Suínos Saúde Animal
Uso de tecnologias promove ganhos no desempenho reprodutivo de matrizes suínas
Adoção de novas tecnologias, constitui uma importante ferramenta para melhorar a eficiência reprodutiva das matrizes, otimizar a mão de obra, reduzir custos e organizar o fluxo de produção
Artigo escrito por Amanda Omai de Camargo e Brenda Marques, da MSD Saúde Animal; Antônio Leomar Eugênio, da Granja 5 Estrelas; e Izabela Ferreira, da Paragro Produtos Agropecuários Ltda.
A eficiência reprodutiva é um fator determinante no desempenho econômico da atividade suinícola. A adoção de novas tecnologias, como a hormonioterapia, constitui uma importante ferramenta para melhorar a eficiência reprodutiva das matrizes, otimizar a mão de obra, reduzir custos e organizar o fluxo de produção. Esses benefícios permitem uma maior rentabilidade da atividade e auxilia preventivamente nas novas exigências de mercado, como o bem-estar animal e redução do uso de antimicrobianos.
As futuras reprodutoras merecem atenção
Os sistemas de produção de suínos trabalham atualmente com uma taxa de reposição que oscila entre 40 e 55% do plantel total da granja. Isso significa que, a categoria de leitoas representa entre 22 e 25% do grupo de cobertura. Este número dá uma ideia do alto destaque, tanto técnico quanto econômico, que as futuras reprodutoras têm para a granja.
Dados da literatura mostram que aproximadamente 75% de matrizes de reposição entram em cio na data esperada do primeiro estro, e que para o estro seguinte, entre 85 e 90% apresentam cio ao longo de um período que pode chegar a 30 dias. Visto que a duração do ciclo estral da fêmea suína pode variar entre 17 e 24 dias, é muito difícil formar naturalmente um grupo de leitoas para cobrição que se encaixe no grupo de cobertura que elas devem entrar, o que pode fazer com que os lotes de coberturas fiquem com um número de fêmeas inferior à meta de cobertura. Outra desvantagem é o prejuízo financeiro que essas fêmeas “atrasadas” podem trazer para a granja com o aumento dos dias não produtivos.
É possível reduzir os DNP com a hormonioterapia
A eficácia com que as fêmeas de reposição são introduzidas nos lotes de cobertura tem um importante impacto na eficiência do rebanho de matrizes. O intervalo de entrada da leitoa na granja até a primeira cobertura fértil é o principal fator que contribui para o total de dias-não-produtivos (DNP) no rebanho. Os DNP são aqueles em que a fêmea suína não está gestando e nem lactando, tendo estes fatores, uma forte associação negativa com o número de leitões desmamados por fêmea por ano.
Uma forma prática de calcular o DNP, segundo a Agriness, seria: para uma granja com 29 DFA (desmamados/fêmea/ano) e custo de R$ 110,00/leitão, teríamos 0,08 leitões/dia, ou seja, para esse exemplo, a granja deixaria de faturar R$ 8,80 com cada DNP. Dessa forma, é possível mensurar a importância de cada DNP na granja.
Portanto, promover adequada adaptação, seguida de um bom manejo de indução à puberdade e formação de grupos de cobertura, são imprescindíveis para uma boa produtividade e longevidade da matriz. Neste período podemos encontrar fêmeas em anestro por tempo prolongado, ocasionando o descarte precoce de fêmeas ou a cobertura de fêmeas com idade avançada. As gonadotrofinas exógenas (gonadotrofina coriônica equina – eCG e gonadotrofina coriônica humana – hCG) tem seu uso indicado para a indução de puberdade em leitoas e prevenção do anestro. Esses hormônios apresentam a singularidade de possuir atividade folículo estimulante e luteinizante, com isso, estimulam a maturação folicular e a ovulação em fêmeas suínas.
As leitoas que não manifestaram o primeiro cio até os 190 dias de idade podem ser submetidas a terapia hormonal. Com isso, elas manifestariam o estro induzido praticamente junto com o segundo estro puberal das suas contemporâneas. Dessa forma, no estro subsequente elas também estariam sincronizadas. Ao aplicar a combinação hormonal eCG/hCG em fêmeas em anestro com idade superior a 190 dias, foi observada a manifestação de cio em um período de até 5 dias após a aplicação em 67,9% das fêmeas induzidas contra somente 6,6% do grupo controle. Importante mencionar que, para o tratamento ser eficiente é fundamental que as fêmeas realmente ainda não tenham ciclado antes da aplicação.
O intervalo desmame-estro também é um importante componente dos dias não-produtivos. Diversos fatores fazem com que o retorno ao estro não ocorra adequadamente, como fêmeas com baixo escore corporal pós desmame, estresse no período de lactação, fatores genéticos, duração da lactação, alimentação durante a lactação, tamanho da leitegada e exposição ao macho. Com a hormonioterapia, é possível aumentar a porcentagem de fêmeas primíparas em estro dentro de 10 dias após o desmame em torno de 15,1 %.
