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Hidroxi-minerais: uma nova abordagem para uso de minerais em todas as espécies

As comparações de biodisponibilidade relativa têm sido o foco quando se avaliam as fontes de minerais

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Artigo escrito por Guilherme Agapito, gerente Brasil de hidroxi-minerais da Selko Feed Additives, divisão da Trouw Nutrition

Nos últimos 30 anos, fontes nutricionais de minerais essenciais como ferro, zinco, cobre e manganês têm sido classificadas como sendo minerais orgânicos ou inorgânicos. No entanto, estudos recentes e mais intensivos mostraram que esta distinção não é eficaz em demonstrar como uma determinada fonte de mineral se comporta em um sistema biológico. As comparações de biodisponibilidade relativa têm sido o foco quando se avaliam as fontes de minerais.

Hoje em dia, com as novas linhagens genéticas cada vez mais exigentes e com a nutrição de precisão, uma análise mais profunda tem sido necessária, considerando também a concentração na corrente sanguínea, tecidos e ossos. Além disso, se passou a dar maior foco à:

1 – Destruição de nutrientes, incluindo vitaminas, na preparação da mistura dos alimentos para animais (ração completa, premixes, núcleos)

2 – Interações com outros nutrientes durante a formação do bolo alimentar e seu trânsito no trato digestivo

3 – Influência da ecologia microbiana do intestino

4 – Efeitos sobre as funções imunológicas naturais do animal

A História da suplementação mineral nos dias de hoje

Após a descoberta de que cobre e zinco eram nutrientes essenciais nas décadas de 1920 e 1930, fontes desses metais, como subprodutos e resíduos industriais, foram adicionadas a dietas animais. No entanto, uma imensidão de estudos científicos, após a segunda guerra mundial, trouxe a comprovação de que apenas os sais de metal solúveis em água poderiam ser facilmente absorvidos no intestino dos animais. Isto levou a uma mudança progressiva na indústria de ração animal, substituindo óxidos por sulfatos, altamente solúveis, aos quais foi atribuído arbitrariamente um valor de 100% biodisponibilidade.

Na década de 1970, houve uma nova tendência para o uso de complexos organo-metálicos de minerais na nutrição animal, os minerais orgânicos. Inicialmente, esta tendência baseou-se na noção de que complexos seriam absorvidos de forma mais eficiente. Mais tarde, vários estudos revelaram que um animal suplementado com formas de minerais protegidos pode ter uma biodisponibilidade maior que os 100% inicialmente atribuídos aos sulfatos. Isso ocorre porque a liberação controlada aumenta a probabilidade do metal chegar ao sítio de absorção no epitélio intestinal.

Na década de 1990 surgiram os hidroxi-minerais, tendência mais recente na nutrição mineral, produzindo complexos de metal inorgânico hidrolisado. Em 1995, o primeiro produto, o cloreto de cobre tribásico, foi apresentado ao mercado americano. Essa estrutura é única, porque utiliza o mesmo tipo de ligações químicas (covalentes) que geram os minerais orgânicos, sendo melhores que os sulfatos, que têm ligações iônicas fracas. As ligações covalentes dos hidroxi-minerais são suficientemente fortes para limitar as reações antagonistas, mas suficientemente fracas para facilitar a absorção no local desejado. Assim sendo, tem biodisponibilidade superior a dos sulfatos, anteriormente considerada 100%, com custos mais ajustados se comparados aos dos minerais orgânicos.

A importância dos minerais

Minerais, tais como cobre, ferro, manganês, zinco e selênio são essenciais para o crescimento e desenvolvimento dos animais e estão envolvidos em muitos processos fisiológicos. Participam em quase todas as vias metabólicas do organismo animal, tendo importantes funções fisiológicas, como na reprodução, crescimento, sistema imunológico e metabolismo energético. Normalmente esses minerais são suplementados na forma de sais inorgânicos, como os sulfatos, óxidos e carbonatos, para garantir um desenvolvimento saudável e melhora da produtividade animal.

De maneira geral, os requerimentos estão baseados em pesquisas das década de 1950 até 1980. Para atender a demanda de linhagens de animais que produzem mais e de forma acelerada, os nutricionistas frequentemente utilizam níveis mais elevados de minerais, muitas vezes baseados em seu próprio conhecimento prático. Na prática, o aumento da margem de segurança na suplementação de micro-minerais resulta em alto nível de excreção mineral, já que nem toda a suplementação é utilizada e com isso causa perdas e contaminação ambiental.

Especificamente no caso do zinco, monogástricos absorvem cerca de 7 a 15 % do mineral disponibilizado, já os ruminantes de 20 a 40%, sendo que essa utilização ainda pode ser afetada por outros elementos como cálcio, cobre e ferro. O aproveitamento do cobre não é diferente. Na maioria das espécies animais, estamos falando de uma absorção de 5 – 10% em adultos e 15 – 30% em animais jovens.

