% do custo total de produção, tornando qualquer melhoria nesse aspecto fundamental para a viabilidade econômica da atividade”, justifica Moro.

A fase de engorda, em particular, é alvo de atenção devido ao seu peso significativo no consumo total de ração durante o ciclo produtivo. “Investir em pesquisas e inovações nessa área pode gerar economias substanciais e aumentar a eficiência global da produção. A introdução de suplementos como aminoácidos e enzimas exógenas, bem como o aprimoramento do aproveitamento de proteínas vegetais, emerge como uma estratégia promissora para otimizar os recursos disponíveis e reduzir os custos de produção”, expõe o especialista.

Nesse contexto, Moro diz que alternativas como as proteínas circulares mostram um potencial significativo. “Larvas de insetos, como as provenientes da mosca soldado negra se destacam pela sua capacidade de converter resíduos orgânicos em fontes valiosas de proteína, oferecendo uma solução sustentável e rica em nutrientes. Além disso, as microalgas despontam como uma fonte promissora de ingredientes para rações, especialmente para peixes marinhos, devido ao seu alto teor de ômega 3, um ácido graxo essencial para o desenvolvimento saudável desses animais”, expõe.

Foto: Jefferson Christofoletti

O uso de aditivos prébióticos, probióticos, enzimas e microminerais desempenha um papel importante na otimização da saúde e do desempenho dos organismos aquáticos, no entanto, sua adoção ainda é limitada na indústria. “Hoje a maioria das rações de combate, que são as mais utilizadas durante a engorda e a terminação, não tem aditivo em sua composição”, ressaltando, ampliando: “Essa disparidade fica ainda mais evidente ao compararmos com a cadeia de produção avícola, onde praticamente todas as rações, ao longo do ciclo de produção, são enriquecidas com esses compostos. Embora algumas linhas de rações premium para peixes possam incluir certos aditivos, especialmente os prebióticos, sua presença ainda não é amplamente utilizada”.

E porque não se usam aditivos na ração para peixes?

O pesquisador explica que a falta de utilização de aditivos nas rações de peixe se deve ao aumento do custo do produto final. Segundo Moro, os produtores, geralmente, baseiam suas escolhas no preço da ração, não considerando os benefícios potenciais que os aditivos poderiam proporcionar ao desempenho dos peixes. “Esta falta de comparação entre custo e resultado contribui para a baixa adesão a esses componentes essenciais”, afirma.

No entanto, os aditivos oferecem uma série de vantagens, incluindo a melhoria da qualidade da água, a redução de problemas relacionados à sua qualidade e o aumento da absorção de nutrientes, como o fósforo, além de promover a funcionalidade do produto final. Apesar disso, sua utilização ainda é limitada na indústria de rações para peixes.

O doutor em Ciências Animais e Pastagens ressalta também o potencial dos microminerais, oligossacarídeos, ácidos orgânicos e enzimas exógenas nas rações, ressaltando os resultados promissores de experimentos. No entanto, observa-se uma falta de adoção desses elementos nas formulações de rações para peixes.

Por fim, Moro enfatiza a distância que tem a pesquisa do setor produtivo, com algumas raras exceções de iniciativas de trabalhos universitários com o setor produtivo, mas ainda é muito difícil ter trabalhos desenvolvidos que atendam as demandas do setor. “Seria muito importante termos ações conjuntas de instituições de pesquisa e desenvolvimento com indústrias, para o codesenvolvimento e adoção de tecnologias que possam ser aplicadas na cadeia de produção, visando maior ganho de resultado”, frisa.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor da piscicultura brasileira acesse a versão digital de Aquicultura, que pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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