Sincronização de coberturas
A progesterona, produzida pelo corpo lúteo (CL), inibe a maturação folicular e consequentemente, o surgimento do estro. Após a regressão do CL, há uma redução nos níveis de progesterona e ocorre o recrutamento e desenvolvimento folicular, culminando com a manifestação do estro, geralmente em torno de 4-7 dias após a luteólise. Uma das possíveis formas para a sincronização do ciclo estral em leitoas ou multíparas é o uso de progestágenos exógenos. Esses hormônios mimetizam a função da progesterona e enquanto fornecidos, impedem a manifestação do estro.
Após a interrupção da administração de progestina do grupo da 19-nortestosterona, um análogo sintético de progesterona, as fêmeas retornam ao ciclo sincronizadas em torno de 5-7 dias, em média. Após o término do tratamento, recomeça a liberação natural dos hormônios GnRH pelo hipotálamo e, consequentemente, FSH e LH pela hipófise.
Os protocolos com progestina do grupo da 19-nortestosterona permitem sincronizar o cio das fêmeas, auxiliando na formação dos grupos de cobertura. Há dois protocolos para a sincronização de cio com o uso de progestina do grupo da 19-nortestosterona, conforme as figuras abaixo. Em leitoas que se desconhece a data de entrada no cio (Figura 1) o fornecimento de um progestágeno oralmente ativo durante 14-18 dias resulta em efetiva sincronização do ciclo estral. Entretanto, quando a data de entrada em estro é conhecida individualmente, pode-se racionalizar esse uso. Com isso, a primeira dose será administrada a partir do 12º dia do ciclo, em que os níveis de progesterona natural começam a declinar (Amaral Filha et al., 2006).
A figura 3 exemplifica a formação de um grupo de leitoas sincronizadas a partir de diversos lotes de fêmeas de semanas distintas de manifestação de estro.
Melhora comprovada na produtividade
São muitos os trabalhos com resultados positivos com o uso da hormonioterapia; e como um resumo de todos eles podemos dizer que o uso de progestina do grupo da 19-nortestosterona por 18 dias permite obter até 96% das fêmeas no cio 7 dias após a retirada e 80% entre os dias 5 e 6 após a interrupção do tratamento. Também é um fato que após a sincronização com progestina do grupo da 19-nortestosterona a produtividade das fêmeas é melhorada: maior taxa de ovulação, maior tamanho de leitegada e aumento na taxa de parto.
Em fêmeas primíparas, grandes perdas de peso corporal e reservas de gordura durante a primeira lactação são uma das causas de desempenho reprodutivo insatisfatório. A síndrome do segundo parto, caracterizada pela queda do número de leitões nascidos no segundo parto, pode estar relacionada à alta susceptibilidade das fêmeas primíparas à perda de peso durante a lactação, o que leva a uma baixa taxa de ovulação ou aumento da mortalidade embrionária.
Nesse sentido, o uso de progestina do grupo da 19-nortestosterona no final da lactação inibe a liberação de gonadotrofinas pela hipófise, sendo assim, a fêmea não entra em estro e disponibiliza o tempo necessário de recuperação, evitando a necessidade de saltar o cio da fêmea. Fêmeas tratadas com progestina do grupo da 19-nortestosterona tiveram no segundo parto aproximadamente 0,5 leitão a mais (P<0,05) em comparação com fêmeas não tratadas. Já em outro trabalho, foi observada uma melhora no tamanho da segunda leitegada com uma média de 1,9 leitão extra nascido em fêmeas primíparas suplementadas com progestina do grupo da 19-nortestosterona.
Organização do fluxo de produção
A organização de grupos de fêmeas com o mesmo período do ciclo estral proporciona a formação de bandas de reprodutoras, com coberturas e partos sincronizados, que podem ser a cada 7 dias ou superior como: 14, 21, 28 dias, sendo múltiplos de sete. O objetivo do manejo em bandas (MEB) é planificar/planejar diferentes fases de produção: desmame, cobertura, partos, creche, crescimento e terminação. O MEB consiste em dividir as fêmeas em vários grupos ou bandas do mesmo tamanho com intervalos regulares que ocupam diferentes salas previamente desinfetadas e adaptadas às diversas fases fisiológicas, sendo os animais introduzidos e retirados de uma única vez, no conceito de todos dentro/todos fora.
Uma das principais vantagens do MEB é a melhora do estado sanitário da produção. Ainda, facilita na organização do trabalho através da planificação da mão de obra, tarefas e tempo, sendo as intervenções programadas de forma sistemática em cada lote. Com a adoção do MEB otimiza-se as instalações, já que os lotes são divididos quanto ao tamanho, número e disposição das diferentes salas, havendo uma taxa ótima de ocupação, respeitando uma correta densidade em cada fase.