Um exemplo de suplementação desnecessária é o caso do sulfato de manganês, cuja disponibilidade é baixa, e, quando se aumenta a inclusão na dieta o problema é solucionado, mas causa efeito negativo na disponibilidade do fósforo, cálcio e ferro.

O custo elevado da prática de suplementação maior, aliado a resultados que demostram a interação de minerais com outros elementos da dieta, levaram à busca por novas fontes e pesquisas na produção e utilização de minerais.

A Função do Cobre

Desde 1928 o cobre é reconhecido como nutriente essencial ao metabolismo do animal e, a partir desta data, uma série de patologias foi associada à sua deficiência. Anemia, redução da pigmentação dos cabelos, pêlos, lã e plumas, redução da atividade de uma série de enzimas, fragilidade óssea e redução na espessura da cartilagem são fatores observados em animais deficientes em cobre. O cobre, juntamente com o ferro, é importante na formação da hemoglobina e de numerosas metaloenzimas. O cobre é um microelemento que pode ser utilizado como promotor de crescimento quando adicionado em altos níveis em rações de aves e suínos. A utilização de cobre como potencializador do crescimento animal tem sido documentada com efeitos semelhantes aos dos antibióticos.

A Função do Zinzo

O zinco é importante na síntese, no armazenamento e na secreção de alguns hormônios. É um dos constituintes da metaloenzima anidrase carbônica e atua no equilíbrio ácido-base do organismo e na calcificação óssea. Os tecidos muscular e ósseo são as principais reservas de zinco e possuem capacidade de liberar possíveis excedentes em condições de deficiência na dieta. Esse mineral está diretamente associado ao crescimento e ao desenvolvimento do tecido ósseo. Outras funções atribuídas ao zinco são proteção de membranas, metabolismo de prostaglandinas e metabolismo de lipídeos.

A Função do Manganês

O manganês atua em enzimas envolvidas no metabolismo dos carboidratos, dos lipídios e das proteínas, refletindo diretamente nos índices zootécnicos. Além disso, é importante na síntese de condroitina sulfato – componente dos mucopolissacarídeos na matriz orgânica dos ossos -, diretamente envolvido na formação de protrombina e no desenvolvimento de cartilagens.

Está relacionado à reprodução animal (sua deficiência inibe a síntese de colesterol e seus precursores, limitando a síntese dos hormônios sexuais) e à função imune (relação com macrófagos e neutrófilos).

A deficiência de manganês em matrizes de aves diminui acentuadamente a eclodibilidade dos ovos e aumenta a incidência de cascas frágeis. Nos mamíferos, de um modo geral, a deficiência provoca a redução no crescimento e na fertilidade, assim como abortos frequentes.

A Fonte Hidroxi-Mineral

Tradicionalmente, os minerais usados na alimentação animal foram categorizados como inorgânicos ou orgânicos. Inorgânicos são os sulfatos e óxidos, que compõem a grande maioria de cobre, zinco e manganês utilizados na alimentação. Os orgânicos são sais minerais cujos ligantes contêm carbono, incluem proteinatos, aminoácidos específicos, glicinatos e polissacáridos.

Os sulfatos amplamente utilizados são muito solúveis e reativos devido às suas ligações iônicas fracas, tornando-os disponíveis no início do trato digestivo, ao mesmo tempo em que promovem a destruição oxidativa de outros ingredientes presentes e são muito suscetíveis a se ligarem ficando indisponíveis no trato GI.

Os minerais orgânicos têm por vezes exibido uma biodisponibilidade relativa mais elevada devido a ter ligações covalentes, tornando-os menos solúveis e/ou reativos.

Já os hidroxi-minerais são únicos pelo fato de sua reatividade ser lenta, terem maior biodisponibilidade e bio-eficácia, serem resultado de uma combinação de ligações covalentes e terem uma estrutura de matriz cristalina que confere uma espécie de revestimento.

Em Resumo

Os hidroxi-minerais são sais neutros, inertes e insolúveis em água. Não tem sabor para o animal, podendo ser utilizado em doses mais altas como promotor de crescimento, sem ter o gosto adstringente que os óxidos conferem. Atuam como doadores de elétrons e, portanto, não promovem oxidação em premixes ou rações. Além de reduzir a oxidação, a menor reatividade de minerais hidroxilados resulta em menos ligação com outras substâncias na ração, bem como no trato digestivo dos animais. O resultado é maior disponibilidade mineral para o animal e um melhor custo/benefício aos produtores.

Mais informações você encontra na edição de Nutrição e Saúde Animal de novembro/dezembro de 2016 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Avicultura

Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem

Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

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A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.

Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.

Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.

A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.

A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.

Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.

Fonte: O Presente Rural com Unifrango
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Avicultura

Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer

Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

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O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.

A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.

Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.

Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.

Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.

Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.

Fonte: Assessoria Sindiavipar
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Avicultura

Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026

Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

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O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.

Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.

Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.

Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.

Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.

Fonte: O Presente Rural com Consultoria Agro Itaú BBA
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