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Guillermo Vidal aponta avanços da suinocultura para o xenotransplante

A possibilidade de usar órgãos de animais para atender à crescente demanda vem sendo considerada há muito tempo, e o uso de válvulas cardíacas de suínos já é comum na medicina. É ingênuo pensar que o xenotransplante vai resolver a escassez de órgãos para transplante em todo o mundo. Este problema vai ser resolvido estimulando a doação humana.

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Uma única pessoa pode salvar cerca de 10 vidas quando opta por ser um doador. No entanto, a doação de órgãos e tecidos no Brasil ainda é cercada de tabus, muito em razão da desinformação, o que faz com que hoje, no país, a cada milhão de pessoas menos de 20 sejam doadoras de órgãos, escassez que resulta em uma fila de espera com mais de 55 mil brasileiros para serem transplantados. Já no Japão, por motivos religiosos, a taxa de doadores é inferior a cinco pessoas por cada milhão de habitantes. Diante deste cenário, várias estratégias são fomentadas mundo afora para superar essa escassez de órgãos, como doação em vida, doador em assistolia, fígado dividido, doador subótimo e xenotransplante.

Médico-veterinário e professor doutor no Departamento de Produção Animal da Universidade de Murcia, na Espanha, Guillermo Ramis Vidal: “O procedimento com o CRISPR-Cas 9 abre um novo universo de possibilidades, uma vez que a tecnologia de edição genética permite fazer modificações precisas, com mais possibilidades de mudanças” – Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

O único que permanece como procedimento experimental é o xenotransplante, sendo que na Espanha o sucesso do alotransplante resultou em uma diminuição do interesse por este procedimento, afirma o médico-veterinário e professor doutor no Departamento de Produção Animal da Universidade de Murcia, na Espanha, Guillermo Ramis Vidal, que esteve em meados de junho no Brasil para participar do 26º Congresso Internacional da Sociedade Veterinária Suína (IPVS), realizado na cidade do Rio de Janeiro (RJ). “Recentemente a notícia de impacto mundial foi a implantação de um rim em uma mulher com morte cerebral para avaliar a viabilidade do órgão de um porco geneticamente modificado, com 56 horas de função correta do órgão. Esta é uma demonstração de que os suínos podem se tornar uma fonte de órgãos para xenotransplante”, relatou.

O xenotransplante é definido como o transplante com doador e enxerto de espécies diferentes, ao contrário do alotransplante, em que todos os atores envolvidos pertencem à mesma espécie, podendo ser concordante quando as espécies são relativamente próximas filogeneticamente (rato e camundongo) ou discordantes (porco e humano).

A possibilidade de usar órgãos de animais para atender à crescente demanda vem sendo considerada há muito tempo, e o uso de válvulas cardíacas de suínos já é comum na medicina.

As primeiras experiências com xenotransplante datam do século 16, tendo sido usados em humanos órgãos e tecidos de cães, ovelhas e coelhos; a partir da década de 60 foram utilizados babuínos e chimpanzés nos primeiros experimentos. No início dos anos 90 foi interrompida qualquer experiência com humanos, uma vez que os regulamentos se tornaram mais difíceis e as autoridades sanitárias de todo o mundo implementaram requisitos claros de segurança e demonstração de eficiência antes de proceder a uma nova experiência em humanos. “Além disso, a sombra da possibilidade de patógenos saltarem entre as espécies e o possível impacto na saúde pública empurraram para interromper as experiências que foram desenvolvidas durante os anos de 1960 a 1990”, citou Vidal.

Qual é a melhor espécie como doadora?

Conforme o especialista espanhol, os primatas não humanos foram considerados desde muito cedo como a melhor escolha para serem doadores. O principal motivo foi a ideia de que a proximidade filogenética com o humano evitaria a rejeição imune. No entanto, logo ficou claro que a proximidade não era suficiente para evitar todos os eventos imunológicos relacionados à rejeição imediatamente após o enxerto.

Além disso, existem vários inconvenientes adicionais que tornam os primatas maus doadores, como as espécies mais próximas  -chimpanzé, gorila e orangotango – estão ameaçadas de extinção iminente, por isso há um conflito social e ético, mas a razão mais importante para evitar primatas como doadores é que a maioria das espécies de primatas tem herpes e retrovírus específicos que podem saltar facilmente entre espécies da mesma ordem (os humanos são primatas). “Isso se tornou um obstáculo intransponível quando ficou claro que o vírus como O HIV1 poderia proceder do SIV1 do chimpanzé”, salientou Vidal.

Vantagens dos suínos como doadores

Desta forma, há décadas existe um consenso científico sobre a adequação dos suínos para serem doadores em xenotransplantes. Entre as vantagens expostas pelo docente da Universidade de Murcia estão a taxa reprodutiva alta, com mais de 40 leitões desmamados fêmea/ano; velocidade de crescimento: quatro meses para produzir o fígado de um ser humano de 90 Kg; espécie com as técnicas reprodutivas, diagnósticas e preventivas mais desenvolvidas; possibilidade de produzir animais SPF (Livre de Patógenos Específicos); ausência de conflito ético já que milhões de suínos são abatidos em todo o mundo para a produção de carne. “Além disso, o animal doador tem que ser geneticamente modificado para superar alguns dos eventos envolvidos na rejeição e, novamente, o suíno é a espécie com o mais alto nível de engenharia genética e técnicas de reprodução in vitro, ambas necessárias para modificação genética de doadores”, exalta Vidal.