O ajuste da banda pode ser realizado através da utilização de progestina do grupo da 19-nortestosterona, para sincronizar o cio de acordo com a necessidade da semana e dia de cobertura da granja. As granjas instaladas e que usam sistema contínuo, podem também ser ajustadas para produzir em lotes com vazio sanitário., mas para isso, é necessário adequar às características das instalações, ao manejo e tamanho do rebanho.
Manejo semanal
No manejo em bandas (MEB) semanal, todas as semanas têm partos, castração, desmames, coberturas, vendas, lavagem e desinfecção de salas. Eventualmente, o sistema de fluxo contínuo de produção também pode ser considerado como um manejo em bandas semanais. Este formato exige equipes diferenciadas para realização dos manejos, o que implica em maior disponibilidade de mão-de-obra. Além disso, este sistema interfere no controle sanitário do rebanho quando compromete os intervalos de vazio sanitário das instalações e proporciona contato permanente de animais de diferentes idades.
Manejo quinzenal e de 28 dias
Para MEB em intervalos de duas e três semanas (14 e ou 28 dias), há uma diminuição no número de lotes, aumentando o intervalo entre estes, o que contribui para uma maior estabilidade sanitária do plantel. Este manejo possibilita que as granjas, nas quais as instalações não estão bem dimensionadas, possam trabalhar no conceito de todos dentro/todos fora. A concentração do trabalho de observação de cio e cobertura, torna o trabalho mais eficiente por parte dos funcionários, principalmente em granjas de pequeno e médio porte, que não estão setorizadas.
Manejo a cada 21 dias
O sistema de MEB em três semanas apresenta melhor organização das tarefas nas granjas menores, com número reduzido de funcionários. Este permite o agrupamento das atividades a cada semana, melhorando o aproveitamento do tempo. Neste MEB as principais atividades ocorrem em semanas distintas, como parto, desmame e cobertura já que, o manejo deve estar de acordo com ciclo hormonal da fêmea suína.
Experiência com o manejo em bandas quinzenal em uma granja de 500 matrizes de Minas Gerais
No ano de 2009 mudamos nosso manejo de fluxo contínuo (semanal) para manejo em bandas de 14 dias. Para fazer essa mudança utilizamos a hormonioterapia, com o uso do progestina do grupo da 19-nortestosterona. O manejo foi bem simples, no entanto, é muito importante que seja seguido com rigor o protocolo de uso e faça com que a matriz consome toda a dose.
Os ganhos foram muitos principalmente no setor de maternidade. Com o manejo em banda foi possível um melhor vazio sanitário, uma vez que diminuímos as quantidades de lotes dentro da maternidade, antes 4 lotes e hoje apenas 2. Isso melhorou tanto a sanidade na maternidade, que trabalhamos por seis anos sem usar preventivos para coccidiose e a mortalidade melhorou muito após a adoção desse manejo.
Um outro fator que é importante mencionar, é a questão do alvo de cobertura, índice muito negligenciado quando se faz manejo de fluxo contínuo. Na granja por exemplo, tínhamos um alvo de cobertura de 25 coberturas por semana, porém, havia semanas que cobríamos 22 matrizes e na outra semana 28 e acabava sendo uma rotina normal da granja. Com o manejo quinzenal isso mudou radicalmente, eu digo que ficamos muito mais profissionais na questão alvo de cobertura. Por dois motivos: o primeiro é que se você não cumpriu o alvo em uma banda você não pode compensar na outra, sua maternidade não suporta isso. O outro motivo é que se ficarem muitas fêmeas sem manifestarem cio elas não serão cobertas na próxima banda, e automaticamente só serão cobertas 28 dias após o desmame, com isso aumentando os dias não produtivos (DNP). Isso exige uma maior profissionalização tanto do pessoal de maternidade quanto de gestação. Hoje nosso alvo é de 51 coberturas por banda, e temos a variação de no máximo 2 coberturas para mais ou para menos.
VANTAGENS DE TECNOLOGIAS UTILIZADAS NO SETOR DE REPRODUÇÃO
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Suínos
Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade
Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.
Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix
Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.
Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.
Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.
As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.
A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.
Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.
De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.
O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.
Diagnóstico
Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.
A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:
- Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
- Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
- Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
- Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.
A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.
Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.
A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.
A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.
A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.
Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.
As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.
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Suínos
Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade
Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.
Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.
Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.
Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.
Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.
O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.
Comunicação e conscientização
Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.
O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.
Compromisso do setor
Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,
Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.
A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.
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Suínos
Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela
Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.
Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.
O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.
Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.
“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.
Exportações
Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.
Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.
Perspectivas
Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.
Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.
Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.
Segurança do trabalho
Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.
Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.