Suínos Potencial genético
Hiperprolificidade em matrizes suínas trouxe desafios e necessidade de atualizações nutricionais
Quando se associa técnicas de nutrição de precisão com suplementação de aditivos, é possível atingir o máximo de produtividade dessas fêmeas, garantindo maior número de leitões viáveis e maior longevidade das matrizes.

Artigo escrito por Natália Sitanaka, doutora em Zootecnia e gerente técnica de Nutrição na Polinutri
Em busca do aumento do número de leitões desmamados por porca ao ano, o melhoramento genético atuou para que as matrizes suínas se tornassem hiperprolíficas, aumentando não somente o número de leitões nascidos, mas também a produção de leite e a deposição de tecido muscular. Entretanto, o aumento no número de leitões nascidos veio acompanhado de uma maior variabilidade no peso ao nascimento, implicando em maior número leitões de baixa viabilidade.
Com isso, os nutricionistas sentiram a necessidade de adequar os programas nutricionais ao potencial genético e ao nível de produção das matrizes atualmente disponíveis no mercado: “Matrizes mais precoces, mais produtivas e com maior peso corporal são nutricionalmente mais exigentes”.
Essas fêmeas apresentam menor reserva corporal de gordura e padrão de consumo de alimento mais limitado, fatores esses que podem favorecer o não atendimento às exigências nutricionais, especialmente na fase de lactação. Como consequência, essas matrizes têm forte tendência de perda na condição corporal, o que resulta em falhas reprodutivas e redução da produtividade durante sua vida útil. Essa situação é mais evidenciada em matrizes de primeiro parto que, por ainda se encontrarem em fase de crescimento, têm suas exigências nutricionais mais altas.
O não atendimento as exigências nutricionais traz como consequência uma elevada taxa de descarte de matrizes antes do terceiro parto, o que compromete o rendimento econômico do sistema produtivo. Assim, sabendo-se que o sucesso de um sistema de produção de suínos está relacionado com o bom desempenho de suas matrizes, faz-se necessário estabelecer programas nutricionais adequados nas diversas fases. As práticas de alimentação das categorias de fêmeas estão interrelacionadas, ou seja, o programa de nutrição em uma determinada fase tem efeitos significativos no desempenho da fase subsequente.
Programa de nutrição para matrizes
Para estabelecer um adequado programa de nutrição para matrizes, deve-se considerar o material genético da granja, suas necessidades nutricionais, bem como os fatores que afetam essas necessidades. Deve-se ainda compreender os diversos aspectos metabólicos inerentes à interação entre a nutrição e a reprodução da fêmea suína.
Para que seja possível atender aos objetivos estabelecidos, a dieta de gestação deve ser associada ao programa de arraçoamento das fêmeas, possibilitando a ingestão diária de energia e nutrientes para a maximização do número de leitões por leitegada, ótimo peso de leitões ao nascimento, maior ingestão de ração durante a lactação, preparo das tetas e, consequentemente, produção de leite, menor intervalo desmama coberta, longevidade e produtividade de acordo com o potencial genético do animal.
O padrão nutricional da dieta deve considerar a formação de estruturas orgânicas nas diferentes fases gestacionais para garantir o adequado desenvolvimento dos fetos, por exemplo, no terço final da gestação – período no qual há aumento das exigências, devido o maior crescimento dos fetos e da glândula mamária.
Além das necessidades de energia, proteínas, aminoácidos e fibras, é fundamental levar em consideração os minerais e as vitaminas, além de aditivos específicos, uma vez que os micronutrientes em fêmeas hiperprolíficas são uma das bases de sua eficiência produtiva e longevidade.
Minimizando os impactos da hiperprolificidade
Uma das estratégias que podem ser utilizadas para minimizar os impactos da hiperprolificidade é o uso da L-carnitina, que tem se mostrado uma ferramenta viável. A L-Carnitina é um aminoácido que atua no transporte de ácidos graxos pela membrana mitocondrial e está diretamente associada a melhora do desempenho reprodutivo, aumentando o número e a qualidade de leitões totais e leitões nascidos vivos.
O uso de minerais orgânicos também é um forte aliado pela busca dos melhores resultados das fêmeas hiperprolíficas. O cromo orgânico, por exemplo, é um mineral atuante no metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas, além de ser reconhecido como potencializador da insulina e de seus consequentes efeitos no organismo. A presença do cromo orgânico pode influenciar no aumento do número de leitões nascidos vivos e na fertilidade das porcas.
Além disso, vitaminas também merecem atenção. A biotina por exemplo, está diretamente relacionada a saúde dos cascos, mas também tem efeitos na redução do intervalo desmame-cio, na produção de estrogénos e aumento da superfície da placenta. O ácido fólico está associado com a fertilidade, redução da mortalidade embrionária e aborto. A vitamina E, por sua vez influencia positivamente o tamanho da leitegada e a imunidade das fêmeas.
Perante o exposto, é evidente que a hiperprolificidade de fêmeas suínas trouxe consigo desafios e a necessidade de atualizações nutricionais. No entanto, quando se associa técnicas de nutrição de precisão com suplementação de aditivos, é possível atingir o máximo de produtividade dessas fêmeas, garantindo maior número de leitões viáveis e maior longevidade das matrizes.
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Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