Barreiras para o xenotransplante

No entanto, Vidal reforça que o xenotransplante enfrenta várias dificuldades para avançar em pesquisas e experiências em humanos devido as barreiras técnicas, que incluem obstáculos da cirurgia para conectar os vasos e ductos do fígado suíno a um humano; rejeição imunológica hiperaguda (HAR), vascular aguda ou crônica celular; barreira fisiológica e barreira infecciosa.

Modificação genética de suínos como doadores

Conforme explica Vidal, a necessidade de modificação genética surgiu no início dos anos 90, em virtude das diferentes barreiras ao xenotransplante, especialmente contra a imunológica. “Com a modificação genética, a HAR pode ser completamente evitada e outras alterações como distúrbio de coagulação, lesão de isquemia-reperfusão, resposta imune inata, células mediadas a rejeição e as incompatibilidades associadas à função do órgão podem ser parcialmente evitadas”, ressalta.

Suínos transgênicos

Segundo Vidal, diversas tentativas para produzir suínos transgênicos foram feitas, de início foram introduzidas construções de DNA em oócitos, permitindo implantar no núcleo, de forma aleatória e depois explorar a expressão do transgene. Usando esta técnica ancestral foram produzidos suínos hCD55, hCD59, hCD46 e hTransferase, os quais foram pioneiros nos modelos de primatas de suínos para não humanos (NHP). E estudos comprovam que houve sobrevida de meses para xenotransplantes de coração e rim utilizando esses animais.

Porém, não foi suficiente. Surgem então as técnicas de knockout que permitem produzir animais com gene silenciado, como os suínos GTKO. Contudo, o verdadeiro salto para o xenotransplante veio com a era da tecnologia CRISPR-Cas 9. “Esse procedimento abre um novo universo de possibilidades, uma vez que a tecnologia de edição genética permite fazer modificações precisas, com mais possibilidades de mudanças. Hoje em dia o sistema CRISPR-Cas 9 não só permite obter animais com menor imunorreatividade, mas também é capaz de reduzir algum risco infeccioso, inativando os PERVs, ou seja, este método é baseado em repetições palindrômicas curtas, regularmente agrupadas e espaçadas, uma família de sequências de DNA encontradas nos genomas de organismos procarióticos. Usando sondas que podem identificar este CRISPR e em conjunto com enzimas como Cas9 pode-se editar genes, desligá-los ou introduzir alterações que possam humanizar os genes de suínos”, expõe Vidal.

Novas experiências

Desde 2021, os casos sobre xenotransplantes ganharam maior notoriedade com a primeira experiência de grau clínico in vivo usando um humano modelo falecido. Em 20 de outubro de 2021, uma mulher com morte encefálica foi doada para prosseguir com um xenotransplante de rim. Os suínos utilizados foram animais politransgênicos Revicor, com quatro genes knockout e seis transgenes humanos. A sobrevida do rim foi de 74 horas pós-perfusão, mas o desfecho foi por razões logísticas e não por falência do órgão. “A rejeição hiperaguda não foi observada neste falecido humano, fornecendo evidências críticas de que o knockout dos genes que codificam enzimas sintetiza xenoantígenos de carboidratos é de fato suficiente para prevenir a rejeição hiperaguda desse mecanismo em humanos”, evidenciou o médico-veterinário.

Um sopro de esperança para milhares de pessoas que aguardam por um transplante ganhou um novo capítulo no início de 2022, quando Dave Bennet, de 57 anos, foi a primeira pessoa no mundo a receber um transplante de coração de um porco geneticamente modificado. Ele sofria de cardiopatia grave terminal, sobreviveu por dois meses após a cirurgia nos Estados Unidos.

Aceitação ao xenotransplante

Vidal expõe que uma das preocupações da comunidade científica sobre xenotransplante diz respeito ao comportamento da população em relação a esse tipo de transplante. Em busca desta resposta, a Universidade de Múrcia investigou diferentes segmentos da população por meio de questionários. A pesquisa apontou que as pessoas a favor de doar seus próprios órgãos são mais suscetíveis a receber um xenotransplante. Outros fatores que influenciam são a experiência pessoal com a doação, o benefício percebido de um xenotransplante, o parceiro ser a favor do xenotransplante, a área do país em que o participante vivia, atitude favorável da religião em relação ao xenotransplante, atitude favorável à doação cadavérica e ser ou não um doador de órgãos atual.

Médico-veterinário e professor doutor no Departamento de Produção Animal da Universidade de Murcia, na Espanha, Guillermo Ramis Vidal, palestrou sobre Xenotransplante no IPVS 2022

Nos Estados Unidos, um estudo com cinco grupos focais investigou os obstáculos para o xenotransplante. Preocupações foram expressas principalmente em relação a questões de ética animal, estigma sobre como os suínos são vistos na sociedade, logística de alocação de órgãos, qualidade de vida após receber um xenoenxerto e como o xenotransplante seria aceito por certas tradições teológicas. O consenso entre os participantes é de uma alta aceitação.

Neste estudo foram incluídos pacientes em lista de espera, estudantes de Medicina Veterinária, Medicina e Enfermagem, além de alunos do Ensino Médio. No caso de pacientes renais, se os resultados do xenotransplante fossem tão eficazes quanto os obtidos com órgãos humanos, 76% seriam a favor e, no caso de pacientes hepáticos, 67%.

Em outro estudo em pacientes diabéticos insulino-dependentes tipo 1 (que poderiam ser considerados em lista de espera para transplante de ilhotas), eles expressaram que os requisitos para aceitar um xenotransplante de ilhotas suínas eram um melhor controle do diabetes e uma redução dos encargos relacionados ao diabetes.

Por sua vez, 91% dos estudantes espanhóis de Medicina Veterinária se mostraram mais favoráveis a receber um órgão animal no caso de os resultados serem semelhantes aos dos órgãos humanos, 95% é favorável para receber tecido e 97% para receber células. Essa pesquisa foi realizada também entre universitários brasileiros, obtendo aceitação de 90% para o xenotransplante, 94% de tecido e 97% de células.

Se os resultados do xenotransplante fossem tão bons quanto na doação humana, 81% dos acadêmicos de Medicina estariam a favor, 3% contra e 16% indecisos.

Em outro estudo espanhol envolvendo 76% dos estudantes matriculados em Enfermagem, se os resultados do xenotransplante fossem tão bons quanto na doação humana, 74% seriam a favor e 22% teriam dúvidas. E na Polônia, cerca de 62% dos alunos demonstraram serem favoráveis ao uso de órgãos suínos para salvar vidas.

Entre os alunos do Ensino Médio na Espanha, 44% estariam a favor, 22% contra e 34% indecisos em relação à doação de órgãos de animais. Na Bélgica, 36,1% dos participantes de uma pesquisa eram a favor do xenotransplante no caso dos mesmos riscos de resultados que em um alotransplante, 50% tinham dúvidas e 13,3% se recusariam a aceitar um órgão animal. No entanto, neste estudo 71,1% dos alunos afirmaram que nunca ouviram falar sobre xenotransplante. O conhecimento prévio aumentaria a aceitação em até 53% dos respondentes.

Lições

Destas pesquisas, Vidal aponta lições importantes a serem consideradas, elencando que a aceitação ao uso de órgãos suínos no corpo humano é alta entre profissionais da saúde, no entanto, entre os adultos do futuro (estudantes do Ensino Médio) as taxas são menos favoráveis. “Os profissionais da saúde estarão diretamente envolvidos no xenotransplante em um futuro próximo, são eles que vão formar opinião nos pacientes, então esta aceitação é muito positiva. Já os estudantes de Ensino Médio terem sido desfavoráveis ao uso de órgãos de suíno pode significar que, no futuro, os pacientes poderão ter uma atitude não tão positiva em relação ao xenotransplante. Mas o conhecimento prévio sobre a técnica e receber informações sobre a doação na escola ou pela televisão pode melhorar esse comportamento nos aponta um caminho”, enfatiza Vidal.

Doador compatível

Décadas de pesquisa em modelo animal e a implementação das mais novas técnicas de edição genética estão acelerando os xenotransplantes e o futuro que parecia tão distante, considera Vidal, está chegando muito mais rápido. “Mais uma vez o suíno está prestando um serviço inestimável à humanidade, não apenas sendo uma das principais fontes de proteína, mas também o doador ideal para xenotransplantes”, afirma o especialista espanhol.

No entanto, Vidal diz que é ingênuo pensar que o xenotransplante vai resolver a escassez de órgãos para transplante em todo o mundo. “Este problema vai ser resolvido estimulando a doação humana, abrindo novas fontes de órgãos humanos como doação em assistolia ou doação viva”, expõe.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola e da piscicultura acesse gratuitamente a edição digital Suínos e Peixes.

Fonte: O Presente Rural

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Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade

Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.

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Fotos: Divulgação/Agroceres Multimix

Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix

Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.

Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.

As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.

A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.

Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.

De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.

O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.

Diagnóstico

Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.

A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:

  • Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
  • Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
  • Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
  • Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.

A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.

Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.

A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.

A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.

A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.

Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural com Lucas Avelino Rezende
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Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade

Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.

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Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.

Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis ​​esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.

Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.

Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.

O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.

Comunicação e conscientização

Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.

O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.

Compromisso do setor

Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,

Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.

A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela

Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.

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Foto: Divulgação/Sistema Faep

Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.

Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.

“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.

Exportações

Foto: Claudio Neves

Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.

Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.

Perspectivas

Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.

Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.

Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.

Segurança do trabalho

Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.

Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.

Fonte: Assessoria Sistema Faep
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